– Mexe-te, Calleigh! Por este andar nunca mais chegamos ao Museu. – Grita Natalia sentada ao volante do Ford Escort azul.

– Tem calma, Natalia. Assim começas a ficar com rugas. – Diz Valera na brincadeira.

– Tens muita piada, Valera. – Olha para Calleigh que ainda estava a trancar as portas e portões de casa.

– A Calleigh demora mais tempo por ter tanto medo que lhe assaltem a casa. – Diz Alexx rindo acompanhada de Valera.

Calleigh aproxima-se do carro e senta-se no lugar do co-piloto.

– Estavam a falar de mim. – Olha para Alexx e Valera depois de por o sinto. – As minhas orelhas estavam quentes. – Olha para as amigas com cara de desconfiada.

Alexx e Valera sorriem.

– Não foi nada, Calleigh. – Diz Alexx olhando para Valera.

– Pois não. Achas que nós iriamos dizer mal de ti? Nunca. Jamais. – Diz Valera. – Nós prometemos ser amigas até ao fim, nunca discutir nem falar mal umas com as outras, não é verdade?

Todas concordam com ela.

– Não te esqueceste de nada? – Pergunta Natalia a Calleigh.

– Acho que não. Deixa ver. Tenho a cabeça, tenho a mala, tenho o telemóvel, tenho as chaves… sim, tenho tudo. – Diz Calleigh, sorrindo.

– Então, Museu DanCor, aqui vamos nós. – Dizem Natalia e Valera em conjunto.

– Se tivessem combinado não teria saído tão bem. – Diz Alexx.

– Concordo contigo. – Diz Calleigh.

Calleigh, Natalia, Alexx e Valera são amigas desde o infantário. Sempre fizeram tudo juntas. Cresceram juntas. Estudaram juntas. Vão a todo o lado juntas.

Calleigh tem 25anos, cabelo loiro e olhos azuis. É bonita mas não se gaba. Natalia tem 27anos, cabelo castanho-claro e olhos castanhos. É tão bonita como Calleigh mas gaba-se um pouco. Alexx tem 29anos, cabelo preto e olhos castanhos. Não é tão bonita como Calleigh e Natalia mas quando passa na rua os homens suspiram. Por fim, Valera tem 24anos, tem cabelo castanho e olhos castanhos. É tão bonita como Calleigh.

As quatro amigas estão solteiras. Calleigh nunca namorou e diz que só namora um rapaz se for para toda a vida, por isso antes de começar a namorar, prefere ser amiga dele para conhecê-lo melhor e saber se não tirou uma impressão errada sobre ele. Natalia, ao contrário de Calleigh não quer conhecer o rapaz primeiro, prefere saber o básico e chega, tal como Valera. Alexx já é diferente das três amigas. Alexx é divorciada e só pretende voltar a viver com um homem se este a tratar como ela merece, com carinho, amor e atenção.

As quatro raparigas vivem na cidade de DanCor em Milkont. Adoram observar quadros e gostam de obras novas de pintores novos. Por isso, as quatro iriam passar a tarde toda enfiadas no Museu DanCor para observar as novas obras dos novos pintores.

Quando chegaram ao Museu foi difícil encontrar lugar para estacionar, mas encontraram.

Natalia, Calleigh, Alexx e Valera saíram do carro. Natalia trancou-o e dirigiram-se à entrada. Durante o percurso ouviram alguns assobios e piropos, mas nem olharam. Era sempre a mesma coisa. Onde iam ouviam piropos e assobios. Ao fim de tantas vezes, até irritava.

Entraram no Museu e este estava cheio, era incrível. Era a primeira vez que encontravam o Museu tão cheio. Elas vivem desde sempre em DanCor e é a primeira vez que vêm o Museu cheio.

– Vamos começar a ver? – Disse Calleigh.

– É melhor. – Concordou Natalia.

– Eu e a Valera vamos ver deste lado. – Diz Alexx apontando para a ala Oeste do Museu.

– Certo, eu e a Natalia vamos ver deste. – Diz Calleigh apontando para a ala Este.

– Encontramo-nos a ala Norte? – Pergunta Valera.

– Claro. – Concorda Natalia.

– Então até já. – Dizem as quatro juntas. Sorrindo afastam-se para os dois lados.

Calleigh olhava para todos os lados. Era quase impossível ver as obras tendo em conta que as pessoas tapavam as obras quase totalmente. Porém, havia uma obra que ninguém observava. As pessoas observavam as obras antes e depois daquela, mas aquela não.

Natalia continuou a avançar até à ala Norte observando o que conseguia das obras, sem perceber que Calleigh havia ficado para trás.

Três horas depois, Natalia, Alexx e Valera estavam na ala Norte à espera de Calleigh.

