Move! Ruru No Hidoi Drama! escrita por Yusagi


Capítulo 1
O Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Começando então mais uma história~ Isso sempre me deixa animada! Espero que estejam tão animados quanto eu, pois isso será um pouco longo ^-^
Por esse ser apenas o prólogo, está bem curtinho, mas já dá pra sentir o gostinho da história!
Boa leitura!



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Nunca gostei de histórias, não vou mentir. Faziam com que eu me sentisse apenas um pequeno grão de areia num enorme caminhão, e os grãos que representavam os heróis naquelas histórias pareciam ser muito maiores que eu... e essa com certeza é uma história, e das grandes.

Também nunca quis ser um herói. Ter pessoas dependendo de mim, gente me aclamando; bah, nada disso me atraía – eu só queria ter o meu lugarzinho no mundo, viver sossegado e ficar escrevendo meus livros.

Claro que ninguém imaginava que eu, eu pudesse gostar de escrever e coisas do tipo – eu não parecia ser muito, digamos, “cultural”. No máximo as pessoas achavam que eu sabia somar dois e dois, mas fora isso – para elas – eu era um zero à esquerda, uma negação.

Mas tudo bem, a ignorância das pessoas era música aos meus ouvidos. Claro que nem sempre foi assim. Já tive minha época boa, com meus oito, nove anos – pequerrucho, de olhos negros grandes e curiosos, e cabelos lisos cor de palha.

Eu era o ‘ó do borogodó’, todas as mães e babás paravam pra me ver na rua, sorriam pra mim e diziam o quanto eu era fofo e adorável. Mas, creio que seja assim com todos; conforme vamos crescendo parece que as pessoas encontram outras preocupações e deixam de nos ver – e em nosso lugar, aparece outra criança fofa.

Creio que tenha sido mais ou menos nessa época, que comecei a ficar “rebelde”. Não saía chutando cachorros na rua e nem pichava muros, mas parece que ser uma pessoa fechada e não sorrir duzentos por cento do tempo era rebeldia.

Amigos... eu sentia falta deles. Depois de entrarmos para a quinta, sexta série do fundamental parecia que cada um tinha ido pro seu lado, e eu havia simplesmente estagnado naquele mesmo lugar, com aquelas mesmas pessoas com quem eu havia sempre convivido.

Claro, de vez em quando algum retardado tentava fazer amizade comigo, mas não conseguíamos manter uma conversa por mais de vinte minutos. Apesar da minha idade, eu não tinha assuntos infantis ou fúteis como “o episódio de ontem do desenho”, ou de “como as meninas estavam crescendo”. Pra mim não fazia diferença, sinceramente.

Foi assim que comecei a me fechar ainda mais. Parecia que ao meu redor só havia pessoas idiotas e sem conteúdo, então eu simplesmente me fechava no meu mundinho de letras e palavras, e ficava escrevendo por horas a fio, ignorando as imbecilidades à minha volta.

E de repente, eu me via no último ano do ensino médio, antipático e sem amigos. As pessoas quase tinham medo de mim – não que fosse culpa minha, eu não as ameaçava com facas de peixeiro nem latia pra elas. Mas parecia que só a minha presença era incomodativa, como se eu fosse uma praga.

E provavelmente, eu era mesmo.

O pensamento, aliás, era até divertido e ninguém parecia perceber que as pragas eram eles. Fosse gritando e jogando coisas pelo ar ou reclamando das coisas mais inúteis possíveis, eles me irritavam. Eu já quase tinha uma ruga bem no meio da testa, de tanto franzir as sobrancelhas.

Eu estudava num tipo de colméia  – zum-zum pra cá, zum-zum pra lá, na hora do lanche todo mundo comendo mel, e depois ferroando uns aos outros, era realmente perturbador. Mas eu agüentava, afinal precisava me manter até o fim do ano, e a partir daí quem sabe entrar numa faculdade onde pessoas estudem, ao invés de um zoológico.

E como em todo zoológico, havia uma atração principal, no caso eu – só por que eu era bronzeado, de cabelos claros e bagunçados e usava roupas não muito convencionais. Parece que nunca viram nada parecido – só por que metade dos meninos da escola usam moicano ou cabelo arrepiado de alguma forma, e a outra metade tem cabelo de nerd.

Houve uma comoção repentina na sala. Todos olhavam na direção da porta; as meninas cochichando e os meninos sendo ogros, como de costume. Logo à frente da sala, uma menina – provavelmente aluna nova – olhava para os lados parecendo um pouco aborrecida, talvez um pouco estática.

Tinha os olhos grandes e brilhantes, cor de chocolate, e os cabelos curtos de mesma cor pendiam sobre suas bochechas rosadas. Era bem magra e pequena, não devia passar dos cento e sessenta centímetros, e o uniforme da escola parecia um pouco grande para o seu tamanho.

Depois de pensar por um tempo, a garota viu a carteira vaga ao meu lado, e se aproximou devagar, um pouco hesitante. Com uma voz fina e baixa, perguntou se o lugar estava vago. Acenei com a cabeça. Desta vez, perguntou se podia sentar-se, e eu lhe disse que sim.

Sinceramente, eu estava grato que ela não falasse muito. Se havia algo que eu abominava mais que meu companheiros de classe ogros, eram as meninas vulgares e barulhentas, com seus assuntos idiotas impróprios pra sua idade e falta de experiência.

O máximo que esta - cujo o nome eu nem sabia – fazia, era suspirar de vez em quando um pouco descontente e se levantar pra levar a ficha de transferência aos professores, quando a aula mudava.

Ao tocar o sinal do intervalo, peguei meu caderno de anotações, uma caneta, e saí da sala para ir até um banco sob uma árvore, meu ponto preferido da escola. Normalmente seria a biblioteca, mas os livros eram de tão pouca qualidade, e a bibliotecária tão inamistosa que minha primeira visita foi também a última.

