Snow Scene escrita por Leh-chan


Capítulo 1
Frio e Frieza


Notas iniciais do capítulo

"O inverno desse ano, com quem será que você vai passar e o que será que você vai fazer?
Pensar que só eu tenho este sentimento é angustiante.
A cena e o tempo sem nenhuma ação e nenhuma palavra...
Eu fiquei sem você."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/16191/chapter/1

:: Snow Scene ::


           
Era uma noite gelada. A neve, fria e inocentemente, cobria todo o lado externo do estúdio de fotografias, e o cenário alvo podia ser visto pelas janelas.

            Naquele momento, Reita e Ruki posavam para a fotógrafa; Kai e Aoi estavam sentados em volta de uma mesa redonda tomando chocolate quente enquanto Uruha observava os lençóis brandos de neve que cobriam toda a rua do outro lado do vidro. O lugar onde estavam era quase deserto, porém, muito belo.

            Havia, do lado de fora, um tipo de praça com as árvores branquinhas e uma clareira iluminada pela luz do luar. O guitarrista, vendo aquilo, sentiu um aperto no coração, sem motivo aparente. Resolveu então voltar seu olhar para os modelos loiros, especialmente para o menor deles.

            Passou os olhos lentamente por toda a figura estática de Takanori. Os cabelos, de um tom loiro levemente escuro estavam bem penteados, de forma que não ocultavam nenhum dos olhos ávidos e castanhos, que geralmente eram azuis ou verdes, mas no momento não tinham nenhum artifício para tal. A maquiagem em sua pele era leve e sutil, formando um conjunto natural, se comparado ao costumeiro visual pesado e chamativo próprio do vocalista. E Takashima achou-o perfeito desta maneira: já era tão lindo, para que tantas insídias desnecessárias?

            Foi perdido na visão que seus sentimentos começaram a vir à tona. Era fato que Kouyou simplesmente adorava Matsumoto. Que seu único desejo era poder terminar os ensaios, pegar Takanori pela mão e andar agarrado a ele até algum lugar aconchegante para aquecê-lo do frio, e dizer quanto o amava enquanto ouvia ser recíproco. Queria mexer naqueles cabelos macios e senti-lo amolecer ao seu simples toque. Mas nenhum de seus desejos era correspondido, e o amigo parecia nem ao menos notá-lo. Isso era frustrante para si, mas continuava em silêncio, por medo do que poderia vir a acontecer. Afinal, eles ainda tinham uma amizade legal e uma banda para zelar.

            Entretanto, negar a si mesmo não estava ajudando: ele amava Ruki, não podia mais continuar assim. Foi quando algumas ideias começaram a vir-lhe à mente que aconteceu: seus devaneios foram interrompidos por seu amado, que o sacudia suavemente.

            – Kou... ‘Tá acordado? – Kouyou assustou-se e sentiu seu rosto esquentar por causa do contato inesperado com o vocalista. Respondeu-lhe, quase num sussurro:

            – Hai... Taka-chan.

            Takanori sorriu. Uruha quase não teve forças para manter-se quieto, e se o menor não tivesse se afastado, provavelmente teria pulado em cima dele. Afastara-se apenas para pegar suas luvas, pois sentia frio: muito frio. Logo após calçá-las, aproximou-se novamente do guitarrista, com a finalidade de olhar a janela.

             – Como a noite está linda, ne, Shima...

            Takashima, a esta altura, estava muito vermelho. Vermelho? Já devia estar roxo! Sua sorte era que o pequeno estava muito distraído, e então se aproveitou dessa brecha para levantar-se e virar de costas.

            – Todos prontos? Precisamos deixar o estúdio livre. – Interferiu Reita. O maior de todos nem notara, mas a sessão de fotos havia acabado na hora que o Takanori fora falar com ele.

            – Eu e Kai ainda precisamos falar algo com a fotógrafa... – Respondeu Yuu.

            Kouyou não ia dizer nada, mas sentiu uma leve brisa em suas coxas expostas. Lembrou-se então que deveria por uma calça, pois o clima estava gelado ainda. Vestia-se com shorts curtos e pretos, presos por uma cinta-liga à um longo pedaço de tecido, mas era fino.

            – Eu preciso me trocar, Aki...

            – Certo. Então nós nos encontramos ali naquela pracinha, ok?

