The Only One escrita por GabanaF


Capítulo 10
Cap. X — Gotta Be You


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que bem, por que eu também vou muito bem. Enfim, vocês lembram que no começo da fic eu disse que não tinha ideia aonde ela iria dar. Bom, acho que o fim dela é nesse capítulo aqui. Mas não se preocupem! Quer dizer, eu já tenho planejado um epílogo, uma pequena história só para terminá-la com chave de ouro.
Espero que curtam o capítulo e até lá embaixo!



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— Oi.

Rachel soltou um guincho espantado, soltando o lápis que usava para escrever alguns versos. Virou-se para a janela do quarto, tentando achar a razão do seu susto e acabou encontrando Quinn parada na sua frente com um sorriso tímido no rosto, os cabelos cobertos de neve e o corpo tremendo de frio.

— Qual é o seu problema?! — indagou Rachel, levantando-se e pegando seu cobertor rosa para cobrir o corpo trêmulo da outra. — O que tá fazendo aqui?

— É noite de Natal — disse Quinn simplesmente, ignorando os movimentos de Rachel perto dela e indo sentar-se na cama da garota. — Achei que pudéssemos passar juntas.

A expressão de Rachel ficou confusa. Ela era judia, não celebrava o Natal. Quinn era cristã, deveria estar em casa naquele momento para comer o peru com sua mãe. Além disso, elas não se falavam desde o desastre que fora sua festa de aniversário.

Rachel sentia-se terrivelmente culpada por tudo. Sam estivera com ela o tempo todo, inclusive quando fora visitar Finn para dizer que tudo estava bem entre eles, que não o denunciaria nem nada. Talvez não fosse o certo a fazer, mas Finn estava sendo influenciado por aquela alma maligna que era Mack, e o arrependimento nos olhos dele dizia tudo.

Ela ligara para Quinn todos os dias, praticamente todas as horas. Como não tinha muito para fazer nas férias de Natal, passava o dia todo esperando o número da namorada vir ao visor de seu telefone enquanto assistia reprises de FRIENDS com seus pais e ouvia as músicas mais tristes que Barbra já cantara.

Queria uma única chance, só isso. Para mostrar que estava arrependida também por ter tido aquela ideia boba da festa no Hell House. Para que Quinn se apaixonasse por ela outra vez. Quinn tinha essa máxima necessidade de querer proteger todos mesmo quando a responsabilidade não é dela, e isso deixava Rachel péssima. Por não fora culpa da namorada sua idiotice.

Mas ver Quinn no seu quarto novamente, pulando a árvore em frente à janela apenas para vê-la durante a noite, como acontecia nas semanas antes da terrível festa, lhe dava uma nova energia. Como se nada tivesse acontecido, como se continuassem sendo aquele casal bobo e impossível de antes.

— O que foi? — indagou Rachel, se aproximando alguns passos de Quinn, temendo em tocá-la: não sabia se poderia.

— Kurt esteve lá em casa há dois dias — respondeu Quinn de cabeça baixa. — Ele cantou uma música muito legal, do McFLY, e disse que eu tinha que salvar você.

Rachel franziu a testa; não se lembrava de Kurt ou Sam — os únicos com quem falara pelos últimos dias — terem mencionado que fez uma visita a Quinn. Ela bufou, irritada, entendo o por que. Eles jamais diriam alguma coisa, pois Rachel também iria querer ir, saber notícias da namorada, ver se ela estaria sofrendo o mesmo que ela.

Ela entendia que precisavam de um tempo separadas, mas já estava ficando fora de controle. O presente de Natal comprado com antecipação para Quinn permanecia guardado no lado mais escuro de seu guarda-roupa, apenas esperando a chance que elas teriam de se verem novamente.

— Você não precisa ser salva, precisa? — Quinn olhou para ela, a dor dos olhos amendoados ultrapassando-os e chegando como um soco na cara de Rachel.