Perdido em meio aos meus pensamentos, anotando uma coisa ou outra ocasionalmente, demorou algum tempo para que eu percebesse uma pequena confusão não muito longe de onde eu estava.

Alguns meninos – dessa vez, orcs – rodeavam a aluna nova que havia se sentado comigo. Eu já havia visto isso várias vezes – eles iriam perturbá-la até ela ficar com um deles, ou até que ela chorasse – o que parecia ser muito mais provável, pelo desespero impresso em seu rosto.

Assisti a cena mais um pouco, e ela parecia decidida em não aceitar qualquer coisa que eles estivessem propondo. Achei que não haveria nenhum problema, então me voltei às minhas anotações, quando o barulho realmente começou a ficar insuportável.

Fechei meu caderno sentindo um gosto amargo na boca. Levantei-me e fui andando até eles; sobrancelhas franzidas e punhos cerrados. Será que era realmente tão difícil assim cantar uma menina em voz baixa?

Quando finalmente os alcancei, olharam pra mim um pouco assustados. Um dos meninos eu não conhecia, provavelmente era aluno novo, e era o único que me encarava de forma ameaçadora. Os demais se contentavam com enfiar as mãos fundo nos bolsos das calças e olhar pros lados.

- Que é que você quer aqui, neguinho? – Ah, “neguinho”... eu não era tão escuro assim. Diria que minha pele era simplesmente bronzeada, mas havia pessoas que insistiam em dizer que eu era mulato, ou moreno, ou qualquer coisa marrom em que pudessem pensar. – Dá pra parar de atazanar a menina?

Pela cara que ele fez, não sabia nem a definição de “atazanar”, mas depois de alguns segundos seu cérebro de broto de feijão entendeu o contexto. – E o que é que você vai fazer se eu não parar? Parece que eu to fazendo alguma coisa errada?

Enquanto isso, um de seus colegas pedia para que ele parasse a discussão. Com certeza era mais um do meu “fã-clube”. – Parar?! O caramba que vou parar! Esse idiota ta querendo a minha mina é? Ta querendo a minha mina?! –, dizia com uma voz carrancuda e desregulada.

Sem mais palavras, segurou a garota pela cintura mas parece que sua mão foi um pouco abaixo de onde deveria. Se eu não tivesse visto a cena, não entenderia como uma menina tão pequena poderia ter dado um soco tão forte nele, a ponto de desnorteá-lo. Ela era um pequeno Hulk branco, mas de certa forma agradável.

- Da próxima vez eu não vou te poupar! -, disse irritada e com as bochechas em chamas, e depois murmurou alguns xingamentos sem muita importância. - ...punho forte, esse seu.

Eu não conseguia pensar em outra coisa a dizer, nem em outra maneira de expressar meu espanto. Antes que ela pudesse me responder, os garotos já haviam ido embora e alguns transeuntes olhavam a cena, com certeza tão chocados quanto eu.

A garota corou um pouco mais e deu um sorriso um pouco envergonhado. – Há, há... às vezes eu exagero um pouco. Mas obrigada por tentar me defender. – Ela falava como se tivesse um pouco de dúvidas se seria realmente esse o motivo por eu ter intervindo, e não era.

Acenei com a cabeça e me virei pra voltar ao banco. Fui andando a passos leves, certo de que agora poderia escrever em paz. Quando me sentei, quase bati a cabeça na árvore logo atrás de mim, tamanho foi meu susto ao ver a menina inclinada perigosamente perto de mim.

Ela me olhava com olhos muito curiosos e abertos, como se estivesse examinando. Então, com um rodopio leve ela se sentou ao meu lado, dizendo numa voz um tanto suspeita, - Você tem um cheiro estranho.

Não entendi o que ela quis dizer com aquilo, e sinceramente eu preferia não entender. Mas eu com certeza estava bem cheiroso. – Como se chama? -, ouvi-a dizer. Considerei por uns bons segundos se deveria ou não respondê-la – quem sabe ela fosse do tipo que vai embora depois de ser ignorada.

...mas talvez ela me desse um soco tão forte quanto no menino.

Relutante, então, e com medo de apanhar, respondi. - ...Luka. – Sinceramente, eu estava um pouco hesitante. Meu nome era muito feminino pra um cara do meu tamanho, e isso já foi motivo de chacota por um bom tempo.

- Então... Ruru! -, disse ela animada. Olhei-a com uma das sobrancelhas levantadas elegantemente, mas meu pensamento ainda era por que ela pensava que éramos tão íntimos a ponto de poder me dar um apelido, e por que de vez em quando tinha um leve sotaque japonês. – Ah... claro. E você é quem?

Duvido que ela tenha percebido o tom irritado em minha voz, pois respondeu tão alegre quanto antes. – Me chamo Hikari. – Eu quase ri quanto à ironia, já que “hikari” significa luz, em japonês. Tinha realmente a pele bem clara, cor de pêssego. – Hm, legal.

Não sei o que aquela garota tinha. Desde o primeiro momento, não parecia ter o menor medo de mim, e nem receio em falar ou estar comigo. Mesmo quando eu a ignorava, estando ocupado ou não, ela não parecia se importar e simplesmente permanecia ao meu lado.

Pelo menos não era vulgar ou irritante como as outras garotas da sala, mas eu realmente sentia que teria algum tipo de problema com ela.

E assim começou o meu drama...


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Notas finais do capítulo

E assim acaba o nosso prólogo! Tomara que tenham gostado da história, e acompanhem OK? (e deixem comentários, por que assim eu fico feliz e escrevo mais, e mais rápido!^-^)
Mil beijos da Yu~



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