Sempre Ao Seu Lado escrita por Marina


Capítulo 1
Um novo sentimento


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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A noite estava boa. Já tinha ficado com umas cinco ou seis meninas, não me lembro ao certo, e iria ficar com mais umas cinco, como de costume. Sempre de olhos abertos, enquanto beijava uma, procurava pela próxima.

Larguei uma menina e fui até meus amigos. Estávamos em três. Eu, Matheus e Caio. Éramos os 'catadores' da escola, claro. Sempre muito populares, nunca ganhávamos um não e bastava apenas um estalar de dedos pra termos as garotas que quiséssemos.

Queria dar uma pausa naquele momento. Peguei uma bebida no bar e conversava com meus amigos, quando vi uma garota vindo em minha direção. Ela não era como as outras. Discreta e delicada passava por todos daquela boate, chamando a atenção de muitos rapazes, porém ela nem sequer se virava para olhá-los.

Como disse, nunca ganhávamos um não, e dessa vez não parecia ser diferente. Mesmo querendo parar um pouco, percebi que não poderia deixar a oportunidade de lado. Quando a garota de cabelos ondulados passou por mim, não resisti e a puxei com força pelo braço.

- Ei, garoto! Me solta! - ela ainda não devia ter se dado conta de quem a havia puxado.

- Oi, linda. - disse, já usando da minha lábia. - Vem aqui um pouco... - eu a puxava para meus braços como sempre fazia, com todas, mas para minha grande surpresa, ela me empurrou!

- Sai! Quem você pensa que é?

- Você não me conhece, garota? Tem uma fila de meninas querendo ficar comigo, e você me recusa?

- Eu não tenho a mínima ideia de quem você seja, só que está no meu caminho. Licença? - a menina me deu um toco! Mas eu não poderia perder a minha moral ali, na frente dos meus amigos, então, mesmo com ela tentando me ignorar e ir embora, continuei em sua frente.

- Ok, não quero charme, linda. Já conheço todos os tipos de garota... Vem aqui, é a sua última chance.

- Já disse que não. - ela novamente se soltou e agora se virava pra passar por outro caminho.

Ela parecia perdida, entre todos lá. Agora eu a olhava com mais atenção, tentando entender o porquê dela ter dito não. Logo percebi seu olhar baixo, que mais parecia medo de olhar nos olhos de alguém.

- Felipe! Seu primeiro toco, garoto!!! - Caio disse, rindo. Eles zombariam de mim por um bom tempo, mas eu não deixaria isso passar. Jurei pra mim mesmo que ficaria com ela.

Frustrada por não ter conseguido sair dali por outro lugar, a garota novamente passava por mim, e então, na frente dos meus amigos, para eles verem que eu mudaria a situação, entrei em sua frente mais uma vez.

Ela agora parecia assustada comigo, mas eu não queria nem saber, só queria experimentar seu beijo tocar seu corpo.

A segurei pela cintura com todas as minhas forças, e com meu olhar mais safado, a disse:

- Me pede, se quiser que eu pare.

Eu então fui me aproximando dela, que não sabia o que fazer, e devagar, encostei meus lábios nos dela. - de olhos abertos, claro. - Pra minha maior surpresa, senti uma energia passando por mim, algo que eu nunca havia sentido antes. Naquele momento, não sentia vontade alguma de passar a mão pelo seu corpo todo e começar com a putaria de costume. Fiquei paralisado, apenas conseguia mover minha boca pela dela. Pela primeira vez, fechei meus olhos.

A menina parecia um pouco espantada, mas suavemente colocou uma de suas mãos em meu ombro e repousou a outra sobre meu braço, que ainda a segurava com firmeza e carinho ao mesmo tempo. Não entendia o porquê de eu estar daquele jeito. Eu estava me... Importando? Não sabia ao certo. Só queria continuar ali com ela.

Continuava a beijando. Era intenso, mas suave e delicado como ela. Envolvi-me de certo modo que me esqueci de tudo que estava a minha volta, de meus amigos, e de todas as outras garotas. Ela também parecia envolvida, mas, para minha surpresa, depois de algum tempo, ela tentou ser forte e se soltar de mim, e eu deixei. Fiquei um bobo.

- Porque você fez isso? - ela me perguntou, e corava cada vez mais.

- Eu... Eu... - estava chocado com o que havia acabado de acontecer, o que eu havia acabado de sentir.

A menina se virou e passou por todos, nervosa. Conseguiu abrir o caminho que antes não conseguira, e de volta de um tipo de transe, ouvi meus amigos me chamando:

- Felipe, você conseguiu! Sabia que não deixaria barato! - me disse Matheus.