– A Calleigh não vinha contigo? – Pergunta Alexx olhando para Natalia.

– Sim. Nós separámo-nos no meio da multidão. – Diz Natalia tentando ver se encontrava a amiga.

– Esperamos mais um pouco? – Questiona Valera. – O Museu está a começar a ficar mais vazio, pode ser que a consigamos encontrar.

– Sim. Esperamos. – Concordou Natalia.

Calleigh ainda estava a observar o quadro. Estava tão fixada no quadro que se assustou quando sentiu uma mão no seu ombro.

– Desculpe, menina. – Diz um homem que aparentava ter 27 ou 28 anos. Era moreno, tinha cabelo e olhos pretos. – Tenho estado a observá-la… - Calleigh olha para ele. – Não leve para o lado negativo. Eu estava daquele lado e reparei que apenas a menina ficou interessada no quadro. Posso saber o porquê?

– Eu gostei muito deste quadro. – Torna a olhar para o quadro. - Ele conta uma história, tal como todos os outros. Mas esta história é diferente. É uma história repleta de calma, amor e carinho. Conta sobre um casal que se apaixonou perto do mar, perto de um farol num dia de Verão. Fala também sobre o seu casamento, de como viveram felizes por toda a vida. Conta como se apaixonaram, porque se apaixonaram. – Diz Calleigh ainda fixada no quadro. A sua voz calma dava um significado ainda mais bonito à história.

– É impressionante como a menina consegue saber isso tudo apenas vendo uma pintura de um simples quadro. – Diz o homem.

– Pode parecer simples, mas tem uma história muito comprida e muito bela. – Diz Calleigh sorrindo. Então, pela primeira vez olha para o homem. – Desculpe. Sou Calleigh Duquesne.

– Eric Delko. Muito prazer. – Apertam as mãos. – Estou a ver que a menina Duquesne gosta de arte.

– Amo. Não sei pintar mas sei ver a história estampada num quadro. – Sorri. – Sabe quem é o autor deste quadro? Gostava de entrar em contacto com ele para lhe dar os parabéns.

– Não só sei quem é como a posso levar a ele. – Diz Eric sorrindo para a Duquesne.

– Sabe? Leve-me até ele, por favor. – Implora.

– Só levo se me tratar por tu. – Sorri.

– Só trato por tu se me tratar também. – Aponta o dedo para ele e sorri.

– Está bem. Nesse caso posso tratar-te por Calleigh? – Pergunta.

– Claro que sim, Eric. – Sorri. – Vais levar-me agora a ele?

– Tu já o conheces. – Calleigh olha para ele. – Eu sou o autor do quadro.

– A sério? Muitos parabéns. É um quadro fantástico.

– Obrigado. Foste a única que olhou para ele.

– Eu gosto de ver quadros, mas o teu…é dos melhores que eu vi até hoje.

– Muito obrigado. – Mexe no bolso do casaco. – Eu tenho de ir embora mas o que achas de combinar-mos tomar um café um dia destes?

– Claro. Acho uma óptima ideia. – Sorri.

– Nesse caso… - Mostra um cartão. – Aqui está o meu cartão. Podes ligar a qualquer hora.

– Obriga… - Pára de falar quando recebe um beijo de Eric da testa.

– Foi um prazer conhecer-te. – Diz Eric afastando-se e acenando para ela.

Natalia, Alexx e Valera quando a vêem correm até ela.

– Calleigh? – Chama Natalia.

– Amiga? – Alexx.

– Estás bem? – Pergunta Valera.

– …da. – Diz Calleigh sorrindo para a porta por onde Eric havia saído acompanhado de três amigos.

– “da”? – Pergunta Natalia a Alexx.

– Não estou a entender nada. – Diz Alexx sacudindo as mãos.

– Calleigh! – Valera chama a amiga enquanto a abana.

– Han? O quê? – Pestaneja e vê as amigas. – Oh. Oi!

– “Oi!”? “Oi!”? – Diz Natalia com voz raivosa. – Onde e o que estavas a fazer? Han? Estávamos à horas à tua espera.

– Desculpem. Fiquei a olhar para este quadro e perdi a noção do tempo. – Sorri tímida. – Depois comecei a falar com o pintor e…

– O pintor? Quem é ele? É giro? – Natalia começa a fazer perguntas.

– Ele convidou-me para um dia ir tomar um café com ele. – Diz Calleigh sorrindo.

– Vai dar amor. – Diz Valera e Alexx concorda com ela.

– Vão sonhando. – Diz Calleigh virando a cara.

– Vais ver. Eu tenho sempre razão. – Diz Valera tendo Natalia e Alexx a concordarem com ela.