O avião pousou sem maiores problemas, mas entre todos os passageiros uma, em especial, encontrava-se nervosa ao caminhar pelo saguão de desembarque. Molly não sabia o que pensar da situação, desde o começo havia achado algo errado, mas ignorou e agora não sabia se o que estava fazendo era certo.

Daniel sorria intimamente ao perceber que o seu plano estava dando certo até o nervosismo de Molly estava como havia imaginado. “Ela é tão previsível” pensou ao olhar para trás e fazer um sinal para ela se apressar e alcançá-lo. Assim que saíram do aeroporto um vento frio passou por eles fazendo Molly tremer de frio, mesmo sobre o pesado casaco que havia vestido.

-Isso aqui é muito frio – reclamou ao entrar no carro que os esperava. Daniel apenas deu de ombros ao sentar ao seu lado no banco de trás. Informou o endereço ao motorista e relaxou a espera de sua maior encenação.

-Como consegue ficar tão tranqüilo em um lugar tão frio? – Molly perguntou ao encará-lo.

-Prefiro frio ao calor – disse simplesmente ao fechar os olhos.

O carro estacionou, minutos depois, em frente a uma grande casa próxima a uma montanha coberta de neve. Ao saírem do carro depararam-se com um mordomo em frente à porta.

-Sr Heiden, apreciou o vôo? – o mordomo perguntou educado ao entrar na casa juntamente com o casal, e sem preocupar-se fitou Molly de forma curiosa.

-Sim, foi ótimo. – sorriu. Olhou para trás, segurou na mão de Molly e a puxou para perto de si. – poderia avisar que já chegamos?

-Ah claro. Sentem-se – disse indicando os sofás na sala de estar, saindo em seguida.

Daniel sentou-se elegantemente em um sofá, próximo a lareira, e olhou para Molly, a incentivando a fazer a mesma coisa. Ela relutou um pouco antes de sentar ao lado dele, mas assim que se acomodou ele segurou a sua mão.

-O que está fazendo? – ela perguntou encarando-o séria.

-Não faça escândalos. Somos namorados, esqueceu?

-Verdade – sussurrou consigo mesma ao olhar ao redor – a casa é linda. Eles devem ser muito ricos.

-Um pouco – respondeu olhando para a porta e não demorou para ver um homem de quarenta e poucos anos adentrar a sala juntamente com uma jovem moça. –Eles chegaram – sussurrou ao se levantar, levando Molly consigo. – Sr Marcondez é uma alegria vê-lo novamente – Daniel disse sorridente.

-É ótimo te ver também. Toda vez que lhe vejo sua juventude parece não querer lhe deixar.

-Tenho sorte – falou com um sorriso no rosto.

-E quem é esta bela jovem? – Marcondez perguntou a encarando de uma maneira penetrante.

-Ela é minha namorada, praticamente noiva – falou enlaçando-a pela cintura – Molly Jones.

-É um prazer querida – Marcondez disse ao caminhar ate ela e tomar a sua mão, depositando um beijo – Sou Marcos Marcondez, mas todos me chamam de Marcondez. 

-O prazer é meu – Molly tornou tímida. – Sua casa é linda.

-Obrigada – a mulher que encontrava-se atrás de Marcondez disse triunfante – Sou Ângela, a esposa de Marcos.

-Oh, parabéns pela casa – Molly disse sem graça – “Jurava que é a filha dele. Ela deve ter quantos anos? Vinte e poucos? Aposto que não chega a trinta” pensou ao olhar para ela, sorrindo.

-Devem estar cansados da viagem, não? – chamou o mordomo, levando um sorriso ao rosto – ele os levará aos aposentos de vocês. Como Daniel disse que eram noivos, preparei apenas um quarto. Há algum problema? – Ângela indagou curiosa.

-É melhor.. – Molly começou, mas logo sentiu Daniel apertar a sua cintura com força – quero dizer.. Está ótimo. Obrigada.

-Que bom. Ele vai os levar ate seus aposentos – disse séria. – Nós veremos na hora do jantar. Podem acompanhá-lo.

Daniel sorriu de forma discreta ao ver o semblante preocupado de Molly. Segurou em sua mão ao seguir o mordomo e ao olhar para trás fez um leve sinal com a cabeça para o casal sorridente. Eles seguiram por um extenso corredor ate o mordomo parar em frente a uma porta entreaberta.

-É aqui – disse sério ao entrar.

A primeira reação de Molly ao ver o quarto foi piscar incontáveis vezes a fim de dar-se conta que não estava sonhando. “Este quarto é um sonho” ela pensou ao olhar em volta.  O quarto possuía uma lareira e em frente a ela um tapete felpudo era estendido no chão. A cama era grande, ficando de frente para a varanda. Todo o quarto era branco e estava repleto de flores.

-Parece um conto de fadas – Molly sussurrou ao se aproximar da varanda e ver uma montanha coberta de neve.

Daniel fez um sinal para o mordomo e logo ele saiu em silencio, deixando os dois a sós. Ele caminhou até ela ficando atrás de si.

-Agora só falta o príncipe e a princesa – falou próximo ao seu ouvido.

-Verdade – murmurou sonhadora.

Daniel sorriu consigo mesmo ao virar de costas para ela e seguir em direção ao banheiro. “Preciso relaxar e nada melhor que um belo banho quente” pensou ao olhar para Molly, “mas devo admitir que uma companhia no banho seria mais agradável.” Suspirou diante de seu pensamento e entrou no banheiro sem olhar para trás.

Molly virou-se ao escutar o barulho da porta sendo fechado e pela primeira vez indagou-se do motivo de estar ali, verdadeiramente.

-Ele poderia ter pedido para alguma amiga fazer esse papel. Porque eu? – se perguntou em silencio no quarto.