–C-C-C-Como assim você é a nossa i-irmã?

–Eu sou filha de Satã também, é isso. Porém... Eu não podia sair de Gehenna...

–E esse é o motivo, eu acho, pra ela não ter virado Dead Master. –O ruivo deu de ombros e assoviando ao ver o estrago na floresta- Isso sim é que sair a todo o poder, hein.

–E por que não estávamos sabendo disso?! YUKIO, VOCÊ SABIA DE ALGO?!

–Você tem sempre achar que a culpa é minha Nii-san? –Yukio retrucou nada feliz com a noticia de ter uma irmã caçula, e pior ainda, ela conseguia ser mais forte que ele e Rin juntos, algo que Yukio já odiava desde pequeno era o fato de Rin sempre ser mais forte que ele.

–Claro, é tu que sempre manja das coisas...

–Mas dessa eu não estava sabendo também, pois bem.

–E você, ruivinho, quem é? –Shura cruzou os braços, batendo o pé impacientemente no chão.

–Guardião do portão de Gehenna. –Fez uma reverência cordial- Ayame Sephirott, prazer em conhecê-los, pessoal da filial japonesa e do vaticano.

–Desde quando isso tem guardião? –Arqueou uma sobrancelha- Wait! Isso significa que você é servo de Satã?! –Já estava com espada em punho apontando para Sephirott, que suspirou.

–Eu só ajudo a Black, não vim matar ninguém em nome de Satã não...

–AAAAAAAAAAAAAH, CHEGA! –A morena pisou forte no chão, irritada, e a chama azul sumiu de seu olho e seu braço voltou ao normal- Vamos todos voltar! AGORA!

–E ela deu piti... –O ruivo fez o facepalm.

E Black começou a andar com passos largos e pesados, irritada ao extremo. Todos a seguiram enquanto ouviam xingamentos rolando pra lá e pra cá, com o ruivo tentando acalma-la e um Rin pensativo – o que era bem raro – logo atrás.

“Como assim irmã... Não faz sentido!” –Pensava inconformado- “O que Satã tem na cabeça? Fabrica de filhos?!” –Suspirou fundo- “Que seja, se ela é nossa irmã... E tem a tal White Rock Shooter lá também...”.

–O que foi Rin?

–Nada Shiemi. –Sorriu- É apenas... Nada, só estava pensando sobre o assunto.
“Isso pode ser perigoso, deixar eles se envolverem será um erro fatal...”.

–Não precisa ficar pensando sozinho. Nós somos seus amigos. -Sorriu.

–Obrigado, Shiemi. Isso é muito importante. - Sorriu de volta, voltando a ficar pensativo.

"Parece que todos os filhos de Satã estão voltados contra ele, até Black está... Mas então porque ele não... Isso não faz sentido..." - Pensava, ficando um pouco para trás, e os outros nem notaram.

O ruivo que antes tentava acalmar Black, ficou para trás e parou ao lado de Rin.

–Ei, Okumura.- Começou a falar e Rin passou a prestar atenção - Você está com Black nesse assunto de derrotar Satã?

Ele começou a andar e Rin o acompanhou, franzindo o cenho.

–Sim, óbvio... É o que eu desejo desde sempre.- Falou confuso.

–Droga, imaginei que isso ia acontecer... - Não pareceu nada satisfeito com a resposta.

–Qual é o problema? - Rin perguntou revoltado, não tinha problema, tinha? Satã sempre tentou estragar tudo.

–O problema está bem na sua cara, Okumura. Nem você nem seu irmão, muito menos Black, sabem se Satã é o verdadeiro culpado disso tudo.

Agora Rin arregalou os olhos, supreso. Mas o cara que matou seu pai estava falando algo sobre levar o "Jovem Mestre" para Satã, então isso significa que Satã tinha o dedo no meio. Porém, antes de Rin argumentar, Sephirott o olhou de modo bastante assustador.

–Eu sugiro que você tente entender os motivos do Mestre antes de simplesmente querer derrotá-lo, garoto. - E acelerou o passo, retirando um cigarro do bolso e o acendendo.

Rin queria muito saber, principalmente agora, o que esse ruivo sabia que ele não sabia. Era intrigante, ele queria ir lá e perguntar, mas devia ter aproveitado essa chance antes. Agora Sephirott estava distante e, pelo visto, bravo. Era melhor esperar uma nova chance de perguntar, que não seria fácil.

Após algum tempo de caminhada, todos voltaram para o colégio e então cada um foi para seus respectivos quartos. Rin viu Black subir o telhado novamente e ficar no lugar da noite anterior, e óbvio, ele iria para lá também.

–Black!

–Não enche. - Respondeu ríspida, estava estampado na cara dela: "Estou de mal humor".

