As quatro da tarde, parei a moto na frente da casa de Matt, eu era provavelmente a primeira a chegar, mas não me importava com isso.
Quando toquei a campainha, ele mesmo atendeu e me lançou um sorriso alegre.
- Mel!
- Oi. Cheguei muito cedo?
- Claro que não! - Ele disse me puxando pra dentro - Vem.

Andei com Matt até a garagem, onde tinha uma bateria montada e outras coisas espalhadas, sentei em uma cadeira em frente ao notebook dele e fiquei fuçando as coisas até me entediar.
Quando fechei a janela, a imagem do fundo de tela me fez bufar.
- Que foi? - Perguntou se aproximando
- Nada. - Respondi me virando pra ele de braços cruzados.
Ele olhou do computador pra mim e gargalhou, andou até mim e colocou as mãos no meu rosto.
- Ciúmes Mel?
Rolei os olhos e tirei suas mãos do meu rosto - Não. Só não gosto dela.
Ele recolocou as mãos em meu rosto e colou seus lábios nos meus por um segundo, me dando um selinho.
- Talvez algumas tradições devessem acabar. - Comentei tentando conter o arrepio que desceu pela minha espinha.
- Quer acabar com a melhor parte das tradições? - Ele perguntou agachando na minha frente
- Quero acabar com aquelas que podem me trazer problemas.
- E o que sobra de divertido? - Perguntou se levantando
- A comida.
- Mulheres não deviam se preocupar com o peso? - Perguntou colocando um joelho do lado da minha perna na cadeira
- Nem todas, eu não engordo e você sabe.
- Sei… - Disse subindo na cadeira comigo.
- Você vai cair burro. - Eu disse segurando sua cintura
- Você vai arrancar um pedaço de mim com essas unhas.
- Melhor do que deixar você cair da cadeira.
- Tá doendo Mel. - Ele comentou colocando a testa no topo da minha cabeça.
- Problema seu.
Ele segurou meu pescoço com ambas as mãos e eu levantei o rosto para olhá-lo, quando Matt ficou tão maravilhoso?

Ele jogou o corpo pra frente, me fazendo encostar na cadeira, ele sorriu da forma mais linda do mundo e soltou uma das mãos do meu pescoço, acariciou meu rosto e meu cabelo, enquanto eu estava petrificada olhando pra ele.

Senti seus lábios em minha bochecha e ele foi dando vários pequenos beijos até chegar à minha boca e quando o fez, eu percebi que minhas mãos estavam suando e apertando-o mais ainda.

O beijo que eu dera em Matt muitos anos atrás foi realmente diferente desse.
Explicando, eu dei meu primeiro beijo com Matt, porque ele alegou que eu não podia beijar qualquer um e essas coisas, eu rebati que beijava quem eu queria, e no fim acabei beijando ele.
Aquele beijo foi nervoso, mais do que esse, e aposto meu braço que foi péssimo pra ele.
Esse estava sendo nervoso só de minha parte, Matt parecia calmo enquanto explorava minha boca com sua língua, já eu arrancava um pedaço dele na unha.

Quando ele se afastou de mim, soltei minhas unhas dele e percebi que meus dedos estavam dormentes pela força que eu tinha feito.
Droga, o que eu estava fazendo?
Como assim eu estava sentindo essa coisa estranha? E pior, como assim eu tinha beijado Matt?
- Mel? - A voz dele quebrou o silêncio e meus devaneios
- Sim?
- Eu gostei da nova tradição. - Ele disse divertido
- Isso não é uma tradição! - Disse ríspida - Sai de cima de mim Matt.
Ele franziu a testa - Que foi?
- Isso foi errado Matt, até porque você namora a Valary.
Ele rolou os olhos e esticou o braço para o computador, poucos segundos depois voltou a sorrir pra mim - Não namoro não. Só tinha esquecido de tirar a foto dali.
- Esquecido? Sei…
- Eu não mentiria pra você Mel.
- Não importa. Sai de cima de mim, acho melhor ir embora.
- Mas…
- Por favor Matt.
Ele respirou fundo e saiu, eu me levantei e dei um beijo em sua bochecha.
- Desculpa Mel…
- Ok, só não… - Parei de falar e sacudi a cabeça, quando virei pra pegar meu celular em cima da mesa, vi a foto que substituíra ele e Valary. - O que…
- Não gostou?
Era a foto do meu aniversário de 16 anos, ele dançou comigo, Matt fica lindo de terno sabia?
- Eu gostei. - Respondi sorrindo involuntariamente
Senti suas mãos em minha cintura e ele apoiou o queixo em meu ombro.
- Senti sua falta Mel. Todos os dias.
Me senti mal com aquilo, eu também tinha sentido a falta dele, mas nesse momento eu não tinha certeza se ele estava só usando minha culpa para me desarmar e me fazer esquecer ou ficar.
- Tchau Matt. - Eu disse soltando suas mãos de mim e andando pra porta.

Quando pisei fora da casa dele, Syn tinha acabado de descer do carro.
- Aonde vai? - Perguntou confuso parando na minha frente
- Embora.
- Por que?
- Eu… Acho melhor ir… Eu…
- Problemas com o Matt?
- Não exatamente.
- Quer conversar? - Perguntou um pouco confuso, acho que ele quer ajudar, mas não faz ideia de como, e isso me fez sorrir.
- Não, valeu. Tá tudo bem Syn.
Ele sorriu aliviado e me deu um beijo na bochecha. - Ótimo então. Qualquer coisa já sabe…
- Obrigada. Agora eu tenho que ir. Tchau Syn. - Eu disse ficando na ponta do pé para beijar sua bochecha.
- Tchau Mel.

Caminhei até a moto e dei a partida, logo estava em casa para pensar nos meus problemas loucos, Liz me ligou e perguntou se eu ia no ensaio, respondi que não, pois estava passando mal.
Ela respondeu, “Ok, vou visitar a Britt no hospital, só de sacanagem. Quer que eu passe ai depois?”
“Não valeu, vou dormir, to cansada.”
“Ok.”