Senpai Wa Banchou Ka?! escrita por Yukino Okami


Capítulo 8
Capítulo 7 - Frente a frente com o inimigo!


Notas iniciais do capítulo

A estória continua narrada pela Yuuki, só pra lembrá-los. E espero que me perdoem por todo esse tempo sem postar D=
Espero que esteja bom..Aproveitem a leitura >-



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 Bati com a mão a roupa de Shiro, já empoeirada dos tropeços que tomou, fugindo de Minato. Seu rosto sempre ficava vermelho facilmente. O destino lhe havia pregado a peça de fazer albino um menino tão bobo, inocente e desastrado como ele.

Imagino que tipo de pensamentos lhe correm na mente agora, que sabe que o objetivo da nossa “gangue” é na verdade encontrar uma organização tão perigosa quanto a Yakuza, e que Minato Yuu, a quem ele sempre se referiu com palavras no masculino, na verdade é uma garota, e provavelmente a primeira que ele viu se trocando.

Enfim, adentramos o cassino com nossas identidades falsas.

O lugar era iluminado apenas pelas luzes das máquinas e algumas lampadas fracas, porém elegantes, postadas em lugares estratégicos e sobre o bar que havia ao lado direito, pouco depois da entrada do salão extenso. O ar era coberto pela fumaça dos cigarros e charutos dos jogadores, todos bem vestidos, gastando o tempo e dinheiro que têm de sobra, nesses jogos viciantes. O barulho incessante das máquinas e dados rolando sobre as mesas me irritava um pouco. O único som ali que era agradável aos meus ouvidos era o das bolinhas de sinuca batendo umas contra as outras e entrando nas caçapas.

Sentamos eu e Takeshi, um de frente para o outro, em uma das mesas redondas pouco afastadas do bar. Eu continuava a ouvir aqueles barulhos, e os burburinhos... Ah, todas aquelas pessoas exibidas, mulheres promíscua e cheias de joias reluzentes. Não sei se você poderia imaginar que tipo de sensação isso dava à uma garota pobre como eu, que estava ali por um acaso, procurando por algo que nem sabe como perdeu. Me perguntando se eu teria tido uma vida de fartura assim, antes de não lembrar de mais nada.

O garçom serviu nossas taças com um vinho tinto, doce, como eu gostava de tomar em oportunidades únicas como essa. Takeshi já conhecia meus gostos depois de algumas missões juntos.

Ele me observava com um sorriso terno, o rosto apoiado na mão esquerda, enquanto a direita girava cuidadosamente o vinho na taça. Queria mesmo saber se isso era só uma mania de gente rica ou se alterava algo no gosto ou no cheiro do vinho.

- Que tanto olha, cavalheiro? - Respondi delicada e refinada como uma lady. No fim das contas, me encantava interpretar todos os tipos de papeis.

- Gosto do seu olhar distraído. Parece estar sempre aqui, mas ao mesmo tempo sempre lá...

- Você já foi melhor em suas filosofias e poesias. - Sorri para ele.

- Não estou filosofando...Quem dirá poetizando. Eu apenas quis dizer que você está sempre presente, ao mesmo tempo que está sempre com os pensamentos em outro lugar. Provavelmente...

- Tudo bem, eu entendi. - Fi-lo parar por ali, perdendo um pouco a suavidade na fala.

Rapaz confuso... Eu realmente não consigo entendê-lo.

Mas esse é um jogo de paciência. Eu já havia avistado o nosso alvo, bem como Takeshi o descrevera: era um sujeito baixo, pela casa dos 60 anos, eu estimava. Rechonchudo, mas não muito gordo. Andava o tempo todo cumprimentando mulheres bonitas e pessoas de aparência importante com seu charuto sempre na boca.

Eu queria acabar logo com isso e ir embora daquele lugar, mas precisava esperar por um momento em que a presa estivesse sozinha, vulnerável e desprevenida. Essa batalha não seria como a ultima, a batalha com Midori...

Naquele dia eu estava tranquilamente sentada sobre o batente da janela, tomando o ultimo gole da minha latinha de refrigerante, quando senti uma mão gelada sobre meus lábios e um sussurro no meu ouvido.

- Vamos sair em silêncio dessa vez, Yuuki? - Era a voz dela. Havia me pego de surpresa, e me puxado bruscamente para fora ao terminar a frase, fazendo com que eu derrubasse a latinha no chão.

