Pov's Laura...

Estávamos em uma mesa no jardim. Pedro, Caspian e Edmundo que tinham montado. Não me perguntem pra que. 

Eu, Babi e Jazz. Elas se encaravam, e depois passavam a me encarar. Eu estava pensativa, mirando o padrão na mesa. Pensava na tarefa que teria de fazer mais tarde.

— Então... O início foi igual ao sonho da Lara? - confirmou Jazz pela milésima vez.

— É sim Jazz... Eu já te respondi milhões de vezes, só não sei em que isso vai ajudar.

— Repita a última frase, por favor... - pedi, ainda pensativa. Minha mente trabalhava rápidamente.

— Eu estava andando por uma floresta com a Jamim. Então eu olhei por sobre as árvores, e vi o castelo das feiticeiras ao longe. A floresta era completamente gelada, coberta de gelo e neve. A Amanda estava conosco também. Então eu vi o rosto de Susana, como uma espécie de névoa, e ela parecia ferida. Eu sabia que ela tinha que me dizer algo, e ela tentava, mas parecia fraca. Mas isso era o que eu precisava saber para finalmente sair dessa floresta infernal... Comecei a correr, e vi uma bússola, eu sabia que era a chave para isso, mas a cada dois passos que eu dava, ela se afastava quatro. E finalmente eu vi você Lara. Você caminhava com passos confiantes, e pegava a bussola como se não fosse nada demais, e veio caminhando em nossa direção. O exército da feiticeira vinha atrás de você, mas eu não conseguia gritar para te avisar. E aí eu acordei. - terminou, arfando.

Babi terminou um pouco mais pálida. Eu coloquei a mão em seus ombros, e continuei fitando o nada.

— Sabe Lara... Você tem estado estranha ultimamente... - replicou Jazz.

— Eu?! - me assustei, finalmente encarando-as.

Elas tinhas os olhos fixos em mim.

— Sim... Você sim senhora... Em vez da menina doce, está muito mais centrada, ao invéz de timida você está... Sei lá... E não tem passado mais tanto tempo com agente. - completou Babi. - Até o Pedro veio nos perguntar o que deu em você.

— Ai gente... É... São esses sonhos, eles estão acabando comigo. Tenho estado preocupada com todos. Tenho a sensação de que tenho uma grande parcela de responsabilidade nessa guerra... - respondi, pondo a mão no queixo.

— Todos temos... Não é motivo pra você ficar tão estressada... Agora vamos rever o plano para salvarmos Susana... - respondeu Jazz, como se estivesse comentando a cor do céu.

Sorri para seu jeito despreocupado, e sacudi a cabeça, me focando no plano. Era bom ter algo em que trabalhar.

Pov's Susana...

Enquanto eu pegava peixe, ou tentava na verdade... Ouvi vozes na clareira onde estava Caspian. Me apressei a ir pra lá, em tempo de ouvir as vozes:

— ... para o castelo, acusado de traição... - riu.

— Sim... Precisamos de um rei para conseguirmos o apoio e o resgate do resto de Narnia... - disse outra voz, dessa vez mais grave.

Não podia deixar levarem o meu Caspian... Me embrenhei pela mata, e usei o tom mais grave e corajoso que consegui, estando por um fio de levarem embora minha vida.

— Você precisa de alguém da realeza? Uma rainha por um rei... Eu vou no lugar dele... - gritei.

Vi a expressão desesperada de Caspian, seus olhos me imploravam para voltar, mas eu não podia e não queria. Ele ia falar alguma coisa, quando um brutamontes de um minotauro lhe deu uma pancada na cabeça. Isso me partiu o coração, mas me motivou, pois sabia que fariam pior se eu deixasse levarem-no para o castelo.

— Ótimo... Uma salvadora de Nárnia... Uma boa barganha. - riu o que eu descobri ser um lobisomem.

Eles largaram Caspian, que caiu de joelhos, me amarraram e amordaçaram, e me levaram para dentro da floresta.

Lancei um pedido de desculpas, que não sei se Caspian viu. Eles me empurrava, as mãos torcidas em meus cabelos, e eu me recusava a gritar, ou emitir qualquer ruido de dor.

Fui jogada bruscamente em uma carroça, e me deram uma paulada na cabeça, fazendo-me apagar.

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Acordei morrendo de frio, pensei em me mexer, mas estava ouvindo vozes. Uma conhecida, as outras duas não.

— O que faremos com ela? - perguntou uma das desconhecidas.

— Não faço idéia... - respondeu a outra.

— Acha que ela sabe algo sobre a bussola? - ouvi a voz que reconheci ser a da Feiticeira Branca.

— Não creio... Se nem nós sabemos... - respondeu a primeira.

Resolvi permanecer calada. Somente escutando. Será que essa bussola era a do sonho da Laura?

— Bom... Se ela a encontrar, estaremos fritas! - disse a segunda voz.

— Duvido que entrem na floresta gelada... Ninguem consegue sair de lá, a menos que estejam em grupo, e uma das pessoas esteja bem obstinada... - respondeu a primeira voz.

— Temos que trazê-la para o nosso lado... Não importam os meios... - a voz era da Feiticeira dessa vez. - Primeiro pelas habilidades, e depois porque por ela poderemos atingir nosso estimado Pedro.

