“Roxy”

Onde está Dea quando se precisa dele? Foi a pergunta que me veio a cabeça a me ver encurralada por tantos perigos. Nada que Dea pudesse fazer comigo seria tão cruel quanto a o que eles poderiam fazer.

Olhei para os lados, as pessoas transitavam distraídas sem perceber que eu estava preste a me jogar num abismo sem fim, desejei tirar minha própria vida para não dar a eles o gosto de meu sangue, mas qualquer movimento que eu ensaiasse seria em vão.

Eu queria de volta a luz que sempre me protegeu de todos eles, eu queria voltar no tempo e nunca ter encontrado Bill naquela boate, sinto que aquele momento do passado foi o responsável por desencadear toda a minha destruição.

Selene fora a primeira a se aproximar, seu aspecto felino estava bem evidente em seu olhar, no seu sorriso sarcástico, ela se aproximou e fixou seu olhar no meu, e pediu sutilmente para que eu a acompanhasse sem fazer alardes, ou eu não seria a única a me machucar.

“Bill Compton”

Ela sabia que era o fim da linha, podia ver isso em seus olhos alertas, podia ver de onde eu estava, os pêlos de sua pele arrepiarem ao nos ver. De um certo modo, eu não me sentia bem ao provocar aquele tipo de reação nela, sua repulsa ao me encarar me incomodou imensamente, e comecei a pensar se medo era o sentimento que queria que ela tivesse ao meu respeito.

Assim que Selene se aproximou ela não hesitou, se levantou e ao lado de Selene se dirigiu para o carro, Jessica juntou-se a elas e antes que Salvatore se dirigir-se entrei em seu caminho.

- Você acabou de chegar e não sabe o que se passa por aqui. Espero um pouco de maturidade de sua parte. Isso é possível?

- Prometo que darei o meu melhor, majestade. Espero que não esteja desperdiçando meu tempo, deve ser um assunto muito importante para não ser tratado por telefone. Como vai Sookie?

- Não se atreva!

Ele sorriu e tornou a se dirigir para o carro, ignorando minha presença.

“Damon”

Logo percebi que Bill Compton não estava mais no controle de sua humana, logo ela não era propriedade de ninguém, e logo vi que minha estadia em Bom Temps seria melhor que eu imaginava.

Definitivamente Sookie não era o ponto mais importante, nem de longe ela conseguia me envolver tanto quanto Roxy. Olhar novamente em seus olhos me fez crer que a eternidade ao seu lado seria muito mais interessante, embora pude farejar seu medo ao se ver encurralada por nós.

Mesmo com medo ela me lembrava daquela garota audaciosa e confiante que conheci, pois seu medo não era exatamente de nós, ela temia algo maior, algo que todos ali pareciam saber do que se tratava, menos eu.

“Roxy”

Enquanto estávamos a caminho da casa de Bill, fiquei analisando minha situação, estava sentada no banco de trás entre Jessica e Selene, Bill estava a frente do volante e Salvatore, como Bill o chamava, do banco do passageiro me fitava através do retrovisor.

Quando olhei para aqueles olhos atordoantes foi inevitável não me lembrar daquela noite em que nos encontramos, eu era ainda tão forte e obstinada, e não imaginava o que estava por vir. O olhar penetrante e tentador de Salvatore quebrou qualquer pânico que havia em mim, sua expressão não demonstrava nenhum sentimento, fiquei intrigada com o mistério que ele carregava nos olhos, mas logo me recordei sobre os adjetivos que Sookie havia dado a ele momentos antes.

Do outro lado, Bill também me fitava firmemente, seus olhos despiam-me e me deixava confusa e me fazia sentir ainda mais vulnerável. Entretanto dentro de minha cabeça as coisas não iam tão mal, havia um silencio e comecei a me perguntar o que isso significaria.

Havia tantas mudanças em mim, tantos sentimentos que não conseguia nem distingui-los, de repente uma sensação tomou meu corpo, estranhamente senti que a presença de Bill era essencial a mim, então comecei a me perguntar se eu ainda estava no comando da alma de Bill, pois aquela alma já não só estava presa em minha mente, comecei a acreditar que nossa proximidade a deixou tão forte e viva, que a permitiu ter o controle momentâneo de meu próprio corpo.

Aquela conclusão me fez estremecer, cravei minhas unhas no banco para me sentir segura, foi quando senti a frieza da mão de Jessica sobre a minha, ela apertou minha mão tentando demonstrar sua solidariedade a mim, mas quando olhei para seu rosto, ela carregava uma feição séria e voraz, pela primeira vez a vi como uma vampira de verdade.

“Bill Compton”

Chegamos a minha casa, Jessica levou Roxy novamente para o escritório, enquanto eu conversava seriamente com Selene e Salvatore na sala de estar.

- Quando é que o mistério será revelado? Por que aquela garota é tão importante a mim?

- Selene explicará tudo, ela sabe sobre o assunto melhor que eu.

Não demorou a Selene dar suas explicações, fiquei perplexo com suas revelações, ela sempre soube que Roxy estava com minha alma, e que ela a seguia a mais tempo que eu. Segundo Selene, ela passara muito tempo pesquisando sobre isso, e que não era a única a desconfiar sobre a existência dos chamados, coletores.

