A Queda de Um Semideus escrita por Thah


Capítulo 3
Volto pro meu verdadeiro lar




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Estava atordoado. A menina que salvei na verdade é uma semi-deusa, como isso? Quando estive no Olimpo os deuses juraram pelo rio Estige que assumiriam seus filhos, porque estava sendo diferente com ela?

  - Não...não deve ser um engano – disse ela negando com a cabeça – eu não posso ser uma semi-deusa.

  - Acho melhor entrarmos. – disse Quíron.

Assenti.

  Já era noite e todos os campistas estavam em seus devidos chalés. Seguimos uma trilha que levava até a casa grande, por dentro algumas modificações tinham sido feitas, coisas pequenas mas que melhoraram o ambiente, avistei no sofá um conhecido.

  - Peter Jhonson. – disse o Sr.’D olhando um cacho de uvas em suas mãos.

  - Olá pra você também.

  - Dionisio precisamos conversar – disse Quíron.

  - Estou ocupado. – continuava a fitar o fruto.

  - É algo sério. – insistiu.

  A expressão de Quíron era uma mistura de preocupação com raiva. O Sr’D não gostava muito da idéia de ter que ser responsável por um acampamento cheio de semideuses, era um fardo que ele teria que carregar por um tempo.

  - Esta bem – apoiou os cotovelos nas cochas - Qual é o problema?

  Não estava nem um pouco preocupado com o que Quíron queria lhe falar. Contudo não ouvi-lo era ainda pior, se Zeus soubesse que estava sendo relaxado, seria severo com ele.

  - Todos os filhos dos deuses já foram assumidos não é mesmo? – começou o centauro.

  - De acordo com o meu pai... sim. – balançou a cabeça em aprovação.

  - Então alguém não cumpriu com a sua parte. – relatou Quíron

  - O que você quer dizer com isso? - arqueou a sobrancelha.

  - Temos um semi-deus não identificado – bateu duas vezes os cachos no chão.

  - Ah é, e quem seria?

  Nesse momento Miley saiu de trás de mim encolhida. Seus ombros curvados, o rosto esboçava o medo que ela sentia, a menina apertava as mãos tão forte, que achei que fosse quebrar seus ossos.

  - Ela. – apontou.

  - Muito bem – Sr’ D se pôs de pé - O que quer que eu faça?

  - Fale com os deuses do Olimpo e exija uma explicação.

  - Enquanto a garota... – apontou para ela.

  - Ficará aqui. – ele a olhou com doçura o que a fez relaxar um pouco -  tentaremos descobrir sua origem.

  - Srta.River, quem de seus pais é mortal? – ele se curvou para ficar na mesma altura que ela.

  - Minha mãe, meu pai morreu quando eu ainda era um bebê.

  - Isso descarta as mulheres de lá. – afirmou Senhor’D

  - Miley, você terá que ficar aqui na casa grande. – informou Quíron.

  - E minha mãe?! – sua voz falhou.

  - Disso nós cuidamos – falou com firmeza – E você Percy vá pra casa,sua mãe deve estar preocupada.

  - Ai deuses! Minha mãe! – coloquei as mãos sobre a cabeça - a escola desabou e os noticiários já devem estar a par disso, e eu não liguei nem nada.

  - Agora vá. – insistiu Senhor’D

  - Miley – coloquei a mão em sua testa – aqui você esta segura. Eu vou voltar pra te ver.

  - Prometi? – seus olhos azuis me fitavam com suplica.

  - Pelo rio Estige. Lembra... – sorri - ninguém vai tocar em você.

Ela soltou um sorriso encorajador e me abraçou.

  - Obrigada.

  Peguei Blackjack e voei para casa. Era muito bom sentir o vento roçar no meu rosto e tinha que aproveitar antes de receber a fúria da minha mãe.

Chegando em casa fui recebido com uma enxurrada de perguntas como: “porque não ligou?” “ Aonde estava?”.Depois de um certo tempo contei a eles sobre Miley.

  - Percy a escola esta interditada. Não haverá aula até o meio do ano. – disse Paul

Essa era uma grande oportunidade de falar com a minha mãe e antes que perdesse a coragem pedi em um murmúrio:

  - Mãe, posso passar esse tempo acampamento? preciso ajudar a Miley.

  Ela se levantou e começou a mexer nas frutas falsas em cima da mesa.

