Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 1
E então, começa a chover


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o primeiro capítulo da nova fic.

Eu espero que vocês gostem.



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- É sério. Se tiver alguém na sociedade contemporânea que seja mais ridículo que você, eu juro que me mato. – Disse Kim com sue humor estranho. Seu cabelo preto com mexas vermelhas foi cortado até os ombros de modo a dar uma aparência ainda mais rebelde á ela.

- Eu também te adoro, Kim. – Retruquei olhando entediado para a porta.

- Idem. – Respondeu ela no mesmo sarcasmo que eu. Kim olhou junto comigo para o pouco movimento da loja, e revirou os olhos – Você não se cansa desse empreguinho?

- É o único que eu tenho. O que eu faço? – Perguntei dando de ombros.

- Sei lá. A vida é sua. – Respondeu ela também dando de ombros.

- Eu podia procurar emprego em outro lugar. – Comentei distraído, mas logo bateu uma forte preguiça – Ah... Ou não. Se conseguir um emprego novo, eu vou acabar tendo que trabalhar de verdade.

- Não é como se alguém fosse te dar um trabalho de carregar caixas. – Comentou ela olhando para a porta – Até porque, gente fraca geralmente é aproveitada pela mente, e não pelos músculos inexistentes.

Kim parou e olhou para mim.

- Tá. Esquece. Nem cérebro você tem, então... – Eu a interrompi.

- Você trabalha com o que mesmo? – Perguntei sem me lembrar.

- Tem noção de que essa é a milésima vez que você me pergunta qual é o meu emprego, Matt? – Perguntou ela olhando para mim. Encolhi os ombros, e ela soltou um suspiro – Eu trabalho na biblioteca de NY. Lembra?

- Não. Mas de qualquer jeito... Deve ser legal. – Disse assentindo com a cabeça.

- Novamente, Matt. Se tiver alguém na sociedade contemporânea que seja mais ridículo que você, eu juro que me mato. – Disse ela suspirando.

Sim. O cara chamado Matthew Harris, que está parado ao lado de Kim Miller, sou eu. Não se assuste pela nossa conversa. Isso acontece todos os dias.

Kim, embora me ache chato e entediante, passa grande parte do dia comigo, já que nos conhecemos desde sempre. Eu tenho a vida mais sem graça do mundo, enquanto Kim leva a dela com a maior tranqüilidade, aproveitando de tudo.

Mas isso não é importante por enquanto. Acho melhor pular todas as partes entediantes (e são muitas) da minha história e pular para a que realmente interessa. Nesse dia, a minha vidinha começou a mudar lentamente, mas de um modo bem radical e bizarro.

- Matt, eu ainda acho que você vai ficar sozinho para a vida toda se continuar desse jeito. – Disse Kim ao meu lado.

- Que jeito? – Perguntei franzindo o cenho.

- Desse jeito. – Disse ela apontando para mim e para a loja – Você trabalha na loja de instrumentos musicais mais sem movimento de toda Nova Iorque. Mora em um apartamento minúsculo, e ainda por cima tem esse visual.

Olhei para o espelho ao lado de mim. Meu cabelo castanho completamente bagunçado e comprido parecia o de um roqueiro. Meus olhos eram verdes, mas não eram nada demais. Tentei mostrar meu muque para o meu próprio reflexo, mas foi uma tentativa frustrada, já que meu braço era bem magro.

- O que eu faço para melhorar? – Perguntei para Kim. Ela olhou para mim, dos pés á cabeça, e depois encolheu os ombros.

- Compra um carro. – Disse ela – É sério. As garotas gostam disso.

- Você gosta disso? – Perguntei.

- Não. – Respondeu.

- Então porque me mandou comprar um carro?! – Não entendi.

- Por que as garotas gostam. Em geral. Não estava contando comigo. – Disse ela voltando á olhar para a porta da loja.

Pelo vidro largo da vitrine eu conseguia ver as pessoas passando pela porta, olhando para os instrumentos e indo embora. Eu ri pensando em uma possibilidade e Kim ergueu uma sobrancelha para mim.

- O que foi? – Perguntou.

