-Yuujiro, posso... Posso te perguntar algo? – perguntou timidamente Tooru, já com as bochechas ganhando uma coloração avermelhada.

 O loiro encontrava-se jogado na cama, enquanto segurava um livro na frente do rosto, sem dar muita atenção para o que a outra princesa dizia.

 -Claro.

 Kouno Tooru estava sentado em uma cadeira ao lado da cama, de frente para a mesma, onde se encontrava o Shihoudani. Ele estava tentando ter uma conversa séria com o loiro e aquela falta de atenção por parte do outro já estava tirando-lhe do sério.

 -Então você pode prestar um pouco mais de atenção em mim?! – estressou-se Tooru; grande erro. Agora aqueles olhos cor de mel não estavam mais presos no livro e, sim, voltados para si. Aquilo fora o suficiente para que seu rosto esquentasse ainda mais. A princesa das madeixas azuis sentiu-se forçada a desviar o olhar quando percebeu que o loiro lhe direcionava tamanha atenção que acabara por sentar-se na cama, escorando as costas na cabeceira e deixando o livro fechado esquecido na cama.

 -Pronto, estou lhe dando mais atenção. O que você quer me perguntar que é tão importante assim?

 -Bem... Eu queria perguntar sobre... Sobre aquele dia. Queria saber o que... O que você estava pensando quando... Quando me beijou?

 Tooru recusava-se a fitar Yuujirou, pois temia que o outro percebesse além de seu constrangimento, seus ritmos cardíacos acelerados.

 -Não é óbvio? Pensava em te ajudar. Você não queria sua prima no seu pé, não é? Então eu te ajudei a se livrar de-

 -Não é verdade! – gritou Tooru, interrompendo-o. –Isso não é verdade! Se você apenas tivesse mentido eu acreditaria, mas você me beijou! Mesmo se Mikoto não tivesse namorada ele não me beijaria, nem o Akira, afinal, somos garotos. Mas você... O que eu quero saber é por quê...?

 Yuujirou fechou os olhos, aconchegando-se mais na cama.

 -Suki.

 Na rua, o vento soprou mais forte, carregando consigo as folhas de algumas árvores, que acabaram por adentrar pela janela aberta que ficava na parede entre os dois jovens. No quarto, o silêncio predominava. Mesmo que Tooru quisesse dizer algo, ele não saberia o que dizer, a surpresa tornara seu raciocínio mais lento, fazendo com que as palavras nem ao menos se formulassem em seu cérebro.

 Yuujirou levantou-se da cama calma e lentamente, andando na direção da porta, já lhe era esperado aquela reação de seu amigo princesa e também já sabia o que viria a seguir. Como uma simples e pequena palavra poderia transformar tudo em ruínas...? Transformar uma forte e resistente amizade em pó...

 -Yuujiro...

 Ele sentira sua mão ser segurada por algo quente, o qual fizera seu coração acelerar. Fora impedido de sair do quarto pelo outro, mesmo assim não se virou, permaneceu ali, parado de costas para Tooru.

 Surpreendeu-se quando sentiu sua mão ser puxada com força, obrigando-o a se virar para o amigo e, de surpresa, fora pego por uma pressão em seus lábios, que fez seu coração acelerar dramaticamente e seu corpo quase ceder, levando-o ao chão. Desta vez fora o Shihoudani  a ser beijado.

 -Eu não sei se te amo, mas sei que dês de que nos beijamos eu tenho me pego pensando nisso e estranhamente querendo de novo! Eu não consigo olhar para nenhuma garota e... Só consigo pensar que você é meu melhor amigo.

 O loiro arregalou os olhos cor de mel atualmente brilhantes e piscou algumas vezes. Nunca lhe passara por sua cabeça que pudesse ser correspondido, já havia aceitado sua situação de amor platônico há muito tempo. Aquela reação da princesa das madeixas azuis realmente fora uma surpresa; uma maravilhosa surpresa.

 -Tooru...

 O loiro fora o próximo a tomar uma atitude. Aproximou seus lábios dos de seu amado e selou-os. Ergueu uma de suas mãos e, com seus dedos magros acariciou o rosto de Tooru, logo, puxou-o e aprofundou mais o beijo, com suas línguas dançando ritmadas com os batimentos cardíacos. O beijo era intenso e quente, mas principalmente apaixonado, tentando ao máximo acabar com toda a saudade que sentiam da falta do toque de seus lábios.

 Aquele beijo era apenas o começo...