— Como é que vocês conseguem demorar tanto? Eu pago vocês para fazerem uma ou duas matérias por mês, o mínimo que têm que fazer é chegar na hora quando eu chamo! — reclamou Tsunade, sem dar realmente muita importância, rabiscando alguma coisa em um caderno de capa de couro. — Ah, e onde está a Barbie e o outro lá?

— O que ela disse? — perguntou Ino, aos sussuros, para Sakura.

— Acho que ela está falando do Deidara e do Sasori — a rosada sussurrou em resposta.

— Ah.

A porta se abriu com um ruído leve da fechadura.

— CHEEEEEGAMOS! — era um cara loiro, parado, sorrindo de um jeito super esquisito, e esticando as mãos para frente, com as palmas para cima, deixando as tatuagens de duas bocas com as línguas para fora à mostra.

— Queito, Deidara. Entre logo, e não me faça esperar. Você sabe que eu odeio esperar. — um ruivo, provavelmente Sasori, apareceu ao lado de Deidara, seus cabelos vermelhos contrastando com os loiros do outro.

— Fica quieto, Danna! — o loiro deu um tapa leve no ombro do ruivo.

— QUIETOS! — gritou Tsunade. — Pois bem. Hum... Eu tenho planos para a edição daqui a dois meses. Aliás, Sakura, quero que termine a sua matéria em dois dias, apresse-se, pois preciso de você pra outra coisa agora. Ino, a sua matéria precisa estar na minha mêsa até o fim do dia.

Ela fez uma pausa.

— A questão é... Nós vamos lançar uma nova coleção. Quero algo que misture o psicodelismo esquisito do Deidara com toques mais sombrios e misteriosos do Sasori. Quero um ensaio inteiro para dentro de
um mês. Quando às modelos, eu quero cinco garotas, uma delas já está escolhida. Aqui está o nome e o número de telefone dela — Tsunade passou um cartão para Sasori, que o pegou e olhou sem interesse.

— Hum. Sabaku no Temari?

— EEEI, DANNA! DEIXA EU VER, UN! — gritou Deidara, tentando tirar o papel da mão do outro.

— Fique quieto, Deidara.

— Danna do mal, un.

— Calem a boca! — disse Tsunade. — Sim, ela se chama Temari. As outras eu deixo à sua escolha, Sasori. E Sakura e Ino... Vocês vão cobrir a coleção e o ensaio. Quero uma matéria completa falando sobre esses dois idiotas, e uma outra sobre a coleção em si, que as duas tenham mais de 1000 palavras, por favor. Façam juntas, quero alguma coisa que misture os seus estilos de escrita, também.

— Só isso? Uma coleção nova? — perguntou Sasori.

— Só isso? SÓ ISSO? — os olhos de Tsunade estavam quase pegando fogo. — Ousem me trazer alguma coisa normal, ultrapassada, ou já existente, e eu lhes mostrarei o "isso" com o meu punho na sua cara. Liguem para a Srta. Sabaku antes do fim de semana e comecem a planejar. Arranjem um fotógrafo decente, e a Srta. Haruno e Srta. Yamanaka vão acompanhá-los o tempo todo.

— Não acredito que estou sendo pago para ter duas babás e trabalhar com esse idiota, un — resmungou Deidara.

— Quer que eu diminua o pagamento, Barbie? — perguntou a Senju.

— N-não precisa, u-un.

— Ótimo. Podem sair agora. E NÃO ESQUEÇAM DO FOTÓGRAFO!

Sakura e Ino se entreolharam antes de saírem da sala, logo atrás de Deidara e Sasori.

— Santa Testa da Sakura, esse Sasori é muito gostoso! E ruivo! — murmurou Ino para Sakura.

— Controle-se, Ino!

— Eu estou solteira, livre e descomprometida, testuda, posso olhar pra bunda de quem eu quiser — Ino sorriu maliciosa, lançando um olhar discreto para o traseiro do ruivo. — Hey, você já viu o novato no setor de ilustração? É um tal de Sai, e é muito lindo! Acho que vou dar uma passada por lá mais tarde.

Sakura riu.

