1997 escrita por N_blackie


Capítulo 39
Pollux




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Os pés de Pollux doíam de correr para longe da Mansão. Deixara Sirius e Adhara para trás, precisava ficar sozinho. Parecia um pesadelo horrível em que entrara e não conseguia dominar. Pensou em Annette, nas fotos que Madeleine mostrara das duas abraçadas, e a imagem do corpo inerte da mulher jovial e eficiente surgiram espontaneamente. Subitamente, já via o próprio pai morto.

Tropeçou numa pedra e caiu de joelhos, rugindo de frustração. Estava de mãos atadas, não tinha nada que pudesse fazer para impedir tudo aquilo de acontecer. Seu pai ia morrer e ele, Pollux, teria de ficar parado vivendo sua vida enquanto os outros tomavam conta de tudo para ele. Tinha que ter alguma coisa que pudesse fazer!

Não saberia dizer quanto tempo ficou daquele jeito, ajoelhado na grama úmida escondendo o rosto nas mãos. Cambaleou de volta à Mansão, mas não chegou ao segundo andar. Sombras conversavam, e quando se esticou um pouco, viu que Narcissa Malfoy estava sentada na poltrona onde Sirius estivera quando o contou da morte de Annette.

“Você precisa entender que o seu status o força a tomar essa decisão! “ a voz rouca de Druella Black soava próxima de forma arrogante, “afinal, se os Black não tiverem um posicionamento, como as outras famílias vão se colocar?”

“De fato, sua decisão é de suma importância. Tanto porque, se ela for o que esperamos, saberemos em quem podemos confiar. ” Insistiu Lucius Malfoy. “Sabe o que é feito com os traidores de sangue, não sabe? ”

“Não me interesso por qualquer decisão que você e o seu clube queiram tomar, Malfoy. ” Sirius respondeu friamente, “Aliás, a ousadia de vir aqui me propor de apoiar a sua causa já me deixa com nojo de vocês. ”

“Psst! Black? ” Pollux assustou-se, e viu Malfoy e Zabini fitando-o do pé da escadaria. Desviou sua atenção da conversa a contragosto e desceu, sorrindo friamente para os colegas de casa.

“Desejam alguma coisa? ”

“Queremos conversar contigo, que tal? ”

Começaram a encaminhar Pollux para o lado de fora, um jardim frontal repleto de esculturas em arbustos gigantescos. Draco sorriu convidativo.

“Queremos te fazer uma proposta, Pollux. Nos mandaram convidar você para se juntar a nós no Exército Puro. Ele está chamando os bruxos de sangue-puro para lutar contra esses sangues-ruins que estão tomando todos os cargos do mundo bruxo de nós. ”

“Poder, cara, muito poder, ” Zabini sibilou, “e importância. Quer ser lembrado para sempre? O que acha? ”

“Não sei. ” Pollux foi pego de surpresa, e olhava Malfoy e Zabini tentando não expressar o que sentia. Mesmo que soubesse que era errado. Mesmo que soubesse que aceitar esse convite tenha sido o erro de seu pai. Mesmo assim.... Aquela podia ser a chance de fazer alguma coisa, a chance que pedira tanto. Hesitou, e Malfoy aproveitou para verbalizar:

“Pode ajudar o seu pai, Pollux. Uma cabeça por uma cabeça, me mandaram dizer a você. ”

‘Meu pai está vivo? ”

“Como você e eu. “ Zabini sorriu, e Pollux olhou-o com esperança. “Mas uma cabeça por cabeça, Pollux. “

Pollux deu um passo para trás. “Chamaram mais alguém da minha família? ”

“Ainda não. Adhara vai aceitar, eventualmente. Jacques é muito obtuso, acho que não vai ser chamado. ” Zabini zombou. “Leonard com certeza será chamado. O Lord das Trevas precisa de mentes como a dele. Mas você foi o primeiro. Ele disse que sempre foi deixado de lado, não é? Filho do irmão mais novo renegado.... Difícil de lembrarem seu nome na herança, não? ”

“É a sua chance. ”

“Quanto tempo tenho? ”

“Até a volta para Hogwarts, só. Se aceitar, não precisa voltar para aquela escola idiota, também. Que tal? “

“Tentador mesmo. “ Respondeu, a chance de salvar o pai martelando em sua cabeça. Por outro lado, não sabia o que Regulus iria pensar sobre ser salvo dessa maneira. Tinha que falar com Adhara antes.

