Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 27
Capítulo 27 - Primeiro amor


Notas iniciais do capítulo

Gostei bastante dos últimos reviews. Sério. Eu fiquei tipo *0* KK Claro que, meio que fiquei confusa. Ainda não decidi por meio de seus reviews, de modo geral, se estou acertando ou errando com a fic, mas no final da história eu descubro, né?
Eu adoro esse capítulo (que é bem calminho) porque o Eduardo ta tão fofinhooo. Eu gostei bastante dos diálogos, meio bobinhos, mas gostei bastante.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/167741/chapter/27


Eduardo jogava pedrinhas no mar, estava só com sua bermuda de praia favorita e parecia pensativo. O píer estava anormalmente vazio para um dia de sábado, apenas uma ou outra pessoa passava por ali. O aniversário de Edu já era amanhã e ele não parecia animado como uma criança normalmente ficaria com a grande festa que a mãe estava preparando. Ceci havia planejado uma grande festa de aniversário. Alugara um bom salão, garçons, alguns shows infantis e decidira o tema juntamente com um Eduardo muito crítico. Edu adorava super heróis e quadrinhos, quase tanto como gostava de videogame, então seu tema era basicamente super-heróis de quadrinhos. Ceci aprovara o tema, Pablo também e Alê também, então... Minha opinião não fora pedida. Ainda bem. Eu nunca seria bom pra ajudar Eduardo com essas coisas de festas, ele tinha mais opinião que eu nesse assunto.

Peguei uma pedrinha e joguei. O barulho da pedra batendo no mar me deixando quase desanimado. Voltei a pensar nela, na verdade, eu não conseguia parar de pensar nela. Há quanto tempo isto aconteceu? Desde que eu vi aquela menina com cara de tédio no saguão de um hotel? Provavelmente, fora a partir daí. Depois de um tempo, Malu simplesmente se fixou a minha mente e coração como se fosse uma moldura. Um núcleo. E nos últimos dias ela andava esquisita, calada, pensativa e séria. Mal sorria ao ouvir uma piada de Pablo. Não respondia aos estímulos de Edith. E sempre que Daniela chegava perto de mim, ela desaparecia como num passe de mágica. Amuada, pensativa e absolutamente fechada e séria. Eu nunca a havia visto assim. Nem naqueles tempos iniciais que ela voltara à cidade.

– Pai... – Eduardo me cutucou e eu abaixei os olhos para ele.

– Que foi?

– Posso te pedir ajuda em alguma coisa? – Seu tom de voz amuado me fez ficar curioso.

– Sempre. Você sabe.

– Só... Não pira, certo?

– Ok, não vou pirar. – Me ajeitei, sentando-me no chão do píer, tentando adivinhar o que Eduardo ia dizer.

– Então... – disse ele, ainda em pé, os dedos cruzados. – Acho que estou apaixonado. – engasguei com o ar.

– Como é? – assustei-me. Afinal... O menino só tinha 5 anos!

– Sabia que você ia pirar. – Ele revirou os olhos, ameaçando se afastar.

– Não, não. Espera! – segurei seu braço e ele me olhou com um bico. Procurei não rir de mim e da situação. Era... meio absurdo. – Você não é meio novo pra estar apaixonado?

– E você não é meio velho pra estar apaixonado pela tia Malu?

– Como? – assustei-me mais ainda. Ele era só uma criança. Como podia saber tanto sobre mim? Sobre isso? Mas afinal, era Eduardo... E ele sempre fora muito esperto. Mais esperto que muitos adultos que eu conhecia. – Quem te contou isso, menino?

– Ninguém. É fácil perceber. – disse ele, dando de ombros. – Você olha pra tia Malu como eu olho pra Mônica.

– Mônica? – Lembrei-me da minha primeira namorada. Do término brusco. Em como depois de Malu ter ido embora da primeira vez, perdi completamente o contato com ela. Chegando a pensar que talvez nunca a amara realmente. E ainda mais Eduardo falando de uma Mônica? – Como você sabe da Mônica?

– Conheço a Mônica desde o jardim de infância, pai!

– Impossível!

– É verdade! Pena que ela é meio mais velha... Três meses mais velha. – arqueei a sobrancelha, confuso. – Descobri o dia do aniversário dela. Podemos convidá-la pro meu aniversário?

– Estamos falando de que Mônica?

– Aquela da minha escola. Não seja burro, pai. Você já viu ela. Morena, alta e linda! – ri baixo de mim mesmo. Quanta babaquice minha! Confundir a Mônica de Eduardo com aquela do meu passado. Procurei lembrar da Mônica que meu filho falava. Uma menina miúda, com jeito de boneca e sorridente. Aquela que parecia estar sempre ao redor dele. Mas não era muita surpresa. Edu era carismático e tinha muitas amiguinhas, para deleite meu e de Pablo e terror de Ceci. Ele interrompeu meus pensamentos, com um tom de voz sonhador e ao mesmo tempo interrogativo. – Será que um dia ela pode gostar de mim? Ela prefere o Enrique. Só porque ele é da terceira série e é mais alto. Mas ele não ama ela como eu.