  - Filho em outros tempos que te impediria, mas agora...sei que onde precisarem de você terá que ir – seus olhos se arregalaram - a propósito foi ver Rachel?

  - A NÃO! Tenho que ir antes que o horário de visita acabe.

  Tomei um banho e Paul me levou até o hospital.

  Pela sua estrutura e decoração,uma só consulta ali deveria ser uma nota.Pedi informações na recepção,depois sai a procura do quarto certo.Empurrei a porta lentamente.La estava Rachel dormindo,alguns hematomas no rosto,um corte profundo na testa,mesmo assim parecia estar bem.Fiquei ao lado da cama e segurei sua mão.

  - Oi – sussurrei – demorei mas vim.

  - Per...cy... – sua voz saiu como um sussurro.

  - Não se esforce Rachel. – implorei.

  - Devo...estar...horrível não é mesmo? – conseguiu soltar um sussurro fraco.

  - A que isso os roxinhos são um charme.

  Nós dois não pudemos conter o riso.

  - Então como você esta? – voltei ao assunto.

  - Minha cabeça dói um pouco, só que mesmo assim a comida do hospital consegue ser pior que a dor.

Não soltei uma gargalhada.

  - Esta rindo porque não é você que tem que comê-la. – resmungou.

  - D-desculpe hi-hi não agüentei.Que susto que você nos deu.

  - Percy... – respirou fundo – não foi um simples ataque de gangue.

  - Como assim? – arquei as sobrancelhas confuso.

  - Há alguns dias...na Academia de Clarion fui ameaçada. – ela me fitou com um olhar de preocupação – outras pessoas já sabem que tenho o espírito de Delfos, então vem a minha procura para saber sobre o futuro.

  - Sonhei que estava sendo perseguida, você até olhou pra mim.

  - Sabia que era você... – sorriu – contudo – seu olhar se tornou frio novamente - não posso ser atacada por nada como monstros ou semi-deuses, apenas por mortais.

  - Então...

  - Isso mesmo, alguém do nosso mundo mandou me atacar.

  - Mas porque fariam isso? não faz sentido.

Minha cabeça se confundia ainda mais. Se precisavam saber das previsões de Rachel porque machuca-la?

  - Minhas visões ainda são muito limitadas, porém alguém ou algo esta atrás de alguma coisa que envolve...

  - Envolve...- insistia.

  - Alguém próximo a você.

  - Quem? – precisava saber, podia ser qualquer um dos meus amigos do acampamento Annabeth, Grover, Nico e até mesmo minha mãe e Paul.

  Antes que ela responder uma enfermeira entrou com bandeja cheia de remédios.

  - Desculpe, acabou o horário de visitas.

  - Perdoe, já estou de saída – voltei-me para Rachel – se cuida – beijei a testa dela.

  - Percy, - segurou meu braço - dentre de alguns dias receberei alta, te encontro no acampamento.

  - Como sabe que vou para lá?

  - Não sei, um palpite – ela riu.

  - Engraçadinha – mostrei a língua - adeus.

Assim que fechei a porta pude escutar Rachel reclamando da comida e dos remédios. Essa sim era a minha amiga, reclamona, impaciente e engraçada.

  Estava exalto. Meu corpo doía por inteiro,ver a minha cama era uma visão linda.Deitei e dormi.

  Sonhei que estava em uma espécie de caverna de mineração, estava escuro,a única claridade que se enxergava era a chama fraca de uma vela.

  - O chefe vai ficar muito bravo quando souber o que aconteceu.

  Reconheci a voz. Essa era a voz feminina do outro sonho com Rachel.

  - Não tivemos culpa da garota estar hospitalizada.

Agora a voz masculina entrou a conversa, a mesma do outro sonho.

  - O Olimpo já sabe da história? – disse ela.

  - Não sei, o chefe não me conta nada. – murmurou ele.

  - Tem razão. Só nos dá ordens, sendo que a última foi falha.

  - O mundo não será o mesmo se tudo se concretizar. – terminou a mulher.

  Acordei suando frio já de manhã. Arrumei as malas,despedi-me de mamãe e Paul e subi na cobertura do prédio tinha a impressão que minha carona me esperava.

E tinha razão, com as patas sujas de barro, pelagem preta e asas perfeitas,meu fiel amigo.Blackjack.

