Ellies Place escrita por Luh_Mell


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

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POV BELLA

Está quentinha.  Não tem porque levantar. Hoje é sábado mesmo. Ellie não tem aula e todos os quadros encomendados estão prontos. Vamos lá Bella, não acorde. Durma mais um pouco....

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-Mamãããe.... –ouvi a voz de Ellie me chamar. Seu tom estava divertido.

-Eu fiz de novo? –perguntei, sonolenta.

-Oh, sim! –ela riu.

-O quão ferrada estou?

-Você tem meia hora.

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Levantei da cama com tanta pressa que tropecei no travesseiro. Ellie gargalhou e veio até mim me ajudando a levantar.

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-Desculpe filha, eu esqueci completamente. –falei andando até o banheiro e prendendo meus cabelos em um coque mal feito.

-Você deve ser a única pessoa do mundo que esquece dos dias da semana, mamãe. Pensou que fosse sábado de novo?

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Eu lhe sorri. Ela me conhecia bem.

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-Bom, quase... Para sua sorte, hoje é sexta. 

-Okay, okay. –respondi fazendo biquinho.

-Faça o biquinho para a Dona Tânia. – brincou.

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Tânia era nossa síndica mal humorada. Ela tem três gêmeos e é casada com um banqueiro que vive viajando a trabalho (ou indo para a casa das amantes).

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Terminei de me arrumar e dei o café da manhã para Ellie.

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Sua escola ficava a apenas dois quarteirões de casa, o que facilitava pois assim ela podia ir para a escola sozinha enquanto eu ia até a casa do meu pai para fazer suas refeições. Ele não sabe cozinhar e desde que mamãe se foi, eu tenho ido até lá todas as manhãs.

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Hoje, em especial, não fui.

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A escola de Ellie marcou uma reunião de pais e como eu sou a única responsável por ela...

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Quase tivemos que correr até a School Patch.

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-Mamãe, posso ficar no parque enquanto você fica na reunião?

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Eu a olhei.

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Ellie era o meu tesouro. Eu a tive aos dezessete e naquela época eu não imaginava o quanto ela faria de mim uma pessoa melhor. E agora, aos 28, eu vejo o quanto fui boba por pensar que nada mudaria. Ellie sempre foi uma menina meiga e única, e embora fosse filha de uma mulher extremamente quieta, ela consegue fazer amizades com apenas um olhar, uma palavra ou um simples gesto. Ela consegue ter os olhos brilhando e esperança, mesmo depois de tudo.

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-Pode, querida. Mas volte daqui a uma hora. Sem atrasos. –respondi.

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Ela deu alguns pulinhos e gritou.

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-Oh yeah! Pode deixar!

-Oh yeah, sem atrasos.-  avisei.

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Subi as escadas da escola e andei lentamente pelo corredor até encontrar a sala de reuniões.

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-Olá, Professora. –cumprimentei  –Olá. –cumprimentei os outros pais.

Eles responderam.

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-Como estava dizendo... –continuou a professora – A classe em geral está bem. Os senhores tem filhos muito aplicados. São crianças adoráveis e muito criativas. Bom, é isso.

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Suspirei. Eu estava atrasada. Muito atrasada.

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Levantei junto aos outros pais para ir embora.

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-Hum, espere, Senhorita Swan. –pediu.

-Sim?

-Eu gostaria de conversar sobre Ellie.

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Franzi o cenho.

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-Não me leve a mal, Ellie é uma ótima aluna. Eu só gostaria de saber se ela está bem.

-Oh, sim. Ela está ótima. Por quê?

-Bem... É que ela tem faltado desde quarta passada então...

-O quê? –perguntei exasperada.

-Ellie. Ela não vem a escola desde quarta feira passada.

-Como não? Eu a mando para o colégio todos os dias!

-Senhorita Swan, ela não tem vindo. Se preferir, eu lhe mostro o diário de presença.

-Não, não, não tem necessidade. – falei, confusa. –Eu não sei o que dizer...

-A senhorita tem alguma idéia de onde ela pode ir durante as aulas?

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Revi todos os lugares que fui com Ellie ou alguns parques, mas nenhum que ela agüentaria passar a manhã e parte da tarde.

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Suspirei.

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-Eu não tenho idéia.

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Senti lágrimas inundarem meus olhos.

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-Eu... Não tenho idéia de onde minha filhas tem ido por sete dias. Oh meu deus!

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A professora se aproximou.

