Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 17
Capítulo 17 - Evidências


Notas iniciais do capítulo

N/A: Gente! Voltei. KK Demorei demais, desculpa. =(
Minha viagem foi o máximo. Cara, Porto Alegre é linda. Gaúchos e gaúchas então nem se fala. E aquele sotaque? Porrã. Gamei no sotaque. Fiz novos amigos, aproveitei meu tempo com a minha amiga, até passei meu aniversário lá. Conheci uns lugares bem bacanas, pessoas mais ainda. Foi o máximo. Férias que marcaram. Literalmente. Há
Pois bem... Eu fico lendo os comentários de vocês, adoro todos! Acho que bati o Record em reviews, ganhei mais nos últimos capítulos e até reapareceram umas leitorinhas fantasmas. Fico muito feliz com os reviews. Vcs me confundem, me surpreendem, me assustam. É lindo isso. KK Mas, sei lá, ando com uma sensação estranha de que eu estou errando em algo... =/



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Eu estava terminando de deixar a papelada arrumada com Edith. Eu ia passar o final de semana prolongado com Victor, já estávamos combinando nisso há umas três semanas, desde a última... festa que eu fui. Igor ainda me tratava bem, é claro, mas sem as antigas indiretas. Era meio... estranho. Edith vivia me informando que Daniela vivia tentando convidá-lo pra sair e ele sempre arranjava alguma desculpa. Eu absolutamente não entendia isso.

– Porque ele arranjaria desculpas? – comentei baixinho enquanto Edith passava os olhos pelos papéis rapidamente e me olhando irônica.

– Sabe, como você é uma pessoa muito presa ao passado, não sei se vai entender meu ponto de vista.

– Que seria...?

– Igor não parece ser do tipo que ilude meninas pra fazer ciúmes pra outra. Ele é mais maduro que isso. Sabe como é... O tempo passa, as pessoas mudam. – ela disse quase irônica. Parecia estressada então comecei a pensar que havia algum encontro mal sucedido para fazer ela se sentir assim. Fazia muito tempo que eu não ouvia Edith comentar sobre um futuro namorado e eu já estava ficando intrigada.

Claro que, depois desta resposta, cansei da conversa. Deixei os papéis com Edith e fui caminhando até um Pablo que fingia aflição. Ele ia ter que ajudar Edith com o trabalho, já que ela estava com a minha parte e ajudá-la com os novos funcionários que começaram há apenas alguns dias.

– Maluzinha, você não pode me deixar neste momento só pra ficar na farra com seu namorado.

– Pablo!

– É sério! Não vai dar certo isso. Vai ser... terrível!

– Relaxa... Vai dar tudo certo.

– Não vai dar tudo certo.

– Eu vou passar três dias fora. Sexta, sábado e domingo. Segunda já estarei aqui trabalhando. Olha que alegria.

– E eu terei que aguentar a Edith e o Igor sozinho! – ele bufou.

– Você fez isso a vida toda!

– Não a Edith. – ele apontou para uma Edith mal-humorada que falava com uma das meninas da recepção.

– Ela não é tão ruim assim. Ela só é meio agitada.

– Ok, certo. Lidarei com a Edith. Mas cara, quem eu irei perturbar? Me diz?– ele beliscou minha bochecha e eu lhe dei um tapa de leve na mão. –  E como vou aguentar a cara de bunda e o mal humor dele por três dias?

– Você é criativo. Vai arranjar alguém pra perturbar. Perturba o Igor, olha só. O mantenha ocupado.

– Você é uma traidora. Pensei que tínhamos algo forte, Malu. Algo intenso. E você vai deixar seu querido e saudoso amigo, pra ver um namoradinho lá? Pelamor, mulher. Não me abandone.

– Cala a boca, Pablo! – eu acabei rindo de suas palhaçadas e ele comigo.

– Então, tudo certo aí? – a figura alta de Igor parou por nós e meu sorriso diminuiu um pouquinho.

– Tudo certo.

– Ótimo. Acho que você já está dispensada.

– Obrigada, Sr Supervisor. – eu disse ironicamente, quase sorrindo. Igor revirou os olhos e Pablo riu baixinho.