— Não... — respondeu ela lentamente, controlando suas pernas para que não fosse correndo abraçar aquela Quinn desesperada. — Eu acho que não... Esses meninos podem levar as coisas muito a sério.

Ela riu forçadamente, tentando quebrar a tensão. Teria dado certo se Quinn não tivesse tão concentrada em seus tênis Vans, Rachel viu as lágrimas se formando. Comprimiu os lábios e coçou os cabelos, sem saber o que fazer.

— É... — disse Quinn após alguns minutos, limpando as lágrimas discretamente, querendo provavelmente que Rachel não a visse daquela maneira. Rachel suspirou; se perguntando quanto tempo demoraria a Quinn deixar de ser tão insegura sobre a relação delas. — Eu não vim aqui por causa do Natal, preciso falar algo com você.

— Continue.

— Você é muito importante para mim, Rachel — Quinn começou, e a expressão de tortura em seu rosto fez Rachel perceber quão doloroso estava sendo para ela mostrar seus sentimentos, mesmo sendo para a namorada. — E quando as pessoas são importantes para mim, eu tendo a ser um tanto protetora demais. Nunca dá certo. E isso não deu certo com Puck, com Finn ou muito menos meu pai. Também não deu certo com Beth. Nem muito tempo com Sam.

“Mas você... Não entenderia, mas eu não posso perder você. Você é a coisa mais maravilhosa que aconteceu na minha vida. Você deve tá pensando que foi o Sam ou a Beth, e talvez até tenha sido, porém foi por pouco tempo. Perdi muito da minha vida tentando odiar você quando na verdade te amava. Perdi muito tentando te afastar, quando na verdade te queria perto.

“E... — Quinn respirou fundo; as lágrimas saindo constantemente agora — eu não quero perder você agora. Depois de tudo que passei no verão, Sam indo embora, a percepção de que te amava, me unindo às Skanks... Eu só quero um pouco de tranqüilidade perto de quem amo.

“Lembra-se do nosso primeiro beijo? — Rachel assentiu em concordância, de repente sentindo o gosto da boca de Quinn em seus lábios. — Eu te disse que ficaria perto de quem amo. Eu não cumpri aquela promessa do auditório, mas agora eu pretendo.”

Quinn se ajoelhou aos pés de Rachel, que, amedrontada com o movimento, se afastou alguns centímetros, o que provocou uma careta na outra garota. As duas se entreolharam e soltaram uma risada tímida, que lembrou Rachel de algumas semanas antes, quando nenhuma festa de aniversário as atormentava e o passado era passado. Elas eram só duas garotas namorando, nada mais. Sem drama, sem mais.

— Eu começaria a cantar, mas esse inverno está acabando com a minha voz — disse Quinn, soltando mais uma risada, Rachel se juntou a ela. — Além disso, isso é uma marca sua; não minha.

— Mas você cantou Stop the World para mim na frente de todo mundo — comentou Rachel, sua capacidade de não calar a boca diante momentos importantes de sua vida a ultrapassando novamente.

— Eu sei, eu sei... — Quinn pigarreou outra vez, abanando a mão com impaciência. — Enfim, eu queria me desculpar por não você não ter notícias minhas nos últimos dias, eu não sou perfeita, me sentia culpada por você quase ter sido estuprada por aquele idiota do Finn... — Rachel torceu o nariz ao ouvir o adjetivo negativo que Quinn usara para mencionar Finn na conversa. — Eu não protegi você direito, logo você, a coisa mais preciosa da minha existência nesse momento. A verdade é que... Eu preciso de você, Rachel. Mais do que você precisa de mim.

Quinn deixou os olhos de Rachel por um segundo para virar-se e pegar algo no bolso de trás de sua calça. A respiração da morena parou ao perceber que era uma caixa pequena, onde caberia exatamente um...

