Golden Wings escrita por Annesh


Capítulo 2
Longe do Paraíso


Notas iniciais do capítulo

Notas no final do capítulo :D



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Eu estava pronta para me desfazer das minhas grandes asas douradas. Na verdade, era o que mais me encantava no mundo dos anjos.  Por anos nós, anjos, vivemos uma expectativa inacabável: Como será depois de crescida? Qual será sua forma? Sua cor? ...  Dizem que tudo isso se dar por conta de seu possuidor, de acordo com o seu caráter, vontade e até mesmo personalidade.

Existem diferentes tipos de anjos. Ainda que todos tenham tido a mesma criação, cada qual escolhe seu caminho – Mesmo que de forma indireta. Um grande exemplo são os demônios, anjos expulsos do paraíso. Indivíduos que não sejam puros de maneira alguma são bem vindos aqui.

De certa forma, serei considerada um demônio após sair daqui. Já que não serei mais um anjo e muito menos um humano. Para falar a verdade, não me sinto afetada com isso, há bastante tempo não me sentia um deles. Para ser mais precisa, desde que descobri que o único laço que me prendia aqui foi condenado a destruição e o resto de mim está no mundo humano. Não existia mais vida para mim aqui, estava sozinha.

Para mim, o inferno não poderia ser pior do que a dor da solidão. Sentia-me preenchida por escuridão, não conseguia me sentir confortável com isso, como uma luz negra em meio ao clarão. Ficava imaginando como ainda não havia sido expulsa desse mundo.

Se bem que a solidão não pode ser considerada um pecado, e sim uma penitencia. 

***

Eu já havia recebido todas as instruções, passaria esses noventa dias em uma pequena casa com dois ex-anjos. A única coisa que me disseram é que esse casal mora no mesmo lugar a mais de quinze anos e possui uma vida comum lá. A idéia deles ainda existirem, me espantou.

– Mas como? – Eu disse admirada – Anjos não podem pertencer ao mundo humano por muito tempo, depois de algum período eles são levados ao submundo!

– Não é hora de fazer perguntas, você deve partir agora. – Disse puxando uma pequena mala, andando de um lado para o outro apressado.

– Então quando é a hora? – Eu estava assustada, tentava acompanhar o passo do moço de alta estatura e muito forte. – Ei! – Tentei chamar sua atenção, mas ele mal olhava para mim. – E essa mala não é minha! – Fui totalmente ignorada novamente. – Eu não vou levar mala, não tenho nada para levar! – Eu disse um pouco mais alto. O que eu posso levar do mundo dos anjos para os dos humanos? Ele estava ficando louco?

– São roupas humanas para que você coloque quando houver a transformação! – Ele falou finalmente virando para mim. – E essas perguntas você deverá fazer para eles. Quando chegar lá. – O rapaz respirou fundo, como se já estivesse cansado – Entendeu?

– Sim.

– Agora vá. – Apenas nesse momento percebi que estávamos de frente ao grande portão. Senti um frio na barriga quando o mesmo começou a se abrir e ao perceber o quanto é diferente do outro lado.

“As nuvens do lado de lá parecem mais escuras” pensei.

– Está na hora! – Olhei para o lado e o dono da voz abriu um sorriso acolhedor para mim.

– Obrigada, Senhor! – Eu disse para ele e voei entre as nuvens do meu novo e temporário mundo.

“Muito obrigada de verdade” dizia baixinho, com esperança de que essas palavras pudessem expressar ao menos uma pequena parte do imenso agradecimento que eu deveria a ele.

***

Quando as nuvens começaram a se afastar de mim, por conta da minha altitude, minhas asas pareceram ficar fracas e uma dor absurda tomou conta delas.

Voei até a montanha que tinham me indicado, botei um vestido humano por cima do meu branco.

A dor continuava e agora mais forte. Não imaginava que seria tão terrível quanto me disseram, conseguia ser ainda pior.

– Calma, já irá passar... – meus olhos embaçados pelas lagrimas puderam visualizar a sombra de duas pessoas se aproximarem.

Senti minhas pernas fraquejarem e meus olhos se fecharem, em poucos minutos apenas uma paisagem sombria pode ser vista por mim. Eu havia desmaiado.

***

Senti meu rosto aquecer, por causa dos fios de luz que atravessavam a pequena janela, fazendo-me abrir os olhos. Demorei alguns segundos para que me acostumasse com aquele brilho alaranjado.

Quando enfim consegui ficar de pé, aquela dor absurda me atingiu novamente. “Que droga!” pensei.

– Olá, querida! – Me assustei com o surgimento repentino daquela mulher sorridente – Vejo que suas asas ainda não foram perdidas totalmente... Hum... – A moça passou por mim e pegou um copo que estava em cima da mesa do lado da cama – Elas eram realmente crescidas e muito belas. – disse me estendendo o copo com um liquido roxo – Mas não se preocupe, logo essa dor irá passar. Dentro de alguns instantes suas asas se tornaram totalmente inexistentes. 

