Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 32
Capítulo 32 - Presentes


Notas iniciais do capítulo

Volteeeeei rapidão :3
Não aguentei de ansiedade e vim postar. Embora a cada dia eu ande ganhando menos reviews. Por favor, comentem. Já ta chegando no final a fic e faz muita falta os reviews. Eles me deixam super feliz, por favor APAREÇAM leitores fantasmas. Brigada.
Então, quando a música aparecer, é PRA ESCUTAR ~eu fingindo brabeza~ Ou todo mundo vai levar palmadinha, quero nem saber. u.u
Enfim, eu amo esse capítulo! KK



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Ao terminarmos de jantar minha mãe abriu a geladeira, tirando um grande bolo de lá. Era de chocolate e havia cerejas em cima, Eduardo inclinou-se sobre a mesa atento ao doce, mas logo sua atenção voltou a mim. Me levantei também, olhando o bolo de perto. Acabei dando risada.

O bolo era engraçado, meio irônico, mas engraçado. Estava escrito um 16+ 6 absolutamente torto e com traços infantis em cima do bolo.  Claramente uma alusão aos meus 22 anos e aos 6 anos de idade de Edu. Eu achei até engraçado enquanto via Eduardo contar rapidamente dos dedos minha idade.

– Vinte e dois! – Ele quase gritou e eu ri baixinho. – Quantos anos!

– Pois é. – fiz uma careta. Há um tempo eu nem sequer pensava nos meus 22 anos. Não imaginaria que estaria bem aqui. Na verdade, aos 16 anos, eu não planejava muita coisa.

– Mas meu pai ainda ganha de você. – Eduardo sorriu, mas parecia realmente triste por Igor não estar aqui. – E a minha mãe também.

– Ainda bem! Idosos! – Ele riu baixo. Olhei para Ceci que sorria embevecida, olhando o filho com carinho. Fora a primeira vez que a vi olhar assim para Eduardo. Então percebi que ela olhava para nós dois, juntos, dessa forma. Constrangida, voltei minha atenção ao bolo, tentando me concentrar naquilo. Mas logo voltei meu olhar a Ceci, que parecia ter voltado ao normal. – Cara, esse bolo ficou muito legal. Você que teve a ideia?

– Na verdade... Igor deu a ideia. – Ceci confessou, o rosto se avermelhando um pouco. Engoli em seco, surpresa.

– Eu e o meu pai fomos comprar o bolo hoje. – Edu puxou minha camiseta. – E nós desenhamos! Você gostou, tia?

– Adorei. – sorri para ele, a garganta secando. Afinal, Igor dera um jeito de participar do meu aniversário. Uma mensagem clara que ele não havia esquecido a data, afinal. Porém ele não estar aqui me deixava estranhamente melancólica. Eu já devia estar acostumada com isto, mas não conseguia.

– Igor, bem... Não pode vir. – Ceci me explicou. A pergunta escapuliu de minha boca rapidamente:

– Por quê? – Ela deu de ombros.

Minha mãe apagou a luz. Deixei meu sorriso morrer enquanto encarava o bolo. Eles começaram a cantar parabéns. Eu definitivamente não tinha mais 16 anos. Esse tempo havia ficado para trás, talvez juntamente com aquelas antigas mágoas. Eu tinha o peso de 6 anos nas costas agora. Anos com Victor, tentando esquecer Igor, engolindo a seco a existência de Eduardo, a qual eu fugia. Mas agora com a voz dele infantil elevando-se acima das outras não pude deixar de sorrir. Era meio óbvio que eu me apaixonara pelo meu sobrinho, daquele jeito inesperado que eu também havia me apaixonado pelo seu pai. Porém, ele não era meu. Eu também encarara por tempo demais Eduardo como um erro, mas ele não o era. Era apenas uma consequência. Igor errara, Ceci errara, eu errei. Todos havíamos errado. Mas agora não importava. O nascimento de Eduardo fora algo que nos fizera crescer, tornara o que nós éramos agora. Tentar encarar isso de um modo negativo era perda de tempo. Eu tentaria deixar para trás junto com o sopro da vela esses anos passados. Eu era uma nova Malu. Sem Igor. Sem Victor. Tendo apenas a mim e minhas certezas.

