Morphine escrita por Hoppe, Mih Ward


Capítulo 12
Chapter Eleven - How To Save a Life


Notas iniciais do capítulo

Milena: Hey pessoal, nos desculpem pela demora, mas a correria do fim de ano é sempre a mesma, não?
Aqui está o capitulo e apesar de eu achar que ficou melhor na minha cabeça do que no "papel" espero que gostem e ah, coloquem para carregar essa musica: http://letras.mus.br/the-fray/329715/
Sei que já a coloquei aqui mas ela tem tudo a ver com a fic e, principalmente com esse capitulo. Deem play quando começar a letra.



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Os dias se passaram lentamente, eu só via Tom Riddle de longe, nas salas de aulas. Troquei minha dupla em poções para uma menina estranha que nem ao menos olhava para minha cara, nas outras aulas eu fazia questão de me sentar o mais afastada possível do garoto e toda vez que o sentia me observando, ignorava. Era oficial, eu havia desistido de Tom Riddle.

Minhas noites eram terríveis, o mundo dos sonhos a tempos deixara de ser meu refugio e eram raras as vezes que eu de fato conseguia dormir direito. Eu já não descia mais de madrugada, com medo de encontra-lo, e quando os pesadelos eram horríveis demais, eu abraçava o travesseiro e chorava em silencio, pensando em como tinha deixado que aquilo acontecesse com ele, o meu Tom.

Eu podia me considerar um robô, acordava de manhã, tomava meu café no canto mais afastado da mesa da Sonserina, ia para as aulas, almoçava, voltava a estudar, o tempo livre passava sentada a beira do lado, fazendo meus deveres ou fingindo ler alguma coisa enquanto minha mente voa para longe, sem lugar especifico.

Fui até a biblioteca, devolveria o livro que, supostamente, eu teria lido e pegaria outro que, supostamente, eu leria. Entreguei o livro a bibliotecária, que me olhou com pena. A ignorei, andando pelos imensos corredores e procurando algum livro que me agradasse.

Caminhei até outra seção, eu nem ao menos lia o titulo dos livros e sabia que, no fim, escolheria um qualquer e voltaria para os jardins, encarando o lago e perdida em pensamentos.

Senti algo se chocando contra minha cabeça e quando me virei para ver, encontrei um pequeno pássaro de papel, um bilhete.

Precisamos conversar, me encontre na Sala Precisa às 20:00.

O bilhete não possuía assinatura, e nem precisava.  A letra fina e inclinada, indicando que ele escrevera o bilhete com rapidez e o jeito direto e frio de sempre. Tom Riddle.

Suspirei pesadamente, eu deveria fazer isso? Se já havia desistido dele, o considerado um monstro, deveria ir ao seu encontro? Ouvir o que ele teria a falar? Eu não sabia, minha cabeça dizia que eu deveria rasgar o papel e fingir que nunca havia lido enquanto meu coração se apertava e se enchia com a falsa esperança de que ele iria mudar, voltar a ser o meu melhor amigo, o meu Tom.  

Peguei o livro, o mostrando a bibliotecária rapidamente e saindo do lugar, direto para o Lago Negro e a árvore a sua frente.

-*-

O barulho oco de meus passos eram ouvidos enquanto eu deixava todo o movimento dos andares mais baixos e caminhava até o sétimo andar, até a Sala Precisa. E mais uma vez, a tola Violet daria outra chance a Tom Riddle, outra chance de quebrar a cara e se machucar ainda mais.

Parei perto da tapeçaria dos Trasgos dançarinos, a porta já se encontrava visível, ele já estava lá.

Respirei fundo, era a ultima chance para que eu pudesse desistir e voltar ao meu dormitório ou ir ao Salão Principal, onde a maioria dos estudantes e professores jantavam. Mas eu não desistiria, é claro que não.

Toquei na maçaneta com hesitação, o que eu encontraria ali dentro? Seria o meu Tom ou Lord Voldemort? Eu não tinha ideia.

Adentrei a sala, encontrando algo parecido com o Salão Comunal Sonserino. Os sofás e poltronas confortáveis, o fogo verde e alegre dançando pela lareira, algumas mesas mais ao canto, com cadeiras bonitas e escuras. No outro canto, algumas almofadas jogadas pelo chão parecendo incrivelmente macias. As paredes possuíam archotes e quadros de animais e objetos inanimados, nenhuma pessoa.  À direita, uma grande janela dava para uma vista espetacular e mágica, literalmente. A praia deserta, com areias brancas e o mar em um azul cristalino, a lua grande e majestosa, dava um toque ainda mais impressionante a vista. E claro, no centro disso tudo, estava Tom Riddle.

