POV Agatha

  Depois do jantar, eu e Emily fomos para o Chalé de Hermes. Eu tinha feito a minha oferenda aos deuses em geral, já que eu não sabia quem era minha mãe. Emily parecia no mundo da lua: olhos vagos, sorriso bobo e com certeza não ouvia nada do que eu falava.

  - Ta legal... Desisto! Você gostou mesmo do garoto, não é? – Eu falei a olhando pelo canto do alho.

  - Hãn? – Indagou a abobada.

  - O garoto! O tal do filho de Hades.

  Sinceramente, não vou mentir, não. Eu tive medo dele machucar a minha irmã... Filho do Deus dos Mortos! Deve ser perverso igual ao pai!

  - Somos amigos. Simplesmente. E eu não gostei de como você falou com ele. – Ela disse parando de andar e se virando para mim.

  - Ei! Ele é filho do deus do Submundo! Que gosta de sofrimento e matar as pessoas! Ele deve ser como o pai! Todo mundo fala que os semideuses puxam muita coisa dos pais divinos. – Me defendi.

  - Mas ele não é! Gostei dele, como amigo. É um ótimo rapaz! – Ela voltou a andar.

  - Mas é filho do deus do Mal... Tipo Rei do Inferno!

  - E daí? E se a nossa mãe for a rainha de lá? Vai fazer o que? Acho melhor parar de julgar as pessoas antes de conhecê-las, Agatha. A glória esta subindo a sua cabeça.

  Ela pegou pesado. Era a primeira vez que falava comigo nesse tom. Serio, isso é algo para se gravar em alta resolução para poder mostrar para os netos!

  - Ta bom. – Agitei as mãos num sinal de rendição. – Foi mal! Acho que vou pedir desculpas para o meu futuro cunhado. – Eu acrescentei assim que chegamos a porta do Chalé de Hermes.

  - PARA COM ISSO! – Emily gritou.

  - Ta bom! Eu sei que essa foi a melhor tarde da sua vida, então, não vou estragá-la.

  - E a sua tarde com o maior galinha do Acampamento? Como foi? Aposto que você adorou.

POV Emily

  - E a sua tarde com o maior galinha do Acampamento? Como foi? Aposto que você adorou.

  Depois dessa, Agatha ficou vermelha.

  - ARGH! Tinha que me lembrar daquele idiota? Ele me jogou no mar, acredita? Parece que é cego!

  - Talvez não seja. Ele é esperto o bastante pra te jogar no mar e ver você com a roupa toda molhada... – Disse eu enquanto pegava uma roupa para dormir.

  - Nem diz isso! Não quero ver a cara daquele garoto!

  - Uau! Ele conseguiu fazer você odiá-lo! -  Eu falei, nada convencida.

  - Pois é. Agora... Vou tomar um banho, Okay? – Ela foi até o banheiro e trancou a porta.

  Logo os Irmãos Stoll chegaram e começaram a jogar cartas com outros irmãos. Até me convidaram, mas eu não sabia jogar essa coisa, então, simplesmente me sentei perto daquela mesa e observei eles jogarem.

Mas meus pensamentos estavam em outro lugar. 

POV Jake

  Eu ainda não tinha parado de rir daquela garota. Não sei por que. Toda hora eu pensava naquela “discussão” que tivemos eu ria. E eu nem tive a chance de me apresentar. Que triste...

  Depois do jantar, evitei ir a Fogueira e fui direto para meu Chalé. Não tinha que dividi-lo com ninguém, graças aos deuses! Eu era o filho único, maravilhoso e irresistível, de Oceanus. Enfim... No momento em que fechei os olhos fui levado para o mundo de Morfeu. 

***

Acordei com os primeiros raios de Sol entrando pela janela. Me levantei, tomei um banho e fui me vestir. Arrumei meus cabelos que encantavam as filhas de Afrodite e saí do Chalé. Fui direto para a Arena, treinar.

  Foi quando esbarrei nela. De novo.

  - Ai! Caramba! Olha por onde... – Assim que ela levantou o olhar e me viu suspirou. Mas não tipo um suspiro de “que garoto lindo”, mas sim um “porque isso só acontece comigo?”

  - Isso é coincidência demais. – Eu falei. – Você ta me seguindo?

