Peg and Luck - Nothing Is Impossible escrita por AzeVix


Capítulo 5
Capítulo 5




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Jacy estava sentada de pernas cruzadas no chão, havia ervas a sua volta que ela jogava de vez enquando na clareira. As ervas faziam o fogo mudar de cor e deixava um cheiro incrivelmente bom no ar.
- Porque viestes a minha procura criança? - ela me perguntou sorrindo.
- Uai! Você não disse que sabia de t...
- Coly! - a censurei antes que ela terminasse de falar besteiras, não queria que Jacy se incomodasse com sua presença.
- Coly querida, as pessoas dizem que eu sei de tudo, mas eu nunca disse isso. Por isso pergunto sobre os problemas de minha aldeia. - ela ainda sorria ao responder e se virou em minha direção. - Peg, pelo contrário, não me encomodo com tantas perguntas e especulações, gosto de ouvir meus filhos não importa o que tenham a me dizer.
Abaixei a cabeça meio envergonhada, fazia tanto tempo que eu não a visitava, e sempre que eu vinha era apenas eu.
- Se você não sabe tudo então porque dizem isso na aldeia? - eu tinha que confessar, a pergunta de Coly havia me chamado bastaste atenção. Jacy sorriu e estendeu a mão a sua frente nos convidando para nos sentarmos antes de responder a pergunta.
- Ninguém sabe de tudo sobre o mundo criança, os únicos que sabem são os espíritos, eles me escolheram quando eu era pequena e eu aceitei ser a mensageira e passar os ensinamentos deles para todos da terra. Esse é o único motivo para que eu saiba que muitas coisas.
- Todos os anciões são escolhidos pelos espíritos? - perguntei curiosa.
- De certo modo sim, mas todos nós somos escolhidos, não só os anciões. Os espíritos nos mostram nossas escolhas e nossos caminhos, quando você tem que decidir algo são eles que interferem em nossas vidas. - explicou ela se levantando.
- Então somos todos escolhidos? - perguntou Coly.
- Se você escolher o caminho do bem sim.
Jacy sorria enquanto nos chamava com um aceno de mão. Nos levantamos e a seguimos para fora da tenda. Ela andou entre as arvores ali perto e nós fomos atrás sem questionar.
- O que queres saber, Peg? Sinto que esta nervosa. - perguntou Jacy parando debaixo de uma arvore bem alta. Nervosa, olhei em direção a Coly, a mesma sorriu me encorajando.
- Sei que já lhe dei muito trabalho por causa do sonho que eu sempre tinha... - deixei minha voz morrer, eu não tinha certeza do que falar.
- Você nunca me deu trabalho querida. - disse ela gentilmente. - Seus sonhos voltaram não é? - especulou ela, confirmei com um aceno de cabeça. 
- Mas alguma coisa mudou. - falei devagar, as palavras que antes pareciam presas em minha garganta fluíam livremente.
- O que mudou Peg?
- O sonho é sempre o mesmo, o dia que minha antiga aldeia foi destruída e a Linda foi ferida. - apesar de todo o tempo que se passou eu ainda não conseguia dizer que a minha tia estava morta.
Jacy permaneceu em silencio, assim como a Coly, esperando que eu continuasse. Respirei fundo e falei tudo de uma vez.
- Depois que eu custo a dormir de novo eu tenho outro sonho. Eu me vejo no chão da floresta, cansada, com frio e sozinha... Um tempo depois eu escuto um uivo e de repente lobos selvagens me cercam. Eu sempre entro em pânico e tento fugir, mas sou somente um espirito no sonho, sem controle do meu corpo caído no chão. Como se eu flutuasse e visse tudo por cima, tendo uma visão como se eu fosse outra pessoa.
"Eu achava que seria atacada e ferida pelos lobos selvagens, mas nenhum deles me atacou, apenas um se aproximava de mim. Era um filhote, de pelo avermelhado, ele sempre se posta em frente ao meu rosto e me olha por longos segundos, em seguida ele sobe em cima do meu peito como se tentasse me aquecer. Depois mais três lobos se aproximam e deitam a minha volta, eles esquentam meu corpo e me protegem do frio.
Eu pausei um pouco, e antes de continuar eu olhei diretamente para a Jacy.
- Depois de um bom tempo eu te vejo lá. Você aparece, espanta os lobos e me tira do frio, depois disso eu não me lembro de mais nada. O que esse sonho quer dizer? - para a minha surpresa ela sorriu.
- Quer dizer que chegou a hora. - disse ela e como se fosse para dar enfaze em suas palavras uma brisa suave soprou através de nós.
- Chegou a hora? De que? Do que você está falando? – perguntei completamente confusa, mas a expressão dela não se alterou.