 - É lindo – murmurei, ainda encarando a sala.

- Precisamos conversar – ele falou, me fazendo voltar a ele – Sente-se – ele indicou um dos sofás perto a janela e eu me encaminhei até ele, subitamente cautelosa.

Ele sorriu minimamente, como se tentasse assegurar que não faria nada. Continuei a olha-lo, sem ter certeza sobre isso. Tom se virou, olhando a lareira, a nossa esquerda, como se estivesse se esquecido de mim por um momento.

Respirei fundo, não sabia o que fazer. Quem era aquele garoto? O que acontecera com ele? Algumas lembranças de tempos atrás, quando ainda éramos amigos e ele ainda era o meu Tom passaram por minha cabeça, logo depois para o sonho que eu tivera há algum tempo, com o garoto destruindo uma cidade e, logo depois, pedindo ajuda, enquanto algo parecido com galhos de magia negra o puxavam para um buraco e sua voz aos poucos se perdia.

Tentei afastar as imagens da minha mente, me voltando para o garoto. Eu deveria mesmo ter vindo?

Step one you say we need to talk
(Primeiro, você diz que precisamos conversar)

He walks you say sit down it's just a talk
(Ele anda, você diz: sente-se, isso é apenas uma conversa)

He smiles politely back at you
(Ele sorri cortês de volta pra você)

You stare politely right on through
(Você o encara educadamente)

Some sort of window to your right
(Algum tipo de janela a sua direita)

As he goes left and you stay right
(Enquanto ele vai para a esquerda você continua na direita)

Between the lines of fear and blame
(Entre as linhas do medo e da responsabilidade)

And you begin to wonder why you came
(E você começa a se perguntar porquê veio)

- Tom? – perguntei insegura e o garoto voltou o olhar para mim, parecendo se lembrar novamente que eu estava ali – Por que me chamou?

Ele parou, me encarando alguns segundos. A máscara impenetrável que era seu rosto não demonstrava nada e seus olhos estavam escuros e insondáveis.

- Eu não sei – ele respondeu, por fim. O olhar penetrante e frio agora demonstrava confusão – Acho que sinto sua falta, Violet.

Ele se aproximou e, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, percebi o brilho vermelho em seus olhos.

Where did I go wrong, I lost a friend
(Onde eu errei? eu perdi um amigo)

Somewhere along in the bitterness
(Em algum lugar na amargura)

I would have stayed up with you all night
(Eu poderia ter ficado com você a noite toda)

Had I known how to save a life
(Saberia eu como salvar uma vida?)

– Eu não o reconheço mais – falei, respirando fundo – Não sei mais quem você é, mas não é mais o meu Tom.

- Violet...

- Eu tenho medo, Tom – murmurei, o interrompendo – Tenho medo de você. Em quem você se transformou. No monstro que você se transformou. Você não entende o que vai acontecer? Por que eu sim, você vai se tornar um assassino, você já matou quantas pessoas, Tom? Defende que o mundo bruxo deveria ser apenas daqueles que tem sangue puro, mas seu pai era trouxa, você é um mestiço – parei, respirando fundo – Eu sou uma mestiça, você vai me matar então? Eu sou impura, não sou? E quanto aos seus seguidores, são esses os seus amigos agora? Pessoas que fazem tudo o que você ordena por medo?

Let him know that you know best
(Deixe-o saber que você sabe mais)

Cause after all you do know best
(Porque no final você realmente sabe mais)

Try to slip past his defense
(Tente acabar com o tempo da defesa dele)

Without granting innocence
(Sem conceder inocência)

Lay down a list of what is wrong
(Estabeleça a lista do que está errado)

The things you've told him all along
(As coisas que você tem avisado-o esse tempo todo)

And pray to God he hears you
(E ore a Deus para que ele te ouça)

And pray to God he hears you...
(E ore a Deus para que ele te ouça)

- Você não entende...

- Exato, eu não entendo! – falei, o interrompendo novamente – Me desculpe, eu já tentei, mas eu realmente não consigo.

- Você não sabe o que é ser criado em um orfanato, com todos o achando louco e te odiando por voc...

- Por você ser diferente? – completei, o olhando intensamente – Tem certeza que eu não entendo isso? Que não sei o que é ser rejeitado por outras pessoas por você não conseguir se comportar como elas? Minha mãe também é trouxa, Tom. Meu pai fugiu e meus irmãos tem medo de mim, a aberração da família.

- Você ao menos tem uma mãe – ele falou, amargurado.