Estas criaturas frias, mas mortais, haviam chamado a atenção de muitos vampiros, muitos foram mortos por ter o sangue tão saboroso, mas ela acreditava que a o sangue era mais do que isso, ela acreditava que seu sangue, quando bebido pelo vampiro certo, pode trazer ainda mais poder.

- Que tipo de poder você se refere?- Salvatore perguntou irônico, ele ainda não acreditava em nenhuma palavra que dizíamos.

Selene não poupou palavras ao dizer que, talvez, na dose certa, não voltaríamos a ser humanos, mas poderíamos viver como eles, podendo até mesmo andar ao sol.

Ele riu. Um riso debochado.

“Damon”

Embora Roxy fosse diferente de qualquer criatura que conheci, aquilo parecia tão sem fundamento que foi impossível segurar o riso, tudo era tão fantasioso.

- Se isso é verdade, e ela está com minha alma, por que não sinto a atração que Bill sente?

Selene e Bill ficaram em silencio, logo imaginei que eles não tinham ideia do que estavam falando.

- Se Roxy é o que dizem ser, o que estamos esperando? Vamos a festa, e amanha quando o sol nascer, podemos fazer um lindo churrasco no quintal.

Bill logo se levantou e desbocou um monte de ofensas, ele não havia esquecido o lance que rolou entre Sookie e eu. Antes que pudesse lhe ofender com palavras, Selene se intrometeu e retornou ao assunto.

- Você realmente não sente nenhuma atração por ela? – Ela me perguntou intrigada.

- Está me perguntando se não sinto atração por aquela mulher? Claro que sim, ainda mais por que já a vi em ação e nossa... contra a parede ela é demais.

Respondi ao me lembrar da noite no beco, quando a fraguei transando com o velho infiel.

- Do que está falando? – Bill perguntou asperamente – Você já a conhecia?

- Falando com este tom posso até acreditar que está com ciúmes, Sr. Compton.

- Não se trata de sexo ou sentimento. Trata-se de sobrevivência da nossa espécie, para de brincar garoto insolente.

Bill novamente se exaltou e desta vez ele agarrou o colarinho de minha camisa, realmente ele queria acertar nossas diferenças, embora ele fosse mais velho e isso o fazia o mais forte, eu não tinha medo dele.

- Você quer brigar? Vamos lá! Eu tenho 162 anos de pura experiência em luta contra outros vampiros, e você não me intimida nem um pouco.

- Não me chame para a briga garoto!

- Parece que você está querendo isso. Eu topo! E quando isso acabar o vencedor fica com a garota do escritório e com Sookie!

“Bill Compton”

Joguei Salvatore contra a parede, ver o nome de Sookie sendo pronunciado pela sua boca me deixava furioso. Ao saber que Roxy poderia ter sido tocada por ele, isso me deixou ainda mais enfurecido, embora ela não fosse humana, eu a tinha como minha propriedade, mas isso não era o suficiente para manter Salvatore longe dela, não havia nenhuma regra que o mantivesse longe de Roxy.

Salvatore logo veio em minha direção, com a mesma ferocidade que o joguei contra a parede, eu era apenas 11 anos mais velho que ele, e isso não me fazia tão mais forte que ele, mas não seria difícil derrota-lo ali, embora eu precisasse dele vivo.

Selene logo se colocou em nosso meio, ela era mais velha, por isso era mais forte, sua mão em meu peito parecia uma parede de aço, nós seriamos “nada” perto dela. Quando o ambiente ficou mais tranquilo voltamos a falar sobre o assunto, Selene e eu começamos a suspeitar de que Sookie havia se confundido e que a alma de Salvatore não estava abrigada em Roxy, embora eu não acreditasse que ela tivesse se enganado.

- Talvez ela só quisesse um bom motivo para me ver – Damon me provocou novamente.

- Feche sua boca e nunca mais fale o nome dela novamente.

O ameacei, eu realmente estava perdendo a paciência com ele.

- Sinto muito, me excedi. Não deveria ter lhe dito isso, é feio. Os desejos de sua namorada não fazem parte da pauta da reunião.

- Parem com isso!!! – Selene disse em voz alta – Só há um jeito de saber se Roxy é guardiã da alma de Damon. Vá até ela e saberá por si próprio, depois conversamos novamente.

“Damon”

Caminhei até o escritório, antes de bater a porta Jéssica a abriu, ela olhou para mim como se me julgasse, posso até dizer que senti uma certa resistência ao me deixar entrar e ficar a sós com Roxy, mas ela abriu caminho e me deixou passar.

Roxy estava sentada numa poltrona ao lado da janela, seu rosto estava escondido por seus joelhos, e quando ela levantou o rosto vi algo extraordinário, suas lagrimas eram sangue, um sangue bem vermelho que parecia ser delicioso, ela tentou limpar as lagrimas do rosto, mas as lagrimas ainda caiam.

Quando me vi sozinho com ela, dentro daquele escritório, não pude imaginar o quanto minha vida iria mudar após aquele encontro.