Os cacos de vidro presos à janela quebrada rasgaram um pedaço do meu uniforme, mas eu não me deixaria ser levada para fora tão facilmente. Me impulsionei de volta para dentro, segurando o braço e a mão dela que me impedia de falar, usando o impulso para trazê-la junto para dentro do quarto.

Eu sempre fui a mais forte, só perdia as lutas por ela ser mais habilidosa. Afinal, força bruta não é tudo em uma batalha.

Meu uniforme havia rasgado agora na manga, e como não se pode ter a mesma sorte duas vezes, nessa vez eu havia me cortado, e esse corte recém-aberto ardia um pouco, pingando algumas gotas de sangue no piso de madeira. Todavia, aquele pequeno ardor não era nada que eu já não estivesse acostumada a sentir.

Dei um sorriso forçado.

- Meu uniforme era novo.

- Hunf. - Ela deu um sorrisinho de “como se eu me importasse”, batendo a poeira da roupa. Um pedaço do sobretudo preto dela havia sido rasgado também.

- Você devia limpar esse quarto de vez em quando... E concertar essa janela.

- Da próxima vez avise que fará uma visita e eu arrumo o quarto para você, madame. - Respondi com ironia.

O bate papo já me cansava, e percebendo isso ela recolocara ao rosto aquele sorriso malicioso.

Irritada com a visita repentina que estragara a calmaria do meio da noite, o uniforme rasgado, o corte que ardia no meu braço e os insultos à minha “casa”, juntei a latinha vazia do chão, fitando-a com um olhar que mostrava meus sentimentos naquele momento.

- Já lhe disse que odeio ser incomodada nesse horário, não disse?

- Hm... Talvez. - Ela sorria, sem medo.

Com o intuito de distrair minha rival, atirei a latinha em direção a ela, avançando logo em seguida, o punho cerrado e preparado para um golpe fulminante.

Mas como já era de se esperar das habilidades de Himoto Midori, obviamente ela interceptou o curso da latinha sem muitas dificuldades e ainda conseguiu, mesmo que por pouco, esquivar o meu soco sem fazer um movimento muito grande.

A surpresa de quase ter sido atingida não demorou a passar e logo ela já me olhava com aqueles vívidos e maliciosos olhos verdes, confiante.

Tentei um segundo golpe, que no fim das contas foi um movimento imprudente e mal calculado. Ela segurou a minha mão e contra-atacou com um chute no estômago, que por mais que eu tivesse tentado, não conseguiria esquivar totalmente, pela velocidade e por ela ter me segurado pela mão. Essa tentativa de evasiva pelo menos me salvou de não ser derrubada no chão por um único golpe.

Entretanto, fiquei vulnerável depois desse chute, não pude evitar curvar-me para frente levando as mãos ao local da dor. E ela nem deu a chance de recuperar, me puxou pelo colarinho e empurrou-me contra a parede.

- Continua imprudente como sempre, Yuuki...

- Acontece que não tive quem me ensinasse a lutar como você luta, nem a pensar como você pensa. - Lhe contestei.

- Desculpas, desculpas... É isso que as pessoas fracas fazem, Yuuki, se escondem atrás das desculpas. Escondem seus medos atrás das desculpas.Não querem parecer fracas, mas ao mesmo tempo..--

- Talvez eu não faça jus ao meu nome. - A interrompi antes que pudesse completar seu raciocínio. A cabeça baixa fitando o chão, minha franja caia sobre o rosto escondendo meu olhar, enquanto sorria para distrair minha angustia.

Ela me encarava intensamente, esperando que eu a compreendesse.

- Eu não vou voltar atrás... - Após alguns segundos de silencio lhe disse o que esperava ouvir, ou melhor, o que esperava não ouvir.

- Tsc...

A paciência de Midori se esgotou, ela parecia ao mesmo tempo furiosa e decepcionada. Me puxou pela gola da blusa e me acertou um golpe na nuca. Naquele momento nem se quer tinha motivação para esquivar ou defender, apenas me deixei levar, e apaguei.

A verdade foi que ela me venceu com os argumentos. Mas não me adiantaria muito resistir.

- Yuuki. Odeio ter que tirá-la de seus pensamentos profundos, mas parece que o nosso alvo está se movendo a um lugar favorável.