- E você tem a mim! – grunhi – Ou tinha, antes de estragar tudo. Você não estava sozinho Tom, nunca esteve sozinho. Mas mesmo assim quis me afastar, escolheu odiar o mundo a aceitar que, talvez, tivesse alguém que realmente te amasse e fosse seu amigo.

Where did I go wrong, I lost a friend
(Onde eu errei? eu perdi um amigo)

Somewhere along in the bitterness
(Em algum lugar na amargura)

I would have stayed up with you all night
(Eu poderia ter ficado com você a noite toda)

Had I known how to save a life
(Saberia eu como salvar uma vida?)

- Não diga uma coisa que você não sabe! – ele aumentou a voz e eu me calei, surpresa. Nunca vira ele falando alto com ninguém, muito menos comigo – Eu tentei, tentei ser o suficiente, ser o seu amigo, o seu Tom. Mas eu cresci, Violet. Cresci e percebi que a vida não é um conto de fadas e que todos estão esperando seu momento de fraqueza, prontos para dar o bote. Sim, eu não sou mais o antigo Tom, ele se perdeu junto com minha inocência, eu mudei Violet.  

As he begins to raise his voice
(A medida que ele começa a levantar a voz)

You lower yours and grant him one last choice
 (Você baixa a sua e concede a ele uma útima chance)

Drive until you lose the road
(Dirija até você perder a estrada)

Or break with the ones you've followed
 (Ou corte relações com aqueles que você tem seguido)

He will do one of two things
(Ele fará uma das duas coisas:)

He will admit to everything
(Ele admitirá tudo)

Or he'll say he's just not the same
(Ou ele irá dizer que não é mais o mesmo)

And you'll begin to wonder why you came
(E você vai começar a se perguntar porquê veio)

Ofeguei, sentindo minha garganta se fechar e meus olhos embaçaram. Tom nunca falou isso, ele nunca se exaltava, nunca demonstrava qualquer sentimento que pudesse sentir, ele mantinha sua máscara de frieza e fingia que nada o atingia.

- Não precisava ser assim, Tom – murmurei, me aproximando dele e colocando uma de minhas mãos, hesitantes, em seu braço - Nem todos são assim, eu estava aqui por você, sua amiga. Deveria ser seu refugio, assim como você era o meu. Você alguma vez já confiou em mim, Tom?

Where did I go wrong, I lost a friend
(Onde eu errei? eu perdi um amigo)

Somewhere along in the bitterness
(Em algum lugar na amargura)

I would have stayed up with you all night
(Eu poderia ter ficado com você a noite toda)

Had I known how to save a life
(Saberia eu como salvar uma vida?)

- Eu sempre confiei em você, Violet – ele respondeu – E essa seria minha fraqueza, você seria minha fraqueza e eu não poderia deixar isso acontecer.

- Eu não entendo...

- Eu não posso ser fraco, Violet – ele repetiu – Nunca tive a ninguém, sempre fui sozinho e todos me temiam, eles não poderiam me machucar, porque eu não me importava – ele retirou minha mão de seus braços e se afastou – Mas então você apareceu e eu comecei a sentir, a me importar com alguma coisa.

How to save a life
(Como salvar uma vida)

How to save a life
(Como salvar uma vida)

- Você foi minha fraqueza, Violet – ele falou – E ao mesmo tempo em que eu queria protege-la, tinha medo de alguém atingi-la para me machucar, também tinha medo disso, de me importar com outra pessoa, de sentir alguma coisa.

- Tom...

- Por isso eu decidi me afastar, talvez assim esse sentimento estranho iria parar e eu não me sentiria mais fraco e impotente – ele me interrompeu – Mas você não aceitou isso, você não me deixou ir embora, então eu percebi que teria que te afastar e sabia o quanto você odiava as Artes das Trevas, era minha chance.

- Você fez isso para me afastar? – eu perguntei, assustada.

- Então eu me envolvi com magia negra – ele disse – Talvez ainda não tenha superado minha fraqueza, talvez eu ainda me importe, mas agora eu tenho um objetivo e, com isso, eu vou voltar a ser o mesmo de antes, vou parar de sentir.

Where did I go wrong, I lost a friend
(Onde eu errei? Eu perdi um amigo)

Somewhere along in the bitterness
(Em algum lugar na amargura)

I would have stayed up with you all night
(Eu poderia ter ficado com você a noite toda)

Had I known how to save a life
(Saberia eu como salvar uma vida?)

- Você não tem que fazer isso, Tom – falei, com impotência – Não é pecado sentir, se importar. Não é pecado amar.

- Eu não posso ser fraco, Violet – ele murmurou, me olhando intensamente. O brilho vermelho parecia ainda mais assustar – Me desculpe, mas eu não posso sentir. 


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