1997 escrita por N_blackie


Capítulo 42
Adhara




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Chegaram em casa pouco depois da meia noite, os braços abarrotados de embrulhos de muitos tamanhos diferentes. Adie estava relaxada; não fora muito diferente de qualquer outro natal, o que mascarava um pouco o clima pesado que se instaurara desde que chegaram. Madeleine ainda não sabia do que houvera com sua mãe, e Adhara não ouvira Marlene falar em ter a intenção de contar à moça. Talvez estivessem ganhando tempo.

Sirius e a esposa ergueram as varinhas, andando em frente aos jovens enquanto entravam na casa e subiam as escadas, só conseguindo relaxar ao entrar na sala de estar. Adhara gostou quando eles guardaram as armas e relaxaram nas poltronas, e se jogou no sofá.

“Que festa doida! “ Bocejou Jack, sorrindo tão aliviado quanto ela. Leonard pousou as próprias caixas com cuidado próximo à pilha desajeitada dos irmãos, e sentou-se ao piano um pouco, dedilhando as teclas com cuidado para não acordar os quadros das paredes. Pollux sentou-se ao lado da prima, e Adhara sorriu de lado para ele. Não era culpa dele que tinha sido chamado para os comensais, afinal. Tudo ficaria bem.

“Podíamos ir até o Beco Diagonal, mostrar as novidades inglesas a Pollux e Maddie, que tal? “ Sugeriu Leonard. Sirius balançou a cabeça negativamente.

“Na atual situação acho melhor ficarmos em casa. “

“Uma manhã não faz mal a ninguém. “ Interrompeu-o Marlene, sorrindo para o filho. Leonard olhava da mãe para o pai, esperando a palavra final, e Adhara fechou os olhos. Se não pudessem ir, levaria Pollux sozinha, sem problemas.

As notas soltas e harmoniosas do corvinal hesitaram um pouco, até que Sirius deu de ombros. “Tudo bem, podemos ir amanhã, sem problemas. “

“Você vai conhecer as maravilhas dos bruxos ingleses, Maddie. “ Jack sorriu para a francesa, que retribuiu. “Temos contatos ótimos em lojas de peças, também, é quase um privilégio andar comigo no Beco, digamos... “

O silencio foi quebrado pelo som da campainha, que ecoou lugubremente pelas escadas até o ambiente onde a família estava. O quadro de uma tia qualquer próximo da janela acordou com um sobressalto, contorcendo o rosto feio enquanto brigava com os garotos. “Na minha época os Black tinham melhor trato com os seus de idade! Vão atender esta porta! “

“Ah, cala a boca! “

O sino soou outra vez. Adhara abriu os olhos, e quando mirou para fora da janela atrás de si, viu um grupo de homens uniformizados do lado de fora, esperando. Confusa, olhou para trás, e viu os pais se entreolhando. Marlene levantou pacientemente, tirando a varinha do bolso do casaco e olhando para o objeto.

“Então é assim. “ Murmurou, e Sirius sacou a própria arma.

Leonard parou de tocar. O sino soou novamente, dessa vez por mais tempo. Jack se levantou, irritado com o barulho, mas logo sentou de novo. O ar estava pesado.

“Quem vai na casa das pessoas a essa hora? “ Perguntou. Adhara se levantou, e percebeu que não sentia as pernas direito. Olhou para o pai, que parecia subitamente tranquilo demais. No andar debaixo, uma explosão indicou que os guardas arrancaram a porta de entrada, e o grito de Druella ecoou pelos quartos da mansão.

“É A CAÇADA! TUDO DE NOVO! “

Sirius ajeitou o casaco e abriu a porta para sair. Adhara o seguiu, mas antes que pudesse passar, sentiu o aperto firme do pai no pulso. “Fique aqui. “

“Pai, por favor. “

“Sirius! “ Marlene exclamou, o final de sua fala abafado por outro estalo. O pai de Adhara olhou para trás, assustado, e puxou a filha para si.

“Te amamos, cuide dos seus irmãos. Desculpa. “

“Pai, me deixa-“ Adhara sentiu-se empurrada para trás, e caiu sentada nos pés de uma poltrona. A porta bateu, e um som indicou que ela estava sendo trancada. “Não! “ Gritou, engatinhando até conseguir levantar e correr até a passagem. Jack saltou de onde estava, pegando o atiçador de lareira e golpeando a porta.

“É o Ministério. “ Leonard exclamou em meio ao caos, colando as mãos na janela como se quisesse atravessá-la. Madeleine se juntou a ele, assustada.

Na porta, Adhara usava toda a força que tinha para tentar arrombar aquela porta, e começou a lançar um feitiço atrás do outro para tentar derrubá-la, já que nenhum dos tradicionais funcionava. O som de estouros parara tão rápido quanto começara, e a única coisa que a garota ouvia era o som da própria respiração entrecortada, seguido pelos golpes na madeira pesada e magicamente selada. Leonard os chamou com um grito, e Adhara tropeçou enquanto corria desesperada para a janela.

