My Happy Ending escrita por Anna, bibi_di_angelo


Capítulo 1
Capítulo 1 - Um novo começo




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            POV Annabeth

            O táxi parou em frente aos três prédios, um ao lado do outro. Eu o observei enquanto Thalia pagava o motorista. O mesmo saiu do veículo e tirou nossas malas do porta-malas. Então, ele se foi.

            - O que acha? – perguntei, depois de um minuto de silêncio. Nós duas encarávamos os grandes prédios e podíamos escutar o som das vozes dentro dele.

            - Acho que estou maluca por ter aceitado vir até aqui. – ela sussurrou, mas ignorei.

            Nós passamos pelo grande portão de entrada e eu devo admitir que fiquei meio boquiaberta. Não meio, totalmente. Havia uma grande faixa branca, que dizia Bem-vindos, músicos pendurada entre um prédio e o outro. Mas o que mais me atraiu foi o tamanho do campus. Era uma enorme área verde. Bem no centro, tinha uma fonte que jogava água para o alto. E, possivelmente, havia mais de 200 pessoas naquele campo.

            - Pelo... – Thalia murmurou.

            - Amor... – continuei.

            - De Deus. – finalizou.

            Passamos por uma garota loira que sorriu, dando as boas-vindas. Conclui que não era novata e deveria conhecer todos os rostos daquela escola.

            Mas enquanto caminhava, vi uma coisa e parei imediatamente. Havia meninas loiras, ruivas, morenas, todas elas com um ótimo físico. E também garotos. Todos provavelmente na faixa etária entre 15 e 17 anos.

            Cheerleaders, pensei comigo mesma.

            Havia uma garota de costas, seu uniforme era como de todas as outras meninas: uma saia azul escura de pregas, um top da mesma cor um pouco acima do umbigo, usava uma meia branca até, pelo menos, a canela e um tipo de tênis branco.

            Mas uma, no meio de todas as outras, me chamou a atenção. Eu conhecia seu cabelo preto de algum lugar. Estavam amarrados em um rabo de cavalo, dificultando que eu a reconhecesse. Até que uma música sem letra começou a tocar, e eles começaram a fazer suas acrobacias, polichinelos, estrelas e seja lá o que mais fazem.

            Thalia bufou, extremamente irritada.

            Sim, ela odiava líderes de torcida. Não havia explicações razoáveis, apenas uma: Thalia as chamara de tietes do futebol. E Serena, a capitã, tinha ouvido seu comentário infeliz. Então ela respondera algo como: Escute, treinamos durante 12 horas sem descanso, corremos em volta da quadra por horas, perdemos aulas, participamos de campeonatos. Nós não somos tietes, somos atletas.

            E depois disso, bem, Thalia desenvolvera fortes sentimentos negativos por líderes de torcida.

            Botei algumas malas no chão e ergui o braço como se fosse lançar uma flecha e perguntei:

            - Qual delas?

            Ela entendeu exatamente do que eu estava falando.

            - A morena do rabo de cavalo. – disse, por fim.

            Lancei a “flecha” e, coincidentemente, a pirâmide que tinham feito caiu. E a garota era a que ficava no topo. Então, quando caiu, urrou de dor.

            - Nossa. – minha amiga punk exclamou, assustada. – Você é boa!

            - Não! – rebati. – Ela pode ter se machucado!

            - Quem liga?

            - Eu! – exclamei e fiquei na ponta do pé para observar.

            Ficamos em silêncio enquanto uma aglomeração de adolescentes se juntava em volta da garota.

            - Isso é exatamente o que eu chamo de enxeridos. – Thalia resmungou enquanto eu observava a garota e tentava me lembrar de onde a conhecia.

            Outra menina morena, alta e bonita se aproximava, fazendo todos os outros se afastarem. Não parecia ser nojenta, mas tinha o jeito da típica adolescente americana mimada. Ela ajudou a garota a se levantar e, por leitura labial, notei que perguntou se estava tudo bem.

            Ela percorreu os olhos pela multidão de pessoas ao seu redor e seu foco parou em mim, que permanecia olhando a cena. Não cedi, mas devo admitir que me senti intimidada. Seus olhos castanhos eram... doces, mas maliciosos. O cabelo, da mesma cor que os olhos, era volumoso, porém, controlado. Ela era linda.

            Só quando desviei o olhar percebi que havia uma loira a acompanhando. Ela era extremamente mais baixa que a morena, era loira dos olhos claros. Também estava de uniforme, assim como a morena que havia caído.

            - São Clarisse de La Rue e Lily Halls. – disse uma voz conhecida. Olhei e, ao meu lado, vi um rosto delicado com olhos grandes e íris castanhas.

            - Mari?! – exclamei, e dei um longo abraço na pequena garota.

            - Penny?! O que faz aqui? – ouvi Thalia exclamar e me virei a tempo de vê-la abraçar uma garota pálida de cabelos pretos.

            Estreitei os olhos, mas entendi a mão.

            - Prazer, Annabeth Chase.

            A garota tinha lindos olhos azuis e me encarou como se fosse algum tipo de brincadeira.

