Pov's Pedro...

- Eu... Posso entrar? Pra vê-los? - perguntei, meio desnorteado.

- Claro majestade... No máximo três pra cada paciente... Por favor... - ela respondeu. - Se encher demais, apesar de estarem desacordados, podem se estressar com muito barulho.

Assenti, e entramos, eu, Edmundo e Susana pra ver Lúcia. Ela estava serena, dormindo. Apesar de pálida.

Segurei na mão da minha irmãzinha, e dei um beijo em seu rosto. Pequena Lúcia... Tão corajosa... Susana colocou os cabelos pra trás, e afagou seu rosto. Lúcia tinha um corte profundo na testa na testa. Haviamos levado-a na ultima caravana que partiu para um lugar seguro, mas aparentemente ela tinha voltado para lutar.

Depois de certificar-me de que ela ficaria bem, eu passei para a maca de Laura, todas as macas eram divididas por corninas vermelhas e grossas.

Babi estava lá, e eu entrei, junto com Edmundo. Me agachei ao lado da maca, e fiquei encarando-a.

- A culpa é minha... - sussurrei.

- Como pode ser culpa sua? - perguntou Babi.

- Agente trouxe ela pra cá... Se ela estivesse em Londres, nada disso teria acontecido... - disse Edmundo, ao invéz de mim.

- Olha... Ela pode até ter se machucado, mas me disse que nunca esteve tão feliz quanto o tempo em que passou aqui... - disse Babi, me encarando, e encarando Edmundo.

- Duvido... - eu respondi.

- Ela ganhou o Black Beauty não ganhou?

Nós rimos levemente, e depois eu saí. Do nada a frase da enfermeira veio em minha cabeça. "Mesmo estando desacordados, podem se estressar com o barulho"

Uma idéia me ocorreu. Eu corri até o quarto dela, e peguei um livro: Romeu e Julieta.

Pov's Eliza...

Eu acordei desnorteada. Não sabia onde eu estava, ouvi uma voz recitando alguma coisa em uma cadeira ao lado da minha cama. Me levantei, mas me senti imediatamente tonta. Então voltei a me deitar. Assim que ouviu o barulho da minha cabeça no travesseiro, Pedro se virou para trás. Sorriu pra mim, fechou o livro que lia, e colocou ao lado da cabeceira da cama.

- Acordou Bela Adormecida? - disse ele, debochadamente. - Bem que a enfermeira disse que você acordaria na metade do tempo... Pelo que parece, seu metabolismo é acelerado.

Sorri pra ele, também de forma debochada, e depois mostrei a língua. Ele riu, e a enfermeira logo chegou. Sentia meu corpo todo meio doído. Ela me deu uma bebida transparente, que eu bebi por achar que fosse água, mas tinha um gosto horrivelmente, terrivelmente, e inexplicavelmente nojento.

- Eca! - murmurei, revoltada. Depois limpei a boca com a manga da roupa que eu usava, e voltei a encarar Pedro, que escondia o livro sobre a capa marrom que complementava seu visual. - Deixa eu ver isso aqui!

Ele tentou esconder mais rapido, ao ver que eu havia percebido, mas meu metabolismo e meus reflexos são rápidos.

- Ahm... É... Não é nada... - ele ficou vermelho.

- Romeu e Julieta?! - me admirei, vendo a capa do livro.

- Ah... É... A Laura gosta muito de ler, e simplesmente ama esse livro... Então, eu pensei em ler algo pra ver se ela pode acordar mais rápido, ou se sentir melhor. A enfermeira diz que ela não ouve nada, mas quem sabe?

Sorri internamente. Ele estava caidinho por ela! Fingi que estava examinando o livro, mas dava curtas olhadas pra lá, e o via intercalar olhares apavorados para mim, e carinhosos para ela.

- Tá... Eu vou me levantar. - saltei da cama, entreguei o livro pra ele. Me deu uma leve tontura, mas eu ignorei.

- Lizzie! Você não pode se levantar! - disse Pedro.

Eu o ignorei, e continuei pulando em direção a porta. Assim que saí, trombei com Edmundo.

- O... Oi! - me assustei, coloquei rapidamente o cabelo atrás da orelha, e abaixei o rosto.

- Oi... - respondeu ele, sorrindo.

- E aí... Ham... Tudo bem? - perguntei, sem assunto nenhum que me viesse a cabeça.

- Melhor agora que sei que você está bem. - Owntii ele era tão perfect né?

- Ah! Pois é... - eu respondi, corando. 

- O que está fazendo de pé? - perguntou, fingindo-se de furioso.

- A enfermeira me liberou. - menti.

- Ah! Que bom, então significa que já está bem...

Eddie me abraçou, deu um beijo na minha bochecha, e depois seguiu seu caminho.

- Melhor do que você pensa... - sussurrei para mim mesma.

Corri então escada abaixo, indo pra minha casa. Coloquei um vestido qualquer, ele era azul cremoso, tinha uma parte branca na frente, e fios de prata que formavam listrinhas no corpete, segurando as partes azuis.

Peguei Shine, e voltei para o palácio. A enfermeira me encarava com um olhar reprovador da janela da enfermaria, e eu vi ao longe Babi e Jazz conversando nos bancos perto do poço. Pousei perto delas, e elas sorriram pra mim.

- Então já está bem? - brincou Jazz.

- Pois é... - respondi, sorrindo marota.

- Então a enfermeira sair da enfermaria berrando que uma paciente sumiu não tem nada a ver com você não é? - perguntou irônica Babi.

- De jeito nenhum... Vocês bem sabem como eu sou uma santa. - eu ri.

- Sabemos... - sussurrou Babi, e Jazz riu. - Ein, sabia que o Nick chega hoje?

Olhei pra Jazz, que assentiu, quase pulando de alegria. Nick havia saído em expedição pelas ilhas mais recentemente agregadas a Nárnia já tinha uns 3 meses.

- Que bom Jazz! Então você e seu love vão passar o dia juntos hoje e amanhã, e vão esquecer das amigas? - eu disse, sorrindo pra ela.

- Lógico! Depois de amanhã agente se vê então... - ela disse. - Ele chega no porto em 10 minutos. 

E foi. Eu e Babi nos encaramos, e pensamos a mesma coisa:

- CORRIDA ATÉ A ENFERMARIA!

Pov's Susana...

Eu estava sentada ao lado da cama de Caspian. Ele não parecia tão mal quanto as outras, e acordaria em mais ou menos duas horas, segundo as estimativas da enfermeira. Senti uma lágrima rolar pelo meu rosto.

- Susana Pevensie, será que você é tão fraca assim, que não consegue admitir que o ama? - perguntei para mim mesma.

Pelo menos com ele desacordado eu conseguiria não é? E aquela podia ser minha única chance real de fazer isso, antes de me arrepender depois.

Não, não era medo de ele não retribuir. Apesar de ter isso também. Era mais medo de eu ter que partir, mesmo sabendo que ele sente o mesmo... Antes que pudesse perder a coragem, eu sussurrei em seu ouvido:

- Eu te amo... - prendi a respiração quando ouvi a dele ficar acelerada. Será que a Matilde (a enfermeira) tinha errado no horário?

- Eu também te amo... - ele respirou, abrindo os olhos, pegando minha mão e sorrindo pra mim. - Eu também te amo, Susana Pevensie.

Ele me puxou pra ele, e nosso lábios se colaram.