– Assopra as velas, tia! – Eduardo gritou, excitado e alegre. Sorri de olhos fechados. Pedindo para que eu conseguisse me encontrar. Abri os olhos e Eduardo bateu palmas. Acabei rindo de sua expressão e a luz acendeu. Todos me sorrindo amorosos. Eduardo me abraçou levemente. – O primeiro pedaço é meu, ta?

Gargalhei, sem poder me conter.

– Ta bom, ta bom. – E assim seguiu-se uma maratona para cortar o bolo. Todos alegres e fazendo piada. Alexandre beliscou minha bochecha como nos velhos tempos. E na verdade, tudo aprecia em paz... Mas faltava algo. Faltava alguém no meio de tudo isso.

~*~

– Viu? Até que foi uma boa ideia ter ido a casa da sua mãe. – Edith abriu a porta do apartamento. Cada uma de nós segurando uma garrafa de vinho que eu ganhara de Pablo, que quisera adocicar o resto do meu aniversário.

– Foi divertido. Obrigada. – coloquei a garrafa na mesinha de centro. Levemente cansada. Fora um dia cheio. Caminhei para a pequena varandinha, o céu estava estrelado e a noite bem fresca. O vento batia de forma agradável no meu rosto, deixando-me tranquila, olhei para baixo e para o movimento da rua. Edith logo apareceu com dois banquinhos, dois copos velhos e uma das garrafas de vinho.

– Seu aniversário não acabou ainda.

– Falta menos de meia hora.

– Sem problemas. – Ela sorriu, sentei-me no outro banco ao seu lado. Ela encheu meu copo de vinho, mas reparei que o dela continha suco.

– O que houve? – Pra Edith recusar bebida, devia ter acontecido algo. Ela sorriu sem graça, pela primeira vez na noite notei que ela parecia meio abatida. Nas últimas semanas ela andava abatida desse jeito, meio estressada e melindrada. Talvez por causa do assunto inacabado de Pablo.

– Nada demais...

– Tem certeza?

– Arran. Só quero continuar sóbria.

– E me deixar bêbada? – brinquei, mas meio desconfiada.

– Feliz aniversário! – ela desconversou, rindo.

– Foi um aniversário bem diferente este ano. Lembra o do ano passado?

– Não pude ir, fui viajar a trabalho, esqueceu?

– É mesmo... – Edith não passara o ultimo aniversário comigo, eu até lembrava de como sentiria falta dela no dia.

– Como foi? – Ela perguntou, parecendo curiosa. Bebi um gole do vinho, forte. Fiz uma careta. Edith sorriu para mim.

– Bem... Victor no meu último aniversário fez um grande churrasco lá em casa, na casa dela, no caso. Bem familiar. – Muitos parentes de Victor e amigos nossos, isso me manteve o tempo todo ocupada. – Foi divertido, até. Mas a noite ele estava exausto e eu não consegui dormir. Senti que o amava quando fiquei sozinha naquele cômodo sem ele me fazendo conversar, me impulsionando a socializar. – Meu coração não doeu de saudades, mas mesmo assim era estranho, desconfortável pensar que Victor estava longe. E que provavelmente não passaríamos mais nenhum aniversário juntos. Continuei; pensativa. – Ele fez com que eu me sentisse viva. Que eu conseguiria fazer isso: Seguir em frente. Me apeguei demais a isso. Victor estava quase vivendo minha vida e eu nem reparei. Deixei de decidir o que queria e o que não queria. Ele me pediu em noivado dois dias depois do meu aniversário. Não pude recusar.

– Você realmente sente falta dele, não é? – girei o copo entre os dedos.

– Claro... – Não sentia só falta de Victor como meu porto seguro. Mas também como pessoa. Ele era atencioso, carinhoso e gentil. Ele era cuidadoso e sabia me dar meu próprio espaço. Era calmo e tranquilo, uma pessoa muito especial. Bastante.

– Sinto muito.

