Primeira Canção escrita por Gaby Soares


Capítulo 5
Iniciando uma nova fase




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159484/chapter/5

Podia ser um dia como outro qualquer pra ela. Isso se não tivesse percebido que perdeu tempo demais tentando ser a pessoa mais abominável do mundo com todas as pessoas que gostava.

Alice fez o possível para fazer Bella parar de chorar. Nesse exato momento estava contando uma piada sem graça sobre loiras, mas parou no meio, porque percebeu que esqueceu o final. Estavam andando pela praia quando Alice reparou uma coisa muito errada. Fez cara de horror e encarou Bella perplexa com alguma coisa, a olhou de cima a baixo e apontou para sua roupa.

–agora eu sei porque é que você estava chorando. – ela disse como se tivesse dito a maior verdade do mundo – você se veste muito mal! – ela disse e Bella a olhou com descrença. – quem, no mundo, usaria preto e calça jeans para andar na praia? – continuou a criticar. – sabe Bella. Precisamos de uma repaginada, no visual, na mente, nos conceitos... – disse citando tudo contando nos dedos.

Bella considerou isso por um momento. Percebeu que era isso que precisava. Se redimir com Alice, fazendo todas as suas vontades seria a primeira coisa a fazer para se sentir um pouco melhor. Continuou a andar, olhando para o horizonte claro da praia quieta que estava. Encarou a baixinha por um momento e sorriu. Alice entendeu isso como uma carta branca para fazer valer todos os seus planos.

Voltaram para a casa de Bella, que graças aos céus estava vazia naquele momento. Ela não queria ter que esbarrar com os olhos tristes de Felipe ao perceber que sua irmã andava chorando muito por essas ultimas horas. Muitos menos o rosto do pai, que se sentiria um fracassado ao olhar para a filha.

As meninas foram lá pra cima. Alice retirou todas as roupas de Bella do cabide. Constatou que havia apenas algumas pouquíssimas roupas em tom claro. Resolveu que era melhor ir as compras. Mas antes deu um belo sermão à Bella que escutou tudo calada e assustada pela reação da garota ao constatar que ela só tinha calças, nenhuma saia ou shorts ou um vestido. Alice quase chorou ao ouvir a amiga dizer que não ia fazer compras nenhumas por dois motivos: 1- estava sem dinheiro nenhum, o único que tinha era o fundo monetário microscópico que guardava para a faculdade- se é que iria fazer alguma. E 2- ela odiava isso.

Mas a cara que ela fez... era como se Bella visse o gatinho do Shrek parado bem a sua frente e com sexo trocado! Mas continuava com o argumento de que não tinha muito dinheiro. Alice, que era mestra em fazer compra com pouca grana – como ela mesma dizia – propôs que Bella liberasse R$ 100,00 ela completava com o resto. Segundo ela existia um brechó maravilhoso no sul da cidade que valia a pena a diminuição nos fundos para a faculdade.

Bella topou. A muito contragosto, mas ainda assim, topou. Combinaram de sair no outro dia às três da tarde. Era só o que faltava! Repaginada no visual? Isso não vai prestar!

(*) (*) (*)

Acordou cedo na manha seguinte. A luz havia invadido seu quarto com voracidade. O sol estava escaldante pela manha. Pela primeira vez ela se sentiu bem disposta para uma corridinha no calçadão. Trocou de roupas. Colocou o único short que havia lá no fundo do seu guarda roupas e uma blusa larga branca, quase transparente, deixando à mostra o biquíni azul marinho que havia posto. Calçou o tênis e penteou os cabelos em um rabo alto. Seu pai quase enfartou ao ver sua filha com um short minúsculo saindo pela porta da frente com uma maça na mão. Que foi facilmente devorada, e o resto jogado dentro de uma lixeira na beirada do caminho. Pegou um ritmo acelerado na entrada da praia.

Viu com detalhes, ao som de uma musica agitada algumas garotas que madrugavam para jogar vôlei e os garotos que brincavam de futebol de areia na praia quase deserta a essa hora da manha. Observou o longe um casal de velhinhos andando pelo calçadão de mãos dadas com ares de despreocupados, conversando sobre a paisagem, pois apontavam para o horizonte com ternura nos olhos. Bella sorriu ao ver aquilo. Nunca se imaginou casada ou velha, pra ela seria eternamente jovem. Lógico, sabia que isso era uma ilusão, mas gostaria que assim fosse até o fim do século.

Logo mais a frente um casal de namorados estava abraçados sentados em uma pedra ao longe. Parou ao ver aquilo. Nunca, nenhum se seus namorados a levara para um passeio assim. Bella era meio problemática quanto a isso. Não os escolhia por amor, ou paixão. Escolhia apenas porque aquele iria atiçar mais o pai ou a mãe. Nunca gostou de qualquer garoto, apesar de achar uns lindos, era só isso, beleza, nada mais que a capa, nenhum deles tinha o conteúdo que a faria suspirar e dizer “quero este pra mim”.

Voltou a andar em ritmo desacelerado quando se lembrou de Alec. O namorado que faria qualquer garota suspirar. O lindo, atlético, forte, burro e idiota do Alec. Era um belo garoto sem duvidas nenhuma, mas era mau caráter, sem vergonha e grosso demais.  Bella um dia o teve. Em suas mãos, como um cachorrinho que busca o dono. Duraram dois meses. No aniversario de namoro o fim foi trágico. Ela o traiu. Com seu melhor amigo. Essa foi a pior coisa que já fez na vida, mas não se arrependia nem um pouquinho.

