Anata Yōkai escrita por Benihime, Kunimitsu


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, só querendo avisar que eu estou reescrevendo a história a partir daqui, ok?
Então, sim, tem muita coisa diferente!
Espero que gostem, by Benihime.



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Anata, yōkai

Capítulo I

Yokohama, Kanagawa - Tarde de sexta-feira

O céu azul límpido daquela tarde de primavera contava apenas com a presença ofuscante da estrela solar, na qual parecia irradiar sua luz por toda Yokohama, Kanagawa. Era tempo de férias para todos os estudantes, fazendo com que fosse uma ocorrência normal vê-los passeando pela cidade, em grupos de amigos ou casais.

Ahh, você tem que vir Sayuri! - exclamou um garoto moreno, estando junto com mais três outras pessoas à mesa.

Tadashi está certo. Você não pode perder! - uma menina ao lado de Tadashi disse degustando de seu sorvete. - Sayuri, você vai viajar amanhã, temos que nos despedir corretamente, nee?

— Eu não sei... Okaa-san e eu ainda temos algumas coisas para resolver, não sei se vai dar pra ir. - resmungou uma morena, Sayuri, apoiando os cotovelos na mesa metálica, o rosto pálido entre as mãos delicadas.

— Tente conversar com ela. - pediu o garoto ao seu lado sorrindo, passava o braço nos ombros de Sayuri, trazendo-a de encontro ao seu peito forte deixando a menina corada.

— Tudo bem, tudo bem. - concordou por fim, soltando-se do agarre do amigo, ouvindo o mesmo soltar uma risada baixa.

Sayuri sentia suas bochechas avermelharem-se mais ainda. Olhou para o lado apenas para encontrar a melhor amiga piscando um olho esverdeado para si com um sorriso malicioso nos lábios róseos. A jovem Sayuri Mayamoto, uma recém-formada e logo a ser uma caloura na universidade, passava o final da primeira semana de férias com os seus melhores amigos; era um passeio ao redor da cidade para relembrar momentos que se foram antes que qualquer um deles fossem para outra cidade ou em uma viagem de família.

E já no meio de uma tarde deveras quente o grupo pequeno se encontrava em uma cafeteria, aproveitando um delicioso lanche. A conversa era animada, mas se tornara um pouco sombria ao direcionarem o tema para a mudança que a Mayamoto faria no dia seguinte. A mesma viajaria com a mãe para Tokyo, pois a mãe de Sayuri conseguira uma promoção no trabalho. E a jovem não negara que ficara irritada, revoltada, já que tinha uma idéia em ficar na cidade e ali mesmo se estabelecer. Mas não era somente sua mente que a mandava ficar, seu coração também entrava na jogada. Era só olhar para o garoto ao lado, que seu coração já desordenava. Porém, nunca confessara seu amor pelo melhor amigo, Tsuyoshi Ozaya. E o moreno parecia totalmente alheio aos sentimentos da garota, pois a via apenas como uma irmãzinha que tinha que proteger.

Inconscientemente suspirou, chamando a atenção de sua amiga e confidente, Yuka Kurotsuki. A loira, que sempre soubera em como Sayuri se sentia em relação ao Ozaya, deu-lhe um olhar aguçado, como se soubesse o que a morena estava pensando. Sayuri rapidamente desviou os intensos olhos azuis, tentando se concentrar na conversa que acontecia entre os meninos. Yuka, sem poder se conter, revirou os olhos, também focando na conversa que acontecia, mas principalmente no seu namorado, Tadashi Collins. O americano, que se mudara há três anos para o pequeno arquipélago que era o Japão, logo conquistara a mais velha dos Kurotsuki. Nesse ponto, Sayuri tinha inveja da amiga que tivera a coragem de se declarar, enquanto ela se aprisionara dentro de seu coração.

— Então, o que você acha Sayuri? - a pergunta de Tsuyoshi pegara a jovem Mayamoto de surpresa. Estava tão perdida em devaneios que não notara que falavam consigo e agora sentia os olhares dos amigos em sua direção, deixando-a constrangida.

N-nani?!— falara confusa, olhando o moreno ao lado, que soltara uma risada rouca. - Haha, parece que me distrai... O que foi que disse?

Hahah, perguntei se você não quer que eu te acompanhe até em casa. Então? - Ozaya repetiu a pergunta, sorrindo.

— Já está passando do meio tarde e você nos disse que tem que estar cedo em casa. - explicou Tadashi, olhando a hora em seu relógio de pulso.

— Oh, já é tão tarde?! - exclamou Sayuri, olhando a hora em seu celular, suspirando ao ver que ainda era quase quatro horas. - Acho que é melhor eu ir mesmo. Obrigada por hoje, pessoal. - dissera, levantando-se.