“Olá chefe”

  - Oi amigão! Como sabia que iria para o acampamento?

“Sabe tenho super-poderes”

Eu o encarei com uma cara de desconfiado.

“ Ok você venceu,sua mãe enviou uma mensagem de Irís para Quíron hoje de manhã”

  - Bom sem mais conversa, vamos pra casa.

Subi no pégaso e juntos sumimos nas nuvens.

  Estando de dia agora poderia ver todos os novos campistas, recebi uma carta e Grover me avisando que quase todos os filhos assumidos estavam no acampamento. A ansiedade tomava conta de mim.Meus olhos brilharam quando ao longe avistei o pinheiro de Thalia ainda com o velocino,desci de Blackjack e comecei a descer a colina.

  - PERCY! – gritou Grover.

  Ele veio saltitando até mim e deu um abraço de urso, senti meus ossos rangerem.Estava ficando tonto de tanto que ele me girava.

  - Até parece que eu fiquei fora uma eternidade.

  - Obrigado pela parte que me toca. - reclamou

  - AHH – puxei a sua cabeça para baixo das minhas aquixilas e com a outra mão esfregava o seu cabelo – também senti a sua falta garoto bode.

  - Vem cara! Quero te apresentar os novos campistas.

  - Têm muitos?

  - Você não faz idéia. O chalé de Ares esta lotado.Tivemos que aumentar o de Afrodite.

  - E o meu? – perguntei entusiasmado.

Sua expressão era vazia.

  - Lamento...ainda não chegaram, houve um problema na comunicação com eles, Quíron disso que levara um pouco de tempo.

Isso me entristeceu um pouco. Todos tinham vários irmãos e os meus...nem haviam chegado.

  - Ei Percy – Grover pôs a mão em meu ombro – relaxa,eles vão vir.

  Enquanto andávamos uma turma de adolescentes se aproximou de nós. Pelo símbolo na camiseta vi que alguns eram do chalé de Apolo,outro de Ares algumas garotas de Afrodite e Hermes..

  - Galera, conheçam Percy Jackson.

Acenei sem graça.

  - Ah Sr. Grover é ele mesmo! – disse um filho de Apolo.

  - Sim Henrry, em carne e osso.

  - Eles me conhecem? – nunca tinha os visto na vida.

  - Claro! Sr.Grover nos contou tudo sobre suas missões, você é um herói!– disse uma menina de Hermes.

  - Só não disse que era tão bonito – observou uma filha de Afrodite.

Corei.

  - Hã,vamos então Percy.

  - Até logo Percy! – disseram todos em único som.

Assenti.

  - Aee Percy arrasando corações. – me socou no ombro.

  - Deixa de ser besta Grover, eles só ficaram impressionados só isso.

  - Sei... – fez uma careta – não gostaria de ver uma certa filha de Atena vendo esta cena.

  - Nem eu. – concordei.

  - Cara, não acredito que ainda não a pediu em namoro!

  - Você sabe o porque – revirei os olhos.

  - Se não for rápido alguém fará isto antes de você – disse ele.

  - O que quer dizer?

  - Não seja bobo Percy, Annabeth não é mais aquela menininha de 12 anos, agora é uma mulher, inteligente, bonita, e como corpo bem modelado.

  - EI! Mais respeito!

  - Desculpe, parei, parei.

  - Mas...-mudei de assunto – onde esta Miley?

  - Ah claro, la está anciosa em para vê-lo

  Seguimos para a casa grande, alguns amigos meus nos cumprimentaram, Chris,o namorado de Clarisse, passava com os alguns filhos de Hefesto a caminho do lago.Na ala direita da sala estava Quíron penteando seus pelos com uma escova de madeira.Ao seu lado Miley River minha nova amiga.

  - PERCY! – ela me abraçou.

  - É bom te ver de novo.

  - Tinha razão todos aqui são incríveis.

  Parecia mais confiante,corajosa,diferentemente da menina de um dia atrás.Ela me lembrava Bianca D’Angelo,o jeito tímido e ao mesmo tempo carinhoso,e sei que onde estiver esta nos olhando e cuidando do irmão.Precisava proteger Miley não agüentaria perder mais um amigo e pior na minha frente.

  - Eu lhe disse isso.

  - Mais tarde vai ter um jogo “captura da bandeira” eu já brinquei disso na escola é muito legal.

