Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 19
Capítulo 19 - Perdida


Notas iniciais do capítulo

N/A: Gent, ando tão confusa com o rumo dessa fic, cada vez mais confusa. Estou PER-DI-DA. Uma Malu da vida. Fic está indo em uma direção totalmente diferente do que eu pensei inicialmente, e ao mesmo tempo eu sei que tem q ser assim. Mas véi, to com medo. KKK Então gente, vamos ler o capítulo. Porque to doida pra saber a opinião de vocês.
Não me julguem pelo capítulo no sense. Me empolguei demais nas discussões. SORRY



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/167741/chapter/19

Victor assumira uma postura rígida e que me deixou apreensiva. Estava de braços cruzados, e os olhos fixados em mim. Esperando minha explicação. Não consegui formular nada diante daquele olhar acusador, mal conseguia pensar. Então sabia por que Victor era um bom advogado de defesa e acusação. Ele simplesmente sabia que conseguiria arrancar a verdade. Impunha respeito. E cobrava a verdade. Tudo com um olhar. Ele suspirou longamente, o olhar hostil passando a magoado. O Victor que eu conhecia, mais brando, abrindo espaço.

– Você mentiu pra mim. – a voz ainda era dura e acusatória. O que me deixou cheia de remorsos.

– Eu não menti. – minha resposta não o agradou, pois seu rosto avermelhou enquanto ele cuspia as palavras.

– OMITIU! O que é quase a mesma coisa!

– Eu não pensei que... Que... – suspirei. O que eu não havia pensado? Que ao vir para essa cidade eu ficaria tão confusa? Que isto aconteceria? Que eu teria o cara que eu supostamente me amava, magoado a minha frente, por minha causa? – Eu só... Não pensei que...

– Eu viria pra cá?– Victor completou.

– Não é isso...

– Todas as vezes que você disse que estava bem, que tudo estava correndo bem... Era mentira!

– Não era mentira.

– Certo. Então você está satisfeita de trabalhar com ele? Sério isso? E eu? Como fico? Será que você parou pra pensar em mim? Em algum momento? Em algum segundo? Parou pra pensar como eu me sentiria?– senti meus olhos marejarem pela expressão magoada de Victor. Minha boca ficando seca. – Porque agora... Eu só me sinto um corno. O último a saber das coisas. Com saudades da mulher amada e chegando aqui e dando de cara com ela tão próxima a um homem que destruiu a vida dela!

– Ele não destruiu a minha vida... – Murmurei por reflexo.

– Você ainda o defende!

– Não estou defendo. Eu só... Eu não sei mais.

– Você não sabe o que? Se está o defendendo? Pois eu te esclareço, você está!

– Você não entende...

– Como quer que eu entenda se você não me conta nada? Nem minha amiga você está sendo mais. Pensei que fossemos amigos antes de tudo, não de contar todos os segredos. Porque isso de você nem espero mais. Mas amigos, de ao menos, ser sinceros um pelo outro.– me calei, engolindo em seco. Passando a mão pelo rosto. Odiava discussões. –  Porque não larga desse maldito emprego e volta pra Porto Alegre? Comigo?

– Eu não posso.

– Pode sim! Pode conseguir um emprego tão bom quanto esse em qualquer lugar do mundo! Só que você não quer!

– Tem razão, eu não quero.

– Por causa dele?

– Por causa da minha família! É por isso. Estou perto da minha mãe, da minha irmã, do meu cunhado, do meu sobrinho!

– Sobrinho que é filho dele! Entende a grandeza disso, Malu? Filho dele. Você nunca me contou que ele tinha um filho com a sua irmã. Nunca!

– Te contei que tinha um sobrinho.

– Mas não quem era o pai.

– Não faria diferença.

– Claro que não! Vocês podem estar mantendo contato há anos e eu nunca saber.

– Nunca mantive contato com ele. É só... Meu sobrinho, entende? É além de mim e de Igor. Da minha irmã. É a minha família. Você me ensinou algo importante enquanto estava com você, esqueceu? Não posso excluir minha família permanentemente da minha vida. A gente se magoa, mas família sempre será família. Isso não muda.

– Então... Vocês são uma família. Certo... E qual o seu parentesco com aquele cara? É algo totalmente fraternal? Não há nada mais amoroso entre vocês?

– Não tenta colocar palavras na minha boca, por favor.

– Sinceramente... Eu não te entendo, Malu. Não consigo entender.

