- Nem adianta que dessa vez você não me pega. Até parece que aquele psicótico está atrás de mim. – eu continuei a sorrir –
- Suponho que o psicótico a quem está se referindo...seja eu...Kurosaki Ichigo...
Eu gelei dos pés a cabeça enquanto Rukia parecia estar prestes a ter um ataque de riso, eu olhei para trás e vi Byakuya na porta, trazendo uma bandeja prateada nas mãos, os olhos semicerrados em minha direção. Eu olhei para Rukia e a vi sorrir inocentemente, por que eu tenho a leve impressão de que ela se aproveitou da anormalidade dela de saber quando Byakuya está se aproximando para me pegar nessa? Então era esse o significado daquele sorrisinho lindo que eu não consigo resistir? Mas que trapaceira.
Byakuya caminhou até nós e me olhou com rispidez.
- Saia. – ele falou –
Eu rapidamente me levantei e ele pousou a bandeja sobre o criado-mudo ao lado da cama, eu pensei que era outra coisa e era só pra dar passagem pra ele? Mas que...psicótico.
- Agora...como dizia? – ele voltou-se pra mim e eu cautelosamente recuei –
- Era...brincadeira? – falei sem-graça –
- Nii-sama... – Rukia murmurou – Não seja tão frio.
- E como eu posso... – ele começou relutante –
- Não seja tão frio com ele. – ela tornou a repetir e eu percebi uma mudança em sua voz –
Byakuya parou imediatamente de falar, ainda me olhando. Travou os lábios em sinal de desagrado e em seguida suspirou derrotado...eu acho...
- Somente...comporte-se... – ele murmurou pra mim –
E eu me senti completamente assombrado com aquela mudança brusca, Rukia estava realmente começando a me dar MUITO medo.
- E Hiza? - Rukia indagou –
- Está se arrumando, virá aqui em poucos minutos – Byakuya respondeu –

Quando a noite chegou eu fui pra casa, Rukia já estava melhor e eu disse a ela que voltaria na manhã seguinte.

Já eram 10 horas da manhã quando cheguei na casa de Rukia, um senhor uniformizado veio me atender quando cheguei ao portão, eu entrei na casa e vi Hiza lendo um livro no sofá.
- Ah, bom dia, Kurosaki-san. – ela falou sorrindo ao me ver –
- Bom dia, senhora Kuchiki.
- Eles estão no quarto dela, pode subir.
- Obrigado. – eu fiz uma leve reverencia a ela e subi as escadas –
Eu caminhei calmamente pelo corredor e quando cheguei próximo ao quarto de Rukia ouvi som de vozes, os dois pareciam estar conversando. Eu andei mais silenciosamente em direção a porta que estava um pouco entreaberta e consegui ver os dois sentados na cama, as costas encostadas na cabeceira, Byakuya tinha o braço direito em volta dos ombros de Rukia e ambos sorriam.
- Ok. Seis números. – Rukia falou –
Ficaram em silencio por instantes e em seguida Rukia acenou com a cabeça, ambos sem se olharem.
- 935, 658, 23, 1.342, 9, 12. – os dois disseram juntos –
Eu os olhei assustado, ca-ra-cas...
- Seis cores. – Byakuya falou –
Depois de mais alguns segundos em silencio Byakuya deu um sinal.
- Preto, cinza, branco, lilás, vermelho, azul. – disseram novamente juntos –
- Um mais difícil. – Rukia propôs – Já sei, 6 países.
Mais segundos de silencio se seguiram e em seguida Rukia deu o sinal para falarem.
- Egito, México, Canadá, África do Sul... – os dois falaram juntos, em seguida pararam e se olharam - ...China, Brasil. – completaram –
- Eu venci. – Byakuya falou sorrindo –
- Droga. – Rukia murmurou insatisfeita –
Como assim? Que foi? Onde? Como ele venceu? Quando que ele venceu? Como eles fazem isso? Eu to endoidando? Eles são desse planeta? Ahhhh, minha cabeça ta doendo. E mais uma pergunta? COMO ELE VENCEU?
- Vamos tentar o outro jogo? – ela falou –

Ele concordou e em seguida os dois colocaram as mãos esquerdas a frente deles, então percebi que eles estavam jogando “jokenpo”. Eles balançavam as mãos pra cima e pra baixo, mas sempre colocavam símbolos iguais, papel, pedra, tesoura, e continuavam a por de maneira igual, mas até nisso?
Os dois riram e desistiram de fazer aquilo.
- É completamente sem-graça jogar contra você. – Rukia falou –
- Ta falando só sobre esse jogo ou ta falando também do jogo de futebol que sempre ganho? – ele falou divertido –
- Você sempre fica com o melhor time. – ela resmungou – E quando eu jogo com a Itália sempre te venço.
- E quando eu jogo com o Brasil sempre venço a Itália que você diz sempre vencer com ela. – ele falou debochado –
- O time do Brasil ta exagerado, até parece que eles são tão bons...
- A culpa não é dos fabricantes nem minha se você é ruim. – ele avacalhou rindo –
- Eu não sou ruim, se eu fosse ruim não te ganhava sem esforço no jogo “Devil May Cry”.
- Esse não conta. – Byakuya comentou amargurado – Aquele personagem de cabelo branco só solta os melhores ataques quando é você que ta controlando ele, comigo a única coisa que ele faz é pular...deve ser praga sua.
- O personagem se chama Dante...
Byakuya revirou os olhos.
- E é você que não sabe controlar ele. – ela falou gargalhando – Você é tão ruim que as vezes mata a si mesmo com a espada dele.
- Pra que uma espada daquele tamanho? Ele tava querendo a morte mesmo.
Os dois continuaram a rir e eu dei um passo para trás, eu estava assombrado, essa era a primeira vez que eu via Byakuya agir daquela forma, ele estava rindo, fazendo piadas, conversando descontraído e ele...joga futebol do Play 3?

Eu acabei de perceber por que Rukia nunca se surpreendia quando Byakuya mudava um pouquinho sua maneira de agir na frente dos outros, ou quando ele sorria por poucos segundos. Ela não se surpreendia...por que estava acostumada com isso, Byakuya era uma pessoa completamente diferente quando estava somente com Rukia, por isso ele sorrir não era nada anormal pra ela. 
Eu os olhei uma última vez e sorri levemente, agora entendo por que ambos se amam tanto, eles compartilham coisas que ficam restritos somente a eles dois, eles conseguem ter uma ligação mais forte que qualquer uma, agora finalmente entendo...o motivo deles não conseguirem jogar “jokenpo”, não há como. Eu recuei e resolvi voltar ao primeiro andar, um momento de irmãos...é algo que não deve ser interrompido.