A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 6
Infelicidade


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo.
Boa leitura!!!



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*Damom*

Muitas possibilidades me vieram à cabeça, a mais provável seria a hipótese de ela ser uma bruxa, bem... Ela não seria a primeira que conheci. Ela andava apressada em direção ao hotel, seria muito interessante conferi tudo de perto.

Parei em frente ao prédio e observei as janelas, tinha certeza de que ela me espreitaria de alguma delas, então a avistei me espreitando em meio as cortinas de uma janela do terceiro andar.

Enquanto esperava fiquei a pensar, deixá-la se misturar aos humanos não tinha sido uma idéia de gênio, mas eu precisava errar para variar um pouco, ser sempre perfeito não tem muita graça. O único jeito de rastreá-la seria não perdê-la de vista. Naquele momento suspeitei de que ela já não estivesse lá. Entrei no hotel.

Recepção.

- Estou à procura de uma jovem, cabelos negros longos, pele clara, olhos verdes, estatura mediana.

- Ela deve estar com o grupo de viajantes que se hospedaram hoje. Qual é o seu nome?

- Para onde este grupo está indo?

- Louisiana.

Embora não pudesse ler a expressão em sua face, não foi difícil perceber que nossa estranha enigmática estava mentindo. Por que mentir? Como dizem... Onde há fumaça, há fogo!

Ela podia estar um passo a minha frente, mas mesmo assim ainda seria mais rápido que ela.

- Qual lugar de Louisiana?

- Alguns passageiros ficaram em Belmont, outros em Saint Mercy e outros em Bon Temps.

- Obrigado.

Existiam sessenta e seis por cento de chances de eu errar, mas meu instinto tinha cem por cento de certeza de que ela iria para Bom Temps. Eu não havia estado lá, mas para alguém como ela, uma cidade conhecida por ser cheia de mitos, teria seus encantos.

*Roxy*

No carro.

- Obrigada pela carona, preciso chegar rápido ao meu destino.

- Eu não ia parar, mas você parecia angustiada. Não é bom dar ou pedir carona.

- Sim, eu sei.

- Há um ponto de parada de ônibus a cinqüenta quilômetros daqui. Vou te deixar lá.

- Está ótimo. Obrigada.

Eu tentava disfarçar meu nervosismo, não sabia se parte dele era devido ao vampiro curioso, ou se era abstinência de V.

- Por que pegou carona tão tarde da noite? Você não tem medo?

Os humanos eram os últimos da lista de preocupações naquele momento, pegar carona com um humano estripador, é melhor que um vampiro entediado.

- Sabe o que dizem, não é? Tarde da noite... Estripadores dando caronas.

Naquele instante fiquei com duvidas se ela estava fazendo uma piada ou estava a me testar.

- Você não parece nem um pouco com um estripador.

- Vou tomar isso com um elogio.

- E você? Não tem medo de dar caronas? Eu podia ser uma estripadora.

- Você não tem cara disso.

- Vou tomar isso como elogio.

Ela parecia à vontade dirigindo aquele carro. Ela era diferente dos humanos, nenhuma humana daria carona a uma desconhecida tão tarde da noite.

- Prazer, sou Roxy!

Estendi minha mão para que ela apertasse.

- Sou... Melinda! Nossa sua mãos estão geladas.

- Eu sinto muito. Elas sempre foram assim.

Algo me deixou alerta, quando ela tocou em minha mão, percebi sua expressão facial mudar. Ela ficou preocupada com algo.

- isso é cupcake?

- Sim, é sim.

- Será que eu posso...

- Claro, fique a vontade.

Não conseguia engolir nada devido ao meu nervosismo, mas minhas mãos gélidas sugeriam apenas uma coisa. Se ela tivesse conhecimento da existência de vampiros, esta seria a primeira hipótese que levaria em questão, precisava mostrar a ela que eu não era um vampiro, por isso comi o cupcake.

Quando saboreei o primeiro pedaço, sua expressão ficou menos tensa.

- Estava morrendo de fome. Fiquei muito tempo parada no acostamento pedindo carona.