– Me desculpa. – mordi o lábio, respirando fundo.– Por favor. Me desculpa. Sei que fiz tudo errado. Mas fiquei com medo da sua reação...

– Imaginou algo pior do que me ver magoado?– fiquei sem resposta e ele deu alguns passos para trás, passando as mãos pelos cabelos.– Você podia ter me contato tudo isso, não acha?

Fechei os olhos, mordendo o lábio.

– E isso teria te impedido de vir?

– Mas claro que não... Eu viria mais rápido! Não estou com você pra acabar com a minha carência, ou pra suprir a falta de alguém. Estou contigo porque eu te amo. Eu escolhi você pra ser minha mulher. Você é tudo que eu sempre desejei. Engraçada, divertida, inteligente e trabalhadora.

– Talvez não devesse me idealizar...

Percebi no momento que terminei a frase que eu havia dito algo errado. A expressão de Victor endureceu completamente. Ele estancou, me olhando dentro dos olhos.

– Parece até que você ta fazendo força pra eu desistir de você.

Senti o baque de suas palavras me atingir com força. Victor saiu da cozinha em passos apressados. Ouvi ele se despedir rapidamente de todo mundo em um ‘desculpe o incômodo’ tão comum dele e a porta da sala se abrir e fechar suavemente.

Senti o sangue martelar na minha cabeça. Várias e várias vezes. Me deixando levemente tonta.

Me recuperei, indo atrás dele. Quase correndo. Vendo de relance os olhos estupefatos das pessoas na sala. Abri a porta e a empurrei, mas não a ouvi fechar. Victor andava apressadamente pela rua.

– Victor, volta aqui! – ia me preparar para correr com o objetivo de alcançá-lo quando uma voz me parou.

– Malu... Você está bem?– ele estava parado em frente a casa da minha mãe, as mãos no bolso. Me olhava preocupado, então senti toda a raiva e frustração borbulhar pelas minhas veias.

– O que você acha?– ele continuou em silêncio. Quase gritei, enquanto caminhada em sua direção e esmurrava seu peito, quase histérica. – Você é um babaca! A culpa é sua. A culpa é toda sua! Só sua!

– Quando é que a culpa não é minha, hein? Quando é que a culpa não é minha? Não fui eu que mentiu pro namorado. Não coloca a culpa em mim por um erro seu! – ele segurou meus pulsos para que eu parasse de esmurrá-lo e depois as soltou. Abri a boca, chocada, dando dois passos para trás. Igor nunca, em hipótese nenhuma havia falado comigo nesse tom. Alto e forte, acusatório e magoado. – Quando você me acusou, eu aceitei os meus erros e lamento por eles, mesmo por não conseguir mudar o passado. Mas porque você não confessa pra si mesma que é uma mentirosa? Que erra? Que está mentindo pra todos ao seu redor?

– Porque você sempre diz essas coisas?– senti um nó se formar em minha garganta, que coçou. Começou a doer, juntamente com meu coração. Não consegui desviar os olhos de Igor. Que brilhavam intensos, mesmo no escuro.

– Porque eu sou sincero? Porque eu digo a verdade? Sou cruel por isso? Eu falo isso por que... É que eu aprendi, Malu... A ser sincero com você apesar de tudo. Tudo que eu disse que senti. Quando pedi desculpas. Quando falei que meus erros nunca foram propositais... Não mudou nada. Nunca fez diferença, não é? Porque sou eu. E eu sei que te perdi. Que nesse momento eu não tenho nenhum direito sobre você. Que eu deveria me ajoelhar e implorar o seu perdão... Mas não é minha culpa a briga de vocês. Não quero mais algo para me martirizar. Pra me magoar, por saber que te deixei brava. Não é só você. Eu te perdi. Você pertence a ele e não a mim. E isso me enlouquece! Me deixa fora dos trilhos. Eu sofro com isso! – vi seus olhos se encherem de lágrimas e vi as minhas escaparem involuntariamente. Meu queixo tremendo. – Eu errei e por erro meu, te perdi... Mas com você é diferente. Você pode mudar. E se você quiser ir atrás do seu noivinho de merda. Pode ir... Se você realmente o ama. Mas não minta pra ele. E para de mentir pra si mesma antes. Eu sou você, Malu. E meu coração não aguenta mais mentiras. Então vai logo atrás dele, atestando que o ama mais do que a mim e acaba logo de uma vez com essa minha angústia em querer saber o que você quer de uma vez. Porque machuca! E sabe o que é pior? O pior é saber que eu continuo esperando você... É esse o pior. Mas é como aquele cara disse, Malu... Parece que você ta fazendo força pra que eu desista de você.