— Não, eu não vou te pedir em casamento — disse Quinn irônica. Rachel ficou feliz por ver a sombra da sarcástica e sedutora Quinn que aprendera a amar perpassar por ali. — Tá mais para uma promessa... Nós não fizemos nada para celebrar nosso namoro, então acho que essa é a hora perfeita de eu te dar um presente, ainda mais na noite de Natal.

Os dedos finos e perfeitos de Quinn abriram a caixinha. Dentro dela havia um anel dourado com um pequeno detalhe que fez o coração de Rachel parar por um momento: uma estrelinha coberta de pequenos brilhantes. Ela mordeu o lábio e deixou que Quinn o colocasse em sua mão trêmula, o braço sacudindo-se inteiro de emoção.

Ao terminar, Quinn levantou e deixou que Rachel se aproximasse sem pressa dela. Seus braços se entrelaçaram na cintura da morena, como se pertencessem ali desde sempre, como se nunca tivessem sido separados. Ela deu um beijo na testa da garota enquanto a deixava que afundasse em seu peito.

O frio da janela aberta não importava. Os minúsculos flocos de neve que vinham dos cabelos de Quinn e derretiam em seus ombros não eram mais de uma seriedade enorme. Era só ela e Quinn ali, em seu quarto, na noite mais especial do ano para os cristãos. Era só ela e Quinn enfrentando toda a natureza pelo direito de terem um dia de paz.

Era só ela e Quinn naquele mundo.

Ninguém mais.

***

— Eu sinto muito.

Rachel assentiu, começando a ficar impaciente com os pedidos de desculpas de Finn. Ouvira aquilo um milhão de vezes durante as quatro horas que estavam no colégio desde a volta das aulas.

— Eu sei, e já disse que te desculpo — falou Rachel lentamente, como se estivesse falando com uma criança de dois anos. Ela fechou os livros em seu armário e acompanhou Finn pelo corredor.

Quinn não estava à vista. Ela tinha seus próprios problemas para resolver. Rachel concordara com ela que ajeitariam todos os imprevistos que sua festa de aniversário tinha causado antes de se verem outra vez.

Passar essa outra semana sem Quinn não foi tão dolorido quanto à anterior. Agora ela sabia onde sua namorada estava, conseguia ligar para ela e desejá-la boa noite. Sentia falta dos carinhos que ela lhe dava para que dormisse nas vezes que ela pulava a janela de sua casa, mas felizmente teria tudo isso de volta assim que falasse com Finn quando as aulas voltassem.

Por isso ela estava ali, a expressão intrigada ao encarar o garoto alto ao seu lado, observando todas as emoções negativas passarem pelo seu rosto. Teria que fazer Finn acreditar que ela o perdoava, e entendia que ele havia sido usado pela serial killer do antigo grupo de Quinn, ou senão suas horas com a namorada seriam ainda mais encurtadas.

— Fui seduzido pelo poder, Rachel — disse Finn francamente. A voz rouca misturada com o tom sério do garoto fez Rachel tossir para disfarçar uma risada. — Aquela Mack... Ela tem muitos problemas, juro. Jogou-se em cima de mim e falou conseguiria você de volta pra mim. E-eu... Não resisti, sinto sua falta.

Ele estacou no meio do corredor praticamente vazio e a encarou com olhos pedintes, arrependidos. Rachel mordeu o lábio inferior, pela primeira vez sem saber o que dizer ao lado de Finn.

— Eu fui um idiota. Você estava bêbada e desacordada, como eu disse antes, e a perspectiva de te ter novamente em meus braços foi maior que minha razão. Amo você, Rachel, amo mesmo, mas eu não vou forçar você a ficar comigo. A não ser que seja sua escolha.

Finn deu um pequeno sorriso, ficando vermelho e olhando para o chão como se o achasse a coisa mais interessante no mundo. Para seu azar, Rachel estava embaixo dele, então lhe dava muita opção a não ser tentar não permanecer tão envergonhado pelos seus erros.

