1997 escrita por N_blackie


Capítulo 64
Pollux




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“À volta da decência!” riu Pansy Parkinson, erguendo uma taça de cerveja amanteigada para os amigos. Pollux ergueu a dele, fantasiando quebra-la no rosto da sonserina, e tomou um gole.

Já era noite no dormitório sonserino. As cortinas escuras cobriam a visão do lago, e sob a luz de velas, só sobrava o grupo de Pollux na sala comunal, comemorando. Blaise Zabini reencheu os copos de todos, e Draco ergueu o dele novamente.

“E à sobrevivência dos mais fortes!”

O som das taças batendo encheu o ambiente. Desde o começo do semestre, a vida vinha sendo tão fácil que Pollux suspeitava que iria enlouquecer. Os puros-sangues, especialmente os da sonserina, eram bem tratados onde quer que fossem. A janta era bem servida, as camas estavam sempre arrumadas, aquecidas, e confortáveis. Em meio à tanta mordomia, era de se surpreender que ele se sentisse mal. Mas sentia-se assim.

Via crianças de onze anos – as nascidas-trouxas, claro – limpando banheiros, e isso o deprimia. Via Violet, uma das bruxas mais inteligentes que conhecia, esfregando o chão silenciosamente, junto da irmã. A culpa de estar participando daquilo tudo o corroía, e sua missão era a única coisa que o impedia de tomar medidas drásticas para compensar o que estava lhe matando por dentro.

Os colegas deviam ter notado sua ausência, pois alguém estalou os dedos diante dele. “Ei, já está bêbado?”

“Non, perdão.” Respondeu, forçando um sorriso frio na direção de Draco. O loiro riu baixinho.

“No que estava pensando, então? Vamos, divida!”

“Estava pensando em Adhara.” Mentiu. Ou nem tanto assim. Realmente pensava muito nela ultimamente. Pansy Parkinson mostrou a língua e fingiu vomitar.

“Tem um milhão de garotas lindas pra você escolher, e você fica pensando naquela nojenta? Pollux!”

“Black não é de se jogar fora, deixe de inveja, Pansy.” Zabini retrucou com um sorriso malicioso. O sangue de Pollux começou a correr mais depressa, e ele se concentrou na própria respiração. Se a conversa continuasse naquele rumo, com certeza iria socar a cara de Blaise. “Se não fosse uma rebelde traidora de sangue, claro.”

“Acho que vou dormir.” Pollux se ergueu, ansioso para deixar aquele círculo. Os outros assentiram.

“Não esqueça que amanhã temos reunião em casa. Papai vem nos buscar no almoço.”

“Podemos sair no meio do dia- “

“Claro que podemos. Podemos fazer o que quiser, nada vai acontecer. “

“Entendo. Até amanhã, então.”

Virou as costas para eles, já pensando em como faria para encontrar Leonard sem levantar suspeitas acerca do conteúdo da tal reunião. Quem sabe Bellatrix estaria lá novamente, ou mesmo Voldemort... O sangue de Pollux gelou. Precisava permanecer firme, ou seria descoberto. Assim que entrou no dormitório, ouviu a explosão.

O chão abaixo de seus pés tremeu, e poeira que antes estava incrustada nas pedras do teto caiu sobre seu cabelo, formando uma capa branca. Instintivamente, abaixou-se, mas nada mais caiu. O garoto que dividia o dormitório com ele acordou subitamente, olhando para os lados desesperado. Pollux tirou a varinha da cabeceira, e logo Draco surgiu pela abertura que deixara na porta.

“Vamos ver o que é! Anda!”

Sem pensar em mais nada, começou a segui-lo, e juntamente com os outros, saíram para o corredor. Mais adiante, do buraco da escadaria que seguia para as masmorras mais profundas, saia uma enorme nuvem branca, e ainda podia se ouvir o som de pedras rolando e caindo. Pollux tossiu com a poeira, e usou as vestes para proteger o nariz e a boca enquanto se aproximava lentamente do lugar.

Blaise xingou alto quando viram o buraco que a explosão deixara no que antes era uma série de celas, usadas recentemente para detenções. Pensou imediatamente em quem estava lá dentro, e conclui rápido que não era possível que alguém tivesse sobrevivido.

Uma moça do quinto ano, vestida nas roupas cinzentas que os nascidos-trouxas vinham usando, apareceu correndo, e quando viu os escombros, caiu no choro. “Lucy! Lucy!”

Ao lado de Pollux, Draco fitou a garota em prantos e riu. “Acredita nisso? Agora além da explosão precisamos lidar com parentes sangue-ruim chorando no nosso ouvido! Cala a boca!”

Se controlando para não explodir a cabeça de Draco e jogá-lo nos destroços, Pollux foi até a garota, que se afastou dele assustada. “Você! Vocês estão por trás disso, não é? Seus monstros, minha irmã tinha doze anos! DOZE ANOS! O que ela fez a vocês?”