– Então... – tossi levemente. Eu ainda estava aprendendo a ser pai, enquanto Edu já tinha doutorado em ser meu filho. Sabendo perfeitamente como lidar comigo. Eu só queria não decepcioná-lo e pensar nele apaixonado, tão cedo, era quase surreal. – Você ama essa tal de Mônica?

– Não é essa ‘tal’ de Mônica, pai. É a Mônica. – ele falou com convicção, fazendo com que eu mordesse o lábio divertido. – A mulher da minha vida.

– Ela é a mulher da sua vida?

– Não ri, pai. To falando sério. – ele cruzou os braços, muito sério. – Quero casar com ela.

– Você é meio novo, não acha?

– Sei disso. Mas eu espero. – ele sorriu. – Pela Mônica, eu espero.

– Está apaixonado de verdade, hein? – O primeiro amor. Podia ser o melhor ou o pior em muitos aspectos.

– É. Estou. O que eu faço? – ele franziu as sobrancelhas, os olhos estreitando. – Pra ela me escolher ao invés do Enrique?

– Diga isso pra ela. Diga o quanto gosta dela. Se ela gostar mesmo de você, ela ficará com você. – Tentei não pensar em minha experiência com Malu, em como tudo estava dando errado. Era difícil pensar que já tinha dado errado. Sorri encorajador para Eduardo. – E Enrique será passado.

– Mas a tia Malu ainda ta com o Victor. – perguntou ele. Fazendo exatamente a pergunta que eu temia. – Você não contou pra ela que gosta dela?

–Contei...

– E ela?

– É... – cocei a cabeça, desanimado. – Complicado.

– Mulheres são complicadas, pai. Eu sei disso. – Ele deu um tapinha no meu ombro amistoso e eu sorri, quase incrédulo. Eduardo sempre me surpreendia. – Pode contar tudo pra mim. Você é meu melhor amigo, assim como o tio Pablo é nosso melhor amigo. Eu também sou seu melhor amigo, certo?

– Sim, você é. – E provavelmente sempre seria. Respirei fundo.

– Bem... A tia Malu escolheu Victor, porque eles estão juntos há mais tempos. E porque eu já namorei sua mãe, então... Seria estranho eu ficar com sua tia. Entende?

– Um pouco. Mas minha mãe agora namora com Alê. Ela namora ele há um tempão! Tipo, toda a minha vida! É muito tempo, não é? – acenei positivamente, soltando uma risada leve. – E você pode namorar com quem quiser. E se a tia Malu amar você também... É só vocês ficarem juntos. É tão simples.

– E Victor?

– Ele pode arrumar outra namorada. Principalmente se você amar mais tia Malu que ele. – Edu cruzou os braços enquanto falava, parecendo muito seguro. Senti uma pontada de orgulho me cutucar. – Ele é como o Enrique. Elas só tem que nos escolher e tudo vai ficar bem. Adultos sempre complicam tudo, pai.

– Seria tão simples se fosse como você disse, Edu. – Tão mais fácil e agradável. Eu a teria novamente e dessa vez nunca a deixaria partir.

– Não sei o que fazer se ela não me escolher.

– Você vai se apaixonar por outra menina.

– Mas eu não quero outra menina. Eu quero a Mônica. – ele fez um bico, parecendo mais novo do que realmente era. E ainda assim apaixonado! – Você entende, pai?

– Entendo. – Eu também não queria qualquer outra mulher que não fosse a minha Malu.

– A Mônica tem que me amar também, pai! – ele passou as mãos pelos cabelos que agora estavam mais compridos. – Não vou amar nenhuma outra menina que não seja a Mônica. Vou amar ela pra sempre.

A intensidade no seu tom de voz me fez sorrir. Ele estava convicto, naquela sua inocência infantil. E desejei fervorosamente que ele nunca crescesse. Que Mônica nunca quebrasse seu coração inocente.

– Já sei... Chame Mônica pro seu aniversário e conte pra ela que você gosta.

– Amo...

– Certo... Que você ama ela. – disse para ele, que sorrindo para mim abertamente e eu devolvi o sorriso.

– Boa ideia. – ele se sentou do meu lado, pensativo. – E você?

– O que?

– Vai falar o que pra tia Malu?

– Ér... – Não estava nos meus planos isso. Eu estava tentando me convencer nos últimos dias que ficar longe da Malu era a melhor opção para ambos. Ainda mais agora, sendo ferido tantas e tantas vezes ao vê-la com aquele engomadinho.