— Eu te desculpo, por tudo — repetiu Rachel num murmúrio.

Ela abraçou Finn, se lembrando por um instante o quanto os braços dele e seu tronco eram confortáveis. Agora, no entanto, era apenas um abraço entre amigos. Um abraço que selava que tudo andava bem entre os dois.

Só faltava encontrar Quinn e lhe dar um beijo vitorioso.

***

— Se você espera que eu seja tão fraca quanto seu amiguinho do coral, pode tirar seu cavalo da chuva.

Quinn suspirou pesadamente. Mack tinha os olhos famintos em sua direção. Parecia querer agarrá-la atrás das arquibancadas sem dar à mínima aos seus sentimentos ou ao fato de que continuava namorando Rachel Berry.

Mack era difícil de lidar. Mais do que ela própria algumas vezes. A incerteza que passava pelo rosto da líder das Skanks só lhe dava mais certeza de que ela também era uma perdida, que só tinha fundado o grupo para se sentir incluída. No final do dia, Quinn e Mack eram tão parecidas que a primeira se assustava.

— Eu não quero saber, Mack! — explodiu Quinn irritada, dando um chute na parte de trás da arquibancada e assustando um garoto que assistia ao treino de futebol americano. — Você forçou Finn a uma tentativa de estupro e embebedou minha namorada! Só diga que não fará mais isso e estamos quites!

Sam estava no campo caso alguma coisa acontecesse, Quinn se pegou pensando. Caso Mack ainda carregasse seu canivete que usava para espantar os caminhoneiros com os quais não queria transar. Caso ela não fosse rápida suficiente para pegar seu próprio canivete no bolso de trás de sua calça. Só precisava gritar. Só isso.

Mack andou mais alguns centímetros para perto de Quinn, que, por um segundo, pensou em se mover também, virar de costas e correr que nem uma garota do quinto ano gritando pelo melhor amigo. Mas não. Permaneceu no mesmo lugar, assistindo Mack chegar cada vez mais perto dela. Tinha seu semblante feroz que antigamente usava para afastar qualquer bêbado no Hell House. Não podia fugir mais.

— Estou apaixonada por você! — disse Mack num suspiro só. — Pessoas fazem coisas loucas por amor!

— Você não gosta de mim, sequer gosta de você! E você tentou deixar Rachel com um trauma para sempre em sua vida, assim como invadiu as fraquezas do Finn e o colocou ao seu lado! O máximo que você tá é com uma doença psicológica!

Fora um erro ter dito isso, Quinn sabia, mas as palavras tinham saído sem pensar. Ela viu Mack mover a mão para mais perto do bolso onde mantinha seu sagrado canivete e se preparou. Entretanto, sentia-se terrivelmente tranqüila. Esperava que o lado sensitivo de Mack aparecesse ali para salvá-la.

— Me desculpe por isso — falou Quinn, os olhares entre ela e Mack se tornando mais intensos. — Só quero que fique longe de Rachel. E do Finn. De qualquer pessoa do Glee, na verdade.

— Não importa. — Mack deu de ombros, dando as costas à Quinn. — Vou embora amanhã mesmo. Estou indo terminar o ano no Kansas.

Quinn agradeceu mentalmente que Sam já estivesse de volta à Lima, não preso em Kansas City.

— Oh — fez Quinn, impressionada. — Então, beleza. Divirta-se lá.

Ela saiu da parte de trás das arquibancadas antes que Mack se virasse novamente com sua conhecida expressão assassina.

***

— Ei, deu tudo certo? — perguntou Sam ao término do treino de futebol, correndo para as arquibancadas onde Quinn sentava-se distraída.

Quinn, que acompanhava com os olhos Mack chegar à entrada do colégio e chutar a porta com violência para poder entrar, sequer prestou atenção no melhor amigo.

