A História da minha vida

Por Lidia Brazzi

Introdução

   Nunca gostei muito de apresentações. Mas quando você está escrevendo a história da sua vida, acho que elas são necessárias. Meu nome é Lidia Brazzi, tenho quinze anos e estou no primeiro ano do ensino médio.

   Sou uma garota comum, nem baixa nem alta, nem gorda nem magra. Tenho cabelos compridos e ondulados, castanhos como meus olhos. Tenho a pele branca, nariz reto e mãos pequenas. E nenhum tipo de talento especial. O que quer dizer que eu não canto, não danço, não desenho, não sou boa em nenhum esporte, não toco nenhum instrumento, não sou um gênio da matemática, não sei de cor todos os países do mundo e suas capitais, sou um desastre na cozinha e é melhor eu nem tentar falar da vez em que tentei costurar. Eu sou apenas, Lidia.

    Moro com minha mãe, Clara, e com meu irmão, Fred, três anos mais velho que eu. Meus pais se separaram quando eu era muito pequena e eu quase não vejo meu pai, Danilo, pois além de ele morar em outra cidade, com sua própria família, ele também vive viajando a negócios.

   Mamãe trabalha numa firma de contabilidade e meu irmão ainda está no ultimo ano da escola. O salário da mamãe é, como ela vive dizendo, uma bela porcaria, e a pensão que papai manda todo mês também não é grande coisa. O que também quer dizer que eu não tenho uma vida glamorosa, cheia de luxo e riquezas. Mamãe sempre diz também que Fred poderia arrumar um emprego e ajudar nas despesas, mas meu irmão é um vagabundo de marca maior e parece que só vive para pegar no meu pé.

   Então, depois de conhecer um pouco sobre mim, você deve estar se perguntando: por que a vida de uma garota tão comum, sem absolutamente nada de especial iria interessar a alguém?

   É a mesma pergunta que eu me faço.

   Porque a verdade é que ninguém se interessaria em saber a história da minha vida. Eu até tentei dizer isso para o meu professor de redação, o Sr. Albert, mas ele não me deu ouvidos.

   Logo hoje, no primeiro dia de aula depois das férias, anunciou que todos os alunos do primeiro ano do ensino médio deveriam escrever em um diário, até o final do ano, relatando tudo o que passarem durante esse período (obs.: esse diário valerá cem por cento da nota).

   E é por isso que, a partir de agora, relatarei os fatos tediosos emocionantes da minha vida até o final do ano. Não é uma leitura que eu recomendaria a ninguém, mas eu realmente preciso de uma nota boa em redação, caso contrário mamãe já me prometeu um belo castigo.

   Em todo caso, espero que quem leia isto (ou seja, o Sr. Albert), se divirta e não morra de tédio.