            Os três atrasados responderam em uníssono, como se fosse ensaiado, mas em tons e ânimos diferenciados:

            – Hai, Reita-sama! – E sorriram.

            Assim, cada um seguiu seu rumo: Aoi e Kai, Ruki e Reita... E Uruha ficou sozinho.

             Caminhou até o vestiário, onde começou a despir-se. Durante este ato, olhou-se num espelho que havia em sua cabine: parecia meio abatido, apesar da maquiagem. Seu coração batia pesadamente... Cada batida parecia fazer um eco enorme. Já não pensava com clareza, tudo parecia distante. Nem ao menos conseguia se concentrar no que estava fazendo, e resolveu que não poderia ficar assim. Parou tudo o que fazia e soltou um longo suspiro, sentando-se no chão, já quase nu. Passou as mãos nervosamente por entre os cabelos macios, enquanto tentava se acalmar.

            Chegou à conclusão de que, se já não estivesse completamente louco, estava muito próximo disso. E ele não podia enlouquecer assim. Então, o cérebro começou a trabalhar, chegando à conclusão mais lógica: ele tinha que se declarar.

            Precisava de uma abordagem discreta, afinal, nem ao menos sabia sobre a sexualidade do amigo. Pensou em “jogar um verde para colher maduro”. Talvez se dissesse que estava apaixonado por um amigo, mas que aquele amor era meio difícil por ambos serem homens... Talvez assim pudesse analisar a reação do loirinho. E se fosse positiva... Nem conseguia pensar no quão bom isso seria.

             Exultava com seu plano perfeito. Agora estava ansioso. Colocou as roupas quentes rapidamente, embolando, por último, um cachecol em seu pescoço e então saiu correndo como um raio pelos corredores desertos do estúdio, quase saltando de alegria.

           Em sua mente, já otimista demais, pensava na reação dele, na cara de alegria, em um beijo carinhoso depositado em seus lábios. Isso o motivava a correr cada vez mais rápido. Nem notou, mas estava sorrindo feito uma criança que corria para os braços da mãe.

            Logo ele alcançou a porta. Empurrou-a, sem parar sua corrida frenética. Finalmente pôde avistar os cabelos loiros de Takanori por entre os arbustos das várias árvores presentes na clareira banhada pela luz noturna que vira mais cedo. Achou o local bonito anteriormente, e agora parecia muito conveniente. Sorriu mais abertamente e prosseguiu com a corrida frenética.

            Olhou para trás e viu apenas suas pegadas na neve. Naquele momento começou a nevar e ele pode sentir alguns flocos tocarem seu corpo, que apesar do frio, não estava completamente coberto. Não se importava mais com isso àquela altura.

            Quando finalmente chegou, nem acreditava que estava ali, prestes a fazer o que ia fazer. Embrenhou-se rapidamente por entre as árvores, e no percurso atrapalhado, um galho raspou em sua face. Um pequeno corte surgiu, e dele, brotava um filete de sangue vermelho contrastando com sua pele alva. Apesar disso, não parou. Correu de encontro ao amado, e ao encontro de uma cena inesperada.

             No ambiente branco tão lindo, Ruki estava adoravelmente aconchegado nos braços de Reita, trocando um beijo intenso com o mesmo. E o menor não parecia lutar contra aquilo, ao contrário: acariciava os cabelos do amante, e com a outra mão o prendia pela cintura.

            As lágrimas brotaram involuntariamente e aos montes no semblante totalmente arrebatado de Kouyou. Caiu de joelhos, gerando um baque oco nos montes brancos. Nem ao menos fora notado... O beijo parecia nunca terminar, e então criou coragem para finalmente levantar e correr, pranteando copiosamente e deixando para trás seu amado, o amante dele, a luz do luar e suas pegadas tremidas no cenário de neve.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Eu amo finais felizes, 'tá? Não resisto!
Eu estava SOFRENDO na aula de química. Alguém tinha que sofrer junto comigo, e o Kouyou é uma pessoa... Sofrível.

Essa fic eu dedico à nee. Graças à dor-de-cabeça-malvada dela, ela precisou ir embora da aula, e eu fiquei sozinha com a professora tarada de química... Daí foi que essa fic nasceu. Até quando ela não está presente, é culpada pelas merdas que eu escrevo. Eu hein...

Enfim, obrigada por ler ^^v