Ela gesticulou para que eu pegasse o objeto em sua mão. “O que é isso?” perguntava para mim mesmo em pensamento. Mesmo assim, o fiz.

– Tome, não precisa ter medo. Somos os ex-anjos que sem dúvida te disseram. ­­– Um homem apareceu na porta do pequeno quarto com uma aparência serena.  – Tome isso, ajudará com o processo de transformação. Depois venha comer algo... Para darmos início a conversa.

 Bebi o liquido de uma única vez, minha curiosidade era tanta que não pude perceber que a dor havia cessado. Os acompanhei até a cozinha e me acomodei em uma das cadeiras da mesa.

Eu não fazia idéia de como se comia aquele tipo de comida colocada a mesa. Passei parte do jantar imitando os gestos do casal, pareceu funcionar, já que não precisei de uma aula de como se comportar em um almoço humano.

Não pude deixar de notar naqueles dois desconhecidos a minha frente, por mais que não soubesse seus nomes deveria admitir que pareciam ser as pessoas mais gentis e acolhedoras que já conheci.

O sorriso de ambos chegava aos olhos, dando um brilho especial para eles. Além do leve tombar da cabeça, vez ou outra, tentando desvendar meus pensamentos de forma singela e carinhosa, com certa preocupação.

Era algo que eu nunca havia visto, algo que contrariava todo o princípio dado a nós, anjos. “Nada mais belo, encantador, delicado ou acolhedor será encontrado fora do paraíso.” Eles nos afirmavam.

Não me recordo muito bem de todas as palavras ditas por eles, mas partes delas poderiam ser contrariadas pelo sorriso desses ex-anjos diante de mim, não mais puros, contudo eu ainda podia ver a bondade no olhar dos transitórios residentes desse mundo.

Tentei ignorar esse pensamento. De certa forma, eles já foram parte do paraíso.

Mesmo com todo o conforto que fluía dos senhores de cabelos e olhos chocolates, não conseguia parar de pensar nos quinze anos como humanos que eles tinham.

Fazia as contas desesperada. Eu, com uma aparência de uma garota de aproximados dezessete anos, vivendo por mais quinze anos. “Não seria pedir muito... seria? Trinta e dois anos eu teria.”

Uma vontade imensa de sorrir abobalhada me invadiu, mas logo foi substituída por um sentimento de pânico.

 Ao mesmo tempo em que eu poderia ganhar mais tempo, eu poderia perder. Por culpa deles.

“Anjos não podem viver aqui por muito tempo”, eu tentava esclarecer todas as minhas perguntas. Tentava achar respostas lógicas, que tivessem algum sentido, porém nada.

Se eles fossem fugitivos, como minha mente gritava para mim, o encontro com os demônios poderiam ser mais breves do que o planejado, até porque o tempo deles já havia se esgotado.

Pedia com todas as forças que minha consciência estivesse errada. Mas será que alguém ainda ouviria as minhas preces?

– Bom, acho que já podemos começar. – A mulher disse após terminar de comer, como eu e seu marido havíamos feito.

Balancei a cabeça afirmativamente.

– Meu nome é Renata e o dele André. E agora somos a família Boss. – Sorriu para mim.

Eu sabia que aqueles não eram seus nomes verdadeiros, mas entendi o recado. Não éramos mais quem fomos um dia.

­– E você? – Ele perguntou em seguida.

Olhei o lugar a minha volta, em algum dos cantos havia uma estante com dezenas de livros. Um em especial me chamou a atenção: Alice no país das maravilhas.

– Meu nome é Alice. Alice Boss. – Disse segura, gravando essa informação.

– Tenho certeza que você tem muito a nos questionar. – André me incentivou.

“Não sei nem por onde começar, para ter idéia”


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Notas finais do capítulo

Bom, eu tenho muito para dizer. Tentarei ser o mais breve possível.
Primeiramente, gostaria de agradecer as minhas primeiras leitoras: a Lauren_May e a iisa-love! - Que ainda por cima são ótimas autoras, estou lendo de pouquinho em pouquinho suas Fanfics. E as indico.(Ainda estou devendo os merecidos reviews, mas irei lá com mais calma para os deixar).
Dedico esse capitulo para elas que me incentivaram (mesmo que não saibam) a dar o melhor de mim nele. Não imaginam o quanto fiquei feliz. Obrigada de verdade ♥
Não esperava receber esses Reviews e muito menos uma recomendação!
Muito obrigada de verdade, me fizeram muuuuuito feliz.
Ah, e queria pedir desculpas pela demora. Tive uma semana bastante agitada e o final de semana que eu pensei que seria calmo, não foi nem um pouco.
Mesmo assim tentei escrever o quanto pude e está aí. Espero que tenha alcançado a expectativa do primeiro capitulo e espero que o próximo seja bem melhor.
Enfim, se puderem, me digam o que acharam. Ficarei muito feliz em saber e tentar melhorar nos próximos.
Obrigada, beijos ♥