- Obrigada por me lembrar, sr. Yamada. - Mantive a pose, chamando-o pelo nome falso como se nada estivesse ocorrendo. Me levantei com um sorriso falso, porém convincente e caminhei em direção ao nosso alvo, que entrava no banheiro masculino.

Essa era a parte das missões de infiltração que mais me desagradava.

Fiquei próximo a aquela área como se observasse os jogos, e me dava náuseas como me olhavam de cima a baixo aqueles cafajestes que se mostravam com suas técnicas de jogatina. Desde os mais novos aos mais velhos, dos feios aos belos, todos os homens naquele local pareciam cães famintos procurando a carne mais suculenta do pedaço para agarrá-la. Mas não era mais que minha culpa, vestida daquela maneira, só podia chamar atenção deles.

Foi quando meus ouvidos atentos conseguiram distinguir passos de sapatos sociais vindo do banheiro masculino. Era ele e essa era a hora da parte mais incerta do plano ser colocada em ação. O nervosismo que tomava conta de mim fazia com que os passos parecessem mais altos sobre aqueles barulhos de máquinas, dados e sinuca. Me pus a ir em direção ao banheiro feminino que ficava logo ao lado, caminhando em passos lentos, de propósito para que me visse.

Não era ele. Voltei a andar mais um pouco pelo local como quem não quer nada. Takeshi me observava de longe.

Quando me virei de novo em direção ao banheiro era ele que vinha de lá. Engoli minha expressão de surpresa e medo e respirei fundo. “Encorporar a personagem, encorporar a personagem...” Me pus a caminhar em direção ao banheiro novamente, e ao passar por ele, lhe lancei um olhar sugestivo que o convidava.

Passando pelo corredor entrei ao banheiro feminino. Era bem limpo e espaçoso. Me aproximei do grande espelho em frente as pias e arrumava os cabelos da peruca como se fossem meus, quando avistei a imagem daquele velho desprezível me olhando de cima a baixo, encostado na parede atrás de mim. Respirei fundo e disse calmamente.

- Sabe que esse não é lugar para cavalheiros, não sabe, sr...

- Yamaguchi. - Completou minha frase, se apresentando - Desculpe incomodá-la em um local como esses srta, mas não pude perder esse chance de – ele pigarreou. - ...Conversar com uma moça tão bela quanto você.

- Poderia ter esperado do lado de fora. - Mal havia começado e eu já estava prestes a perder a paciência.

- Não queria que me escapasse um pássaro tão belo. Nunca a vi por essas bandas, por acaso é estrangeira?

Escapar? O que ele está pensando?” Me questionava em pensamentos. Quase hesitei em responder isso, meu nervosismo tornava a tomar o lugar da minha raiva.

- Cheguei a pouco da Inglaterra e me disseram que havia um ótimo cassino nessa cidade.-Acrescentei um sotaque sutil na minha fala.

- Ah, eu compreendo perfeitamente... - Ele se aproximava de mim em passos lentos com um sorriso tão desprezível quanto ele.

- Me desculpe, sr. Yamaguchi. Sinto que devo ir agora. - O medo tomava conta de mim e já me impedia de raciocinar bem em uma situação como aquelas. Não importava quantas pessoas eu tivesse enfrentado, nunca estive tão perto de um Yakuza como estou agora. Não sabia, e nem desejava saber o que poderia me acontecer. Me apressei para sair daquele local onde só estávamos eu e ele. Eu estava em desvantagem ali.

Ele se pôs na minha frente.

- Pra que a pressa? Você mesma disse que chegou recentemente da Inglaterra. Permita-me que eu lhe apresente o que o Japão tem de melhor. - Ele avançava em passos lentos na minha direção, e a única coisa que eu poderia fazer era recuar e recuar. Até encostar contra uma parede. Beco sem saída pra mim. Droga, eu estava estragando todo o plano!

Ele encostou o corpo robusto contra o meu e segurou meu queixo, me obrigando a olhar em seus olhos enquanto sorria maliciosamente. Eu me sentia como se não pudesse me mover, ele subiu a outra mão pela minha coxa, na abertura lateral do vestido vermelho. Ele reparou, sabia que não devia ter colocado aquilo ali...Estou acabada!


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Notas finais do capítulo

Agradecimentos especiais a Dan Serruya, que me ajuda a revisar os capítulos pra minha falta de aulas de Português 8D



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