– Não sinta. Está tudo bem. – Sim, agora estava certo. Eu não magoaria mais Victor e ele seria feliz com outro alguém. Eu fora egoísta demais o prendendo, sabendo que uma hora ou outra aquilo acabaria. – Sabe o que eu pensava quando estava sozinha, depois de Victor ter ido dormir, ou nos meus momentos a sós mesmo? O que fazia minhas noites de aniversário sempre serem quentes? Eu pensava no que Igor me deu. Sabe o que o Igor me deu no último aniversário que passamos juntos? – sorri tristemente para ela, que sorriu amistosa, visivelmente curiosa. – Materialmente... Nada. Graças a Deus! Igor sempre fora um horror com presentes. E olha que nunca passei muitas datas comemorativas com ele. Um aniversário, Natal e Ano Novo. Só. Mas eu sabia que ele seria péssimo com presentes. Até hoje eu acho. – sorri para mim mês uma vez. Lembrando do dia quente e tão... feliz. – Bem... Ele me levou pra tomar sorvete de manhã. E eu almocei com meu pai de tarde. A noite damos uma volta pela praia. Ele não tentou fazer nada especial. E no final da noite, quase onze horas. Sabe o que ele me deu? Ele disse: Hoje meu presente é... Meu coração. A partir de agora é seu para sempre.

Bebi um gole da minha bebida.

– Isso é...

– Lindo? E perfeito? Eu encarei desse jeito também. E até agora...  Até agora... Em todos meus aniversários não consegui deixar de pensar nesse dia, era meio torturante, mas também acalentador. E durante esses cinco anos eu tive a certeza que eu o tinha o coração dele. Mesmo pensando em Mônica’s, Ceci’s e Daniela’s que poderiam ter passado na vida dele. Não importava, nesse dia não fazia diferença. Aquele coração era meu, pra sempre. Ele havia dito isso e eu nunca duvidei que eu o tinha e o teria durante todos meus aniversários, ao menos nesse dia eu teria. Uma grandessíssima bobagem, hã? É só que agora... Sem Victor, sem Igor... Sem nada além de lembranças. Acho que perdi o coração de Igor.

– Vá atrás dele. – Ela disse, parecendo mais animada. – Passe o resto do seu aniversário com ele.

– Está doida? – Era uma ideia muito absurda. Comecei a rir baixo da brincadeira de Edith. – Só pode estar de brincadeira.

– Mas é claro que não!

– Enlouqueceu.

– Não seja boba! – Ela levantou do banquinho, me puxando para a sala. – Vai de uma vez!

– Daniela pode estar lá. – ironizei, dando meia volta e fazendo menção de voltar ao meu banquinho. Não queria nem sequer pensar naquela assanhada com Igor...

– Então a expulse! – Edith me segurou, me puxando pro meio das sala. Seus olhos fixos nos meus. – E quer saber... Não acredito que ela realmente esteja lá. Ele está esperando por você. Você sabe que não quer ficar sozinha.

– E-eu preciso ficar sozinha. – Precisava pensar, ter uma longa conversa comigo mesma que, se eu bem me conheço, poderia demorar dias!

– Mas não essa noite... Não pensa. Não se permita pensar. – Ela sorriu para mim. Senti uma agitação começar a me tomar, ficando agitada sem poder me controlar. E se eu aparecesse na casa de Igor? O que ele faria? Não, não. – Quer dizer, pense. Pense com seu coração. Você sabe que quer isso.

– Isso é loucura! O que vou dizer? – ri baixo, descontraída. Fazendo pose sedutora. –Ei, Igor... Queria passar os próximos 45 minutos com você? Me oferece um café?

– Perfeito! – Definitivamente, Edith não estava bem para lidar com ironias.

– Só pode estar tirando uma com a minha cara...

– Malu... Eu não vou implorar, mas olha... Vou enrolar por 60 SEGUNDOS no meu quarto fingindo que to procurando seu presente. E quando voltar quero ter a alegria que você me deu ouvidos e foi falar com Igor, ok?

– Não... Não! – A segurei, tentando a fazer ficar, porém ela se soltou de meus dedos escorregadios e saiu correndo para o quarto, fechando a porta.