Pela escadaria de mármore que saia da porta da frente saíram Sirius e Marlene, andando como se nada estivesse acontecendo. Alguns aurores esperavam do lado de fora, e olharam intimidados para o casal antes de se aproximar com algemas. Os joelhos de Adhara viraram geleia, e a garota, embora quisesse, não conseguia ter reação nenhuma.

Sirius se aproximou de um auror consideravelmente mais baixo que ele, e o garoto fez um leve cumprimento antes de amarrar suas mãos. Ao lado de Adhara, ela ouviu Jack guinchar. Marlene fez o mesmo, e entraram os dois em gaiolas imensas. Por um segundo, a mãe de Adhara olhou para cima, e as duas se encararam. No outro minuto, ela tinha desaparecido.

O grito que ela queria soltar nunca saiu da garganta fechada. Deu um passo para trás, e sentiu os braços de Pollux a envolverem num abraço. Mergulhou a cabeça no peito dele, e sentiu a torrente de lágrimas aflorarem em seus olhos, sem cair. Respirou fundo, e abraçou o primo antes de se soltar. Não podia chorar.

Leonard estava pálido, duro contra a janela, e Jack ainda estava olhando pelo vidro, as mãos grudadas nele. Adhara engoliu em seco e se aproximou dos irmãos. “Adie. “ Leo murmurou, perdido. “ O que foi isso? “

“Vamos abrir essa porcaria de porta, depois pensamos no que foi isso, ok? Jack... “

Passando por Leonard, apertou o ombro de Jacques, puxando-o com o máximo de delicadeza possível para longe da porta. O rosto bonito do garoto estava assustado, e ele balançava a cabeça.

“Você sabia que o Ministério podia prendê-los? “

“Jack, agora não é a hora de-“

“Você sabia? Adhara, você sabia disso? “

“Papai não me disse nada... Prongs falou que a Ordem estava com medo que-“

“VIOLET! “ Leonard gritou, pegando o atiçador do chão e indo até a porta. Dessa vez, a madeira cedeu instantaneamente ao primeiro golpe, que arrancou a maçaneta. Pollux foi até o primo e o acalmou.

“Escute, precisamos pensar, se a Ordem está sob ataque... “

“James e Lily estão no alvo! Violet está na casa, sai da frente, Pollux! “

“Seja racional, Leo, Pollux tem razão! “ Adhara rosnou, a real situação lentamente se mostrando em sua cabeça. Leonard estava perdendo o controle, e Jack não estava em condições de tomar nenhuma decisão, muito menos Madeleine. Deuses, pensou, os três têm quinze anos. Olhou para Pollux, que esfregou seu braço.

“O que nós precisamos é manter a calma, oui? Primeiro a calma, depois o resto. “

“Fácil falar, ninguém que você goste está em perigo! Adhara, você me entende, Harry também está ali! “Leo insistiu. Jack jogou os braços para cima.

“Para de pensar só na Violet! Richard deve estar na mesma situação, e Sam, e Mary, e Lewis-“

“Cala a boca! Eu sou a mais velha aqui, e vocês vão ficar quietos enquanto eu penso, ok? “ Gritou Adhara finalmente, e todos se calaram. Respirou fundo e avaliou os estragos. A sala estava em estado considerável, com os móveis espalhados e a porta destruída, mas nada de muito valioso estava fora do lugar. Os mais jovens estavam fisicamente bem, embora a histeria de Leonard estivesse tirando todos do sério. Foi até o corvinal.

“Vamos atrás de Violet, mas segura esse nervoso, tá legal? Eu... Eu preciso que você seja você mesmo e fique frio. Pollux, procure pela Druella. Jack, você e a Madeleine ficam aqui. Acho que sou a responsável por vocês agora. Leo, você também fica aqui. Eu preciso de tempo... Tempo pra pensar. “

Dizendo isso, sentou-se na poltrona mais próxima, abraçando os próprios joelhos. Ok, pensou, meus pais estão na cadeia. Não posso chorar, não posso pedir ajuda. Ouvia o pai repetir em loop, “cuide de seus irmãos”, “preciso de você agora”, e sentia o peso da situação se assentar sobre seus ombros. Precisava ser a adulta agora. Se forçando a não deixar o medo tomar conta dela, se esticou e respirou fundo algumas vezes, recolhendo a varinha e enfiando-a no bolso da calça.

“Adie, Druella não está mais aqui. “ Anunciou Pollux para suas costas. Assentiu.

“Então vamos atrás dos outros. “

“Adhara. “ Leonard começou, hesitante.

“É hora de crescer, Leo. Vocês vão para Hogwarts, mas eu vou para a guerra. Anda, vamos fazer as malas. “ Mandou.


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