It Started Out As A Feeling escrita por Becky_Lovegood


Capítulo 7
Aslan's Camp




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Uma corneta soou alta, indicando a chegada de alguém. Vários campistas se preparavam para a batalha, tendas haviam sido montadas e armas eram afiadas ou até mesmo construídas. Muitos olhos se voltaram para observar os seis visitantes. Senhor e Senhora Castor caminhavam modestamente, os Reis observavam tudo com cuidado e Rebeca inclinava a cabeça para alguns seres. Os campistas tinham expressões parecidas. Olhavam para os Reis admirados, passavam os olhos rapidamente pelos Castores e retribuíam o cumprimento de Rebeca, observando ela com reconhecimento e profundo respeito.

As árvores pareciam notar essa chegada também. Moviam-se orgulhosamente, acariciando o ar. Lúcia observou com interesse e divertimento. Depois, acenou timidamente e continuou andando. Susana mantinha uma cara contrariada e Pedro sorriu para Rebeca, que observava sua irmã.

- Daqui a pouco ela esquece isso e volta a tentar se socializar. – ele sussurrou para ela e Rebeca riu.

Estavam andando pelo caminho que havia no meio das tendas quando todos os olhos agora estavam voltados para eles. Os três irmãos prestaram atenção nos campistas pela primeira vez. Eram seres e não pessoas. Minotauros, ursos, faunos, onças, centauros, anões. Criaturas de todo tipo.

- Eles não param de nos olhar. – Susana reclamou.

- Eles talvez achem você estranha. – Lúcia disse e Pedro soltou uma risada alta.

- Ei, venham por aqui... – Rebeca chamou e o grupo a seguiu.

Ela os levou até uma tenda principal, maior que todas as outras. Era vermelha com detalhes amarelos e no topo havia uma bandeira, com um leão desenhado. Eles chegaram à frente da entrada do local e aguardaram. Um centauro se aproximou e apenas inclinou brevemente a cabeça para Rebeca.

- Viemos ver Aslam... – a cavaleira foi interrompida por um movimento vindo da entrada da tenda.

No segundo seguinte os seres atrás do grupo recém-chegado estavam ajoelhados. Rebeca, o centauro e os Castores fizeram o mesmo, mas os Reis não perceberam e continuaram de pé. De dentro da tenda um leão surgiu. Era enorme, provavelmente o maior leão que poderia existir. Passava uma impressão de força e poder, com sua juba incrível e o pêlo impecável. Finalmente, os Pevensie se curvaram.

- Sejam bem vindos. Pedro, filho de Adão, e Susana e Lúcia, Filhas de Eva. Bem vinda, nobre Rebeca, Cavaleira de Nárnia. E sejam bem vindos, Castores. Agradeço a vocês. – ele dirigiu a palavra aos dois e a Rebeca – E onde está o quarto Pevensie?

O grupo se levantou, parecendo desapontado.

- Viemos até aqui por isso. Precisamos de sua ajuda. – Pedro explicou – Temos um problema que aconteceu pelo caminho. Nosso irmão foi capturado pela Feiticeira.

- Capturado? – o leão perguntou firmemente – Como aconteceu?

- Na verdade, Majestade... Ele os... Traiu... – Castor revelou.

- Traiu todo nós, então. – o centauro que os recebeu falou e um rugido baixo o interrompeu.

- Oreius, paz. Tenho certeza de que há uma explicação correta. – Aslam disse.

- A culpa foi mi-...

- Foi minha. – Pedro interrompeu Rebeca.

- Todos nós fomos severos demais com ele... – Susana completou.

- Mas... Temos que fazer alguma coisa, ele é nosso irmão, Senhor. – Lúcia falou baixinho.

- Sei disso, mas esse fato torna a traição pior ainda. O problema é mais difícil do que pensam. Mas ajudarei... – Aslam disse por fim.

Lúcia e Susana se abraçaram com essa notícia, mas Pedro ficou quieto. Afinal, seria difícil e ele ainda tinha que resolver como convenceria Susana a deixá-lo lutar, pois ele queria mesmo aquilo.

- Trago notícias das florestas, Majestade. – Rebeca anunciou.

- Venha até minha tenda. – Aslam gesticulou para que ela o seguisse, mas antes voltou-se para Oreius – Leve os Pevensie até a tenda deles para que se troquem, Rebeca estará  com eles num instante.

O centauro inclinou a cabeça, virou-se e os três irmãos o seguiram por entre as tendas.

***

Rebeca POV –

Observei o interior da tenda. Havia um bolo de almofadas no chão, uma pilha de livros e uma mesa cheia de mapas e estratégias de guerra.

- Fico tão feliz por vê-la, minha querida. – Aslam disse.

- Estou feliz em vê-lo também, Aslam. – respondi e abracei sua juba.

Aslam era bondoso com todos e tinha muitas pessoas próximas dele, mas você se sente especial com essa relação que ele tem com você. Ainda mais se você foi criada por ele como eu, você se sente exclusiva.

- Como está o velho Noel?

