1997 escrita por N_blackie


Capítulo 93
Adhara




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O primeiro aviso que tiveram de que os exércitos de Voldemort estavam à porta veio pelas mãos trêmulas de Colin Creevey. Ele mancava levemente e tinha uma cicatriz horrível no rosto, mas Adhara não queria perguntar onde ele arranjara os ferimentos. Não tinha tempo pra isso.

“Não são só bruxos, são gigantes, aranhas...” Seus olhos azuis olhavam para os lados assustados, e alguns alunos ficaram inquietos ao seu redor. Antes que o pânico se instalasse, Harry ergueu as mãos, chamando a atenção deles:

“Nós sabíamos que seria difícil, precisamos nos manter firmes! Mesmo que não saibamos quantos aliados Ele possui-“

Mas não conseguiu terminar o discurso.

“Voldemort tem cinco aranhas, oito gigantes e doze dementadores, além do contingente de comensais.” Uma voz familiar alertou com um leve sotaque ao fundo. Adhara procurou o dono da voz rápido demais.

Pollux, amarrotado e sujo, andava apressado em sua direção, e olhar para a cara dele fez o estomago dela se contorcer de ódio. Puxou a varinha e saltou do palanque em que estava, apontando o objeto na direção do primo.

“VOCÊÊÊÊÊÊ!” Latiu, estreitando os olhos e pensando em qual maldição gostaria de usar nele. Queria que Pollux sofresse como ela sofrera quando o vira junto dos comensais. Queria puni-lo por ter estragado tudo entre eles. Queria puni-lo mais do que os anos em Azkaban que ele certamente cumpriria o puniriam. E queria vê-lo fora dali, o mais rápido possível. Seu coração doía de olhar para ele, e de pensar no que poderia ter acontecido entre eles se ele não tivesse se revelado um comensal da morte.

“Padfoot, calma!”

Os olhos de Pollux, no entanto, não mostravam medo dela, e isso a frustrava mais que tudo. Queria que ele estivesse aterrorizado quando a visse, mas ele só estava calmo. “Traidor, comensal da morte, nojento!” Gritou, e apesar dos alertas de Harry, lançou um feitiço de repulsão nele. Sem mudar sua expressão, Pollux foi lançado longe, e apenas de levantou.

“Prima, por favor, me deixe-“

“Adhara, calma!”

“SEU IDIOTA!” Adhara jogou a varinha para o lado, e acertou um soco na cara de Pollux, sentindo a ponte de seu nariz se quebrar embaixo dos nós de seus dedos. O sangue começou a jorrar das narinas dele, e seu rosto se contorceu de dor.

“Adhara, me deixe explicar!” Ele continuou com a voz anasalada, e Adhara ergueu o punho de novo. “Eu salvei você!”

“Você?” A ideia era ridícula, e Adhara parou de gritar um pouco para gargalhar alto. “Eu preferia ter morrido naquela masmorra do que ser salva por você!”

“Prima...”

“Adhara, calma!” Samantha chamou, e o primeiro instinto da garota era ignorar. Em vez disso, apontou a varinha para o primo e virou-se para a garota ruiva.

“Que foi? Ficou com pena desse retardado, foi?”

“Leonard mandou que ele se infiltrasse nos comensais, Padfoot.” Samantha deu dois passos para frente, e a encarou com firmeza. “Ele é um de nós.”

“Pollux, as horcruxes?” Harry, que ria aliviado, perguntou. Adhara virou-se para Pollux.

“Destruídas. Ambas. “Pollux secou mais uma poça de sangue que se formava em seus lábios. “Sinto muito não ter retornado mais cedo, Samantha, tive alguns contratempos.”

Adhara respirou fundo uma, duas, três vezes, e por algum motivo, seu alívio ainda se misturava com raiva. Por dias estivera presa numa cama, se recuperando, ruminando tudo o que acontecera, e seus pensamentos sempre se voltavam para culpar Pollux. Ele fora tão corajoso quando Regulus desapareceu. Fora tão forte em ir para a Inglaterra. Ele sempre fora, só ela que não tinha visto.

Ela não vira tanta coisa a respeito dele. Pollux crescera, e se tornara um cara bonito. Um sonserino, claro, mas Adhara nunca se prendera a esse preconceito. Ele a fazia rir, a fazia se sentir normal. Não a Adhara que dava medo. Pollux não se intimidava nem com o pior de seus humores. Era só Adhara. Prima.

Demorou um tempo, antes do episódio na mansão, para se convencer de que gostava de Pollux. Tinha passado até por uns dias de preocupação, com a frase “ele é seu primo!” martelando sua cabeça! Sofrera por ele.

E então o vira se juntar ao inimigo.

Era até irônico, que a única pessoa capaz de quebrar seu coração fosse da sua própria família. Sentira como se alguém tivesse lhe dado um tapa na cara, e enquanto era torturada por Bellatrix, não conseguia pensar em outra coisa. A dor física da maldição era pequena se comparada com a dor de perder Pollux.

Agora, no meio do salão mobilizado para a guerra, Samantha consertou o nariz dele, e Adhara percebeu que o encarava fixamente.

“Porque. Não disse. Antes.” Rosnou, querendo dar outro soco nele só pelo nervoso que a fizera passar.

“Rodolphus estava lá o tempo todo. Se soubesse quem eu era... Adhara, eu preciso dizer uma coisa a você.”

“Você quebrou a merda do meu coração. “As palavras saíram involuntariamente de sua boca, e Adhara se assustou com sua própria sinceridade. Pollux deu um passo a frente.

“Eu venho querendo te dizer... Desde que estava com Lupin-“

Mas Adhara não queria ouvir nada dele. Não tinha tempo para momentos sentimentais, e nem sabia se sairia daquela batalha viva. Cruzou a pouca distância entre os dois e o beijou.

O salão, as pessoas, os amigos, tudo desapareceu, e só sobrou o corpo de Pollux contra o seu. Beijara muitos garotos, e nenhum lhe pareceu tão certo quanto estar ali, queimando tempo precioso com aquele imbecil. Sentiu uma mão dele envolver sua cintura para trazê-la para perto, e a outra se enroscar nas ondas de seu cabelo, alcançando sua nuca para abraça-la. Passou os próprios braços no pescoço dele, sentindo o gosto metálico do sangue dele se misturar com o seu.

Pollux sorriu levemente em meio ao beijo, e suspirou enquanto a trazia ainda mais para perto, e Adhara sentiu uma estranha sensação de proteção. Estava segura com Pollux. Ninguém iria julgá-la, ou encher o seu saco, enquanto estivesse com ele. Não queria soltá-lo e voltar a respirar.

Se separaram lentamente, os olhos negros dele a encarando com um brilho apaixonado. Adhara ofegava, mas não queria ceder. “Você ainda é um retardado.” Disse, e Pollux assentiu.

“Senti muito a sua falta, prima. Obrigado por tudo que fez pelo meu pai. O enterrei junto dos nossos avós. Ele merecia essa honra.”

A garganta de Adhara se fechou. “Vá pro inferno. Cuidado.” Xingou, sem querer perder o controle ali. Harry e os outros a encaravam com os olhos redondos. “Que foi? Tão com tempo sobrando, é? Anda, circulando, circulando! Voldemort não vai esperar vocês!”

Sorriu para Pollux, e recomeçou a gritar com todo mundo.


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