- É... - Não estava mais me importando com o toco do início. Só sentia que precisava encontrar a garota. E rápido.

Entre todas as pessoas, passava com um único objetivo em mente. Não foi difícil. Logo a vi, bebendo alguma coisa, e tentando se recompor.

- Oi... - fui até ela e lhe disse.

- Eu... - ela ainda estava nervosa.

Não sabia o que dizer pra menina, apesar de toda minha experiência, então acabei falando do único jeito que sabia.

- Gostou ou não? - me arrependi no instante em que falei. Estúpido.

- Seu idiota. - ok, não me parecia que ela havia sentido o mesmo que eu, mas eu teria que concertar a besteira que foi a frase acima.

- Me desculpe se tirei seu bv...

- Você não tirou. - tentava encaixar as poucas peças que tinha. Ok, ela já se envolveu com outros garotos, então, eu não era o único. Mas ela não parecia oferecida, muito menos fácil, como as outras.

- Mas então porque você ficou tão nervosa?

- Porque eu não costumo ficar com qualquer um. Ainda mais você, que ficou com várias, eu vi. E o pior, de olhos abertos!

Pela primeira vez não senti orgulho em ouvir isso de alguém. Pelo contrário, senti uma imensa vergonha.

- Mas eu não fiz isso com você...

- Não tenho como saber. - ela agora estava indiferente, e novamente estava prestes a me largar falando sozinho e eu então a puxei pra perto, coloquei uma de minhas mãos em sua nuca, e pela segunda vez - a primeira eu contei logo acima - eu senti vontade de ser carinhoso. Vontade de tratar a garota em minha frente como uma princesa. E assim eu fiz.

Aproximei-me novamente dela e ela se rendeu. A beijei. Pouco antes, vi mais de perto o olhar que eu havia notado anteriormente. Um olhar temeroso, profundo e triste, como se os olhos mostrassem a cicatriz de seu coração, e que ninguém percebera.

Assim como da primeira vez, a menina juntou todas suas forças pra se livrar de mim, depois de algum tempo do beijo. A mesma energia tomou conta de mim novamente, e foi uma pena interromper tudo aquilo.

- Vai embora! - ela pediu.

- Por quê? - não queria deixá-la ali.

- Você fez de novo... - vi as lágrimas nos olhos dela. Pude ter a certeza que ela estava machucada por dentro, sim. Alguém havia a ferido, e um beijo a fazia se recordar do sentimento que tentava abafar. - não quero saber de você! Você é um galinha, idiota e pensa que eu sou como as outras, mas eu não sou! Some da minha frente, e vai agarrar qualquer outra garota... Eu sei que você vai fazer isso, então, pode ir! - uma lágrima escorreu de seus olhos, mas ela tratou de enxugar bem rápido.

- Tudo bem... Desculpe-me. - confesso que cheguei a me magoar com tudo o que ela me disse, mas era verdade, infelizmente. Então apenas fui embora dali, disposto a continuar aumentando a minha lista de garotas que eu já havia beijado, e esquecer o que senti.

Não deu dez minutos e estava com outra garota. Ela era linda, mas não tinha o encanto da que eu acabara de mencionar. Beijava-a enquanto deslizava minhas mãos sobre todo seu corpo, e de olhos abertos, tentava inutilmente sentir a mesma coisa que senti com a outra, morena. Impossível. Meus olhos passeavam por todo o lugar, e em certo momento eu consegui ver a menina. Ela me olhava magoada, e logo minha cabeça começou a pesar. Soltei a garota com quem eu estava na hora, e ela foi correndo até a outra.

- Elas... São amigas... - sussurrei. Por que eu tinha logo que ficar com a amiga dela? Entre tantas lá!

Agora não conseguiria mais falar com a primeira. Ela era frágil e eu mexi com sua estrutura. Logo a outra saiu, e assim como eu, só estava interessada em aumentar o número de garotos com quem havia ficado de sua lista.

Olhava a menina de cabelos ondulados de longe, pensando no que fazer pra falar com ela, mas antes de eu tomar qualquer atitude, chegou um garoto. Ele era um palmo mais alto que ela, assim como eu, mas era moreno, sério.

Com uma expressão carrancuda, trocou algumas palavras com a menina e logo a fez chorar. Sua leve expressão de tristeza que eu havia notado logo antes agora era explícita. Aquele parecia ser o motivo de sua fragilidade.