Senti algo ruir dentro de mim. Mais um querendo me deixar. Eu deveria estar sendo desprezível. Igor deu dois passos e segurou meu rosto entre seus dedos. Sua voz ferveu, atingindo meu coração, seu perfume me tomou e seu toque fez com que eu ficasse em alerta. Despertando algo dentro de mim que fez um soluço alto e sofrido escapar do meu peito. Igor continuou, sussurrando baixinho:

– Só que eu não posso e muito menos quero desistir de você, Malu. Porque eu sei no fundo do meu coração que é você. Que é por você que vale a pena me sentir assim. Um lixo. O tempo todo. Que eu sei que é somente por você eu aceitaria sofrer assim.

Igor me deu um olhar profundo, mirando meus lábios. Então fechou os olhos e se afastou. Me deixando meio bamba para trás. Dei dois passos desequilibrada e vi de relance ele entrando dentro de casa. Me deixando para trás. Algo me bateu no peito e eu me curvei sobre mim mesma, deixando o pranto me tomar.

– Filha...? – Minha mãe apareceu na porta da cozinha. A expressão pesarosa. Que droga, todo mundo tinha ouvido a discussão. A minha e de Victor, ao menos.

– O que você tem na cabeça, mãe? Pra chamar esses dois? – Limpei minhas lágrimas, tentando encontrar sentido no que estava sentido.

– O que você tem no coração, Malu? Pra ficar em dúvida entre esses dois?

– Eu... – Engoli alguns soluços. Procurando uma boa resposta. Procurando entender o que se passava dentro de mim.

– Algumas vezes o coração fala mais alto do que a cabeça. Acho que está na hora de você começar a ouvir um pouco o que seu sentimento diz, ao invés de ficar o sufocando.

– Está falando de Igor...?

– Não sei. Você está pensando em Igor ou no seu noivo? – Fugi da verdade, fechando os olhos.

– Eu tenho um compromisso, mãe. Igor não significa nada! – Não deveria significar, ao menos.

– Filha... Ambas sabemos que não é assim que funciona. E no final das contas, só depende de você. Do que você sente.

– Não aguento mais as coisas sempre dependerem de mim! De caber a mim essas escolhas!

– Era mais fácil quando as decisões dos outros a afetavam, porque você sabia o que fazer? Porque tinha justificativas para pensar no próprio sofrimento? Filha... Sei que está tentando fazer o certo. Que o sofrimento de Victor a afeta. E que você anda imune ao sofrimento de Igor. Mas não pode continuar machucando-os e se machucando pra sempre. Cabe a você decidir isso, porque é a sua vida. É o que afeta seu futuro. Não pode esperar que decidam por você.

– Não quero falar sobre isso. Vou embora.

– Mas e o jantar? – minha mãe soprou baixinho. Abaixei a cabeça, sabia que não poderia encarar Igor. Tinha medo de mim mesma. De minhas reações físicas e emocionais. Me sentia esgotada.

– Perdi o apetite. – me levantei, meio bamba. E decidir ir a pé para casa. Peguei meu celular e comecei a ligar para Victor. Queria aquele conforto que ele me trazia. Queria não me sentir assim... sozinha. Abandonada... Muito menos culpada. A culpa era quase dilacerante em saber que eu magoava tantas pessoas. Me perguntei se era assim que Igor se sentia. E no final das contas, fiquei com as palavras de minha mãe na minha cabeça. O que há de errado comigo pra deixar a dúvida crescer ainda mais intensamente em meu peito?




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Pois é. Nem sei o que dizer desse capítulo. Só teve briga.
Também acho que Igor exagerou no último capítulo, mas e nesse, oq vcs acham? Eu acho que ta todo mundo tão saturado dessas emoções que estão se descontrolando.
Até Victor não conseguiu manter a pose. Tbm... Numa situação complicada dessas.
E vlh... Malu é mt forte em lidar com isso. Mas toda essa indecisão e confusão dela ta prejudicando-a demais, né?
ENfim, eu coloco essas pessoas tentando ajudar a Malu pra entender o que está sentido. E complico ainda mais a situação, não é? Sério, sou uma monstrinha =/ Faço tudo errado. AUHSAUHSHUAHU
Enfiim... Por favorzin. Reviewwws? O número de review aumentou tanto. To super feliz! Ps:Desculpem a demora!