Seus pais quase a bateram quando souberam o que tinha aprontado. Ela apenas riu, enquanto entrava em casa as duas da manha, com cara de sono e ignorando os gritos que podiam ser ouvidos até do outro lado da cidade. Balançou a cabeça, como se quisesse esquecer o que havia acabado de pensar. Era passado, ela queria esquecer, recomeçar.

Correu. Vendo como os movimentos de suas pernas dissipavam qualquer pensamento inoportuno que aparecia. Chegou em casa em tempo recorde.

Esperou o resto da tarde. Deitada em seu quarto lendo “o Guardião de memórias” de Kim Edwards, ao som de Bon Jovi “Livin’ On A Prayer”.

quando percebeu já eram quatro da tarde e ela teria que se aprontar para encontrar Alice. Levantou-se preguiçosamente e caminhou até o banheiro com a toalha dobrada sobre seu antebraço. Aprontou-se e esperou Alice do lado de fora de sua casa.

(*)(*)(*)

Esgueirando-se entre os corredores apertados do brechó, Alice tentava achar alguma coisa que era a cara da Bella. Ela queria algo com atitude, em tons escuros, como a amiga gostava. Entretanto não achou nada que a amiga aprovasse. Bella queria algo diferente dos pretos e azuis marinhos, queria algo mais alegre, menos fechado. Que mostrasse da sua verdadeira personalidade.

Alice se inclinou sobre uma arara e observou uma blusa preta de renda que havia pegado no cabide. Uma vendedora, com cara de simpática, caminhou até elas balançando seus longos cabelos louros. Sorriu encantadora e perguntou em que poderia ser útil.

–essa é fácil. Pode me falar a procedência dessa roupa? – Alice pediu direta, sorrindo também.

– claro, essa aí foi usada apenas uma vez. Em um desfile aqui na cidade. Muito bonita né? Chegou não faz nem uma semana. Gostou dela? – a garota disse com uma certeza desafiadora.

– sim, muito. E você Bella? – Alice perguntou se virando para ela.

– gostei sim. Mas Alice, acho que você devia olhar coisas mais claras. Eu tenho cara de defunto? – Bella perguntou, mas quando percebeu que Alice iria responder que sim interrompeu – por favor, não responda, sim? – olhou para a blusa. – sim, eu gostei dessa. Mas que tal... – fuçou na mesma arara de achou uma regata branca com rendas na gola– isso aqui? Não quero mais blusas pretas, já tenho demais, você não acha?

–sim, acho. – ela disse já olhando outros cabides. – olha isso aqui. Vai ficar bom com essa blusa. – ela apontou para um blazer branco amarelado. Bella acenou e sorriu. A vendedora se virou e pegou dentro de uma cesta um short jeans largo.

– olhe com esse short. Deve ficar bom. Você tem... Algo diferente. Rendas e blazeres não combinam completamente com você. Apenas mostram um pouco da sua personalidade. Acho que isso vai completar o look. – ela deu de ombros.

–como é o seu nome? – Alice perguntou boquiaberta.

–Rosálie, Rosálie Hale. É um prazer conhecê-las.

–eu sou Alice, e essa é Bella Swan. – a loira a encarou com curiosidade. Chegou mais perto e analisou de cabo a rabo o rosto de Isabella.

–te conheço de algum lugar... – ela disse desconfiada – lembro-me depois. Mais alguma coisa meninas?

–muitas coisas! Temos que reformar o guarda roupas dessa pessoa que não conhece moda aqui!

A noite foi agradável. Rosálie foi de grande ajuda. Conhecia cada roupa daquele lugar e podia dizer de onde eram cada uma. Alice comprou uma quantidade exagerada de shorts e saias. Sem contas os sapatos de saltos enormes e sapatilhas super delicadas que ela pegou. Vestidos brancos eram os favoritos de Bella. De preferência os que eram bem soltinhos do corpo. Nunca se imaginou comprando roupas como essa, era totalmente novo esse mundo pra ela. Alice estava muito agitada quando chegaram ao balcão para pagar as contas.

– trezentos e quarenta e sete reais. –

Bella abriu a boca em um grande “O” enquanto se perguntava se seus pais iriam perceber o rombo nos fundos para a faculdade. Mas enquanto ela se distraia com essas possibilidades. Alice simplesmente tirava duzentos e quarenta e sete reais da carteira sorrindo largamente e entregando-o a Rosálie. Quando Bella ia reclamar e dizer que não aceitava isso Alice espalmou sua mão na frente de seus olhos e pediu, silenciosamente, para que parasse.

– não estrague minha alegria, esse o foi o nosso trato, não foi? Você para os R$100,00 que disse e eu o resto. Ponto final. – Bella não teve tempo nem de se revoltar. Alice já estava pegando todas as sacolas na mão com uma enorme dificuldade. – dá pra ser ou está muito difícil?

–deixa eu pensar. – Bella disse cruzando os braços em frente ao peito. Mas se apressou porque se não a Alice iria matá-la apenas com o olhar.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem por favor?!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Primeira Canção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.