— Tudo bem. Vemos-nos hoje à noite? - quis saber Yuka, discretamente fazendo um sinal para o Ozaya se manifestar. - Ozaya, você não iria acompanhar a Sayuri? - perguntou, olhando intensamente o referido.

A-ah, claro, se Sayuri me permitir. - respondera o garoto coçando a nuca, tímido de repente, olhando de canto a morena em pé.

— P-pra mim, está bom. - dissera olhando outro lugar que não fosse Tsuyoshi, então não vendo o sorriso que aparecera no rosto bronzeado do outro.

— Então, vamos! - Tsuyoshi levantara, parecendo bem disposto e ignorando os risinhos vindos dos que permaneceram sentandos na mesa.

— Divirtam-se, meus amores. - se despedira Yuka, rindo. - E nada de desvios, Tsuyoshi. Minha amiga ainda é pura!

YUKA!!— exclamara Sayuri, as bochechas tornando-se vermelhas. Por que não posso ter uma amiga mais discreta? Pensou a morena, gemendo internamente.

Haha, sem problemas. - Tsuyoshi falara, mesmo sorrindo com divertimento, se olhasse atentamente, veria um rosado adornando seu rosto.

Após se despedirem dos amigos e ouvir as recomendações excessivas de Yuka, ou melhor, as sugestões inapropriadas da loira; Sayuri e Tsuyoshi seguiram seu caminho. No início, o silêncio não tão incomoda, se estabelecia entre os dois, em parte pela garota estar envergonhada pelas descaradas falas de Yuka. Preferindo o silêncio para poder esconder a vergonha, mal olhando para Tsuyoshi. E este, parecendo concentrado em seus próprios pensamentos, os olhos navegando a frente; Sayuri resolveu não incomodá-lo.

Não caminharam muito até chegarem a estação de trem Yokohama. O local estava pouco lotado, o que fazia os dois jovens andarem quase livremente pela plataforma de trem; na espera. Por mais que Sayuri queria iniciar algum diálogo entre os dois, a coragem parecia estar em um precipício longe de si. A morena interiormente suspirou, olhando de relance o maior ao lado e desejando que o mesmo pudesse dizer alguma coisa.

Contudo, o trem chegara os barulhos alto que fazia ao percorrer os trilhos até parar em frente aos dois adolescentes. Esperando a multidão sair do trem, ambos entraram e sentaram-se perto da porta, o silêncio ainda entre eles. A Mayamoto achava o silêncio começando a enervar seu ser, frustrada, sentia o trem movimentar-se, e mesmo rogando quase o tempo todo por alguma conversa a viagem até a próxima estação fora em silêncio.

♥♥♥

Residência Mayamoto

Tadaima!

A voz suave ecoou pela residência, atualmente vazia, quando a jovem Sayuri chegara a casa. Com seus passos leves na madeira e o cenho franzido, ao indagar-se mentalmente onde sua mãe poderia estar; estranhando o fato da mesma não tê-la recebido de imediato ao chegar. Seus pés descalços a levaram até a pequena cozinha, ainda tomando um pouco de susto ao ver o comôdo quase vazio, apenas o necessário se faziam presente. Era apenas mais um lembrete que, em poucas horas, já não estaria na casa onde passara a maior parte de sua infância e adolescência.

Com um suspiro entrara mais adentro da cozinha, indo até a geladeira para um bom suco gelado para aquele calor ainda presente; mesmo sendo fim de tarde. No caminho os olhos azuis, de soslaio, pegaram um vislumbre de papel em cima da mesa e curiosa como era, pegara o pequeno papel. Era de sua mãe que, aparentemente, tinha ido ao mercado. Sayuri só pode suspirar aliviada, mas não pode conter-se, também, de resmungar. Mamãe, sempre se esquecendo das coisas, pensou, bebericando o suco, indo agora para o segundo andar.

Sayuri se permitiu encostar-se à soleira da porta de seu quarto, por um momento observando o cômodo deixando seus pensamentos dispersarem. O quarto já estava com a maioria de suas coisas guardadas em caixas grandes empilhadas em um canto. Havia um futon no meio do quarto, na qual usava para dormir já que sua cama e colchão, assim como os restos dos móveis de seu quarto estavam na nova casa. O que sobrara fora uma mesinha de centro oval que a morena usava vez ou outra e que agora estava com uma pequena pilha de roupas novas.

A jovem Mayomoto entrara no quarto, se estabelecendo deitada no futon, os olhos observando o céu quando de noite pintado no teto. Sayuri não se lembrava quando a pintura tinha sido feita, mas o motivo para ela estar ali tinha um grande significado para a garota. Afinal, fora o último vestígio que seu pai um dia deixara para ela. Sayuri franziu os lábios, as sobrancelhas unindo-se com os pensamentos que começavam a povoar sua mente. Seu pai era um assunto delicado, tanto para si quanto para sua mãe.