            - Annie? Não se lembra de mim? Penny McGaw? – ela parecia confusa. E, de certa forma, eu também estava.

            - Não. Penny tem olhos dourados, cabelos lisos e algumas mechas rosas chamativas. – eu confirmei, balançando a cabeça.

            - Annabeth, essa é a Penny. – ouvi a voz de Mari.

            Observei a garota mais uma vez e notei que estava parecendo uma retardada, pois era a Penny. Não era outra pessoa. Abracei-a imediatamente.

            - Minha nossa, o que houve com você? – perguntei e me afastei dela.

            Ela riu baixinho.

            - Decidi que é melhor ter olhos azuis do que dourados. Lentes não são tão caras assim. E tirei as mechas porque eram chamativas demais. Mari também tirou, lembra? Aliás... – seu olhar parou logo atrás de mim. Segui seu olhar e percebi que estava encarando a menina de rabo-de-cavalo.

            - Quem é aquela garota? Eu acho que a conheço, mas... Sei lá. Quem é? – interroguei.

            - Annabeth, você é louca?! – Thalia exclamou. – É a Melanie!

            Estreitei os olhos.

            - Impossível. Melanie... Strike?

            - E aí, galera. – escutei outra voz se aproximando. Me virei e dei de cara com uma loira de olhos azuis. Ela me encarou e soltou um sorriso, mostrando lindos dentes brancos. – Oi, Annie.

            - Lorena?

            Arregalei os olhos.

            - Quem mais tá aqui, pelo amor de Deus? – eu e Thalia perguntamos em uníssono. Pelo canto do olho, notei que Melanie se aproximava do nosso “grupinho”.

            Mari parecia procurar alguém. Penny e Lorena deram de ombros.

            - Eu sei que vi Raíssa chegando com a Melanie. – Penny respondeu.

            - Eu peguei o mesmo voo que Alexis. – Lorena disse. – Ela foi guardar as malas no dormitório. Aliás, vou dividir o quarto com a Anna.

            Meus olhos pareciam que iam saltar das órbitas.

            - Eu, Annie, Penny, Marina, Lorena, Raíssa, Melanie, Alexis e Anna estamos aqui? Juntas? – Thalia perguntou.

            - Sim. E... Silena? – Mari perguntou. – Eu vi o nome dela na lista.

            Troquei um olhar com Thalia.

            - Silena... Não veio. – ela respondeu enquanto eu abaixava a cabeça. – Ela... Está em Paris.

            Todas as meninas que estavam ali arregalaram os olhos.

            - Ela...

            Por favor, todos os alunos que ainda não sabem o número de seu quarto, dirijam-se à recepção, soou uma voz no alto-falante.

            - Vocês já...? – perguntei às meninas, que assentiram.

            Aos poucos, a multidão que havia no campus foi se desfazendo. Então eu andei com Thalia até a recepção.

            POV Thalia

            - Só falta encontrarmos o Daniel aqui. – murmurei.

            - Ou o Connor. – Annie disse.

            - Quem é Connor? – perguntei distraidamente enquanto procurávamos nosso quarto. Eu ficaria no quarto 1394, e Annie, no 1346. Minha companheira seria uma tal de Clarisse de La Rue e a de Annabeth, Alexis.

            - Um garoto que eu conheci na Internet. Ele estuda aqui também. É o irmão do namorado da Rachel. – disse.

            - Credo.

            - O quê? – ela perguntou, parando em frente ao seu quarto, pegando a chave que havia ganhado na recepção em seu bolso e abrindo a fechadura.

            - É coincidência demais.

            Ela revirou os olhos.

            - Eu vou ligar para a Silena, ela me fez prometer que assim que nos instalássemos, eu iria telefonar. – ela disse.

            Concordei com a cabeça e falei:

            - Tá legal. Eu vou procurar meu quarto. Nos encontramos no auditório. – eu disse. Era uma tradição da escola. Doze novos alunos eram convocados para cantar no palco e, entre eles, 5 eram escolhidos e ganhavam uma bolsa para os próximos 3 anos.

            Ela entrou no quarto e eu tive que caminhar um pouco mais até encontrar o meu. Abri a porta lentamente, com medo de que a minha nova colega de quarto estivesse lá e eu a assustasse.

            Mas não havia ninguém ali, o que me fez suspirar, aliviada. Eu não sabia exatamente se gostaria da tal Clarisse, por isso tentei ficar de bom humor. Mas a curiosidade não me permitia isso.

            Mesmo assim, coloquei as malas na cama e estava retirando algumas blusas para colocá-las em uma gaveta que tinha ao lado da beliche. Escolhi a cama de baixo, pois tinha um medo meio bizarro de altura. Mas enfim. Enquanto fazia isso, uma garota morena e alta entrou e jogou a mochila vermelha na cama de cima. Ela deu um sorriso para mim e subiu as escadinhas. Sentou-se na beliche da parte superior e começou a tirar e montar as roupas em fileiras.

            - Seu primeiro ano? – sua voz era suave, encantadora e... Um pouco intimidadora.

