O Vampiro por Trás da Lenda escrita por Countess Dracula
Notas iniciais do capítulo
Resposta ao desafio de "Lorde Holmwood", da nossa 'sociedade secreta'. Agora nem mais tão secreta assim.=P
Torcendo imensamente para vencer esse desafio.
E lá estava nosso pobre, caham, rico príncipe, em seu castelo às margens do rio Arges esperando a visita de um membro de uma dessas sociedades que estudam as lendas vampíricas, que viria esclarecer algumas dúvidas e traçar seu perfil. Sim, pra variar, é noite e dá para se ouvir os uivos das “crianças da noite” ao longe. Quando finalmente a moça chega ao castelo, Drácula, que finalmente tinha contratado um cocheiro, vai atender a porta.
A moça era realmente bonita. Ruiva e de olhos claros, mas sem sardas. Ele obviamente, tinha-se alimentado, então estava com sua aparência jovem.
— O senhor é o conde Drácula? – perguntou ela, cautelosamente.
— Príncipe! Príncipe Vlad! – e estendeu a mão para ela. - Mas pode me chamar de Drácula. E você deve ser Elizabeth, presumo?
— Sim, senhor... Quero dizer, Drácula. Mas pode me chamar de Lizzie.
—Entre, seja bem vinda Lizzie e me deixe um pouco de sua felicidade.
Ele a conduziu para a sala de jantar.
— Deve estar com fome, presumo. Sinto não poder acompanhá-la, mas é que já jantei.
Enquanto ele sorri de uma forma assustadora, ela senta-se, tentando não demonstrar o medo que sentiu. Serviu-se com a comida tentando não tremer.
— Aceita um copo?
O homem à sua frente enche seu copo com vinho tinto e para a sua surpresa, enche para ele mesmo um copo com uma bebida verde.
— Mas... Sempre pensei que o senhor não bebia...
— Vinho! – Ele completou sorrindo cinicamente - Mas nunca falei nada de absinto, minha cara. Como deve saber, absinto é o afrodisíaco do ego.
— Ah. – Foi tudo que ela conseguiu pensar como resposta. Sentia-se totalmente sem graça agora, já que obviamente ele queria rir da cara dela, mas se segurava.
— Talvez você queira um pouco do absinto ao invés do vinho.
Ela apenas concordou com a cabeça e ele continuou.
— A “fada verde” que vive no absinto quer a sua alma. Mas... Você está segura comigo.
E sorriu sedutoramente, fazendo-a finalmente sentir-se relaxada.
— E o senhor não quer minha alma? – Disparou sem pensar. Droga! Nem havia bebido e já estava falando besteiras!
— Não. Mas quem sabe ao final de nossa conversa eu não queira seu sangue?
Lizzie sentiu-se gelar e arregalou os olhos. O riso dele ecoou pelo cômodo assustando ainda mais a jovem, que sentiu um arrepio de medo lhe percorrer o corpo.
— E então... Você não tem perguntas para mim?
— Ah, sim... – Tomou um gole do absinto - Devo dizer primeiramente que é uma honra para eu estar aqui diante de uma lenda viva, quero dizer, morta-viva... Bom, o senhor entendeu!
—Sim, prossiga.
Drácula já estava ficando entediado. Odiava bajulações.
— Bom, em segundo, gostaria de saber se é verdade que o senhor não pode andar ao sol?
— Isso é mentira. Não leu o livro?
Lizzie sentiu as bochechas corarem.
—Sim, eu li. E notei que o senhor caminha durante o dia, mas nos filmes... Bom, próxima pergunta, então?
— Por favor. E se você me perguntar sobre alho, encerramos aqui.
— Que lugar o senhor prefere morder?
— É para eu apenas responder ou demonstrar?
— Responder, por favor.
Ela não ia admitir, mas que hiperventilou, hiperventilou.
— O pescoço.
E sorri, maliciosamente.
— Hã, por quê?
— Por causa da jugular, óbvio.
— Oh. Ok. O senhor acha que vale pena ser imortal e passar a existência sozinho?
— Sozinho? Como assim sozinho? Você sabe quantas noivas eu tenho?
— Três?
— Essas foram as que o Jonathan viu e o Van Helsing conseguiu matar, minha cara.
— Sua esposa suicidou-se mesmo?
— Sim. Jogou-se do alto da torre do castelo.
— E aí?
—Aí ela morreu pombas!** – Explodiu. Logo em seguida, recompondo-se:
— Nunca encontramos o corpo.
Foi o único momento até ali que ela vira Vlad ficar realmente sério. Uma lágrima de sangue escorreu por seu rosto.
—Mas quando eu a encontrar e acredite, eu vou, ela viverá novamente comigo. Nem que eu precise usar dos antigos conhecimentos de minha família para trazê-la de volta.
— Que seriam...?
— Os mesmo que foram utilizados para trazer algumas das mulheres mais belas e fortes de minha família, mas não falemos mais disso, sim?
— Próximo tópico, então. O que o senhor acha das adaptações da sua história?