- Está ansioso para que o Natal chegue e ele possa sair alegrando Nárnia. – eu sorri – Mas agora eu devo informar-lhe das notícias. Tumnus foi capturado.

- Fiquei sabendo desse acontecimento. – ele respondeu e eu imaginei se ele me culpava – Mas isso não é um problema. Minha melhor cavaleira fez o melhor que pode e fico orgulhoso por isso.

- Obrigada, Aslam. – exclamei aliviada.

- Agora, peço que fique próxima dos Reis e tome conta deles. Convença-os a ficar e lutar.

Eu já estava saindo quando o Grande Leão se virou mais uma vez.

- E se me lembro bem, Noel estava te trazendo até aqui para pegar seu arco e suas flechas, certo?

- Sim, era por isso, mas parece que você e ele decidiram me surpreender e eu encontrei os Reis no meio do caminho. – falei com divertimento.

- Bem, achei uma boa forma de fazê-la se preocupar um pouco menos. – Aslam disse rindo – Tudo o que você precisar está na sua tenda, tudo bem? Agora vá, minha querida. 

Sorri para ele mais uma vez e deixei a tenda. Precisava encontrar os Pevensie e ajudar Pedro com Susana, mas antes era melhor eu pegar meu arco. Minha tenda ficava quase ao lado da de Aslam, assim como a tenda de Oreius. As duas eram um pouco maior que as outras, mas menores que a de Aslam. As tendas eram assim, pois nós somos os segundos no comando. Amarela, com detalhes em vermelho. Entrei nela e me senti em casa.

- Finalmente de volta ao lar. – murmurei.

O interior tinha mais mobília que a tenda de Aslam, porque claramente eu não era um leão. Uma mesa com mapas, um pequena estante com livros, três cadeiras confortáveis, uma cama de madeira arrumada com lençóis vermelhos e dourados, um guarda roupa de armas e um de roupas. Tudo perfeito. Observei os meus vestidos arrumados perfeitamente nos cabides e sorri. Eu amo usar vestidos, então desde pequena ganhava um do Papai Noel como presente de Natal. E mesmo eu sendo cavaleira e sempre lutando, Aslam me fazia usar vestidos, porque sabia que eu adorava. O mais engraçado era usá-los com bota, porque as botas eu só dispensava quando não estivesse me preparando para lutar.

Meu arco e minha aljava com flechas descansavam em cima da mesa e eu decidi deixá-los ali, acho que eu não precisaria deles por um tempo. Agora eu só precisava checar como os Reis estavam.

***

Uma cabeleira loira estava parada no ponto mais alto do Acampamento, onde geralmente Oreius ficava. A vista dali dava para todas as tendas e para o mar que ficava bem ao longe. Era também possível ver um castelo, em cima de uma falésia.

- Cair Paravel. – eu falei em voz alta, me aproximando – Quatro tronos existem lá, feitos para os Filhos de Adão e Filhas de Eva. É lá que você vai ser coroado como Grande Rei, se quer saber.

- E se eu não for quem vocês pensam? – Pedro revelou, com receio.

- Pedro Pevensie de Finchley, foi o que Aslam me disse. Castor me disse que você também queria transformá-lo num chapéu. Boa idéia, ele às vezes fica rabugento. – falei e Pedro riu junto comigo.

- Sabe, existe uma magia profunda, mais poderosa do que tudo, que governa Nárnia. Aslam me ensinou que ela separa o certo do errado e guia todos os destinos. O seu e o meu. – expliquei, pressentindo que eu teria que convencê-lo de novo a lutar.

- Mas eu nem pude proteger minha família! – ele protestou.

- Você os trouxe até aqui em segurança.

- Não, você fez isso. Toda vez que eu tentava ajudar, algo ia mal e você consertava tudo. Devia governar no meu lugar. E eu ainda não consegui trazer todos os meus irmãos para cá, Edmundo ficou para trás.

- A culpa não foi sua, não foi mesmo. – eu o assegurei.

Pedro ficou em silêncio por algum tempo, pensando em alguma coisa. Ele pareceu se lembrar de algo e então perguntou lentamente:

- Quando estávamos com Aslam, você ia dizer que a culpa era sua. Por quê? – ele olhou no fundo dos meus olhos – Você nem estava conosco quando Edmundo fugiu.

- Por isso mesmo. Eu deveria estar lá para impedir, mas eu não estava. Não cumpri meus deveres, que é proteger vocês. – abaixei minha cabeça, desapontada.     

- Ei, você cumpriu todos os seus deveres. E eu prometo que vou cumprir o meu, tudo bem? Eu te prometo que vou lutar. – Pedro disse e me abraçou.

E isso fez eu me sentir melhor. Pela primeira vez o assunto da batalha tinha surgido e ninguém estava tentando forçar Pedro a lutar, mas mesmo assim ele aceitou e prometeu estar lá por Nárnia. Nós nos separamos e ele sorriu.