– Diz pra ela que você gosta dela.

– Eu já disse.

– Então diz mais uma vez. Só mais uma vez! – ele cruzou as mãos em um gesto de ‘por favor’, revirei os olhos. – Se Mônica ficar comigo, tia Malu também vai ficar com você. E você tem vantagem!

– Ah é?

– É... Você é mais alto que Victor. – Comecei a rir, colocando a mão na cabeça. Meu filho dando conselhos amorosos. Que mundo louco! – Anda, pai. Você fala com ela e eu falo com a Mônica. Combinado?

Ele esticou a mão. A segurei.

– Combinado!

Eduardo sorriu para mim e eu o abracei. Eu não faria nada diferente, não em relação ao meu filho. Não conseguia nem pensar na possibilidade de não tê-lo aqui em meus braços. Só o que faltava era aquela mulher. Era quase enlouquecedor amá-la tanto assim. Era isso, eu estava perdendo absolutamente o senso por causa de Malu.


~*~

Alguns dias depois...


A festa de Eduardo estava mais animada do que eu pensei. As crianças se divertiam num canto do salão, enquanto as mães e pais conversavam animadamente. Ceci praticamente bailava para falar com todos e parecia bem a vontade, agora um pouco mais feliz. Ela tivera uma conversa com seu pai e agora dividia seu tempo entre ele, os convidados e Eduardo. Depois das lágrimas dela e do pai, Ceci parecia mais corada e de alguma forma eu sabia que ela havia se reconciliado com ele. Ela havia nos apresentado a um homem sério, mas que foi bem educado. Olhava me com desconfiança, mas considerando tudo... Eu tinha sorte dele ainda olhar na minha cara. Quanto a Alexandre, ele havia realmente o adorado. Além do mais, Eduardo se divertia, o que era o mais importante. E bem... Havia Daniela que a todo instante nos rondava e Eduardo sempre a espiava com o canto do olho, sempre desconfiado. Ele me puxou para um canto mais afastado.

– Prefiro a Malu a essa Daniela, pai. Vai de uma vez! – ele disse, apontando uma Malu que conversava com um cara que eu já havia visto algumas vezes quando nos conhecemos. Sempre a olhara de um jeito esquisito e até aqui a distância podia sentir seu olhar hostil. – Vai logo, pai!

– Espera! – Eu ainda não havia me preparado psicologicamente para isso. Não podia simplesmente chegar nela e dizer como me sentia como tantas vezes eu já fizera. Parecia que era minha última tentativa. Última chance. E eu não estava preparado para isso. Para sua negação.

– Deixa de ser medroso!

– O que vocês estão fazendo? – Pablo reapareceu, mas não parecia muito concentrado em nós. Olhava uma Edith que estava sendo cantada por um cara desconhecido, talvez parente de um dos pais ou um antigo colega de faculdade de Ceci.

– Estou tentando convencer meu pai a falar com a tia Malu.

– Ah, entendi... – Pablo sorriu malicioso e eu revirei os olhos.

– Que foi? Não é segredo, é? É o tio Pablo aqui, pai! – Ele apontou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – O mais enxerido.

– Enxerido não! Só participativo. – Pablo disse e Edu lhe mostrou a língua, brincalhão. – Você ta muito animadinho hoje.

– É o meu aniversário, dãa.

– E você? – interrompi-os. – Já falou com a Mônica?

– Depois de você.

– Não, não. Você primeiro. – Me abaixei, apontando a menina comum vestido vermelho florido.

– Vão os dois ao mesmo tempo. – Pablo se intrometeu, já inteirado sobre o assunto ‘Mônica’.

– Não! Meu pai vai primeiro.

– Os dois ao mesmo tempo, entendido? – Olhei para Eduardo, sorrindo.

– Combinado.

– Ta, certo. Agora... Vai logo, pai! – ele me empurrou em direção a Malu, reclamei um pouco:

– Ta bom, ta bom!

Respirei fundo, arrumando a camiseta. Pablo riu, talvez notando que eu estava parecendo um adolescente inexperiente. O que não deixava de ser verdade, esse lado meu ainda estava vivo quando eu estava com Malu. Fiz um gesto obsceno para Pablo, que riu ainda mais. Olhei para uma Malu que tinha um copo de refrigerante na mão e um chapeuzinho de festa na cabeça, com um ar de desgosto. Estava maravilhosa em seu jeans e sua blusa branca de uma alça só. A marca do biquíni no ombro exposta. Respirei fundo, me preparando para mais uma bota.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É, Igor já tendo certeza da bota. KK A propósito, logo um personagem irá se despedir da fic. Se é temporário ou não, ainda não decidi. Olha eu soltando spoiler. Enfim, logo posto o próximo. Até breve ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vento no Litoral" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.