“Todo mundo sai da frente! ”Filch chegou, segurando um balde cheio d’água. Atrás dele, Umbridge e os Carrow apareceram, segurando as varinhas no ar.

“O que está acontecendo aqui? Draco!”

“Não sei, Diretora, estávamos indo dormir quando ouvimos! Com certeza foi um atentado contra nós! Os sangues-ruins estão querendo nos matar!”

Os olhos pequenos e metidos de Umbridge vasculhavam os arredores, e pararam na garota que chorava. “Você, o que está fazendo aqui?”

“Ela chegou depois de nós.” Pollux interferiu, antes que se sentisse mais responsável pela dor da garota, “Não fez nada. A irmã dela estava lá dentro.”

“Ah. Bom, saia daqui! Aqui não é pra você, anda!”

Desesperada, ela saiu correndo. Umbridge começou a se esgueirar por entre os pedaços enormes de pedra que entupiam o corredor, murmurando ameaças contra quem quer que fosse culpado por aquilo. Pollux esticou a cabeça para dentro também, e notou que, mesmo com uma explosão daquela proporção, as principais estruturas do castelo estavam seguras. Aquilo era trabalho de Leonard, com certeza.

Draco falava em alto e bom tom que iria chamar o pai, e os outros sonserino se aglomeravam ao redor dos Carrow gritando sobre uma rebelião trouxa querendo mata-los. Pollux viu alguns elfos curiosos se aproximarem, para logo depois saírem correndo, e os alunos que iam se aproximando eram expelidos aos gritos por Filch. Quando fixou o olhar numa tapeçaria imensa, contudo, tinha certeza que vira um par de olhos cinzentos lhe encarando. A sensação de triunfo lhe fez sorrir para os olhos, e lentamente, mas com firmeza, viu o rosto de Leonard sorrir-lhe de volta, fazer um aceno com a cabeça, e ir embora através da passagem.

“Pollux!” Pansy lhe chamou. “Draco disse que vão para a reunião antes, por causa da explosão. Vai falar com ele, vai. “

“Meu pai está vindo, Amycus o chamou. Vamos contar tudo o que vimos!”

Sem tempo para tornar a olhar para trás, Pollux foi levado em direção as escadarias que subiam e, escoltado pelos Carrow, foi até o salão principal deserto. Em poucos minutos, Lucius Malfoy apareceu. Usava uma bengala decorada, e por algum motivo parecia sentir dores do lado do corpo.

Usando uma chave de portal, Pollux e os outros foram transportados até os jardins da Mansão dos Malfoy. Era uma propriedade consideravelmente maior que a dos Black, mas menos por dinheiro e mais por opulência. A escadaria de mármore branco os levou ao segundo andar, onde alguns comensais já se reuniam para jantar. Os Lestrange estavam ali, mas não notaram a presença de Pollux. Cochichavam entre si ansiosamente.

“Tiveram sorte, estamos jantando.” Lucius indicou lugares para eles, e Pollux se sentou.

“Achei que a reunião era amanhã.” Draco fez um muxoxo. Narcissa acariciou sua cabeça.

“Oficialmente, sim, querido. Mas visitas são visitas, então estão aqui já. Nunca faríamos a reunião sem vocês.”

“Como está Hogwarts?” Bellatrix deixou o marido falando sozinho e sorriu falsamente. Blaise narrou a explosão, e Pollux pensou ter visto uma ruga de preocupação entre os olhos dela.

“E vocês?” perguntou Pansy, como se fosse amiga de Bellatrix. A bruxa mais velha se surpreendeu por ter sido adereçada pela garota, e não respondeu. Porém, assim que notou a presença de Pollux, sorriu.

“Tenho notícias de Adhara e os outros rebeldes. Eles estiveram em Surrey por esses dias, e depois seguiram para uma floresta pelo dali. Encontramos o corpo de Avery lá. “

“Avery morreu?”

“Acho que subestimamos o garoto gêmeo, só isso.” Bellatrix tomou um gole de vinho, “Avery morreu como um trouxa, com uma faca nas costas. Jacques fez isso, com certeza. Estou ansiosa para encontra-lo. Rockwood e Rosier foram atrás deles. “

Pollux notou que ela lhe encarava enquanto falava, como se quisesse ver algum indício de preocupação em seu rosto. Sustentou o olhar da prima o máximo possível. Precisava falar para Leonard.

“Ainda bem que foi esperto o suficiente para não se deixar levar pelas loucuras de Adhara, Pollux.” Bella sorriu suavemente. “Ainda temos você para salvar os Black, porque quando eu encontra-la, vou precisar abater a ela e a Jacques. “

Pollux assentiu, determinado a encontrar Leonard assim que pudesse. Ele precisava avisar Adhara.


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