  - Hã..aqui é um pouco diferente...

  - Diferente como? Não tem que pegar a bandeira do adversário?

  - Claro.Só tem um pequeno detalhe...podemos usar armas como espadas,flechas,vale tudo.

  Deve admitir que em comparação ao jogo original a única semelhança é o fato de pegar a bandeira.Parecia mais uma guerra entre adolescentes perturbados.

  - Que horror! Posso até ser morta nesse jogo.

  - Vá se acostumando mocinha. – dei uma risadinha – já descobriram quem é o seu pai.

  - Ainda não,fiz alguns testes, descobri que sou muito boa em forjar armas.Fiz até uma espada para mim,embora tenha lutado muito bem contra aos filhos de Ares.

  - Que legal.

  Acho que Quíron estaria pensando o mesmo que eu.Ela poderia ser filha ou de Hefesto ou Ares.Preferiria a primeira opção contando que os filhos do deus da guerra não simpatizam muito comigo.

  - Miley – disse Quíron – temos que pegar o seu elmo e sua armadura.

  Ela assentiu.

  - Pode ir – disse eu – depois de arrumar meu chalé te encontro no jogo.

Eles se foram,caminhando em direção a oficina.

  Meu chalé se encontrava do mesmo jeito que deixara.Respirei fundo,o cheiro de água salgada impreguinava minhas narinas,era bom estar em casa.Retirei algumas roupas na mala e fui guardo-as no armário,pude notar que o quadro com a minha foto e a de Tyson ainda estava pendurado na parede.Tyson...sentia muita falta dele,todas as vezes que o chalé estava  ordem era ele que tinha arrumado,meu único irmão agora vive no palácio do papai,é líder do exercito de ciclopes,uma cargo bem alto.E eu continuo sendo uma campista solitário do chalé de Poseidon.

  - Posso entrar?

  - Sem cerimônias Grover,você é de casa.

  - Parece abatido.

  - E-eu não,não...

Ele notou que eu estava defronte a retrato.

  - Queria estar no palácio não é?

Enganar o Grover não era nada fácil,conseguia ler minhas emoções e mesmo assim tinha um fator maior ainda: sendo  o meu melhor amigo.

  - Não é isso é só... – revirei os olhos – minha vida inteira vai ser o acampamento e...me pergunto como deve ser morar no mar.

  - Percy,precisamos de você aqui.

  - Não tenho nada a oferecer,daqui um tempo todos vão esquecer da historia de Cronos e aí – sentei na cama – voltarei a ser invisível.

  - Ah pare de ser melancólico – disse ele,embora suas palavras soassem vazias – nunca irão te esquecer,além do que – sorriu divertidamente – você não tem  o boné de Annabeth. Para ser invisível.

Não pude deixar de sorrir.

  - Pena que ela não esta aqui agora.

  - Quem Annabeth? Esta na arena de esgrima treinando.

Meu coração acelerou.

  - C-como ela, estava em NY.

  - Falou certo estava...a escola de arquitetura esta em greve,deve durar um mês aparentemente.

  Tudo o que fiz naquele momento fora deixar Grover falando sozinho e correr para a Arena.

  Lá estava ela lutando contra dois campistas,sua faca em mãos,dando giros espetaculares,golpes arrasadores que tirava o fôlego de qualquer um.Sentei e esperei a luta acabar,até o momento ninguém percebera a minha presença.

  - Muito bom Bruce,melhorou muito seus ataques.

  - Aprendi com a melhor.

Tinha o cabelo cor de mel,olhos negros,ao julgar pela sua altura devia ter a mesma idade de Nico     

  - Pode ir indo se quiser,a captura da bandeira daqui a pouco começará.

Assentiu.

O outro garoto era mais velho.Lembrava Luke,assim como ele tinha olhos azuis, cabelos cor de areia até os ombros.

  - Como sempre espetacular,uma garota linda e guerreira – disse ele passando a mão no cabelo dela.

  - Obrigada pelo elogio – desviou o olhar para as espadas e começou a recolhe-las.

   Senti uma imensa vontade de ir até eles e espancam o garoto vulgar, porém isso poderia prejudicar Annabeth por ser no seu horário de aula, escolhi me refugiar em meu chalé e esquecer tudo o que tinha visto.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso!

Nos vemos no próximo capítulo.

Kissus *----*