– Bem, eu tenho que ir ver algumas coisas com Edith...

– Ok...–  Igor começou a andar, mas logo se voltou.

– Boa viagem...

– Obrigada. – sorri de leve e ele coçou a cabeça, parecendo constrangido.

– Ah, Malu?

– Sim?

– Você vai voltar? – me assustei e tentei colocar os pensamentos no lugar. Pensei um pouco na pergunta. Ainda observando sua expressão, completamente indecifrável.

– Vou. – mordi o lábio ao responder e ele sorriu de leve.

– Tchau.

– Tchau...

Vi ele se afastar falando com Edith, que disse algo que o fez rir alto. Ele olhou de esguelha pra mim e eu logo desviei o olhar. Bufei e dei de cara com um Pablo segurando o riso.

– Que climinha de merda entre vocês, né?

– Ai, cala a boca! – empurrei ele de leve. Tendo uma súbita noção do quanto eu sentiria falta daqui. E pensando em como seria meu fim de semana com Victor.


~*~

Caminhei com meu saco de pipoca até o estacionamento, onde Victor tinha ido guardar os casacos. Eu havia chegado a uma Porto Alegre fria, de vento cortante e congelante. Mas que logo aqueceu abruptamente, com o sol despontando vigorosamente no alto e deixando todos torrados.

 Achei a fileira de carros onde ele tinha estacionado e prometido me esperar enquanto atendia um telefonema, quando avisei que ia comprar pipoca doce. Estava parado de lado, com as mãos nos bolsos e a cabeça curvada, como Igor costumava ficar quando me esperava do lado de fora do Planetário para simplesmente me perguntar sobre turistas e abobrinhas do dia de trabalho. Conversas que duravam menos de 2 minutos, mas me deixavam pensativa pelo resto do dia. Eu não deveria comparar Igor a Victor nesse quesito de mãos nos bolsos, porque Victor sempre fazia isso. Desde que nos conhecemos. Mas Igor fazia isso desde sempre também, quando queria falar algo e não conseguia. E Victor ficava assim porque era simplesmente cômodo sentir a chave do carro no bolso da frente.

Procurei afastar estes pensamentos e focar em Victor. Era um fim de tarde de sábado e eu iria embora domingo à noite. Havíamos saído, comido churrasco, visitado seus primos e passeado pela cidade nas últimas 48 horas. Basicamente matando as saudades. Era patético pensar em outro e eu não podia me deixar afetar por aquele cara que me prometeu que faria o certo numa atitude madura.

– Hey. Daniel com muitas notícias sobre o trabalho? – perguntei, me referindo a ligação. Daniel era o sócio de Victor, amigos desde a faculdade.

– O normal. – ele deu de ombros, apontando meu saco de pipoca. – A pipoca ta boa?

– Sim... Prova. – ele pegou algumas e jogou na boca, mastigando lentamente.

– Ótimas, como sempre. – eu amava pipoca doce, principalmente pro causa do leite condensado derramado abundantemente pela pipoca. Naquele doce bom e viciante. Ficamos em silêncio enquanto andávamos. Gostávamos desse passeios na Usina do Gasômetro e ver o pôr do sol. Era silencioso e não existia um pôr do sol como aquele, do sol alaranjando devagar e tão perto... Mas havia algo no jeito como o sol batia na água, que me lembrava o mar. Eu sentia falta da praia e ver o pôr do sol me trazia lembranças felizes... E melancólicas. Quando vínhamos juntos, sempre encarávamos esses passeios como um momento de silêncio. Victor porque era silencioso e eu porque necessitava desses domingos de lembranças gélidas. –  Você está bem?

– Estou ótima.

– Não foi muito convincente, você sabe. – Victor repetia essa frase sempre que eu dizia que estava bem. E isso me deixava desconfortável. Ele pousou os braços no meu ombro e roubou algumas pipocas enquanto andávamos pela rua. Alguns casais passeavam de mãos dadas. Os turistas faziam o típico passeio de bicicleta. Skatistas e crianças com bicicletas ou patins aproveitavam a rua livre, alguns corriam. Era um lugar familiar e agradável. Muito Victor. – Não tivemos muito tempo pra falar disso... Mas... Como está sendo o trabalho?