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-Bella, não fique assim. É normal da idade dela dar essas escapatórias. Passei por isso quando Mike teve essa idade. E hoje, olhe só onde ele está! Entrando para uma das melhores faculdades de Nova Iorque.

-Mas ela é uma menina... Tem tantos homens com más intenções por aí...

-Eu sei. Mas Ellie é muito sensível para esse tipo de coisa. Por que não tenta conversar com ela?

-Ela mentiria.

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Depois disso, nada mais foi dito.

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Ellie foi pontual. Nem um minuto antes nem um depois.

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Durante todo o caminho até em casa ela me perguntou se eu estava me sentindo bem e se eu havia chorado. E para todas as perguntas a resposta foi não.

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Ao chegarmos em casa Ellie correu para o seu quarto e se trancou lá o resto do dia.

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As vezes parecia que ela me escapava. Como se em um momento estivéssemos mais próximas do que nunca e no outro... Puff!

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Eu sabia que grande parcela disso foi por nunca ter conhecido seu pai. E eu também sabia que Ellie pensava que era culpa minha.

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Eu conheci o pai de Ellie no ultimo ano do colegial. Passamos uma semana inteira juntos e foi nessa semana que minha menina foi concebida. No dia em que eu ia contar para ele sobre a gravidez, descobri que tinha um pequeno tumor ao lado do coração. Eu fiquei revoltada e sai correndo.

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No dia seguinte eu fui até sua casa, mas ele não estava lá. Havia voltado para a casa dos pais. Eu não sabia muito bem o endereço, mas mesmo assim tentei. No primeiro mês eu ia até lá todos os dias, mas ele não me recebia. No segundo mês, passei a mandar cartas explicando-lhe tudo. E principalmente, contando da gravidez.

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Eu o amava, e durante os noves meses que carreguei Ellie dentro de mim, eu dava informações a ele por carta que eu nem sabia se ele queria.

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E então, no dia seguinte ao parto de Ellie, eu recebi uma carta.

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“Querida Isabella,

Sei que a oportunidade que tivemos de nos conheceremos melhor foi desperdiçada a alguns meses atrás, mas isso não me impediu de alimentar certa consideração e carinho por você.

Por este motivo, escrevo-lhe agora.

Eu sinto muito, por mim, por você, pela minha família, mas nós perdemos nosso lindo e vivo Edgar. O tumor que ele tinha era maligno e o levou a morte lentamente.

Edgar me contou que você seria mãe de um filho dele e por um pedido dele, uma vontade única e exclusivamente dele, nós decidimos não entrar em contato com você.

Ele não queria que vocês se apegassem mais e conseqüentemente sofressem mais, tudo por amar muito vocês duas. E talvez seja por isso que nosso Edgar morreu ontem. No dia previsto para o nascimento da pequena Ellie Sarah Swan Cullen.

O fato é: Conversei com o meu marido e resolvemos que você e sua filha tem todo o direito e de conhecer e receber a família Cullen. Estaremos aqui para o que precisar, querida.

Com amor e muita, muita esperança,

Esme Carlie Cullen.”

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Eu decidi não responder a carta. Edgar talvez estivesse certo, afinal. Por mais egoísta que seja, só iria doer mais conviver com a família dele. Pois sei que tudo me lembraria dele.

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Os anos foram se passando, se passando... E eu nunca mais tive noticias da família Cullen.

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Mas era passado. Um passado que embora ainda me incomodasse, me transformou na mulher que sou hoje.

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Terminei o jantar e fui até o quarto de Ellie para chamá-la para comer.

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-Eu não sei o que deu nela, Ed. Ela esta estranha comigo. Será que eu fiz algo? – ouvi a voz de Ellie sussurrar.

Ela esperou a resposta.

-Não, não creio que seja isso. Talvez ela esteja apaixonada por alguém que não a quer.

Ela esperou.

-Não! – ela riu – Tabom, tabom. Vou fazer isso. Obrigada. Até segunda.

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Ela desligou o telefone.

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Fingi que estava chegando apenas agora e bati na porta.

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-Ellie, querida, venha jantar.

-O que teremos hoje, Senhorita Swan?- brincou.

-Lasaaaaaanha!

-Eba!!

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Ellie foi correndo até a sala de jantar.

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Meu coração de mãe me pediu para ser cuidadosa neste momento.  Mas meu coração de mulher, me pedia o triplo de cuidado.


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Notas finais do capítulo

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