- Sabe... Seria engraçado se uma garota muito bonita entrasse por aquela porta nesse exato momento e dissesse que eu era lindo. – Comentei rindo – Isso ia quebrar a sua cara e a sua mania de dizer que eu sou patético.

- Tsc. Vamos fingir que isso um dia ainda vá acontecer. – Riu ela.

- Vai acontecer exatamente... Agora! – Exclamei apontando para a porta, animado, mas ninguém entrou. Kim riu de mim.

- Que pena. Acho que como todos os outros dias... Esse não é o seu dia de sorte. – Zombou ela.

Mas foi aí que as coisas ficaram estranhas. Começou a chover muito, e do nada. De repente, uma mulher entrou correndo da na loja e fechou a porta atrás de si. Meu queixo caiu ao ver seu corpo perfeito em um vestido vermelho justo.

Era difícil notar a cor de seu cabelo ou de seus olhos de primeira, porque sua beleza era tanta que deixava qualquer um atordoado. Porém depois de uns segundos eu notei que seu cabelo era uma cor entre ruivo e loiro. Seus olhos azuis encontraram os meus verdes, e ela sorriu de leve.

- Olá. – Disse ela.

- O... Olá. – Respondi ainda bobo. Kim de um tapa no meu queixo fazendo-o voltar ao lugar. Olhei para ela, mas vi que Kim estava tão pasma quanto eu.

- Não conta. – Disse ela com dificuldade – Ela entrou depois do tempo que você falou. E também não te chamou de lindo.

- Sinto muito atrapalhar vocês dois. – Disse ela andando em direção ao balcão em que nós dois estávamos – Mas é que começou a chover do nada, e achei melhor esperar a chuva passar.

- Ah... Tudo bem. – Disse sem conseguir falar mais nada. O perfume dela preenchia o ar, me deixando completamente fora de mim.

Ela sorriu para mim e assoprou um beijo.

- Obrigada, lindinho. – Disse olhando os instrumentos. Virei-me para Kim, que continuava incrédula, e sorri triunfante.

- Viu? Viu?! – Perguntei para ela em um tom baixo – É o meu dia de sorte! É o dia de sorte de Matt Harris!

- Pela primeira vez na vida. – Comentou Kim.

- Mas... É uma vez. Mesmo sendo a primeira. – Disse sorrindo feliz. Kim revirou os olhos. Para a minha infelicidade, a chuva parou logo uns 3 minutos depois, o que fez aquela mulher linda ir embora.

- Obrigada pela gentileza. Você é mesmo um fofo. – Disse ela piscando para mim e indo embora. Pude sentir meu corpo derreter inteiro ao ver seu olho direito piscar na minha direção com toda a delicadeza do mundo.

- É... Matt? – Perguntou Kim.

- O que? – Perguntei ainda sorrindo bobo para a porta.

- Acho melhor você se recompor. Se morrer, não vai conseguir pagar o aluguel. – Disse ela olhando para mim. Revirei os olhos.

- Se eu morrer nunca vou ter que pagar aluguel. – Rebati pensando no assunto.

- E eu não vou ter que aturar você. – Comentou ela pensando também – É... Sabe? Pensando melhor no assunto... Continua assim.

- Novamente... Eu também te adoro. – Resmunguei revirando os olhos.

POV Afrodite.

- Como foi o seu dia? – Perguntei abraçando Ares por trás. Tampei seus olhos, e pude notar que ele sorriu torto.

- Está melhorando agora. – Respondeu rindo maldoso – E o seu?

- É... Acho que vai começar a melhorar. – Concordei rindo com ele. Tirei minhas mãos de seus olhos, e Ares virou-se para mim. Nós estávamos no quarto dele, dentro de seu templo. Eu sorri para ele e passei direto, indo para frente de um espelho.

- Não está um pouco longe demais? – Perguntou ele indo para perto de mim – Quero você mais perto.

- Eu tenho que arrumar o meu cabelo. Depois da chuva de hoje... – Falei ajeitando o meu cabelo com cuidado – Eu tive até que correr para uma loja de instrumentos musicais para não ficar completamente molhada.

- Não precisa arrumar o cabelo para mim, querida... – Disse Ares em um sussurro no meu ouvido. Ela deslizou suas mãos para a minha cintura e eu sorri para ele pelo reflexo do espelho – De qualquer jeito, eu vou bagunçar ele todo de novo.