A garota mal se lembrava do rosto do pai e também não ajudava tendo apenas uma foto do homem. A história de seus pais, que muitos podiam achar sendo romântica, mas que a morena achava ser trágica era que sua mãe, Nadeshiko Mayamoto, na mesma idade que Sayuri se encontrava, se apaixonara por um homem mais velho e misterioso; Obviamente que os pais de sua mãe foram contra o amor deles, principalmente quando Nadeshiko engravidara pouco tempo depois. Seu pai, na qual apenas sabia o nome - Yoshi—, ficara até o nascimento de Sayuri, para logo depois, em menos de um ano, o homem desaparecer inexplicavelmente.

Sayuri admirava demais sua mãe. A mulher nunca desistira de criar a filha, trabalhando incansavelmente no ramo da moda, como modelo. Criara Sayuri nas melhores condições que podia, e nunca, jamais deixara de amar Yoshi, guardando as melhores e preciosas lembranças, passando-as para a filha com o passar do tempo. Já Sayuri tinha sentimentos controversos em relação ao pai, por um lado, sabia que Yoshi a amava e sua mãe, e pelo que a mais velha Mayamoto deixava a entender Yoshi não saíra de suas vidas por opção. Sayuri amava seu pai. Contudo, não podia conter-se em se sentir abandonada, frustrada. Não sabia quantas vezes ao longo de seu crescimento não sentira falta do pai; ou quantas vezes não deixava a inveja a abater ao ver os pais de seus amigos. E isso a machucava demais.

Suspirando, a adolescente levantou-se balançando a cabeça como se para limpar seus pensamentos. Não é hora para pensar sobre isso, pensara ao levantar-se, espreguiçando-se. Seus ouvidos, então, captaram uma porta ser aberta assim como passos pequenos no piso de madeira. Logo, Sayuri ouvia a voz melodiosa que só uma pessoa que ela conhecia poderia ter; sua mãe estava em casa.

Rapidamente a morena saia de seu quarto e descia as escadas, indo direto para a cozinha da casa. Lá, seus olhos azuis captaram a figura esbelta e formosa de sua mãe, a mesma ocupando-se em colocar os alimentos na bancada da cozinha; tendo o cuidado ao escolher aqueles que seriam utilizados para o jantar no mais tardar. A mais jovem não pode deixar de sorrir com a visão de Nadeshiko, a aura que envolvia a mulher era pura e encantadora, com uma beleza jovial.

Okaa-san? - chamara Sayuri ao entrar na cozinha, ao que sua mãe virara-se para ela, sorrindo-lhe. - Como foram as compras?

— Sayuri, já está em casa. - cumprimentou a mulher dos longos cabelos castanhos. - Foram ótimas e você? Como foi com seus amigos?

— Maravilhoso Okaa-san. - respondera, ajudando sua mãe e sorrindo com a lembrança de seus amigos, na qual sentiria muito a falta. - Eles continuam os mesmos. Tadashi ainda tropeçando nas palavras, Tsuyoshi sendo sempre sorridente e Yuka... Yuka a mesma garota das frases constrangedoras. - contara soltando uma risada ao final, mesmo que seu rosto tenha adquirido um tom mais rosado.

— Imagino que sim, querida. - falara, logo depois de soltar uma pequena risadinha. - Nee, o que queres para o jantar hoje, Sayuri?

— Na verdade... - começara a dizer, hesitando e mordendo os lábios levemente, nervosa. Sua mãe notara, estreitando os olhos castanhos escuros. - Yuka e os outros me convidaram para sair hoje a noite, querem fazer uma verdadeira despedida. E-eu não sei se vou, mas...

— Ora, minha querida, é claro que você pode ir. Vá e se divirta, sim? - dissera sua mãe, os olhos mostrando compreensão e sorriso fácil. Sayuri suspirou aliviada.

Arigatou, Okaa-san! - falara abraçando brevemente a mais velha, empolgada. - Eu irei avisar Yuka, já volto.

Sayuri saiu da cozinha com um largo sorriso na face, sendo observada carinhosamente por sua mãe. A mesma fora atraída para fora da janela, a luz do sol poente lhe trazendo uma velha e preciosa lembrança para si, de seu amado. Seus olhos castanhos alaranjados brilharam com lágrimas não derramadas, enquanto o sorriso alargava-se.

— Será que você estaria orgulhoso de nossa pequena menina, Yoshi?

♥♥♥

NADESHIKO MAYAMOTO


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Notas finais do capítulo

Olá! Aqui é a Kunimitsu falando! Então pessoal, como ficou o primeiro capítulo tudo novo? Bom, ruim? Nos falem, pleaseeee!! Qualquer erro ortográfico, de coesão ou gramatical por favor nos avisem, hun!?
Bem, até logo!



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