Caminhar com 3 livros de Latim não era bem a idéia de exercícios da jovem Lucrecia Sanchez. Desde a sua entrada na faculdade de Letras, a menina latina andava se perguntando se essa era a verdadeira vocação. Nunca se interessou por Língua Estrangeira, mas por insistência do pai arqueólogo aposentado, acabou por ceder.

Seus passos estavam bem apressados, os pensamentos voavam para longe. Tudo que a jovem queria era chegar em casa, jogar os livros na mesa, deitar na cama e ler seus livros de ficção, contendo aventuras extraordinárias, grandes procuras,personagens fabulosos e um enredo capaz de fixar o leitor por dias e semanas. No entanto, aquele dia não era para começar assim...

Olhou o céu encoberto de nuvens e sentiu aquele frio na nuca. Sabia de uma coisa: maus presságios.

Mas o que aconteceria de tão terrível?

Ao deixar os livros sobre a mesa, a garota viu um envelope branco, selado com um símbolo de um leão com as cores da bandeira italiana: era o brasão da família Tizianno.

Abriu o envelope e de dentro veio uma página de caderno totalmente rabiscada e um objeto. Mais propensamente um medalhão banhado em ouro e quebrado ao meio. Olhou bem para o medalhão tão brilhante. Uma relíquia pensou a menina. Depois leu a carta escrita em espanhol.

Os primeiros parágrafos deixaram- na apreensiva e depois veio o choro desesperado.

Seu mau pressentimento era verdadeiro. Seus pais foram seqüestrados. E na carta havia dois pedidos. Ambos para se cumprir na América. O problema era como ir aos Estados Unidos sem despertar atenção de possíveis perseguidores?

Andou por toda casa e depois subiu as escadas. Esse hábito era um exercício mental para Lucrecia. Um hábito estranho, mas eficiente.

Tomou uma decisão rápida. Levara apenas cinco minutos para tudo preparado. Levando apenas uma mochila cinzenta, ela trancou a porta e seguiu até a Rua Siqueira Campos, onde vive o irmão do seu pai, Francisco Sanchez.

- Tem certeza que vai sozinha?—Perguntou o tio, muito preocupado.

- Tenho sim. Mesmo se contar as autoridades, não há muitas probabilidades dos meus pais saírem vivos dessa armadilha. Por favor, tio. Você que é piloto de avião da Brazil Airplanes Board. Por favor, me faça embarcar para América.

Francisco é piloto a 15 anos da companhia de aviões citada por Lucrecia. O medo dele era se descobrir que a sobrinha não tinha ainda vinte anos para viajar sozinha, segundo as leis brasileiras.

- Se está preocupado com a rigidez da lei, não se preocupe, tio. Tenho um plano.

Mesmo com receios, Francisco decidiu ajudar a sobrinha. Independendo do que ia acontecer, tudo era possível.

Enquanto isso na base central soviética instalada na Cidade do México, 14h

Todos trabalhavam incansavelmente e falando muito em sua língua européia. Os soldados discutiam sobre algo e olhavam o mapa apontando para... Grécia.

No quarto, Antonio e Jana estavam amarrados na cadeira e com seus olhares muito pesados e tristes. E também exaustos da viagem que fizeram. Era difícil abandonar a terra sulista de uma hora para outra, apenas para encontrar um místico medalhão.

Suspirando pesadamente, Antonio voltou a lembrar da escavação de Roma, Itália.

Aquele era seu último trabalho como arqueólogo.

- Toni, o que está pensando?—perguntou sua esposa Jana ao notar a distração do marido.

- Em tudo. – Depois fitou o teto do quarto e continuou sua resposta. – Como me arrependo de ter guardado aquele medalhão. Se tivesse dado a Henry, ele saberia como proteger de pessoas gananciosas.

- Tenha calma, marido. Você não sabia da situação que ia dar. Vamos rezar para nossa filha conseguir ajuda com Henry.

- Eu espero mesmo.

Mais uma vez o silêncio tomou conta. Antonio mais uma vez voltou com os pensamentos na escavação. Enquanto os russos não agiam, o bibliotecário trabalhava numa forma de escapar do covil soviético e ainda proteger sua filha do perigo.

"Lucrecia, cuide-se!"

Continua...