  - Imagina se eu ia seguir alguém que não presta como você. – Devolveu ela sorrindo.

  Seus cabelos eram loiros e estavam meio ondulados ao chegarem à altura da cintura. Seus olhos eram quase  brancos e por um minuto até me perdi neles. Mas me recompus.

  - Alguém já disse que você não devia tirar conclusões sobre as pessoas sem conhecê-las? – Perguntei.

  Ela fingiu que pensava, fazendo biquinho com os lábios perfeitos.

  - Sim. – Ela abriu um sorriso frio e me olhou, perversa. – Ontem, quando contava para minha irmã o quanto idiota você é. Agora com licença.

  Ela esbarrou seu ombro no meu e saiu andando em direção a casa Grande. Segurei seu braço e a virei para mim.

  - Me solta. – Ela pediu com voz baixa, mas assustadora.

  - Não precisa ser assim, ok? Desculpe-me por ontem? Podemos começar de novo? – Perguntei fazendo de tudo pra ela acreditar nas minhas palavras.

  Pude ver seus olhos brilharem e uma chama de esperança se acendeu em mim.

  - Não. Não e... Talvez. – Ela respondeu se soltando de mim. Virou as costas com frieza e recomeçou a andar.

  Dei-me por vencido e deixei ela ir. Mas ainda sim ouvi uma pergunta muito idiota da parte dela.

  - O QUE É AQUILO?!

POV Emily

  Acordei de repente. Olhei para o lado e vi que Agatha já tinha saído. Fui até o banheiro, tomei um banho e me troquei. O Chalé inteiro, tirando eu e Agatha - obvio, estava dormindo. O Acampamento também não devia estar muito cheio a essa hora, então resolvi dar uma caminhada e ver onde estava minha irmã.

Quando abri a porta do chalé, a luz do Sol me cegou por um instante. Desci os três degraus olhando para baixo... Foi quando comecei a escutar algo estranho. Abri novamente os olhos e levantei o olhar lentamente.

  Perto da Arena estava um monstro muito, muito horripilante. Era bem alto, com chifres. Metade Homem e metade Touro... Minotauro. Eu quase desmaiei.

  O Minotauro começou a jogar semideuses pro lado e pisar nas armas que estavam largadas no chão. E Agatha devia estar no meio daquilo tudo. Sem nenhuma arma... Eu tinha que encontrá-la e dane-se o resto.

  Corri em direção a Arena tentando chamar o menos de atenção possível.

  - AGATHA! – Berrei quando entrei na Arena. Ela tinha que estar lá!

  Foi quando algo me chamou a atenção. Olhei para a Colina Meio sangue e vi que outros monstros como a senhora Tennison-com-rabo-de-cobra estavam entrando no Acampamento e começando uma luta feia com os semideuses.

Elas vinham em direção a Arena com rapidez e eu tinha que recuar. Fui abrindo espaço entre semideuses feridos pelas flechas das Dracaeneas e outros que tentavam matar o Minotauro. Mas meu olhar ainda vagava a procura de Agatha.   

  As dracaeneas lutavam com os semideuses perto da Casa Grande e na Colina Meio-Sangue com ajuda de Quiron e Peleu. Perto da Arena era somente o Minotauro, mas acho que nem metade dos semideuses daria conta dele. Olhei novamente para perto da Casa Grande a procura de Agatha e dessa vez eu a achei. Estava cercada por três dracaeneas e desarmada. Perto dela estavam Percy, Nico e outro garoto. E, acreditem, eles não poderiam ajudá-la. Eu sabia o que isso significava.

  - AGATHA! – Berrei correndo na direção dela. 

  Agatha se virou para mim, atordoada. Corri na sua direção com a espada que achei no chão, acreditando que poderia ajudá-la. Mas sua expressão mudou de atordoada para super-atordoada.

  - EMILY! NÃÃÃÃOOO! – Ela gritou.

POV Nico

  Eu estava lutando ao lado de Jake e Percy com duas dracaeneas, entre a Arena e a Casa Grande. Podia sentir que havia semideuses mortos. Sou filho de Hades, posso sentir isso. Mas é uma Maldição.