- Então, me conte sua história. Quero saber cada detalhe sobre você. – Pedro falou e depois riu – Vamos começar pelo começo, tudo bem? Como conseguiu se esconder da Feiticeira por todos esses anos? Eu estou em Nárnia há pouco tempo e já quase fui capturado.

- É mais fácil do que parece, sabia? Depois dos centauros informarem Aslam sobre uma segunda profecia, ele encontrou minha família. Aslam os manteve nas montanhas narnianas e depois que eu nasci, fui treinada desde pequena para a batalha e meus pais se mudaram para a Arquelândia.

- Como seus pais se conheceram? – ele perguntou após algum tempo.

- Aslam permitia que a minha família fosse visitar narnianos que foram expulsos daqui. Em uma dessas visitas, meu pai e minha mãe se conheceram. Ela tinha seis anos e ele oito. Meu pai era um menino corajoso que morava em uma pequena casa na Arquelândia. – relembrei sentindo meu coração doer por falar nos dois.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu com eles. – Pedro disse me observando – Eles foram grandes pessoas. Mesmo não os conhecendo eu tenho certeza disso, porque se não fosse por eles eu não teria te conhecido.

- Obrigada... – eu disse sorrindo e um pouco corada – Por tudo...

- Não, eu é que devo agradecer, Ree. – Pedro pausou rapidamente antes de falar a última palavra e eu sorri quando a ouvi.

- Esse é meu apelido favorito, sabe? – comentei sem perceber o que eu estava dizendo.

- Então vou te chamar assim se você não me chamar mais de Grande Rei ou de Rei Pedro, tudo bem? – assenti e ele também sorriu.

De repente eu escutei o som de uma corneta, um som igualzinho ao da corneta que o Noel deu para Susana. Pedro lançou-me um olhar significativo antes de eu sair correndo sendo seguida por ele.

Lúcia e Susana estavam perto de um riacho corrente no meio das árvores. Os lobos da Feiticeira cercando as duas, que se protegiam em cima de uma árvore. Reconheci o animal maior.

- Teve muita audácia em vir até aqui, Maugrim. – desembainhei minha espada.

- Menina tola, você é que tem muita audácia em me desafiar.

- Não só ela como eu. – Pedro apontou sua espada para o lobo.

- Jovem rapaz, sabemos que não tem coragem. – Maugrim provocou.

Ouvimos um rugido e Aslam apareceu, junto com Oreius e alguns cavaleiros. Um dos lobos estava no chão e não conseguia se mover, pois as garras de Aslam o seguravam. Oreius investiu contra Maugrim.

- Guardem suas armas, Pedro é o dono desta batalha. – Aslam disse.

Abaixei minha espada e Pedro me observou com receio. Eu apenas assenti com a cabeça na direção de Maugrim.

- Pensa que é um herói, não é? Saiba que se você for alguma coisa, tem menos capacidade ainda do que essa menina tola. – o lobo lançou-me um olhar – Observe, enquanto seu Rei morre.

Maugrim avançou na direção de Pedro e eu levantei minha espada. Tarde demais, o lobo já havia pulado em cima dele e pelo que parece, em cima da espada dele. Susana e Lúcia pularam da árvore e tentaram chegar até o irmão. Eu apenas larguei minha espada e corri até ele. Ajudei Pedro a empurrar o corpo do animal e ele o observou antes de me abraçar. Nós nos levantamos e Susana e Lúcia o abraçaram também. Aslam tirou suas garras do outro lobo, que saiu correndo.

- Sigam ele, vai levá-los até Edmundo. – o leão informou. Oreius entrou na floresta seguido por alguns cavaleiros e eu já estava indo junto – Você fica, vou precisar de você aqui.

- Agora, Pedro. Limpe sua espada e venha até aqui. – Aslam prosseguiu.

Pedro foi até o riacho e fez o que o leão mandou. Eu entreguei-lhe um pano para que secasse a arma. Então ele se ajoelhou e Aslam disse.

- Levante-se. Sir Pedro, Terror dos Lobos, Cavaleiro de Nárnia.

Pedro lançou-me um sorriso ao ouvir essas palavras. Então Aslam nos observou e saiu silenciosamente.

- Parabéns, colega. – falei e Pedro arqueou as sobrancelhas – Agora você é um cavaleiro, assim como eu, então somos colegas.

- Colegas... Gosto disso. – ele falou com um sorriso sincero.

- Acho que vou deixá-los sozinhos. Vamos, Lúcia. – Susana disse e puxou a menor – Ah! E, Rebeca, temos que conversar mais tarde.

Ela piscou para mim e Pedro riu.

- Eu não quero nem saber o que ela vai falar.

Rimos juntos antes de voltarmos para o meio das tendas, esperando para saber quando Edmundo voltaria.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAH, chegou o capítulo! Eu demorei, demorei, demorei e demorei! Desculpem! Agora vocês podem me matar, ok? Mas primeiro me falem, amaram ou odiaram? Não demoro pra postar agora, tudo bem? Eu prometo! E se eu demorar, vocês me matam, tá? Beijos, amo vocês, tchau!



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