–Black, eu só quero conversar. Você disse aquilo e saiu totalmente irritada, sem explicar.

–Ah, que inferno. O que você quer que eu explique? Nascemos da mesma--

–Não exatamente assim, Black, acalme-se. - Disse sério agora, e ela suspirou, desviando o olhar. - Eu quero saber porque você não podia sair de Gehenna. Se Satã já falou com você ou não enquanto estava lá. Quem é aquele tal de Sephirott.

"Metido a besta" - Completou por pensamento.

–Certo, vamos por partes... Depois que você e Yukio nasceram, eu estava a caminho também. Somos trigêmeos, mas eu fui a mais complicada para sair. - Revirou os olhos.

Rin imaginou que no momento ela pensou: "Eu sempre sendo a complicada" e então fez um sinal para que continuasse.

–E então, uma outra pessoa começou a cuidar de mim. Essa pessoa era um homem, aparentemente novo, de cabelos brancos e olhos azuis bem claros. Admito que até hoje acho ele bonito, mas que seja... - Pareceu rir de leve - Mas então, assim como nossa mãe, ele foi queimado na fogueira após ser acusado de bruxaria. Iria ser queimado junto comigo, se ele não tivesse me enviado para Gehenna.

–Como assim? - Perguntou surpreso - Mas ele era realmente um... Bruxo?

–Não sei exatamente. Sei que na hora do desespero ele me mandou para lá, eu tinha uns sete anos, por aí, quando isso aconteceu. Não sei até hoje. - Suspirou - E então lá eu conheci Satã.

–... Pessoalmente?

–Não, através de um celular, Rin. - Respondeu em com sarcasmo e então prosseguiu - Sim, óbvio. Ele me lembrava Ritsu, o homem que cuidou de mim, em alguns aspectos mas... Ele era mais rígido. Começou a me ditar algumas regras e me apresentou Sephirott. Nessa época, o ruivinho também era uma criança.

–E já era guardião do portal?

–Uhum. Ele que me ensinou o que sei de lutas hoje. E claro, aquilo que eu aprendi com meu PSP e DS no mundo humano. Sephirott não era apenas guardião de Gehenna como do próprio Satã, mas nunca soube muito sobre ele além de nome e coisas básicas. - Olhou para o horizonte - E então, tempos depois, fui enviada de novo pra cá, onde aconteceu o incidente com a Yomi.

–Você ficou sabendo como sobre mim e Yukio?

–Sephirott me contou quando Yomi virou um demônio. Ele não aprovou minha idéia de ir contra Satã, mas me falou sobre vocês. Eu imaginei que vocês iriam apoiar Satã, já que eram filhos dele. Mas aí eu cheguei aqui...

–Eu estava falando com ele antes, também me falou que derrotar Satã não era uma boa idéia.

–Ele sempre me dizia que eu tinha que ver o lado do meu pai. - Ela piscou algumas vezes e suspirou - Mas até agora, eu não vi esse lado. Eu preciso de explicações, Rin. Não só eu, como você também. Tenho medo, agora, de fazer algo contra meu próprio pai e no final me arrepender.

Rin parou para pensar. Às vezes Sephirott falava aquilo por ser guardião, mas, e se ele estivesse falando que havia algo sério por trás disso tudo? E se Satã realmente tivesse um motivo bom, que faria Rin entender?

–Entendo. - Falou por fim, após pensar - Faremos isso juntos Black, temos que interrogar o ruivinho e descobrir muitas coisas.

–Eu tenho uma teoria. - Ela abriu uma hipótese e Rin se interessou, pedindo que continuasse com um sinal - Se Satã realmente, realmente mesmo, amasse a nossa mãe... E ela morreu meio que por culpa dele... Ele poderia estar tentando revive-la. Se for para pensar em motivos bons, claro.

–Sim... Mas por que então tantos demônios aqui?

–Algum plano estranho dele. Apesar de ser algo bonitinho isso de ressucitar, é do "Rei" de Gehenna que estamos falando.

–Fico pensando em que mamãe estava pensando. - Rin falou um pouco distante - Eu preciso muito saber disso. Por que ela era isolada de todos? Por que ela teve filhos com Satã?

–São coisas que não sabemos, mas que podem ser muito decisivas.

–Certo, amanhã começamos, Black! - Rin se levantou animado e rindo - O projeto: "Dad and Mom!".

–... Céus, de onde você tira essas coisas? - Riu.

Do outro lado do telhado...

Sephirott escutava tudo e sorriu após ouvir as ultimas partes.

–Tudo bem, se eles querem tentar me interrogar... Vamos ver no que isso vai dar.

"As surpresas estão apenas começando, não é, Sephirott?"– Falou uma voz desconhecida, mas demoníaca.

–Sim... Estão apenas começando, principalmente para eles... Mestre.