Passos decididos e raivosos saíram pela porta da frente. Sirius estava altivo e gelado como a fortaleza que comandava, e expulsava os Malfoy com a voz retumbante.

“Se voltarem a pisar os pés aqui com sua proposta ingrata, será a última vez, Lucius. Pensam que podem me ameaçar? Você não sabe do que eu sou capaz. ”

“Ainda pode voltar atrás em sua estupidez, garoto tolo! ” Druella exclamou amargurada. “Vai levar sua família para o buraco com essa teimosia! “

“Vamos ver quem vai parar no buraco, sua velha asquerosa! Sai daqui antes que eu perca a paciência e resolva matar você aqui! ”

Pollux estava assustado, mas não pode deixar de perceber de onde Adhara tirara a postura ameaçadora. Pai e filha ficavam do mesmo jeito quando gritavam. Draco e Zabini começaram a se afastar com os convidados expulsos. “Vai pensando, Pollux! ” Gritou o último, sorrindo.

O garoto não respondeu, e quando olhou para Sirius, o tio o mirou com suspeita. “Pensando no que? ”

“Em nada. Queriam que eu roubasse respostas dos exames com eles, disse que non. ” Respondeu, tremulo. Sirius não mudou a expressão. Abriu a porta.

“Entendo. Vamos entrando, então. ”

Pollux acompanhou o tio sem dizer nada, mas sentiu o olhar dele perfurar sua nuca enquanto se afastava. Encontrou Adhara na varanda.

“Desculpe ter saído daquele jeito. ”

“Não tem problema. Sinto muito pelo seu pai. ”

Apoiou-se ao lado dela. Mesmo triste, Adhara tinha um brilho sobrenatural que a tornava superior a tudo a seu redor, como se pudesse desabar em choro e matar um homem ao mesmo tempo. “Recebi uma proposta de Malfoy agora há pouco. ”

“Coincidência. “

“Porque? ” Surpreendeu-se, imaginando se Zabini teria mentido sobre falar com ele primeiro.

“Druella e aqueles retardados querem que o meu pai apoie a causa também. Foi isso, não foi? Querem que você o convença? “

“Não, “ respirou aliviado, “querem que eu me junte a eles. Disseram que eu posso salvar o meu pai assim. ”

“Quanto vale sua consciência? ”

“Não sei. ”

“Você já ouviu das atrocidades que esses caras fazem. Matar trouxas que não te fizeram nada, crianças trouxas, Pollux. Tio Reg saiu disso, a consciência dele valia mais do que qualquer poder. “

“A vida dele vale muito, Ad.”

“Talvez. Mas acha que ele iria te perdoar? “

“Você me perdoaria? “

Ad ficou silenciosa. Pollux a encarava.

“Não. Eu o caçaria e o mataria. Nada vale assassinar pessoas inocentes, Pollux. Sem a minha vida, nem a vida de quem eu amo. Não faça isso com você mesmo. “

“Acha que se eu não me juntar a eles, tenho chance de salvar o meu pai? “

“Acho. Porque se não o acharmos até o feriado acabar eu mesma vou atrás dele. “

Adhara se afastou da beirada da varanda, e Pollux baixou o olhar. “Confia em mim, primo? “

“Claro. “

“Então não me meta nesse caminho. Me prometa que não vai. “

“Não vou, eu juro. Eu só quero salvar o meu pai. “

A prima se aproximou, e encostou os lábios em sua bochecha. Pollux arrepiou, e a abraçou por impulso.


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