— Quinn? — chamou o garoto outra vez, estalando os dedos na frente dos olhos da amiga. — Ei! Estou aqui, tá me vendo?

— É claro que estou te vendo, por favor, Sam — disse Quinn com desprezo, revirando os olhos.

— Então me diga se tudo está bem agora.

— Claro que está... Mack vai para morar no Kansas.

A boca relativamente grande de Sam se abriu num sorriso incrédulo. Quinn tentou se esquivar do abraço comemorativo dele, mas não conseguiu se livrar dos braços enormes de jogador de futebol ao seu redor. Ela também sorriu, ainda que preocupadamente.

— Por que está assim? Você vai ver a Rachel hoje!

— Me sinto mal por ela, saca? — Quinn desabafou soltando um suspiro. — Aquela garota e as outras Skanks foram meu porto quando tudo estava uma bagunça. Eu não queria que ela tivesse se tornado naquilo.

— Talvez ela sempre fosse — respondeu Sam pensativo, sentando ao lado de Quinn. — Saca, aquelas pessoas que são más internamente e só precisam de um empurrão para virar potenciais serial killers.

Quinn riu gravemente, a ironia da situação lhe dando cócegas na barriga. Ela pensava exatamente isso de si mesma. Às vezes achava que o mundo acabaria nela e em outras pessoas que não sabiam lidar muito bem com suas emoções. Viveriam por aí, matando todos até que não sobrasse nenhum e finalmente percebesse que a vida, sim, merecia de algumas companhias.

Felizmente, Rachel reduzira o processo. Ela não precisara matar ninguém para que fosse feliz. A única coisa que precisava era de um pouco de atenção. Não precisava ser concertada, precisava ser ouvida. E assim como não se deixara ouvir, Mack também não se deixaria.

Ela ergueu os olhos para Sam, assustada com seus pensamentos. Ainda era possível salvar Mack de sua mente suicida? Era plausível que fosse atrás da líder das Skanks para dar-lhe outra chance? Quinn não tinha certeza... O que Mack fizera continuava lhe aterrorizando toda a noite. Recostou-se no banco da arquibancada, urrando em frustração.

— O que foi? — indagou Sam inocentemente.

— Mack sou eu, Sam — disse Quinn de olhos fechados, vendo todos os momentos em que se embebedara no Hell House durante o verão. — Ela não quer ser salva, ela só tinha às Skanks e nós a abandonamos. Está errado. Ela só quer alguém ao lado dela.

— Quinn, eu não acho que esse seja o lugar dela. — A garota voltou a abrir os olhos e levantou a cabeça intrigada, franzindo a testa para Sam. — Não acho que ela pertença à McKinley High. Talvez o lugar dela seja no Kansas. Talvez seja uma troca. — O sorriso espalhou pelo rosto do garoto. — Eu fui pra lá e você conheceu ela. Eu voltei e ela vai para lá por que já causou muita confusão aqui!

— Sam, nós estamos na vida real, não em Pandora — Quinn disse de forma tediosa. — Aqui não é seu maravilhoso mundo de videogames.

— Santana entenderia — bufou o garoto chateado, porém quase que imediatamente voltou ao seu estado máximo de animação de antes. — Quinn, isso é carma! Ela não vai voltar, pois seu lugar é no Kansas. Vamos dizer que Lima era apenas um ritual de passagem, para que ela aprendesse alguma coisa.

— Ok, Sam, você tá começando a me assustar, fique quieto — pediu a garota da maneira mais delicada que conseguiu; o que na verdade a fez lembrar um pouco de Santana.

Os dois ficaram em silêncio, Sam aborrecido e Quinn imaginando por que deveria confiar na teoria de um garoto que passava metade das tardes jogando Pokémon na sua casa. Que a chamasse de louca, mas parecia que as hipóteses do garoto começavam a fazer sentido a ela. Ela não acreditava em carmas e essas outras coisas sem sentido. Tentava acreditar em Deus por que fora influenciada dessa forma, porém a cada dia que passava na classe de História, menos conseguia ver um cara nos céus comandando os seres humanos.