— Porca pervertida.

oOoOo

— Gaara, eu acabei de arranjar um trabalho — comentou a loira com entusiasmo, ao ver o irmão na cozinha. — Estou tão feliz!

— Hum. De quê?

— Vou ser modelo. Não é demais? Finalmente estão reconhecendo a minha beleza.

A porta que dava para a dispensa se abriu, e o outro irmão, este chamado Kankuro, adentrou na cozinha.

— Beleza? Que beleza, Temari? Aquela que você não tem? — disse ele.

— Ora, filho da puta! Cale a boca! — Temari pegou a colher mais próxima e atirou no irmão, que usava um capuz escondendo os cabelos castanhos.

— Não esqueça que você está xingando a sua mãe também, maninha!

Temari pegou outra colher e atirou no irmão.

— Agressiva, hein? — Kankuro mostrou a língua para a loira.

Gaara revirou os olhos e levantou-se da cadeira onde estava sentado.

— Eu não preciso ouvir isso. Vou comprar uma Polaroid nova e sair pra tirar fotos. Não me esperem — disse ele. Ao chegar na porta, lembrou-se de algo e deu meia volta. — Temari, aonde estão os meus cookies?

— Quais? Aqueles que você roubou de uma pobre moça no supermercado? — provocou Kankuro.

— Cale a boca, idiota. Onde estão, Temari?

— Terceira porta, na prateleira de cima.

Gaara pegou o pacote de cookies de chocolate com morango e lembrou da "moça do supermercado" ao sentir o cheiro de morango que exalava do pacote. Balançou a cabeça e saiu, indo direto comprar a câmera fotográfica que desejava. Afinal, era um fotógrafo, e fotógrafos
precisam de boas câmeras.

oOoOo             

Depois de ter ido dormir depois da meia-noite, finalizando uma matéria, ela recebera uma ligação de Sasori às seis horas da manhã, e agora estava ali, na frente daquele prédio enorme, com olheiras enormes, e uma cara de zumbi que assustaria até o Papa. Sentiu alguém cutucar-lhe o ombro e virou-se, dando de cara com Ino.

— Argh, testuda, você está horrível! Você dormiu? Comeu alguma coisa estragada? Virou zumbi e está a procura de cérebros?

Sakura grunhiu de irritação e jogou na cara da loira um papel com o endereço que o estilista ruivo havia lhe dado.

— Oh, ele te ligou também? — perguntou a loira.

Ino recebeu um olhar nada agradável da amiga de cabelos cor-de-rosa.

— Acho que sim. Tudo bem, eu não vou perguntar mais nada! Mas não me olhe desse jeito, zumbi cor-de-rosa.

oOoOo

— Ok, e quando é que o discurso acaba mesmo? — perguntou Ino, ao ver que Deidara não parava de falar. — E a modelo? Cadê? E o fotógrafo? Uma zumbi a gente já tem — Ino apontou para Sakura.

— Vai se ferrar, Ino. Foi ele quem não me deixou dormir — Sakura apontou para Sasori, que revirou os olhos antes de abrir a boca, entediado.

— Eles já estão chegando. Acalmem-se.

Em vinte minutos, a porta se abriu. Uma garota loira, com o cabelo dividido em quatro, entrou.

— Olá. Eu sou Sabaku no Temari. Vocês disseram que precisavam de um fotógrafo, então eu trouxe o meu irmão.

A loira foi até Sasori e Deidara, cumprimentá-los, e logo em seguida um cara alto, de cabelos vermelhos chamativos, olhos verde jade, um pacote de cookies na mão e uma máquina fotográfica no pescoço passou pela porta. Sakura, que estava de costas para a porta, conversando com Ino, não notou, mas a Yamanaka não desviou os olhos um segundo.

— Testuda, não olhe agora, mas tem um deus grego entrando aqui. É muito sorte trabalhar com três gostosos assim ao mesmo tempo! — Ino mordeu o lábio inferior, olhando para a tentação ruiva atrás de Sakura.

A Haruno, não muito curiosa, virou-se, e se indignou quando viu o — lindo — ser na porta.

— VOCÊÊÊÊÊÊÊÊÊ! — e começou a gritar, olhando acusadoramente para o ruivo.