Fiquei sozinha na sala, matutando. Sentindo meu coração a bater forte ante a possibilidade de eu ir bater na casa de Igor. Eu não conseguiria. Não tinha cara de pau o suficiente. Edith começou a contar em voz alta. Quando os segundos acabassem, minha chance teria se esvaído. Eu ia perder outra chance por covardia minha? Girei tonta no meio da sala vazia, quase entrando em parafuso. Querendo rir e ao mesmo tempo chorar, de minha indecisão e da minha covardia. Contrariando uma parte de mim mesma, nos segundos finais corri até a porta do apartamento e a fechei com estrondo. Ficando encostada nela. Pude ouvir a comemoração de Edith, que parecia estar gargalhando dentro do apartamento. Comecei a rir também, talvez o vinho tenha me deixado meio alta. Meu rosto se aquecendo de antecipação.

Vamos lá, Malu... Vamos lá. Me encorajei, dando um passo a frente. Tentando pensar no que dizer. Em como ele reagiria. O que pensaria. Fiz menção de dar meia volta, mas decidi seguir os conselhos de Edith. Decidi não pensar, não exatamente... Não me deixar levar por suposições.

Bati na porta de Igor, ainda corada. Não podia acreditar que finalmente tinha dado ouvidos a Edith. Ele apareceu em seguida, o rosto parecia abatido e cansado. Usava uma blusa azul e uma bermuda curta. Ele arregalou os olhos surpresos e eu corei ainda mais. Ele encostou na porta, ainda surpreso. Nervosa, comecei a tagarelar, sem saber o que falar:

– Oi... Queria saber se está tudo bem, porque... Porque você sumiu e... – As palavras morreram na minha boca. Fiquei parada, corada, confusa e meio boba abobalhada, os olhos dele fixos no meu, me deixando confusa e desorientada. Igor, mesmo parecendo confuso, sorriu. Facilitando tudo para mim.

– Quer entrar? Tenho café.

– Ok. – respondi, aliviada.

– Você faz. – Ele avisou. Revirei os olhos, entrando no apartamento, ele fechou a porta com o pé ao passar, seu porte alto fazendo minhas mãos coçarem, eu estava agitada.

– Eu... Bem... Não to a fim de fazer café. Você não tem vinho? – É, talvez vinho me ajudasse a desligar. Igor me olhou malicioso e ainda confuso. – Não me olhe assim... É meu aniversário!

Ele riu baixo, fazendo um gesto para que eu o seguisse até a cozinha. Pegou uma garrafa de vinho idêntica a que eu ganhei de Pablo, e serviu a nós dois. Me entregando um copo.

– Aonde Edith te levou? Uma casa das mulheres ou algo assim?

– Só fomos à casa da minha mãe. – Ele pareceu mais aliviado depois da minha resposta. – Eduardo tinha ‘feito’ um bolo pra mim, vocês fizeram no caso. Obrigada por isto. Ele estava triste porque você não foi.

– Vou ter que implorar por desculpas. Pros dois.

– Eu to legal. – sorri, torcendo as mãos.

– Mais ou outro aniversário sem mim... – Seu tom amargo me confundiu, me entristeceu. – Não faz muita diferença.

– Na verdade, faz... – confessei, engolindo em seco. – Mas, deixa pra lá.

– Desculpe por estar sendo grosso. – Ele passou as mãos pelos cabelos, um gesto que nunca mudaria a meu ver. – Eu...

– Victor terminou comigo. – deixei as palavras escorregarem. Sentia que devia dizer isto a ele. Eu mesma falar. – Você já deve saber disso.

– É, eu sei. Amigos fofoqueiros e essas coisas. – xinguei Edith e Pablo mentalmente por isto. – Sinto muito por você estar sofrendo com isso.

– Estou legal até. O primeiro noivado nunca dá certo mesmo, eu acho. – encolhi os ombros, Igor sorriu de leve:

– Eu não posso dizer por que nunca noivei, então...

– Certo, o meu primeiro noivado não deu certo. – murmurei, fingindo irritação, mas depois sorri de leve, ainda entristecida ao pensar nisso. – E é isso aí.

– Sente falta dele?