Ela apenas sorriu, mas seu sorriso ainda revelava certa preocupação.

Não sabia o que fazer para certificá-la de que eu não era um perigo a ela, também não queria ficar naquela aparada de ônibus, o vampiro me encontraria rápido, ou talvez existissem outros vampiros por lá.

- Quer saber... Acho que posso te dar carona para uma cidade mais distante.

Fiquei sem palavras quando percebi que ela mudou de idéia tão rapidamente.

- Seria ótimo. Bem melhor.

Aquela atitude me intrigou.

Começamos a conversar sobre coisa uteis como música, filme e livros. Melinda era o tipo de garota que gostava de fazer amigos, e que não sabia quando parar de falar. Eu não gostava muito da companhia de humanos, mas toda aquela relação momentânea era útil para mim. Além disso, Melinda evitava que tudo ficasse em silencio, como ocorreu no ônibus, as vozes quase me enlouqueceram.

- Roxy, para onde está indo?

- Na verdade estou indo para uma cidadezinha no interior de Louisiana, chamada Bom Temps. Conhece?

- Não acredito! É exatamente para onde estou indo. Eu moro lá.

- Jura? Que coincidência.

Não somente eu como ela também achou uma bizarra coincidência. Duas entranhas se encontram ao acaso, as duas sabem da existência de vampiros, e que estão indo para o mesmo lugar. Muito peculiar. O mais estranho é que parecíamos completar a fala uma da outra, como se já soubéssemos o que a outra iria dizer.

.................................

Passamos dois dias dentro do carro, eu parecia ter conseguido convencê-la de que não era uma ameaça, mas não falávamos muito sobre uma e da outra, eu já até estava me acostumando a tê-la por perto. Eu não sabia o que era ter companhia, sempre fui muito solitária, pelo menos na parte que me lembrava.

Tudo o que dizia a ela eram mentiras, disse que era órfã, e que minha avó havia vivido em Bon Temps, por isso estava a caminho, para começar uma nova vida. Ela disse que sempre morou lá, e que também era órfã, e que no momento morava com seu irmão.

A noite caiu.

- Acho melhor desancarmos.

- Por quê? Eu posso dirigir novamente, se você estiver cansada.

- Por que tanta pressa de chegar a Bon Temps?

Calei-me, pois não conseguia pensar em nada a dizer, tudo que passava por minha cabeça naquele momento era de como precisava de uma dose de V.

Ela sorriu para minha ao sair do carro, mas ficou muito pensativa nos minutos seguintes.

- Bem... Parece ser um bom hotel.

Falei olhando para aquele hotel de beira de estrada, uma espelunca, que parecia desabar em nossas cabeças.

- Infelizmente... É o que posso pagar.

Ela riu introvertida.

Olhei para o luminoso que ficava do outro lado da estrada, para avisar aos motoristas da existência do hotel, ele piscou duas vezes, mas somente três letras ficaram acesas, D, E, e A. logo o luminoso voltou a funcionar. Senti um calafrio por todo o corpo.

Pegamos as chaves na recepção e caminhamos em direção aos quartos que ficavam um ao lado do outro, quando pisei na varanda que levava aos quartos, percebi que as coisas estavam começando a melhorar para mim. Parei imediatamente e me perdi em pensamentos.

- Algum problema?

Fiquei em silencio.

- Roxy?

Demorou alguns segundos para recuperar a consciência.

- Melinda... Eu acho que vou para o bar tomar uma bebida antes de dormir. Vejo-te amanha.

- Não quer compan...

- Não. Obrigado.

Voltei para o estacionamento guiado por meus instintos, aquela sensação inexplicável tomou conta do meu ser, segui em frente, em direção ao carro utilitário estacionado na ultima vaga do estacionamento, próximo a estrada, onde a luz de neon da placa do hotel formava uma penumbra.

Olhei para os lados e ninguém parecia estar próximo, o pequeno garoto estava sentado no banco de trás do carro sozinho, segurando uma bola de basquete. Seus olhos eram cheio de vida, sua áurea repleta de inocência, que pareciam me puxar como imãs.

- Oi! Será que eu posso entrar?