            - É... – tentei parecer educada. – Algum conselho?

            Ela pensou por um instante e me encarou, os olhos negros penetrando nos meus céus radiantes.

            - Não tente se enturmar. – disse. – Sério mesmo. A galera daqui gosta de selecionar os próprios integrantes para seus “grupinhos” – abriu aspas. – A propósito, sou Clarisse de La Rue.

            - Thalia. Thalia Grace. – apresentei-me.

            Ela me observou atentamente.

            - Se quiser sobreviver nesse inferno, precisará de ajuda. Posso te ensinar algumas técnicas. – sua voz era debochada. Mas eu duvidava que não falasse a sério.

            Estreitei os olhos, entrando no jogo.

            - Depende. – respondi, minha voz continha uma pontada de malícia.

            - De quê? – indagou, sacando a minha jogada.

            - De quem é você.

            Seus olhos eram ferozes.

            - Clarisse de La Rue, aquariana, namorando, capitã das líderes de torcida, atriz, cantora, morena, cabelos e olhos castanhos naturalmente, alta, do tipo “bad girl”, “melhor amiga” de Lily Halls e 16 anos.

            Merda.

            - Líder... – engoli a seco. – de torcida?

            Clarisse deu um sorriso confuso.

            - Qual é o problema? – sua voz tinha um pingo de divertimento, mas logo ficou séria. – Desculpe. Mas ser uma cheerleader é a única forma de manter a minha bolsa até o fim do ano. Meu pai se recusa a pagar, mesmo tendo dinheiro. Ele acha que música é uma perda de tempo. Ano que vem vou para Juliard, mas ele prefere que eu vá para Harvard. Minha mãe estudou lá. E por mais que eu ame minha mãe, e gostasse de honrá-la de alguma forma, ela iria preferir ver sua filha seguindo seus sonhos e... Ah! Desculpe-me! Sempre tagarelo quando falo sobre... ela.

            Pigarreei.

            - Sua mãe...? – não tive coragem de terminar a frase.

            Ela assentiu tristemente. Provavelmente vira a curiosidade ardendo em meus olhos, pois disse:

            - Acidente de carro. Faz dois anos. Ela estava voltando do trabalho. Parou no sinal e então um bêbado bateu de frente. – ela respirou fundo.

            - Não! Pare de falar! – exclamei.

            Ela me encarou, atordoada.

            - Eu... não... gosto desses assuntos.

            - Tudo bem, caloura. – Ela brincou e pude perceber que estava tentando deixar o clima mais leve.  – Vou te emprestar uma roupa e então você vai subir naquele palco com o... – Clarisse pensou por um instante e então pulou da beliche. – Daniel.

            Pisquei.

            - Daniel?

            - Daniel Danner. Um amigo de infância meu. – ela piscou.

            - Mundo pequeno. – comentei em voz baixa. – Aliás, eu tenho roupas, não precisa se preocupar.

            Ela me estudou por um instante.

            - Punk? – adivinhou.

            Revirei os olhos.

            - Preconceituosa. – brinquei.

            Ela arregalou os olhos, surpresa.

            - Não! Não é isso. – segurei a risada. – É que eu nunca conheci uma menina punk.

            Estreitei os olhos.

            - E já conheceu um menino punk? – brinquei.

            - Não, boba. Eu só achei que vocês fossem cheios de tatuagens, piercings e tudo do demônio que há no mundo. – ela olhou para o além, como se estivesse tentando lembrar de algo. – Meu Deus. Dorothea é louca. Por que ela acha que o demônio está presente no funk, nas tatuagens, nos piercings, e nas danças sensuais?

            Eu não fazia a mínima ideia de quem era Dorothea, mas ri. Clarisse me encarou e então deu um sorriso malicioso.

            - É, parece que isso é o início de uma amizade.

            Sorri.

            POV Silena

            - Qual é, Sophia. – resmunguei. – São apenas cinco semanas! Mas que droga!

            - Silena! Eu até aprovaria, mas quem manda aqui é a senhora LeFair, e você sabe disso. – exclamou.

            Respirei fundo.

            Sim, eu sabia. Mas preferia não saber.

            - Sophia, eu... – mordi o lábio inferior. – Eu o amo. E preciso vê-lo. Farei ensaios para todas as revistas, inclusive a Vogue, viajarei o mundo inteiro, gravo um comercial para uma marca de perfume, farei o que vocês quiserem! Só... preciso dele.

            Ela pensou por um instante.

            - Promete?

            Fechei os olhos.

            - Todas as revistas que quiser. Todos os ensaios que preferir. Todos os comerciais que gostar. Só tente me levar para Nova Iorque. É só isso que estou lhe pedindo. – ela ficou tanto tempo em silêncio que tive que abrir os olhos para espiá-la.

            - Tudo bem.

            Minha cabeça girou.

            - O quê?

            Sentia um sorriso bobão surgindo em meu rosto.

            - Tudo bem. – repetiu. – Farei algumas ligações e estará tudo pronto. Arrume as malas e iremos embora.

            Então ela me deu as costas e desfilou até seu quarto.


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