– Sim, claro... Não me acostumei a estar sozinha. – girei o copo entre os dedos novamente. Olhei o apartamento, pensando em Daniela aqui. Corei, sem poder evitar. Já que eu estava cheia de coragem hoje, continuei perguntando. Um objetivo surgindo a minha mente. Hoje eu deixaria a Malu precavida longe, falaria e perguntaria o que eu achava que devia, sem pensar em ‘certo’ ou ‘errado’. Eu me devia um presente. – A propósito... Não é da minha conta, mas está namorando Daniela?

– Absolutamente não. – ele riu baixo, como se eu tivesse contado uma grande piada, tomando um gole de vingo.

– É que...

– Ela me ajudou com a ressaca.

– Como? Abrindo as pernas pra você? – Não pude evitar o tom ríspido e ciumento. Ele riu alto.

– Não. – Ele riu mais um pouco. – Não dormi com ela. Chocante, não?

– É que... – Me senti meio estúpida e patética. Tinha criado mil e uma fantasias sobre isso. Sentia que o tinha perdido exatamente por isto... E agora. Ele me mostra que fez tudo diferente do que eu imaginava, que o julguei mal sem querer. – Ela fica se gabando no planetário, aos quatro cantos, de ‘Como o beijo do Igor é bom, blá blá blá’. – imitei o tom de voz de Daniela, me sentindo enjoada. Ela fazia questão de falar isso em voz alta quando eu estava por perto, parara um dia quando Edith a deu uma bronca por falar de assuntos ‘não profissionais’, quando ela devia se concentrar nas contas. No final das contas, fora engraçado.

– Ta brincando! – Igor parecia surpreso, os olhos arregalados.

– Eu bem que queria. – ri sem graça. – Ela fez um bom ‘merchan’ sobre você;

– Entendo agora porque todas as novas garotas andam prestando mais atenção em mim.

– Que sorte, hein? – comentei ácida, ele prendeu o riso. Cocando a cabeça.

– Bem... Realmente, houve beijo. – senti meu rosto corar, mas respirei fundo. Eu não devia nada a ele, e ele não devia nada a mim. E afinal de contas, quantas vezes ele fora obrigado a me ver beijando Victor nos jantares? Não era da minha conta, não tinha porque me preocupar. Mesmo assim ele prosseguiu. – Mas eu estava bêbado, foi só isso.

– Ah é?

– Arran. Basicamente o que aconteceu foi: Ela é insistente e eu estava bêbado, não consegui a convencer a ir embora e ela passou o dia arrumando meu apartamento enquanto eu dormia, absolutamente podre. Eu sei... – ele levou a xícara a boca, mas logo parou. Os olhos presos nos meus, um tom quase divertido. – Saí no lucro. Ganhei uma faxina. Tentei te dizer, mas... – Ele gesticulou, sugestivo. Fechei os olhos me sentindo ainda mais idiota.

– Eu não parei pra te ouvir. Me desculpe. Estava meio perdida. – confessei. – Victor tinha acabado de ir embora.

– Certo... Não se preocupe. – Sua voz estava carregada de compreensão, mas ainda assim parecia meio distante. – E o que veio fazer aqui?

– Eu... – O que diabos eu havia vindo fazer mesmo? Seguir os conselhos de Edith? Tentei procurar uma resposta, mas estava difícil, ainda mais com tanta curiosidade nos olhos de Igor. – Eu...

– Já sei. Veio pegar seu presente. – Mais uma vez. Ele parecia saber o que falar para facilitar as coisas para mim. – Como adivinhou?

– Não, Igor... Eu... – suspirei. – Não precisava comprar nada.

– Não gastei nada esse ano.

– Como?

– Presentes do ano passado. – explicou ele.

Coldplay - Warning Sign 

Ele foi até uma caixinha na estante da sala, tirando de dentro de uma caixinha, um colar dourado. Cinco estrelinhas brilhando como pingentes. O colar era lindo e delicado, assim como os pingentes. Ele esticou para mim, analisei de perto. Encantada.

– Igor, eu...

– É pelos anos que perdi. Assim como eu, você sempre pareceu gostar bastante de estrelas. Fui acrescentando um pingente a cada ano. Cinco ficou mais bonitinho. – Ele sorriu. – Ainda bem que você voltou rápido, hein?

