Orphan escrita por thaiisz


Capítulo 3
Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Guys, desculpem novamente, esta história é muito difícil de ser escrita e eu simplesmente não consigo escrever tão rápido! Mas agora que já pensei em cada detalhe e como colocá-los na história, vou escrever com mais frequência! Lenna agradeçe pela leitura! :)



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Meia-noite. 1988. Todo mundo corria por um corredor branco que parecia não ter fim. Médicos e enfermeiras gritavam uns com os outros, pegando equipamentos e tentando salvar a vida do pobre garoto sangrando na maca. Era Nicolai, ou somente Nick, como gostava de ser chamado, antigamente um pobre garotinho da cidade, que hoje estava com sua vida a um fio. Ninguém sabia explicar como sua têmpora fora cortada tão profundamente, mas vizinhos disseram ter visto o garoto sangrando e rastejando na porta de sua casa. Não sabiam se ele sairia com vida daquele hospital. A situação mais lastimável era a de seus pais, pobre casal. Permaneciam o tempo todo ao lado da maca, chorando e conversando com Nicolai, mesmo que este não pudesse ouvir. Foi, em menos de alguns segundos, levado para um quarto para que tentassem fazer seu coração voltar a bater. O sangue inundava o chão. Parecia que sua mãe desmaiaria ali mesmo. Todos os conhecidos, familiares e vizinhos do garoto estavam ali, desde algumas crianças pequenas a velhas senhoras, ajudando-a e orando pela alma de Nicolai. Mas depois de alguns minutos médicos e enfermeiras saíram da sala com expressões cansadas e aturdidas, o suficiente para que a mãe começasse a irromper em soluços e lágrimas. Se alguém fosse assassinado naquela cidade, a última pessoa que pensariam ser a vítima era aquele garoto, tão jovem e bonito, agora transformado em um cadáver.


4 horas antes


– Você quebrou a promessa, Nick. – uma voz fraca e levemente rouca de uma garota ecoou do outro lado da Rua Põhja. Nicolai estava na porta de casa. Estancou e sentiu um frio descomunal. De quem era a voz? Será que suas suspeitas se confirmariam?

– Qu... Quem é? – ele perguntou, falhando um pouco e até imaginando a resposta.

– Ora, Nick feioso, aproxime-se. Você sabe quem eu sou. Você quebrou a promessa. – A voz parecia estar cada vez mais próxima, mas ainda assim Nicolai não podia vê-la.

– Desculpe-me, Lenna. Eu não queria ter contado, mas você não me deu outra opção! – o garoto agora também sentia uma raiva, maior do que qualquer outra que havia sentido, e quase berrava para quem pensava ser Lenna. Mesmo depois de muitos anos, seus temores e ressentimentos com relação àquela garota misteriosa não haviam ido embora.

– Você não pode falar assim comigo, Nicolai. Não acredito que tenha feito isso. – ela se aproximou o suficiente para que a luz fraca de um poste iluminasse seu rosto. Lenna. Ela parecia, para Nicolai, talvez uns mil anos mais velha, a expressão de deleite no rosto não condizendo com suas palavras. – Não quero saber como a informação chegou até você. Só quero saber é como ela foi se espalhar tão rapidamente.

– Sobre o que esta falando? – perguntou o garoto, inocente, novamente já imaginando a resposta. Acalmou-se o suficiente para conseguir olhar bem nos olhos de Lenna. – Possuir uma doença não deve ser sinônimo de vergonha, lindinha.

Lenna demorou um bom tempo para responder à altura. Há apenas algumas semanas, fora diagnosticada no Hospital Municipal como portadora de uma doença hormonal rara, cujos motivos para isso não foram claros. Ela só sabia que permaneceria com a aparência de uma garotinha para sempre. Não que isto fosse mudar alguma coisa, pelo contrário, para ela, significava uma grande vantagem.

– Talvez tenha razão. – ela respondeu, sua expressão mudando subitamente. – Me desculpe.

– Me deixe em paz, Lenna.

– Não, Nick, não vá! – ela, percebendo que o garoto entraria em casa, foi até ele e puxou seu braço levemente em direção a floresta. – Será que não pode ficar mais um pouco. Temos que conversar. Eu prometo que não serei má com você. – Sua expressão de garotinha magoada tão intensa conseguiu atingir o coração do garoto de uma forma nova – e única.

– Lenna... – ele tentou resistir, mas foi vencido. Acompanhou a garota com passos apressados, seu coração acelerando cada vez mais.

– Nicolai, você se lembra de quando vínhamos aqui? – Chegando no meio da floresta, na campina, Lenna puxou Nicolai para sentarem em uma pedra, e então abraçou o garoto. – Vínhamos ver esquilos e conversar bastante.

– Você quer dizer, matar esquilos. Não nos dávamos bem, Lenna. O que...

– Você não esquece mesmo, não é? – ela o abraçou mais forte até que seus rostos ficassem a centímetros de distância. Com a leveza de uma pluma, passou a mão sobre seu rosto e sua têmpora, ao mesmo tempo em que ele rapidamente, ao perceber as intenções da garota, se afastava. Ele levantou bruscamente e caiu no chão. Uma dor excruciante dominava sua mente.

– O que... Você... – em meio aos gritos, ele se contorcia e conseguia dizer uma palavra ou outra. Lenna também se levantou e tapou a boca de Nicolai com uma das mãos, sorrindo. Com a outra, segurava um canivete suíço cheio de sangue, sangue da têmpora de Nicolai..

– Ora, Nick feioso, você simplesmente não aprende. Uma pena acabar como o meu esquilinho. – Deixando-o gritar, ela saiu da floresta, dando passos curtos e cantarolando. Deixando-o arder ali. Bom, não importava, era só um corpo a menos. Ela fora criada assim. Precisamos realizar alguns sacrifícios para que possamos atingir a glória.






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