Matt/POV

Hoje era uma bela manhã de sábado, daquelas em que você fica fazendo nada e é muito feliz por isso. Daquelas manhãs em que tem um monte de tio mais caipira que você na sua casa e que fica tocando violão e cantarolando pela casa, embora todo mundo esteja fazendo nada/ em frente à TV/ tocando o maldito do violão - que eu também toco, então é no bom sentido - / fazendo nada mesmo. E eu era o cara em frente à TV. Daí, sempre tem o chato destruidor de manhãs de sábado legais e profundamente monótonas chamado O - Cara - que - toca -a - campainha. Nessa manhã, não foi diferente.

Desculpem a minha brisa, mas tá no final da tarde do tal do sábado e eu ainda não tenho nada pra fazer, portanto, do parágrafo aí de cima, leia-se estava no sofá assistindo TV e a campainha tocou. E eu não gostei. Ok?

Continuando. Esperei pra ver se ninguém ia atender por mim, mas eu era o ser humano mais perto da porta - o meu gato Teco estava enconstado na porta, mas infelizmente não poderia atendê-la pra mim. Ninguém atendeu, como já era de se esperar, então lá fui eu me arrastando e rezando pra ser apenas o carteiro, não alguém que queira entrar pra eu ter que fazer sala.

- Olá. - disse, lembrando-me da minha provável cara de sono, dos cabelos que eu não penteei hoje e da roupa que era nada mais, nada menos que um pijama listado - e esperando que a pessoa por um milagre de São Judas não reparasse nisso. E abrindo a porta.

- Matt?!? - ainda não tinha olhado pra cara da pessoa que batia à minha porta. Depois, me arrependi de ser olhado: era a Karynna.

- Oi. A que veio?

- Pra conversar sobre a nossa relação.

- Discutir relação, filha? Agora? Aliás, que relação? Mané relação! A gente não tem relação nenhuma! Nunca tive relação com você. Afinal de contas, de que raio de relação você tá falando? - disse, notando que ela me observava com os olhos arregalados.

- Eu tenho meus informantes e sei que você já gostou de mim. - ela alegou, colocando as mãos na cintura e fazendo cara de metida.

- Vou repetir de novo: QUE DIABO DE RELAÇÃO?!? Eu já gostei de você e´também já desgostei. Ninguém mais gosta de você aqui, não, minha jovem, dá pra dar o fora?

- Você tá falando igual ao avô da Lovegood!

- É a convivência. Tchau. - bati a porta na cara dela.

Dei exatamente dois passos em direção ao sofá, até ouvir batidas insistentes na porta - eu diria uma surra na coitada da porta - e tive que voltar pra abrí-la novamente.

- Que que é?

- Deixa. Eu. Entrar!!! - ela disse, tendo chilique. Enfim, mesmo que a contra gosto, sedi e a deixei entrar pela porta espancada.

- Senta aí.- disse, indicando o sofá - Quer água?

- Quero.

- Vai pegar.

- Hã?!?

- Você sabe onde é a cozinha. - revidei, fazendo- a bufar, revirar os olhos e desistir da água.

- Como eu ia dizendo...

Meu tio deu o ilustre ar da graça, com o violão debaixo do braço, começando a cantarolar ridiculamente:

- Seja Benvinda, ó, ser vivo, à nossa casa, seja benvinda... - e ele também fazia dancinha holandesa.

Karynna começou a gritar, ficar vermelha e saiu correndo de casa, batendo a porta com estrondo atrás de si.

Jenna/POV

Nessa manhã tão monótona de sábado, resolvi sair com a Blair, andar por aí, simplesmente pra ficar batendo papo e não ficar com tanto tédio. Não chamei o Matt porque queria conversar livremente com a Blair - sacomé, assunto de menina que garoto não suporta e fica na brisa/tédio. Mas, depois de uns quinze minutos andando, a gente foi passar justamente em frente à casa dele. E por mais incrível que pareça, dei de cara com a Karynna na porta da cara dele. Pior. Dei de cara com a Karynna na porta da casa dele, beijando - o. Aparentemente à força, mas nunca se sabe, afinal ele já gostou dela...

Fiquei surpresa com a minha reação e a da Blair...Eu passei direto, como se nada estivesse acontecendo, pretendia falar com o Matt depois e...bem, eu sei que a Karynna não tem jeito! Mas a Blair....A Blair saiu correndo em direção aos dois, foi logo gritando, separando-os e...dando chilique.

Definitivamente, dando chilique! Não entendi...Ok, é o rolo da melhor amiga dela, ou melhor, é o namorado da melhor amiga dela, mas se nem a tal da melhor amiga resolveu protestar...! A não ser que...

Será?!?

Nãão. Não é possível que a Blair...esteja gostando do....DELE?! Omg...

Sabe o que eu vou fazer? Café pro meu avô! Ganho mais do que ficar pensando sobre isso e...supondo coisas estranhas e meio inaceitáveis....É...isso...café... * Jenna em desespero*

BLAIR/POV

O que foi que me deu?

Tá. A Jen deve estar pensando que eu no máximo quis proteger o rolo da minha melhor amiga. Nada com que se preocupar agora! Mas é que....pensar no Matt enquanto eu vou dormir, quando eu acordo, quando vou escovar os dentes, quando vou pensar na roupa pra usar no dia seguinte, enfim, pensar nele 24 horas por dia está me deixando doida!

JOSÉ CARLOS (AVÔ DA JEN)/POV

Ai, ai, viu? A minha netinha me fez café e, enquanto eu bebia, ela resolveu desabafar comigo. Contou-me absolutamente tudo, não escondeu nem a joaninha que estava na parede da casa do Matt - pensando bem, acho que de joaninha ela não me disse nada....

Resolvi aconselhá-la, afinal, é pra isso que avôs com a perna quebrada servem, além de ficar jogando dominó sozinhos pra tentar acabar com a monotonia - ganhei de mim duas vezes!

No que ela terminou de falar, lembrei do dia em que a peste da Karynna, quando tinha três anos de idade, resolveu brincar de cavalinho com o meu poodle toy. Coitado! Ainda bem que eu o puxei para o meu colo antes dela começar a brincar. Mas aquele bichinho era saudável mesmo....faleceu com 23 anos!

Resolvi aconselhá-la.

- Olha, minha filha, tente fazer com que a Karynna se interesse por outras pessoas, outras cidades, planetas, galáxias. Mas não uma galáxia que tenha poodles toys, tá? - ela franziu o cenho. Precisamos conversar mais durante o leite com sushi! Não acredito que ela ainda não sabia do meu poodle toy. - A respeito da sua amiguinha - ela fez cara de dúvida quando disse " amiguinha" - , você ainda não precisa mandá-la a outra galáxia, se fosse fazer isso, poderia ter poodle toy, ok? Mas não precisa ainda. Converse com ela e esclareça tudo. Está bem assim?

Ela acentiu com a cabeça, agradeceu meus conselhos e foi para o quarto. Bons tempos quando essas meninas queriam apenas brincar de bonecas, andar de bicicleta e chegar com joelhos ralados em casa!

JENNA/POV

Esse meu avô, viu?! Mas eu entendi o que ele quis dizer! Embora, agora eu ache que a Karynna não me representa nenhum perigo. Mas vou conversar com a Blair! Não quero que nossa amizade sofra nenhum abalo, principalmente por causa de um menino - mesmo que ele seja o Matt!

Beijinhos,

Jen-jen.