- Desde que te vi eu soube que você seria diferente, que os espíritos te escolheram de uma forma diferente, não sei ao certo. Na noite que eu te encontrei eu não espantei os lobos, foram eles que me guiaram ate você. Quando eu te vi e me aproximei, nenhum deles me impediu, a não ser o filhote, ele não queria se afastar de você, eu não o obriguei a nada, apenas me sentei e o esperei decidir. Ele ficou um bom tempo alternando olhares entre mim e você, em seguida ele lambeu seu rosto e se afastou.
- Ele me lambeu? Porque? - perguntei confusa, isso não era comum vindo de lobos selvagens, porque aquele filhote tinha se apegado tanto a mim e em tão pouco tempo? E eu senti que precisava saber tudo o que pudesse sobre ele, Jacy sorriu pra mim.
- Ainda bem que perguntou. – ela se aproximou de mim e passou a mão em meu cabelos, enrolando-os levemente em seus dedos. – Sei que você sempre ficou confusa a respeito da cor do seu cabelo. – disse ela.
- Eu nunca vi ninguém com os cabelos dessa cor, nem mesmo parecidos. – observou Coly atrás de mim, acenei com a cabeça minimamente concordando. Jacy franziu as sobrancelhas talvez pensando em como continuar.
- Eles não eram dessa cor quando te encontrei, eram castanhos escuros, quase pretos. O filhote de lobo tinha uma cor incrivelmente parecida... era de um vermelho vivo, incrível. Depois que ele te lambeu, seu cabelo ficou assim, da mesma cor dos pelos dele. – ela explicou me olhando nos olhos, mas sabia que seus pensamentos estavam longe.
- O que isso quer dizer? – sussurrei. Perae! Porque eu tô sussurrando?
- Eu lhe disse, não sei ao certo. Mas acredito que ele tenha te marcado ou algo parecido, vocês meio que estão ligados, eu acho. Seus futuros ainda vão se encontrar.
Bem, eu não sabia o que pensar disso. Não acho que eu esteja menos confusa do que antes de tudo que ela me disse. Então meu sonhos não estavam exatamente relacionados ao que aconteceu com a minha antiga aldeia, mas sim ao que me aconteceu depois. Eu sabia que tudo estava relacionado ao pequeno filhote, mas não sabia como ou de que jeito ele estava relacionado a mim. Ele entraria na minha vida? Faria parte dela assim como Solen e os outros cavalos? Não como um animal de estimação, mas como um amigo. 
- Eu não entendi nada. - a fala de Coly de repente me fez lembrar da sua existência.
Eu não conseguia olhar diretamente pra ela, minha cabeça estava confusa, parecia ate que estava girando. Eu sentia as resposta em mim, mas não conseguia assimilar, não conseguia entender, eu só sentia.
- Meus sonhos não estão relacionados ao meu passado ou a minha antiga aldeia... - as palavras fluíam por mim, como se de repente tudo começasse a fazer sentido. - Tudo está relacionado ao meu futuro e ao filhote de lobo.
Jacy sorria em minha direção e eu sabia que estava certa.
- Como o seu futuro pode estar ligado a um filhote? - Coly ainda não entendia nada.
- Nos não fazemos ideia Coly, mas está. - bem, acho que essa ideia não chegava a me perturbar, mas era estranha.
Eu sentia bem fundo de mim que assim que esse filhote aparecesse em minha vida, tudo estaria mudado, para sempre, eu só não sei dizer ainda se isso vai ser uma coisa boa ou não.
Jacy ainda sorria, podia ser coisa da minha cabeça, mas eu achei que ela estivesse escondendo alguma coisa de mim.
- Acho melhor vocês irem. Coly, quando você estiver preparando as coisas para a caça de hoje a noite coloque uma cabaça de água a mais, meus filhos vão precisar. - disse a anciã para a minha amiga. Antes, a Coly ajudava as mães da aldeia a cuidar dos seus filhos, como uma baba, mas essa semana minha amiga foi encarregada para deixar as nossas armas e equipamentos de caça em ótimas condições. 
Por educação, Coly sorriu para a Jacy e lhe fez uma reverência.
- Sim, senhora. Farei o que me pediu. E agradeço pela senhora ter ajudado a minha amiga. - disse Coly educadamente, não me contive e sorri em sua direção. Jacy sorriu também e se aproximou dela e com delicadeza, passou a mão em seus cabelos
- De nada, minha filha. - falou a anciã e lhe beijou a testa, uma demonstração de amor e proteção.
Praticamente pulando de alegria, Coly saiu da tenda mandando beijos para nós, ri levemente dela.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews?
please...



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