POV Jake

 Agatha estava conversando com o idiota do André. Não sei o porquê, mas eu não gosto desse André. Ele tem cara de querer o que quiser, ou seja, aqueles garotos que se metem em briga por qualquer coisa.

 Eu sei muito bem que se conhecemos pessoas assim, iguais ao André, temos que nos afastar e não nos meter em briga. Mas, ele fica olhando para Agatha. E isso eu não consigo suportar.

 Bom, ela não é minha namorada. Mas nós estamos juntos e eu provavelmente vou pedi-la em namoro. É que eu nunca fiz isso, é novidade para mim. Mas mesmo assim, ele não pode olhar daquele jeito para a minha Agatha.

 Eu sou lerdo, idiota, mas não sou burro. Alguma coisa aconteceu. André olha para Agatha com desejo e Agatha com nojo (o que é bom), como se ela fosse vomitar.

 Não vou pressioná-la a contar isso, não mesmo, mas eu vou descobrir o que houve.

 Cheguei perto deles. Agatha estava de costas para mim, e parecia que eles estavam brigando.

-Interrompo? – eu perguntei no ouvido de Agatha. Senti que ela relaxou assim que ouviu minha voz, ficou mais aliviada.

-Claro que não. – ela disse e se virou.

 Olhei para André, como se quisesse descobrir o que ele estava pensando. O que será que ele fez? Mas ele apenas sorriu para mim, e é obvio que eu o encarei mais ainda, com a vontade de matá-lo.

 Passei a mão pela cintura de Agatha e a levei em direção ao trem.

 Nem quero comentar sobre essa viagem demorada de trem. Mas resumindo: Agatha deitou em meu ombro e dormiu. André não parou de olhar para Agatha, o que me irritou, e fiquei em silencio a viagem inteira. Um tempo depois Agatha acordou.

-Você precisa dormir – ela disse.

-Pode ficar tranqüila. – eu disse.

-Jake – ela me obrigou a olhar para ela – Você está cansado, durma.

Eu não discuti com ela. Seria um perigo deixar ela e André junto, mas eu estava muito cansado. Deitei no colo de Agatha e dormi.

  Eu estava no acampamento, dava para perceber isso. Era noite e tinha alguns campistas feridos no chão. Pó de monstro também. Seria outro ataque?

 Vi Agatha caída no chão, com alguns ferimentos. Ela estava desmaiada. Ao lado dela tinha um garoto sacudindo ela feito um idiota. Eu queria ir até ela e ajuda-la, mas eu não conseguia. Eu queria gritar por ajuda, mas também não conseguia.

 Percebi que o garoto do sonho era eu mesmo. Estava com a mesma idade, o que me preocupou um pouco. Nesse sonho eu estava desesperado.

  Eu não estava ligando para o resto do mundo ou quem estava ao meu lado, mas Emily estava no sonho, chorando.

 Eu sabia que Agatha não estava morta, os ferimentos não eram tão fortes assim, só que eu estava bem preocupado com esse desmaio dela.

– Se outro ataque acontecer eu mato ele! – ouvi Emily dizer.

– Vai ter que entrar na fila. – meu eu do sonho disse bravo.

 De quem eles estavam falando?

Agatha tossiu um pouco, ela estava prestes a acordar quando eu acordei.

-Está tudo bem? – Agatha me perguntou.

Eu levantei, já que estava deitado no colo dela e respirei fundo.

-Sim. – eu disse.

-Você está tremendo. O que houve? – ela estava preocupada. – O que você sonhou?

-Nada de mais. – eu disse.

Não queria contar para ela que, talvez, ela se machucaria em um ataque. Isso não vai acontecer, eu vou protegê-la.

-Não vai me contar mesmo? – ela perguntou. – Tudo bem, quando quiser contar me chama.

Eu respirei fundo. Ela me deu um beijo na bochecha, o que me acalmou. Depois que eu relaxei, parei de tremer e tudo, dei um selinho nela.

-Você dormiu pouco – ela disse. – Ainda temos tempo de viagem, pode dormir.

-Não obrigado. – eu disse – Estou bem assim.

Dormir de novo? Para ter outro sonho desses? Prefiro ficar acordado.

Ela me abraçou e ficou lá.

 Na nossa frente André estava dormindo. Acho que aquele era o único momento em que nós estávamos a sós e ficaríamos a sós. Respirei fundo. Eu devia pedi-la em namoro? Agora? No meio de uma missão? É melhor não. Com um maluco olhando para ela? É melhor sim.

 Eu nunca tinha feito isso. Era estranho. Eu tenho 16 anos, consigo fazer isso. Não, eu não consigo fazer isso.