— Detesto. Primeiro colocam alguém de cabelo emplastado usando uma capa. Oras, se todos sabem que comandei exércitos, porque me retratam usando capa de ópera? Segundo: Nunca tem um ator bonito me interpretando. Sem contar que eles têm cabelo curto! Como assim? Meu cabelo é comprido e cacheado, vê? Pelo menos o Bram Stoker soube me retratar corretamente. E do filme do Coppola eu até gostei, embora eu tenha ficado meio emo.
— Então é verdade que o senhor empalou a cruz e transformou-se no que é?
Os olhos de Lizzie praticamente brilhavam.
—Não! – ele parecia impaciente de novo. - Pensei que alguma coisa sobre mim você tivesse estudado!
Como ela permaneceu calada, ele prosseguiu:
— Eu fui excomungado. O que significa em minha religião que minha alma está perdida. Eu não poderei entrar nem no céu nem no inferno, serei obrigado a andar sobre a terra, como um vampiro. Por isso acredito que encontrarei minha amada.
—Porque ela também está condenada?
— Exato.
— E o que o senhor fez quando foi excomungado?
—Nada, eu já estava morto. Fui assassinado por meu irmão dentro da igreja. O interessante veio depois.
O sorriso dele cresceu no rosto, mostrando seus dentes afiados.
— O que aconteceu de tão interessante?
— Eu apareci para o “querido” padre Stephan e mostrei o que a excomunhão fez a mim: Obrigou-me a passar a eternidade completo e com uma força sem igual vagando pela terra! Quando a minha revoada de morcegos passou por sua igreja ele morreu literalmente de medo!
O sorriso sádico estava lá, cada vez maior.
— E o seu irmão?
—Ah, ele pagou com a vida.
O riso dele ecoou novamente pelo cômodo e ela sentiu aquela já familiar sensação de seu sangue parecer gelar nas veias. Tentou concentrar-se na pergunta seguinte e corou. Como perguntar isso e parecer profissional?
— O senhor, caham, -pigarreou- pode reproduzir-se?
— No sentido de transformar vampiros ou no sentido de “crescei-vos e multiplicai-vos”?’
—Nos dois.
— Sim. Para os dois.
—Então... Porque perguntou se...?
—Para vê-la ficar embaraçada, hahaha.
Lizzie apenas lançou-lhe um olhar mortal.
— Você realmente é adorável quando fica embaraçada.
Ela bem que tentou não sorrir para não perder a compostura. Aquela ultima frase não iria para o relatório, é claro. O que ela não sabia é que talvez ela não voltasse para a sua sociedade secreta. Talvez de estudante ela passasse a ser o objeto de estudo.
— Tem alguém que o senhor admire?
—Tem. Meu pai. Minha amada. Minha querida Carmilla. E Abraham Van Helsing.
Isso a surpreendeu.
—É sério?
—Claro. Ele foi o único que me enfrentou de igual para igual. Mas também teve que morrer.
Lá veio o riso sobrenatural mais uma vez.
— Qual a história de sua rivalidade com ele?
— Bom, ele tentou matar-me, logo tinha que morrer!Mas bem, nossa inimizade começou bem antes... Van Helsing é por assim dizer o descendente do padre Stephan.
—Do padre???
— Padres ortodoxos podem casar-se antes da ordenação.
—Oh.... Então a rixa vem daí?
—Oh, sim... Mas Van Helsing era muito melhor que padre Stephan. Mais inteligente, ao menos.
— Bom, por hoje é só. Agradeço imensamente a sua colaboração, foi uma noite extremamente agradável.
—Posso dizer o mesmo, minha cara. Gostaria de conhecer as dependências do castelo?
—É possível?
—Lógico. Não teria convidado se não fosse.
E estendeu o braço para Lizzie, galante. Eles subiram uma escada, que levava à torre onde Lídia se matara. Ficaram em silêncio observando o rio Hartishthe que serpenteava o castelo até que ela olhou-o nos olhos. Então ela viu, ou recordou de alguém que usava um vestido branco - ou seria uma antiga camisola?- jogando-se em direção aquele rio.
Por acaso... Era ela? “Porque ela parecia-se comigo?” perguntou-se Lizzie. Então se fez a luz na mente dela. Ela sorriu. Ele a mordeu, em seguida fez com que ela bebesse de seu sangue. Afinal ele esperou muito por isso: Viajou oceanos de tempo para reencontrá-la. E reza a lenda que os dois caminham juntos pelos bosques romenos até os dias de hoje, esperando o dia em que seu povo necessite deles novamente.
Fim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
** Essa frase foi idéia da minha amiga Lyn Hale Bass.
Acho que é a maior fic que eu já fiz. O que a gente não faz para tentar ganhar uma estaca de chocolate, hein? =P
Referencias à:
—>“Drácula de Bram Stoker” (o livro);
—>“Drácula de Bram Stoker” by Coppola;
—> “Carmilla” do Le Fanu,
—> Ao seriado “Dark Prince”, que fala sobre a vida do Vlad Tepes (e da lá eu tirei o padre Stephan, mas a idéia do Van Helsing ser descendente dele é minha!=P)
Nenhum deles me pertence, obviamente. Droga!
Rsrs