Elas riram, eu tossi, e elas ficaram mudas. Pensando na probabilidade de eu ter ouvido algo, com certeza.

— STORM! - gritou a Feiticeira. - Leve-a para o calabouço!

Storm?! Então ele era um espião?! Ah meu santo Aslam! Caspian precisa saber disso...

Senti braços me pegarem de qualquer jeito, e fui arrastada para fora da sala, a última coisa que eu ouvi foi:

— Não podem encontrar aquela bussola!

Fui sendo arrastada por todo o castelo, ainda de olhos fechados. E depois do que me pareceram séculos, fui jogada em um lugar duro, sobre algo que parecia ser folhas de pergaminho.

— Passe bem rainha... - ouvi a voz de Storm. - Quem sabe você não vale alguma coisa no mercado de escravos...

Assim que ele saiu, eu me encolhi na parede, e fiquei respirando pesadamente. O guarda que me vigiava não parecia ser a pessoa mais inteligente do mundo. Mas o castelo estava cheios de guardas, e algum com certeza era mais inteligente que esse...

Passei dois dias naquele calabouço imundo, quando enfim eu vi Laura. Ela se dirigiu ao soldado com passos firmes.

— Vossa alteza feiticeira Branca mandou-me buscar a prisioneira para interrogatório... - ela disse, autoritária.

O guarda que estava com os olhos em uma carta que escrevia ia retrucar, quando olhou para cima, e viu Laura. Ele engasgou, ruborizou, e ficou encarando-a de cima abaixo, quase comendo-a com os olhos.

— Sim! Claro minha tenente... - ele se curvou desajeitadamente, e pegou as chaves, abrindo a minha cela.

Eu sorri e pisquei pra ela, mas sua expressão permaneceu impassível. Ela me segurou de qualquer jeito, e foi me levando para cima. Quando chegou ao átrio, a porta se escancarou, e Eliza apareceu seguida de perto por Babi e Jazz.

Laura sacou a espada e se posicionou. Eu estava completamente confusa. Mas como eram três contra uma. Mesmo sendo uma ótima esgrimista, eu estava, em pouco tempo sendo carregada por Eliza, enquanto Babi e Jazz dominavam Lara.

— LAURA! - gritou Eliza.

— VENHA! - completou Babi.

— TRAIÇAO! MINHAS SENHORAS! A PRISIONEIRA ESTÁ FUGINDO! - gritou. O guarda que estava atrás dela se espantou, e subiu correndo. Enquanto isso, Eliza, Babi e Jazz me levavam pelo portão, e nós encontramos os cavalos. Em seguida rumamos para a fortaleza.

Pov's Laura...

Eu me preparei psicológicamente durante a noite para encarnar o personagem que eu viria a ser em breve. Sim, hoje era o dia do resgate. Vesti minha roupa habitual, e um manto azul marinho. Desci do meu quarto, e fui em direção aos jardins. Eliza me seguiu de perto. Edmundo chegou correndo, ele a pegou e a girou.

— Tome cuidado minha pequena... Volte inteira... - ele disse, e lhe deu um beijo quente.

Eu desviei o olhar do momento íntimo, encarando Pedro, que vinha andando em minha direção. Ele encarou meus olhos, os seus ardiam de preocupação, amor, cuidado, e desejo. Sorri levemente para ele, e dei um leve beijo em seus lábios carnudos. Passei meus braços por sua nuca, embranhando meus dedos em seus cabelos loiros.

— Eu te amo Pedro... - repliquei, enquanto encostava meu nariz no dele.

— Eu também te amo. Se cuide, e volte viva, pelo amor que tem por mim. - ele respondeu, preocupação era o sentimento predominante em seus olhos.

Assenti apressadamente, lhe dei um ultimo abraço apertado, e me virei para sair. Miguel, Gabi e Manoel interceptaram meu caminho. Miguel me encarava desconfiado, e depois a Pedro. Eu ri e lhe dei um beijo na bochecha, o que o deixou bem feliz. Gabi me deu um abraço apertado, e Manoel também. Em seguida se viraram para ir embora.

— Nossa! Irmãos delicados... Nem falam com a irmã que está preste a ir encontrar a provável morte... - murmurou Eliza, e Edmundo a encarou reprovadoramente. - Estou brincando meu amor.

Os três se voltaram para ela, e depois das despedidas de todos, nos viramos.

Montei em Black Beauty. Eliza subiu em Shine. Juntas saímos de Jihad em meio a brados dos outros narniados.

Viajamos durante pouco tempo. Instei Black Beauty a ir cada vez mais rápido. Chegamos a porta do castelo, e os guardas se prepararam para atirar em nós.

— Queremos falar com as feiticeiras!— gritei. E eles não pareciam inclinados a deixar.

— Qual é... Somos duas meninas, indefesas... Tem medo de nós? — provocou Eliza.

Eles abriram os portões, e nós entramos. Vimos Susana ser arrastada para o que eu imaginei serem os calabouços, e nós subimos em direção a sala dos tronos. As três estavam tensas, nos encararam assim que entramos.

— O que querem? - perguntou a feiticeira Branca.

— Passar para o lado de vocês... - respondi, com o olhar intenso. 

E ela sorriu angelicalmente.