O garotinho não respondeu, ele ficou assustado e se afastou da janela do carro.

- Acalme-se. Só quero brincar com você, eu amo jogar basquete, você gosta?

Não demorou muito para ele cair em meus encantos, eu não tinha habilidades com crianças, mas naquele momento eu parecia conhecer as palavras certas para levá-las. Ele abriu a porta do carro, o pai estava na recepção fazendo o registro para o quarto, ele saiu do carro e o levei para meu quarto.

- Sente-se aqui.

Disse apontando para a cama.

- Nós não vamos jogar?

- Vamos sim, mas antes quero fazer uma coisinha.

Ele sentou-se na ponta da cama, seus pés ficaram suspensos no ar, e ele os balançava ao se divertir com a bola de basquete. Tudo ficou em silencio por alguns minutos, a luz do quarto e a dos corredores começaram a piscar, uma brisa sombria entrou pela janela aberta do quarto, balançando as longas cortinas brancas. O momento certo havia chegado.

Aproximei-me. Fiquei em pé ao seu lado e o encarei, como o de costume. Eu parecia estar em transe. Ele gritou, mas calei sua boca com minhas mãos, ele começou a se retorcer para fugir, mas o segurei firme, e o deitei na cama, ele ainda continuou a relutar.

Coloquei minhas mãos sob sua boca e seu nariz, ele continuava a relutar, mas a medida que ia perdendo o fôlego, relutava menos e ficava cada vez mais agonizante. As luzes piscavam sob minha cabeça, sua morte foi lenta e sofrida, diferente das outras crianças, sua alma parecia não querer deixar aquele corpo, como se a ligação entre o corpo e alma não quisesse ser quebrada.

Gritos ecoavam do lado de fora do quarto, o pai parecia ter percebido o desaparecimento de seu filho, logo alguém bateria na porta do quarto, eu precisava ser rápida. Logo senti o calor em minhas mãos, o corpo parecia sem vida, tirei minhas mãos e ela emergiu de dentro dele. Coloquei meus lábios nos dele, e a suguei cuidadosamente.

Diferente das outras almas, eu não senti prazer algum em sugar aquela alma, meu corpo parecia reagir diante dela, parecia a rejeitar, e isso causava dor, muita dor física. Os poucos segundos que a transição levava para ocorrer, pareceu naquele momento horas, dolorosas horas.

- Roxy?

Melinda gritou ao abrir a porta do quarto, que havia me esquecido de trancar, a alma que estava quase completa dentro de mim, voltou imediatamente ao corpo do menino, que tossiu nos segundos seguintes. Ele voltou à vida.

Melinda gritou novamente e correu em direção da cama, o abraçando.

- Não vou deixar que faça isso. Eu pude ver que tinha algo sombrio em você, e estes pensamentos...

Ela gritou destemida.

- Saia. tenho que fazer isso, ou...

As luzes voltaram ao normal.

A sensação estava indo embora, e eu não sabia o que fazer. Se existia uma verdade no mundo, que eu conhecia bem, era que nunca se poderia deixar uma alma escapar, eu sabia que algo ruim me aconteceria temia por não saber o que seria exatamente.

- Não importa o que vai acontecer a você, não deixarei que faça mal a uma criança.

- Como pode saber?

- Sei mais do que você imagina!

Ela agarrou o garoto e não deu nenhum sinal de que o deixaria. Ela o ajudou a se restabelecer, enquanto eu fiquei parada sem saber o que fazer. Eu nunca havia passado por uma situação semelhante.

- Não se preocupe... sou Sookie, e não lhe farei mal.

Logo as pessoas correrão em direção ao quarto, eu não sabia o que fazer, nem como poderia explicar aquilo, então corri para o banheiro e pulei a janela que dava para a floresta que ficava atrás do prédio, e corri para o mais longe que pude.

Corri o mais rápido que consegui, até que meu corpo se chocou com lago, que me arremessou para longe, algo duro, que fez alguns ossos se partir.

- Aonde vai com tanta pressa?


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Notas finais do capítulo

Merece reviews???
Bjus