1997 escrita por N_blackie


Capítulo 99
Adhara




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“Eu vi uma vida sem vocês. Eu vi a vida que Voldemort quer que eu tenha. E isso eu não vou admitir. Padfoot, vá lutar com os outros. Voldemort e eu temos contas para acertar.”

Harry descera correndo as escadas que conectavam a sala e o corredor, deixando Adhara sozinha com seus pensamentos. Prongs só podia ter ficado louco. Se deixou apoiar na mesa da sala de Dumbledore, agora sozinha, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Prongs se esquecera do que estavam fazendo? Ou de que eram um time?

Irritada, mirou fundo na bacia, que ainda exalava a mesma fumaça roxa sem-cheiro-porém-que-cheirava-a-rosas-aparentemente. Esfregou o nariz, e tentou de novo, repetindo a falha. Tinha mesmo o melhor nariz, porque não conseguia sentir? Enfiou a mão lá dentro, e tampouco conseguiu agarrar alguma coisa. Frustrada, derrubou a bacia, que caiu no chão com um tinido alto, espalhando a fumaça por todo canto.

Pro inferno com isso. Tinha uma guerra pra lutar.

Olhou ao redor, e vislumbrou o chapéu seletor, sentado (ou seria posicionado? Difícil dizer com esse chapéu em especial) sobre uma das estantes. Era estranho, mas ela tinha certeza de que ele vira tudo o que se passara ali. Puxou uma cadeira, e arrastou-a para pegar o objeto.

Era o mesmo chapéu de sua seleção – grande coisa, era sempre a mesma droga de chapéu, afinal – e coloca-lo agora, como adulta, num momento tão decisivo, fazia o efeito oposto ao de melhorar como se sentia. Era como se tivesse onze anos de novo.

Senhorita Black, há muitos anos não vejo sua cabeça, murmurou a voz amigável do chapéu, e Adhara revirou os olhos.

“Pois é. Você viu o que acabou de acontecer?”

Sim, pois estava aqui. E consigo ver pelos seus olhos também. Afinal, posso ver tudo o que tem em sua cabeça.

“Pode me dizer o que Prongs viu também?” Perguntou curiosa, antes de chegar no que realmente queria investigar. O chapéu se contorceu levemente, como se tivesse soltado uma risadinha.

Temo que não, criança. Só posso ver a cabeça de quem me veste. Infelizmente seu amigo está fora de meu alcance. Mas não é isso que deseja saber, não? Porque está postergando sua verdadeira dúvida?

“Tá certo.” Adhara começava a se perguntar porque estava perdendo tempo batendo papo com aquele chapéu idiota. “Tem algum livro aqui, qualquer coisa, que fale sobre destruir horcruxes?”

Ah, essa não é a pergunta que está lhe atormentando. Uma pena, pois adoraria responde-la. Sobre a pergunta que você acha que tem importância, receio que não saiba responder.

“Você vive aqui!”

Vivo, sim. Mas sou um chapéu, criança. Eu não sei ler. Por favor pare com os xingamentos, estou apenas colocando um fato.

Adhara pensou no palavrão mais cabeludo que sabia, e depois mentalizou a imagem de si mesma martelando aquele chapéu incessantemente. Quando fez menção de tirar o chapéu seletor de sua cabeça, no entanto, este lhe chamou novamente.

Realmente não quer saber a resposta que está procurando?

“Ah, mas você não é o chapéu genial? Leia na minha cabeça: estamos em guerra!”

O chapéu não respondeu. Adhara bufou, frustrada. Estava mesmo perdendo tempo demais naquilo.

“Fala que diabo de pergunta é essa.”

Sabia que iria querer saber. Quem não gostaria? A linha entre o bem e o mal é tão tênue, que é um privilégio de poucos o direito de saber de que lado realmente estão. A sua pergunta, Senhorita Black, é tão simples e inocente que poderia vir de uma criança. Por fora, me trata por nomes grosseiros e respostas atravessadas. Por dentro, em sua mente, se pune e atormenta: “Chapéu,” você diz, “a que lado eu pertenço?”

Adhara cerrou os punhos. Aquela pergunta já tinha sido feita antes, quando estava sendo torturada por Bellatrix. A dor lhe atravessava o corpo como uma febre que não acabava, e a bruxa se abaixara até o nível de seus olhos. “Você e eu somos iguais.” Dissera, acariciando cruelmente seu rosto com a ponta de sua faca, “só que não descobriu isso ainda, prima. Um dia vai perceber a que lado você pertence.”

Vejo que não sou o primeiro a trazer esse questionamento. Sente que se não souber de que lado está vai se consumir por inteira em ódio, e ressentimento. Entretanto, não vejo mal em você. Vejo feitos maus, maldições lançadas, e sangue em suas mãos. Também vejo um instinto protetor, a vontade de salvar aqueles que ama. Assim como em nosso primeiro encontro, vejo a vontade de impor respeito, de honrar as suas origens. Vejo a falta de limites que quase me fez coloca-la na Sonserina. Mas não vejo mal. Lute em paz, Adhara.

O silencio súbito do objeto foi a deixa de Adhara para tirá-lo da cabeça e colocá-lo sobre a mesa, virando as costas para o chapéu. Sentia um estranho alívio no peito, e uma leveza no andar que não experimentava havia meses. Queria que o chapéu soubesse o que Prongs vira na bacia, contudo.

Desceu as escadas com uma calma anormal, e puxou a varinha. Aquele corredor em especial estava vazio, mas das escadas já vinha o som de gritos e explosões. Adhara cruzou o espaço entre ela e o caos rapidamente, estuporando o comensal mais próximo. Um dos que duelavam alguns degraus abaixo desviou a atenção do estudante que duelava e apontou a varinha para ela, mas Adhara foi mais rápida.

“Expeliarmus!” Gritou, e enquanto a varinha do outro ainda estava no ar, direcionou o jato para seu peito. “Avada Kedavra!”

Pulou o cadáver dele e virou para descer mais uma vez, retrocedendo todo o caminho. Amaldiçoou uma comensal que lançou uma garota do sexto ano para longe, e estuporou outro que vinha em sua direção. Desceu mais, e quando chegou no último lance, viu um homem-lobo ajoelhado, mordendo alguém. Estuporou-o, e quando ele foi lançado para longe, o coração de Adhara parou.

“MOONY!” Urrou, se lançando em direção ao amigo. Romulus estava estirado no chão, com as vestes rasgadas em vários lugares e um ferimento feio no pescoço, empapado de sangue. Do outro lado, Remus jazia inconsciente, mas respirando. Tremendo, Adhara tocou o pulso do amigo, e só quando suas lágrimas se misturaram ao sangue dele percebeu que estava chorando. Bem fraco, o coração de Romulus ainda batia. “Moony, por favor, fica comigo...” Soluçou, apoiando-o nos braços e procurando por alguma ajuda. “Fica comigo, não vai embora, cara, por favor... ALGUÉM AJUDA AQUI! ALGUÉM AJUDA AQUI!”


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