Eduardo corria a nossa frente. Uma nova pessoa no nosso quadro de felicidade, emoldurada perfeitamente. Afinal de contas, tudo havia mudado. Antigamente eu me pegava pensando: As coisas teriam sido diferentes se desde o primeiro momento eu tivesse dado uma segunda chance a Igor? Principalmente na época que nos conhecemos? Agora eu sei a resposta. Sem dúvidas, tudo teria sido muito diferente. Mas quem poderá dizer que estaríamos juntos até agora? Éramos imaturos demais. Provavelmente tudo teria acabado antes mesmo de realmente ter começado, mas afinal de contas isso eram apenas suposições de um passado distante. Eu estou mais que feliz com meu atual presente.

Igor sorriu para mim enquanto pegava na minha mão, nossos dedos se entrelaçando. A areia brincado com meus dedos descalços enquanto Igor carregava minha sandália. Pablo olhava Pietro caminhar em passos desajeitados pelo areia, Edith sempre as voltas atrás do bebê, Eduardo sempre atento a qualquer passo vacilante do bebê agitado, nos fazendo sorrir. Logo seria nossa vez, Igor repetia, mesmo sabendo que ainda demoraria alguns anos para nosso bebê chegar, ainda estávamos nos curtindo e na verdade, tudo estava nos devido lugar. Ceci e Alexandre estavam casados, esperando um bebê, uma menina para realização de Eduardo. Minha mãe havia conhecido um homem muito bonito e gentil, alguns anos mais velho do que ela e que parecia que a fazia tão feliz, que agora ela vivia sempre feliz, sempre... mulher. Victor se tornara mais presente em nossas vindas, deixando tudo em equilíbrio, viera nos visitar com Nayara, uma bela moça de longos cabelos de um castanho arruivado, gentil, sorridente e extremamente bem humorada que conseguia encantar a todos nós e ganhar minha aprovação facilmente.

Quanto a mim e Igor, nos casamos numa pequena cerimônia na praia mesmo, só os amigos íntimos e meus pais. E depois de todos esses anos, ainda amo ardentemente o garoto que conheci na praia, mas amo ainda mais o homem que ele se tornou. Agora eu consigo ver o que Igor vê. Lamento, muito, mais do que deveria não termos passado os anos passados juntos. Mas não lamento o que temos agora. Não lamento ter conhecido Victor. Não lamento Edu existir. Não lamento mais minhas dores, elas me engrandeceram. Me fizeram crescer. Me fizeram tornar esta mulher que está com Igor agora, alguém que o mereça, ou ao menos se esforça todos os dias para isso. Ele é um homem diferente. Somos diferentes. O nós de agora podem ficar juntos sem mágoas. Os do passado eram demasiadamente jovens... E talvez isso tivesse matado nosso amor naquele tempo.

Porém, na verdade, não quero pensar muito nisso. Não penso, na verdade. Para que pensar em algo distante quando eu o tenho agora? Claro que é difícil. Todos os dias lutamos para nos manter unidos. Casamento nunca foi e duvido que algum dia será, uma tarefa fácil, mas nos esforçamos, mas do que isto, nos amamos. Estou feliz, como nunca estive antes. O amor jovem, aquele amor de férias de verão, tecnicamente passou. Somos o amor agora. Litorâneo, ainda jovem, pós-adolescente. Aquele que inicia nossa vida adulta, aquele que planeja filhos, viagens e planos de comprar uma casa maior, junto com nossos eternos vizinhos pais de um menino agitado e brincalhão. Aquele planeja envelhecer juntos. Isso não vai mudar. Assim como o cheiro do amor, suas ondas, a sensação de andar na praia segurando a mão de Igor vai ser eterna. Essa sensação vai nos perseguir durante anos. E eu não me importo. De cunhado, a melhor amigo, namorado, amante... A amor. É isso que Igor é para mim.  E toda essa nova fase da minha vida, o ponto final de todas as confusões, é só o começo... Da minha felicidade e da de Igor, porque somos um só agora.