  - Ah... Meus deuses! – Jake indagou. E eu fiquei surpreso, porque ele não fala \"Ai, meus deuses\" e sim \"Santos Titãs\". É porque ele não se dá bem com nenhum deus, já que é filho do Titã Oceanus.

  Voltando ao assunto...

  - EMILY, NÃÃÃÃOOO!

  Eu não gostei muito da Irmã da Emily, mas eu ouvi o berro que ela deu. Quando olhei pra frente à procura de Emily, a vi correndo na nossa direção com o Minotauro a suas costas, pegando a lança de um semideus ferido no chão. E eu sabia o que ele iria fazer com ela.

  Desviei-me do golpe da Dracaenea e enfiei minha espada nela fazendo-a se desintegrar. Corri o mais rápido possível.

  - Emily! Saí! – Berrei.

  Mas, como em qualquer filme, ela parou e olhou para trás. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta: O Minotauro levantou a lança. Eu cheguei a Emily, a envolvi em meus braços e a empurrei com tudo para o lado, fora do ângulo em que a lança seria lançada. O minotauro desceu o braço um centímetro e parou.

 Abaixo dele, o chão começou a estalar e algo transparente começou a envolver suas pernas. Ele olhou para baixo atordoado e tentou se mexer, mas não conseguiu. Seu braço, que segurava a lança estava do mesmo jeito: envolvido por uma camada de... Gelo.

  Atordoadas, as dracaeneas começaram a recuar. Os semideuses pararam de lutar e ficaram olhando o Minotauro. O gelo começava a envolvê-lo e estalava conforme ia se espalhando pelo seu corpo asqueroso. Um vento frio se espalhou pelo Acampamento e os semideuses permaneceram em silencio. Emily estava paradinha e totalmente encolhida em meus braços.

O gelo parecia ser tão fino e frágil, mas o minotauro estava sendo imobilizado por ele. O vento envolta de nós continuava mais frio que no começo.

  Comecei a olhar envolta tentando ver quem fazia aquilo. E foi fácil descobrir. Os cabelos de Agatha estavam voando de um lado para o outro, seus olhos estavam mais brancos que o normal e ela olhava fixamente para o Minotauro.

  - Minha irmã ta fazendo isso? – Perguntou Emily surpresa.Como ela era linda... 

  Assenti.

  - Acho que sim. Fique aqui. Vou terminar o serviço. – Eu disse pra ela. Infelizmente, me separei dela, saquei novamente minha espada e fui pra cima do Minotauro congelado.

  Sabia que teria que enfiar a espada no seu peito, já que era o único lugar que não estava congelado.

  - Nico! – Emily me chamou. – Eu posso fazer isso!

  - Como...?

  Me virei para ela e vi que segurava um arco nas mãos.

  - Você não vai conseguir! – Discordei.

 Ela respirou fundo, mirou e lançou a flecha. E acertou em cheio. Bem no coração. O minotauro rugiu e transformou-se em pó.

  - Eu sabia que podia fazer isso! – Ela disse sorridente. – Eu matei o Minotauro!

  Ela parou de sorrir de repente e se virou para onde Agatha estava.

  - Agatha!

  Emily correu até a irmã que jazia desmaiada no chão. Todos se amontoaram em volta da garota que congelou o Minotauro. Emily colocou a cabeça da irmã no colo e começou a bater na cara dela sem dó nenhuma.

  - Acorda! – Ela gritava.

  - Hey! Deêm espaço! – Jake ordenou, empurrando os semideuses. – Emily, não é? – Ele perguntou a ela. Emily assentiu com os olhos cheios de lagrimas. – Eu levo sua irmã para a Enfermaria.

  - SEMIDEUSES! – A voz de Quiron ecoou. – Voltem para suas atividades! Eu cuido daqui pra frente! E após o café quero todos os lideres dos... – Ele parou de falar e novamente os semideuses ficaram estáticos.

  Olhei para Emily e Agatha, que se encontravam caídas no chão.

  - Será que teremos mais alguma surpresa ainda hoje ou só isso ta bom? – Perguntou Jake incrédulo.

  - Meus deuses! – Foi a única coisa que consegui dizer.

  Quiron suspirou aliviado, fingindo que estava tudo bem.

  - Finalmente! Elas foram reclamadas!