1997 escrita por N_blackie


Capítulo 58
Jack




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AAAAAAAAAH! “O grito dos adolescentes ecoou enquanto todos caiam em direção ao gramado fofo do chão. Jack fechou os olhos e sentiu as nádegas arderem quando finalmente parou de derrapar, e tossiu a poeira que levantaram enquanto mirava o restante dos amigos tentarem se levantar também.

“Onde a gente tá? “Ron esfregou um lábio inchado e ergueu a varinha, inspecionando algumas árvores por perto sem muito rumo. Jack apoiou as mãos nos joelhos dos jeans ralados e conseguiu se erguer sozinho, e quando ofereceu a mão para Adhara, levou um rosnado em resposta.

Aborrecido, abanou a mão para ela e saiu de perto. Estava cansado, faminto, e preocupado, e mais que tudo, culpado por estar ali. Como era possível que ele pudesse ser tão tapado em achar que conseguiria sobreviver cinco minutos numa missão dessas? Nunca devia ter atacado Lucius Malfoy, e nunca devia ter aceitado viajar com eles.

“Vou ver onde estamos. “Anunciou vagamente, puxando uma das facas que ganhara dos elfos. Harry o parou com uma exclamação, e enquanto os outros montavam acampamento com os equipamentos do Sr. Weasley, saíram.

Os galhos soltos pela trilha da floresta quebravam sob seus pés, e o cheiro de pinho e terra molhada lhe lembrava o jardim da Mansão de Hertfordshire. Harry estava quieto a seu lado, e Jack não quis incomodá-lo com seus problemas. Pelo menos ele tinha a irmã por perto para lembrar um pouco de casa.

“Jack. “Antes de subirem um pequeno morro que vinha adiante, Harry parou. Tinha com os cabelos cheios de terra e os óculos embaçados, e uma expressão séria que Jack não gostava nem um pouco. “Podemos conversar um pouco? “

Jack parou, e automaticamente enfiou as mãos fundo nos jeans. Sabia o que ele iria dizer, e não podia fingir que estava surpreso. Provavelmente o expulsaria, ou diria que não servia pra nada. Jack não podia culpa-lo, até agora Harry fora o único que dera algum tipo de liderança aquela missão frustrante e sem rumo definido. Se pedisse a ele que fosse embora, Jack iria sem reclamar. Podia se esconder, procurar ajuda, daria um jeito. Só não queria atrapalhar.

“Acho que estamos com alguns problemas não resolvidos por aqui, não acha? “

“Problemas não resolvidos... “

“É, problemas não resolvidos. “ Harry tirou os óculos e tentou limpá-los contra a luz, sem muito sucesso, “eu sei que não parece que estamos chegando a lugar nenhum-“

“Você sabe que não é só impressão, né, Harry. “

“Talvez não seja. Mas veja, temos a chance de mudar isso. Os relatórios podem nos ajudar, Hermione e Romulus vão conseguir encontrar as informações, ok? Só precisamos de um bom esconderijo. Tem ideia de que lugar é esse? “

“Não... Olha, pode falar. Eu não sirvo pra muita coisa, até a minha irmã sabe disso. Se quiser que eu vá embora... “

“Era sobre isso que eu queria falar. Jack, nenhum de nós sabe lugar muito bem. “

“Adhara... “

“A sua irmã lançou uma maldição da morte porque acreditou que isso iria salvar você. “ Harry balançou a cabeça, uma nuvem negra pairando sobre seus olhos. “De fato, está vivo, mas estou preocupado com ela. É muita pressão ter de cuidar de si mesma, de você, e de procurar horcruxes. Sinto que ela se acha responsável por tudo isso, mas ainda preciso ter uma conversa com ela. Agora quero falar com você, tá legal. As facas, você já deu uma olhada nelas? “

A mão de Jack instintivamente apertou o cabo de couro da faca que segurava. “Não exatamente. Não sei o que os elfos lá de casa querem que eu faça com elas! “A sensação terrível de não saber o que fazer começou a fazer o coração de Jack acelerar. “Cara, eu não sei atirar facas! “

“Podemos tentar treinar você, e não só atirando, mas lutando com elas. Armas trouxas também são boas. Vamos dar um jeito. Só precisamos manter a calma, e nos concentrar. Acha que consegue ajudar com isso? “

Jack mirou Harry sem acreditar no que acabara de ouvir. Ele parecia muito mais velho do que o garoto se lembrava, e bem mais calmo. Assentiu.

Quando retornaram, o cenário já não parecia tão desesperador, e Jack pode ver com mais clareza a situação em que se encontravam. A barraca dos Weasley não era chique, mas era grande, e estava bem montada no centro do acampamento. Hermione e Romulus andavam em círculos ao redor da área, murmurando mantras com as varinhas erguidas que formavam anéis cintilantes no perímetro todo.

No centro, Adie estava sentada de ombros caídos, a varinha girando entre os dedos e os olhos fixos no chão, obscuros e sem expressão. Jack pensou no que Harry lhe dissera, e pensou em como faria para agradecer a ela pelo que fizera. Sempre teve a ideia – estúpida, pensando bem – de que numa situação dessas Adhara provavelmente o usaria de escudo humano contra qualquer ameaça, mesmo que isso lhe custasse a vida.

Sentou-se ao lado dela. “Hey. “

“O que você quer? “

O primeiro instinto de Jack seria sair de perto dela, mas se sentia particularmente otimista. Limpou a garganta e tomou coragem.

“Queria dizer obrigado. “

“Pelo que? “Adhara parecia distraída.

“Você salvou a minha vida. “

Os olhos de Adhara voltaram-se para ele, e sentiu uma fisgada no coração. Os orbes cinzentos, nos quais Jack sempre via brilhos marotos ou furiosos, não lhe lembravam nem a sombra de sua irmã. Aquela pessoa estava só triste.

“Não foi nada. Tudo por família, não? “


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