– Hãn...– gesitei um pouco antes de responder. Essa parte da conversa chegaria obviamente. Mas eu havia ficado feliz em poder discorrer sobre seu escritório de advocacia junto com seus amigos no almoço de sexta e logo depois sobre artigos esportivos com seus primos. Falar sobre o meu trabalho era meio complicado. – Acho que está tudo ok – Eu não havia contado para Victor que estava trabalhando com Igor. Seria demais para ele e eu sabia disso. – Também não perguntei muito sobre o escritório.

– Tudo bem agitado, ando sem muito tempo.

– Rotina agitada? Isso sim é novidade pra você... – Victor costumava ser sempre ocupado, mas depois das 6 ele era tão relaxado como se não tivesse passado o dia todo enfiado em um escritório. Ele era assim, paciente. Mas também havia as noites que ele chegava tão estressado que simplesmente não dizia uma palavra. Uma palavra sequer. E isso simplesmente me enlouquecia, ele nunca me contar seus problemas de uma forma que eu pudesse ajudá-lo.

– Obrigado, Srta engraçadinha... Tudo vai indo bem. E o teu trabalho, mais detalhes? Você não conta muito por telefone e mal responde meus e-mails nos últimos dias... Muito ocupada?

– Sim. No trabalho está tudo bem. Meus colegas são legais, eu tenho muito mais tempo livre e não tenho tempo pra ficar entediada. Trabalhar meio período é bom.

– O apartamento é bom? – eu tinha prometido a mim mesma contar sobre meu novo vizinho, e etc. Mas andava difícil...

– Sim, é ótimo. Bem localizado, o condomínio é legal. Essas coisas. – voltei a olhar o rio. E o sol beijando lentamente a água agora num tom quase laranja.

– Você está tão calada... – ele me puxou para um banco e eu suspirei enquanto sentava.–  Significa que tem muito o que me contar, mas não sabe como...

– Ponto de vista interessante. – mordi o lábio desconfortável. –  O que tem de jantar hoje??

– Senti sua falta. – ele me beijou levemente nos lábios, me dando alguns selinhos.

– Eu também senti sua falta, isso é óbvio.

– Será?

– Não seja bobo. – tirei a mão dele do meu rosto e voltei a olhar as pessoas passando. Ele entrelaçou os dedos nos meus. A pele branca, pela falta de sol. Lembrei de algo curioso e o olhei especulativa. – Sua mãe me encheu de emails na última semana, me mandando fotos de salões de festa pra casamento. Você esqueceu de me contar alguma coisa?

– Você sabe como minha mãe é... Exagerada. – Exagerada era pouco para a mãe de Victor. Era espalhafatosa e efusiva, e simplesmente não gostava de mim. Mas mesmo assim adoraaaaava manter contato.

– Victor... – ameacei e ele soltou uma risada fraca.

– Eu não disse nada, nem pretendo nada. Relaxe... Ela só acha estranho tanto tempo de noivado e estarmos morando juntos e nada de casamento. – me mexi desconfortável no banco e ele apertou minha mão com força. – Embora agora não estejamos morando juntos mais... E eu fico me perguntando quando essa situação vai mudar. Como vamos nos ajeitar?

– Eu não sei.

– Eu andei pensamento muito em algumas coisas...

– E?

– Eu podia... Abrir um escritório lá.

– Seu escritório aqui é perfeito. Não posso aceitar que deixe tudo pra trás por mim.

– Não tiro férias faz dois anos.

– Você sai as 9 e chega as 6 em casa. Você tem tempo.

– Mas eu não tenho você. – ele apertou minha mão, me fazendo olhá-lo.

– Claro que me tem, estou aqui.

– Sim, você está aqui. Mas você vai embora, Malu. E você não está comigo enquanto vai crescendo profissionalmente em Santa Bárbara. Eu só sou um cara que você telefona pra contar como vai as coisas. Só.

– Não é verdade. – mordi o lábio.

– É que... Eu amo você.

– Eu também amo você.

– Malu... – ele suspirou, a expressão meio intensa.

– Vai ficar tudo bem.

