Charlie estava se olhando no espelho, tentando assimilar o que tinha acontecido. Ela e Rachel tinham se beijado. Ela tinha beijado Rachel, sua melhor amiga. E tinha gostado!

Bem, e não foi só uma vez, e sim duas. Rachel realmente sabia como beijar, Charlie não conseguia entender porque Finn tinha largado aquela morena.

Soltou um suspiro confuso, e colocou uma mão atrás do pescoço. Não ia mentir, ainda gostava de Santana, mas desde que beijara Rachel, não conseguia parar de pensar na amiga. Queria beijá-la mais vezes, e não só pra pegar a prática.

- Oi - Judy Fabray entrou no quarto, séria. Charlie olhou pra mãe, pelo espelho.

- Oi - disse Charlie, baixando os olhos. A mãe ainda não sabia que ela era lésbica, e depois do que tinha acontecido, Charlie não sabia como olhar nos olhos da mãe.

- Quinn me contou que vocês brigaram - murmurou Judy, virando Charlie pra ela. Charlie deu um suspiro cansado. - Filha, eu sei que você está chateada com o que sua irmã fez, mas vocês são irmãs! Não é um garoto que vai afastar vocês duas...

Charlie ergueu as sobrancelhas pra mãe, mordendo o lábio.

- Um garoto? - repetiu ela mais pra si mesma do que pra mãe. - É claro. O problema é que a Quinn sabia o que eu sentia por esse garoto, mãe, e mesmo assim o beijou... Mas tudo bem - completou, assim que viu que a mãe iria falar mais alguma coisa. - Eu converso com a Quinn. Cadê ela?

- Tá lá no quarto, disse que ia revisar a matéria de matemática - falou Judy, dando um beijo na testa da filha. - Perdoe sua irmã, minha filha. Seja quem for esse garoto, não mereçe suas lágrimas.

E saiu. Charlie esperou um pouco, e logo depois estava indo na direção do quarto da irmã, Quinn Fabray. Abriu a porta sem bater, e encontrou a irmã deitada na cama, copiando alguma coisa no caderno, e cantarolando uma música de Taylor Swift.

- Quinn? - chamou Charlie. Quinn ergueu os olhos pra ela, surpresa.

- Charlie? O que você tá fazendo aqui? - perguntou Quinn, jogando o caderno pro lado, e se levantando.

- Então quer dizer que você ama a Santana, mas não tem coragem de assumi-la pra mamãe, certo? - perguntou Charlie, sentindo a garganta arder de raiva.

Quinn olhou pra baixo. Provavelmente remoendo as palavras de Charlie.

- Olha, C. - Quinn se aproximou. - Eu realmente gosto da Santana, okay? Mas não acho que esteja na hora de assumir pra mamãe que eu estou saindo com ela.

- Mentira! - acusou Charlie, cortando a loira. - Você tem vergonha do que você sente... Você tem vergonha de ser gay!

No rosto de Quinn subiu uma veia, e ela explodiu:

- AH É?! OLHA SÓ QUEM TÁ FALANDO, NÃO É, CHARLIE FABRAY?! VOCÊ É QUE É A ÚNICA GAY AQUI! E TAMBÉM NÃO TEM CORAGEM DE CONTAR PRA MAMÃE QUE VOCÊ FICA SE PEGANDO COM AS MENINAS! OU SEJA, CHARLIE, VOCÊ É A ÚNICA SAPATÃO DAQUI, SUA ANORMAL!

Charlie se boquiabriu, e a própria Quinn percebeu o quanto tinha exagerado. Charlie agora mantinha um olhar duro no rosto.

- Charlie... - Quinn se aproximou da irmã. - E-Eu sinto muito, eu...

PAFT!

Charlie tinha virado a mão na cara de Quinn com tanta com força, que a loira caíra na cama, com a mão no rosto. Charlie soltou um suspiro com força, e Quinn olhou pra irmã chocada. A força tinha sido tão grande, que além da marca da mão da irmã tatuada em seu rosto, seu lábios também estava sangrando.

- Isso... - Charlie ficou de frente pra Quinn, superior. - É pra você parar de ser covarde, Quinn Fabray. Eu não tenho medo de ser gay, e eu não tenho medo de assumir isso pra mamãe. Apenas estou esperando a pessoa certa pra poder contar isso pra ela. Agora você, Fabray, você não mereçe amor. Porque você é covarde.

E saiu, deixando uma Quinn chorando deitada na cama. Se sentindo totalmente humilhada. Ao beijar Santana, Quinn acreditou que as coisas apenas melhorariam. Ela estava completamente errada. As coisas só tinham piorado.

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O dia seguinte havia chegado, e na casa dos Fabray, um silêncio enorme tinha se instalado. Judy olhava pra Charlie e Quinn de uma forma totalmente preocupada, Quinn estava com uma maquiagem exagerada no rosto pra esconder o tapa de Charlie, e a última, tomava café tranquilamente.

- Vou indo, mãe - Charlie se levantou, e foi até a mãe, beijando-lhe a testa, e em seguida saiu da casa.

Pegou seu carro, deu partida, e foi dirigindo de uma forma um tanto calma e tranquila. Não estava mais com tanta raiva assim de Quinn. Toda a raiva que sentia tinha sido posta pra fora apenas naquele tapão que ela dera na irmã. Sabia o tamanho da sua força, e que aquilo poderia ter feito coisas piores do que apenas um lábio cortado, mas ela precisou fazer aquilo. Além do fato de que Quinn mereçia.

Estacionou o carro no estacionamento, pegou as coisas, e saiu. Foi caminhando até a porta da escola, quando esbarrou em Rachel Berry.

- Oh, desculpe, Charlie - falou Rachel. Ambas coraram com as lembranças do dia anterior, e olharam pra baixo. - Oi.

- Oi - falou Charlie, corando. - Er... Sabe, Rach, eu tenho que ir, eu não quero cruzar com a Quinn novamente, okay?

- O que ela fez dessa vez? - perguntou Rachel, tentando quebrar o constrangimento instalado entre elas.

- Bem, é o seguinte...

Charlie contou cada detalhe pra ela, enquanto caminhavam juntas pro Glee Club, e Rachel deu-lhe um leve beliscão por ter estapeado Quinn. Charlie sabia que a morena reagiria assim, mas não se sentia culpada em nada. A única coisa que se sentia culpada era de ter beijado Rachel.

Será que a morena continuaria fingindo que nada nunca aconteceu?

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Charlie estava sentada na cadeira, olhando pra Rachel, que esperava outra pessoa chegar. Estavam ali há mais de dez minutos, Rachel tinha convencido Charlie de que precisavam conversar, e Charlie pensou que seria algo relacionado ao beijo, porém, já havia passado esse tempo todo, e a morena não havia aberto a boca!

Foi quando a porta foi aberta por Quinn Fabray, usando seu uniforme de líder de torcida. O olhar das duas se encontraram.

- O que ela tá fazendo aqui?! - perguntaram as duas Fabrays ao mesmo tempo, indignadas.

Rachel apenas girou os olhos.

CONTINUA...