– Elas tem nome?

– Você pode colocar o nome que quiser. – Ele deu de ombros. – São suas, afinal.

– Já sei o nome perfeito!

– Qual?

– Estrelas! – anunciei, animada subitamente. Igor gargalhou.

– Muito criativo.

– Não sei o que dizer... São lindas. Perfeitas.

– Fico feliz que tenha gostado.

– Coloca em mim, por favor?

– Claro... – entreguei o colar, e Igor passou por trás do meu pescoço, tirando o cabelo do caminho. Engoli em seco, estremecendo. Ele pigarreou de leve, se afastando, parando a minha frente para ver, ele pegou o pingente entre os dedos e depois o soltou, seu dedo passando pelo meu pescoço de leve. Minha respiração ficou entrecortada, Igor continuou me encarando. – Ficou ótimo...

Então ele se afastou, e eu respirei fundo. Tentando acalmar minha respiração. Igor bebeu o copo de vinho todo, seus dedos tremiam. Engoli em seco, sentindo falta de sua proximidade. Deixei meu coração falar pela primeira vez, em anos:

– Igor... Eu vim aqui pra te pedir um presente de aniversário e ganhei. Mas quero outro. – Ele me encarou, continuei. – Uma resposta. Na verdade, duas respostas.

– Hum, alguém está gananciosa hoje. – corei, ele riu de leve. – Calma... Pode falar.

– Ok... Hã... – respirei fundo, tomando coragem. – Não está verdadeiramente interessado na Daniela, certo?

– Está desperdiçando uma boa pergunta, sabe? – ele sorriu de lado para mim, o rosto distendendo-se em animação. – Você podia perguntar que cor de cueca estou usando, qual o modelo... Algo pra te entreter.

– Igor! – exclamei, chocada. Corando ainda mais. Ele riu alto da minha expressão.

– Ok, ok. Parei... – Ele passou a mão no rosto, tentando voltar a uma expressão séria. – Porque está tão preocupada com isso? Ela não é uma ameaça pra você.

– Eu perguntei primeiro! – cruzei os braços teimosamente, ele sorriu amorosamente para mim, os olhos fixos em mim:

– Ela não é uma ameaça. – Ele disse suavemente, seu tom de voz ainda sim firme, a resposta não mudara assim, mas seu tom fez com que eu me sentisse aliviada e satisfeita. Sorri mais contente agora.

– Obrigada, pelos presentes...

– Sempre que quiser, madame. – Ele fez uma leve reverencia e eu ri. – Mais algum?

– A outra resposta... – respirei fundo. Tomando coragem. Não pude controlar minha ansiedade. – Igor?

– Sim?

– Seu... – procurei tornar minha voz firme, mas não consegui, ela saiu sussurrada. – Seu coração ainda é meu durante meus aniversários?

 Ele sorriu um pouco. Seus olhos queimando nos meus. Trocamos algumas lembranças sorridentes. Meu coração aqueceu leve, esfriando subitamente ao ouvir sua resposta:

– Não...

– Oh... – engoli em seco, eu não esperava por isso. Igor interrompeu meus pensamentos.

– Ele é seu durante todos os dias... Sua boba. – Ele sorriu para minha expressão. E senti meu coração queimar, bombear sangue rapidamente, o som quase audível. A pulsação fazendo meu rosto corar.

– Obrigada. – torci as mãos. Sendo ousada mais uma vez. Pedinte demais, mas deixando meu corpo falar por mim. Algo que eu aprisionava há séculos, até em meus pensamentos. Me permiti mais um presente. Foram quatro presentes até agora: Duas perguntas e o colar. Não pude me negar o quarto. – Você pode colaborar com mais um presente que eu quero dar a mim mesma hoje, sabe...

– Ah é? Mais um?

– Hãn... Bônus? – Ele riu baixo novamente.

– Ta certo. Só porque você tem meu coração hoje. – sorri sem graça. – Qual é?

– Eu... – Minha voz falhou, mas olhando eu seus olhos a mantive sussurrada, mas ainda assim firme. – Eu quero que você me beije.