Ele desviou os olhos e soltou minhas mãos numa atitude fria. Suspirei, pegando seu rosto entre minhas mãos. Tentei de dizer que tudo iria ficar bem com meus olhos. Mas eu não tinha tanta certeza. Eu só sabia... Precisava... Que tudo ficasse bem.

– Vai ficar tudo bem? – ele me perguntou, quase sorrindo.

– Tem que ficar tudo bem.

Então ele sorriu e eu me inclinei para beijá-lo. O beijo foi diferente. Foi meio travado, ao menos para mim. Tentei me apegar a sensação conhecida dos lábios de Victor e até mesmo consegui, desfrutando do gosto conhecido e suave dos seus lábios. Abri os olhos, dando de cara com seus olhos verdes.

– Acho que ta na hora de ir embora.

– Jantar?

– Urrun... – ele ronronou no meu ouvido e eu me arrepiei de leve. Engolindo em seco.

– Talvez a gente devesse ir jantar com Daniel, sabe?

– Prefiro algo mais reservado. – ele murmurou, sorrindo.

– Estou com saudade da Renata. – Renata era a esposa de Daniel, éramos amigas e dividíamos alguns comentários sobre o trabalho, já que ela trabalhava em um hotel conceituado da cidade. – Vai ser divertido.

Victor me olhou profundamente e eu mordi o lábio. Me levantando e ele segurou minha mão enquanto voltávamos para o carro. Olhei para a frente e vi o sol desaparecendo de vista. Escurecendo. E eu me perguntei se havia algo na minha vida que eu não tenha feito errado.


Pov. Victor.


Ela estava distante, e pensativa. Mas naquele seu contínuo esforço para não pensar em nada. A mão pendia frouxa entre meus dedos enquanto caminhávamos para o aeroporto. Ela apurou os ouvidos quando ouviu sua chamada par ao avião e arrastou a pequena mala mais rapidamente. Procurei acompanhá-la e quando ela se virou abriu daqueles sorrisos que ela me abria quando não queria me contar o que estava pensando ou sentindo. Me perguntei desde quando eu começara a perdê-la. Já que sentia ela se esvaindo lentamente dos meus dedos. Ela me deu um beijo leve nos lábios, sem aprofundar, como seus últimos beijos durante o fim de semana em que quase não ficamos sozinhos, sempre com jantares de amigos que ela aceitava prontamente. Talvez tenha sido ingenuidade minha que ela tivesse vindo para somente matarmos as saudades.

– Se cuida. – falei quase indiferente, enquanto ajeitava a alça de sua blusa que teimava em cair, mostrando a marca de seu bronzeado recém-adquirido e a deixando ainda mais sensual. E saudável. Como ela nunca estivera aqui. – Mande lembranças para Edith.

– Claro. – ela sorriu, meio distraída, não olhando nos meus olhos.

– Tenho que ir.

– Certo.

– Tchau. – ela me abraçou com um braço só e eu me permiti desfrutar do seu cheiro suave por alguns segundos.

– Eu amo você.

– Eu também amo você. – ela disse alto e claro, como se soubesse que era isso que eu esperava ouvir. Como um protocolo. Beijou-me na bochecha e virou. Caminhou para o portão de embarque. Sem olhar para trás. Sequer uma vez. Eu estava a perdendo ou já a tinha perdido? Definitivamente, eu precisava fazer alguma coisa.



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Notas finais do capítulo

N/A: Ah Victor, conquistou tantas leitoras que achei que ele merecia um POV, mesmo que pequenininho. Esse capítulo foi lento, porque é pra dar o que Victor pensar... O que vocês acham que ele vai fazer? Meio óbvio, né?
Enfim, #spoiler# no próximo tem barraco. UAHSAUSUHA Eu já falei que adoro escrever briga/barraco? Pois eu gosto. Me desculpem as moralistas, mas escrever barraco é tudibão. KK Não estou bem das idéias. Reviews? Por favorzinho. Vamos comentar, suas lindas. *00* Brigada pelos reviews anteriores, a propósito.
Obs: Minhas aulas começam amanhã. Vamos todas chorar. E aí não sei como vai ser minha rotina. Espero postar ainda essa semana, mas não sei se minha inspiração dá conta. Vou ficar torcendo. Bjs, queridas.