- Você é muito abusado. – Disse fingindo-me de difícil, e o empurrei para o lado. Ares sorriu torto para mim, e fingiu estar desapontado.

- Ah, vamos... – Pediu ele – Aposto que está com saudades de mim.

- Uhm... Nem tanto. – Disse encolhendo os ombros – Acho que é mais o contrário. Está com tanta saudade de mim assim?

Eu me sentei á beira da cama e sorri para ele. Ares sorriu de volta, mas resolveu encolher os ombros.

- E se eu estiver? – Perguntou indo para perto de mim – O que você vai fazer para eu me sentir melhor?

Ares chegou perto de mim e nós nos beijamos. Minhas mãos alisaram todo o seu abdômen bem definido, e depois foram para suas costas arranhando-as devagar. Ares beijou o meu pescoço, e estava pronto para puxar o zíper do meu vestido, quando...

- Ares! Você tem que ver isso! Tem uma batalha entre semideuses acontecendo lá fora, e parece ser muito boa! – Exclamou alguém do lado de fora do quarto. Ele imediatamente parou de me beijar e olhou para porta com um sorriso. Eu ri com um pouco de incomodo.

- É claro que você vai dizer que está ocupado, não é? – Falei olhando para ele, mas Ares já estava colocando a jaqueta de couro novamente.

- Desculpe, amor, mas eu volto daqui a pouco. É que eu tenho que ver isso. – Disse ele indo em direção á porta.

- Ares... Essa é a quarta vez que você me deixa para ver um briga. – Disse rangendo os dentes – Eu estou bem aqui, á sua disposição, e você simplesmente levanta e vai embora?!

- É porque eu sei que você vai estar aqui á minha disposição quando eu voltar. – Sorriu ele para mim como se fosse um elogio.

- Não para sempre. – Neguei com a cabeça me levantando da cama, e ele ergueu uma sobrancelha para mim. Cruzei os braços, mas Ares só riu um pouco.

- Ah, e você vai fazer o que? Pedir atenção para o seu maridinho? – Perguntou ele rindo – Afrodite... Você só tem a mim.

- Há! – Ri negando com a cabeça – Só você? Eu sou a Deusa da beleza. Eu posso ter qualquer um em um estalar de dedos, por isso não pense que você é insubstituível, gracinha.

- Acha mesmo que vai achar alguém melhor do que eu? – Perguntou ele rindo – Tsc. Besteira. Vamos fazer o seguinte... Eu vou ver a luta, e quando eu voltar nós conversamos. Ou fazemos coisa melhor. Tanto faz.

- Quando você voltar, eu já vou ter outra pessoa. – Rebati.

- Veremos então. – Disse sem acreditar, e simplesmente saiu do quarto.

É. Veremos.

Senti tanta raiva de Ares, que resolvi que realmente faria isso. Eu arrumaria um substituto para o lugar dele, mas não para tirar seu posto, e sim para deixá-lo com ciúmes e caído aos meus pés pedindo desculpas.

Tinha que ser alguém bem oposto á ele. Alguém bem comum, que não tivesse nada de tão importante. Só para jogar na cara dele que foi passado para trás por... Por...

- Um mortal. –Deixei a palavra certa escapar – Isso deve irritá-lo. Um mortal bem sem graça. Só mais um na multidão sem nada de especial.

Foi aí que a imagem dele passou na minha mente. O garoto da loja de música.

Eu ri comigo mesma ao imaginar a reação de Ares quando notasse o que eu tinha feito, e não pode deixar de sorrir feliz. Isso seria um ótimo golpe.

Com um movimento de mão, o rosto dele apareceu no ar. Sorri de leve.

- Matthew Harris, parabéns. Você acaba de se tornar o meu novo namorado. – Disse soprando um beijo para a imagem.


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Notas finais do capítulo

Não sei se esse capítulo saiu um pouco mais curto do que vocês esperavam, mas acho que vou escrever um pouquinho mais no próximo.

O que acharam da história? Espero que tenham gostado.

Mandem reviews, sim? Vejo vocês no próximo capítulo.