Igor arregalou os olhos:

– Como? – Seu tom incrédulo fez com que eu me sentisse ainda mais envergonhada.

– Vai mesmo me fazer repetir?

– Não... É que... – Ele deu um passo à frente, desajeitado, em minha direção. Parando, passando as mãos pelo cabelo. Atrapalho de um jeito quase adorável. Senti vontade de rir, mas mordi o lábio. Ele parecia eu tentando me explicar, era quase cômico. – Tem certeza? Não quero que diga que...

– Igor. Não precisa fazer. Eu só quero. – sorri abertamente para ele, já me sentindo feliz com os presentes que ele me dera. Não se pode ter tudo, oras. – Já me permiti pedir e ser sincera e pra falar a verdade esse foi meu presente. Você não precisa fazer.

– Acho que também mereço um presente, depois sabe... De... Tudo. – Ele foi chegando lentamente perto de mim, como que analisando minhas reações. Minha respiração falhou algumas vezes durante o processo e senti meu coração falhar quando ele chegou perto o suficiente para eu sentir o calor de seu corpo. Uma mão cingiu minha cintura com confiança, colando meu quadril as suas coxas. Me apoiei em seus braços, tentando não fraquejar. Ele se inclinou, uma mão puxando meus cabelos da nuca carinhosamente, prolongando o momento. Seus lábios chegando perto dos meus, num roçar suave. Sua boca se entreabrindo e seu hálito tomando o meu. Então, ele me beijou. Me erguendo levemente, fazendo eu ficar na ponta dos pés para que sua boca tomasse a minha mais facilmente, sua mão em minha cintura apertando-a. Meu corpo consciente da sua presença de um jeito que nunca se sentia perto de qualquer outro. Seus lábios nos meus, saudosos por seu beijo. Ele me beijara, de um jeito só dele, que só ele sabia fazer... Só que nas vezes que se seguiram fui eu.

Fui eu quem o puxou cada vez para mais perto. Fui eu que o permiti tirar meu bolero. Fora eu que perdi meus saltos pelo corredor. Fora eu que mais uma vez o deixara deixar naquela cama e tirar minha camiseta. Com a certeza que eu teria uma nova melhor noite para relembrar. Seus toques e carícias, de minha panturrilha a pescoço. Seu corpo quente próximo ao meu. Toda a ânsia, desespero e desejo que eu sentia com seu toque. Eu o quis. Nunca o quis tanto.  Era saudade, nostalgia, desejo e o amor reprimido, violento vazando por nossos poros.

Eu queria muitos presentes aquela noite. E acho que Igor entendeu. Não fazia sentido o que tinha ficado no passado, ou as réstias de magoas que guardávamos; mas era o dar e o receber que comandaram tudo aquela noite. Nós simplesmente nos entregamos, sem tentar nos convencer, aquilo era certo demais. Era o nós que funcionava, toda aquela atração e vontade. Nós tentamos sucumbi-la entre o contato de nossos corpos. Aquela noite foi o primeiro momento, no tempo atual, que vivi sem pensar em nada do passado. Nada se comparava aquele momento. Nada se comparava a ter a mim e Igor, juntos aquela noite.

A gargantilha de Igor adornou minha noite de estrelas, eu cheia de presentes... E eu não me arrependia disso. Nem poderia.


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Notas finais do capítulo

~fogos~ ~fogos~ KKK
A propósito, não se empolguem muito, flw? Pra não se decepcionar depois.
Mas a Malu finalmente foi lá e tomou atitude. Hihi.
Vocês devem me achar uma cachaceira, porque tudo coloco vinho e vodca aqui. Mas pra falar a verdade nem bebo, gente. Mal gosto de vinho, mas eles gostam u.u kkkkkk Então eles resolveram esqueçar tudo por 1 noite. Yeah! Gosto mt mt desse capítulo kkk
A propósito eu amo muito, muito essa música. E a tradução é linda por demais. Aconselho vocês a pesquisarem porque acho ela muito Malu/Igor.
Enfim, reviews? Falem do que acharem, do que acham que vai acontecer, que me amam, sei lá KK Vocês são criativos! Enfim, já enchi muito o saco de vocês. Obrigada por lerem! ;)))