Se fosse carma ou não, ela estava agradecida por Mack se mudar para o Kansas. Tirando seu momento de loucura, talvez Sam estivesse certo. Talvez Ohio não fosse o lugar de Mack, talvez ela encontrasse uma pessoa que lhe ouvisse em Kansas City. Alguém que realmente amasse.

Quinn sorriu minimamente ao escutar o sinal anunciando o fim das aulas. Levantou-se com Sam ao seu encalço. Era hora de encontrar a pessoa que lhe ouvia, que lhe fazia sentir-se amada.

Estava na hora de ver Rachel.

***

— Cadê ela? — Rachel andava de um lado para o outro, estressada, parando de vez em quando para chutar a árvore onde se encostavam, ela e Finn.

O garoto não parecia nem um pouco conturbado. Ele aceitara. Ele percebia que Rachel era muito mais feliz com Quinn. Ainda a amava, é claro, mas talvez por que ele a amasse tanto, a deixaria livre. Não podia se interferir no amor, pelo menos não no amor verdadeiro, não mais.

Rachel poderia dizer que o desculpava mil vezes, e ele ainda não se desculparia. O nojo que percorreu suas veias ao perceber o que estava prestes a fazer, o sangue jorrando por dentro de sua boca por causa dos socos de Sam, a expressão destruída de Quinn ao ver Rachel deitada no depósito sujo ao seu lado; ele nunca esqueceria.

Por isso ele tentaria ser o melhor. Ficara com Rachel até o fim do dia, esperaria com ela Quinn aparecer. Protegeria Rachel quando Quinn não poderia. Seria fiel as duas assim como Sam era. Ter sido tentado por uma garota como Mack fora uma experiência horrível. Dali em diante, o fantasma do antigo Finn — o Finn líder, cooperativo e até um pouco idiota — seria o que prevaleceria.

— Relaxa, ela deve tá com o Sam — disse Finn dando de ombros. — O treino de futebol acabou agorinha.

— E por que você não está lá?

A pergunta pegou Finn de surpresa. Ele pedira dispensa para a treinadora para que pudesse acompanhar Rachel e cuidar dela. Finn planejava deixar essa informação apenas para ele e Sam, por causa da provável cegueira que Rachel teria ao encontrar Quinn, ou seja, só teria olhos para ela, esqueceria de Finn e (ótimo!) não precisaria responder nada.

Para sua sorte, ele não precisou inventar uma desculpa péssima e rápida, pois Quinn e Sam desciam as escadas da porta de entrada da McKinley High, o sorriso enorme estampado no rosto da garota. Finn cutucou Rachel e apontou para os dois, e seu sorriso que iluminaria toda a cidade Lima surgiu.

Ela correu para os braços de Quinn, tropeçando aqui e ali, porém chegando à namorada com segurança. Finn levantou-se e admirou a cena, uma felicidade estranha invadindo seu peito. Não foi como tentou tocar nos seios de Rachel da primeira vez, ou quando a beijou no palco das Nacionais.

Foi diferente, no bom sentido. Fez-lhe um bem danado olhar como elas se encaixavam perfeitamente uma na outra. Sam deu tapinhas em suas costas numa forma de consolo, imaginando que ele estivesse triste, entretanto, ele não precisava disso. Nunca estivera tão feliz em sua vida miserável naquela cidade.

Rachel estava feliz. Então ele também tinha o direito de estar.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Foi um bom término? Queria agradecer aos que leram e comentaram, aos que me deram ideias, aos que estão comigo desde o começo, foi ótimo escrever essa fic, essa punk Quinn, o Hell House e tudo mais.
E repito, não abandonem aqui pois ainda tem o epílogo! Beijos e até lá!



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