Ele logo tentou a beijar, mas ela recuou, chorando. O rapaz agora parecia irritado e queria levá-la dali, e ela, perdida, fez sinal negativo com a cabeça, mas ele continuou insistindo.

Por fim, ele segurou seu braço forte e estava prestes a puxá-la com força, quando eu resolvi ir até lá pra impedir. Não calculei se era certo ou não, só queria protegê-la, cuidar dela.

- Ei, amigo, o que tá fazendo? - cheguei e perguntei, na maior cara de pau.

- Levando a minha garota daqui, claro...

- Me solta, Vítor, por favor! - a menina lhe pedia, chorando.

- Silêncio, gatinha... Só me segue. - ele dizia, com cara de quem ia fazer mais do que dar só uns beijos.

Ela ainda chorava quando eu intervim:

- Se ela não tá afim, solta.

- O quê? Sai daqui, moleque! Vê se cuida da tua vida!

- Só me solta, por favor. - ela lhe respondia, engolindo os soluços, e tentando parecer calma.

- Solta ela. Pelo que eu vi, você tá sozinho aqui, e eu não. Basta um estalar de dedos e toda segurança da boate vem aqui... - meu pai é dono de lá, então eu tinha acesso livre, sempre.

- Seu pai é o dono daqui, não é?

- É. Agora cai fora. - eu disse, com um ar autoritário (até parece).

O tal de Vítor finalmente soltou o braço da garota e saiu. Onde seus dedos estavam, ficou uma marca vermelha, pra se ter uma ideia.

- Você tá bem? - perguntei, mostrando preocupação.

- Acho que sim. Só tenho certeza que vai ficar roxo aqui. - ela respondeu, com a mão em cima da marca. - Obrigada.

- Não tem de quê. E me desculpe mais uma vez por ter te beijado sem você querer, mas é que...

- Tudo bem, deixa pra lá. Você pelo menos provou não ser tão fútil quanto parece.

- Ah, obrigado... Vou aceitar isso como um elogio! - ela riu.

Pela primeira vez, tirei um sorriso daquela garota que tanto me fascinara. Aproximei-me dela e ela parecia mais confortável. Perto de mim. E eu, me senti... Especial? Estranho isso sair da boca do cara mais galinha de lá, mas era fato.

Enxuguei as últimas lágrimas que escorreram de seus olhos, e lhe perguntei quem era ele.

- Um garoto... Ele disse que me amava, me prometeu o mundo, mas logo me destruiu. Ficou com várias na minha frente, e depois queria que eu dormisse com ele...

- E você, o ama?

- Não sei. Só que ele me machucou demais! Você não sabe o que é passar por isso... Primeiro, sendo a garota rejeitada da escola, que logo cruza com o príncipe encantado, fantasia toda a história e depois descobre que era tudo mentira. - logo, mais lágrimas ameaçaram rolar, mas eu as parei.

- Não abaixe a cabeça, bola pra frente! - então a abracei. Com já disse, ela parecia tão frágil, mas perto de mim ela havia ficado diferente. Diferente bom.

Ela me olhou no fundo dos olhos, ainda abraçada, e me agradeceu por estar lá. Porém eu sabia que ela estava confusa. Imagina: um garoto a beija duas vezes, à força, e de repente, fica legal com ela... Mas é falta de jeito. Ela era diferente das outras, valia a pena, e eu tinha que tê-la perto de mim.

Quando nossos lábios estavam prestes a se selar, o celular dela tocou. Era o pai, que a esperava fora da boate. Já eram 3h30min da manhã. Ela se despediu de mim com um tchau rápido, mas eu fiz questão de lhe dar um beijo na testa. Quando ela se foi, me dei conta do que acabara de acontecer...

Pela primeira vez, pensei diferente do que sempre pensei. Olhei pra uma garota como nunca havia olhado. Eu a via como uma princesa, alguém quem eu deveria cuidar e proteger, e que havia despertado em mim um sentimento novo.

Voltei aos meus amigos, mas não contei nada do que havia acontecido. Só disse que ela era mais uma.

- Mas qual o nome dela? - Caio me perguntara.

Nesse momento, meu mundo desabou. Não sabia sequer seu nome! Ela me cativou, e sei que também despertei nela algo, nem que fosse uma coisa mínima. Só que ela não sabia nem meu nome, assim como eu não sabia o dela... Pensava se tudo o que eu havia sentido naquela noite acabaria ali.


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Notas finais do capítulo

e aí, o que acharam?
por favor, se alguém ler, deixe um comentário. Você estará fazendo uma autora mais feliz =)