Wanted Dead Or Alive escrita por ALima


Capítulo 5
Capítulo 4 - Fio de cobre


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, com um pequeno atraso, o capítulo 4. Aqui podemos ver Alicia em ação.
Promete, hein...



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Oito da noite de sexta-feira. Palermo estava frenética. A vida noturna da cidade costuma ser bem agitada, e nessa sexta não seria diferente.

Ela usava os cabelos cacheados, os olhos verdes destacados por um delineador preto. Os lábios rosados, e seu corpo perfeito coberto por um vestido preto dois palmos acima do joelho. Assim que entrou no bar, todos os olhos se voltaram pra ela. Não que ela gostasse muito, porque isso poderia lhe render alguns problemas no futuro, mas ser uma femme fatale algumas vezes por mês não fazia mal a ninguém. Seu parceiro, do lado contrário do grande salão, lhe indicava o alvo. Em algum lugar perto do bar. Um homem alto, corpulento, charmoso de uns 45 anos bebericava um uísque e conversava com outro cara, mas ou menos do mesmo estilo dele. Ela, toda sutil, sentou-se numa banqueta do lado da dele. Pediu um martini. O perfume docemente cítrico que ela usava logo chamou a atenção dele. Ele se virou contemplando a figura maravilhosa ao seu lado. Podia muito bem ser a encarnação viva da deusa Vênus. Alicia percebeu o encantamento do alvo por ela. Sorriu. Homens são todos iguais, ela pensou. Logo que chegou o martini, o alvo, de nome Francesco Buricceli, começou a puxar assunto.

- Que mal eu lhe pergunte –começou ele sutilmente-, mas poderia eu saber seu nome? Creio que já a havia visto em algum lugar.

- Eu? –ela respondeu fingindo espantamento.Ele meneou a cabeça. – Não creio que o tenha visto, mas meu nome é Valentina. –Alicia mentiu.

- Valentina, belo nome. –ele sorriu.- Alicia sorriu de volta, usando de seu charme inocente. Ele mordeu a isca imediatamente. A garota pediu licença para ir ao banheiro, e ligou pra Giovanni, comunicando que já podia acontecer. Ela voltou, conversou por mais uns cinco minutos com Francesco, e então Giovanni, bem trajado, chega perto de Alicia.

- Valentina? O que você está fazendo aqui? –disse ele em sua melhor atuação.

- Não comece, Lucca, não comece. Só estou conversando. E aliás, o que isso te importa? Nós nem estamos mais juntos.

- Por enquanto. Mas isso não justifica você sair com esse vestido curto e com toda essa maquiagem por um bar qualquer.

- Você me seguiu, Lucca? –ela perguntou. Francesco só observava, com medo de tomar qualquer atitude.

- Hey, parem com isso, não é necessário. A Valentina é amiga da minha irmã. –ele começou, meio nervoso.

- Que irmã? –Giovanni perguntou.

- A... A Carla. Aquela do escritório. Ah, não me enxe, Lucca. O Francesco veio me encontrar porque... A Carla está doente. Ele me ligou e veio aqui pra gente tomar um drink. Já estamos indo pro hospital. O... O Francesco vai me levar.

- Sei, sei. Não estou gostando muito disso, mas, você quem sabe. Mas cuidado, hein, Valentina. Esses tipinhos são os piores. – Giovanni continuou.

- Vamos, Francesco? –pediu Alicia.

- Claro, claro.

Os dois se levantaram e foram até o carro de Francesco.

- Me desculpe por essa cena terrível. O Lucca não larga do meu pé. Vive me seguindo. –ela fingiu desampontamento.

- Não se importe, Valentina. Daremos um jeito nisso. Vamos, entre. Eu te levo pra outro lugar.

- Ah, nem tenho mais ânimo de sair depois disso... Pode me deixar em casa?

- Claro. –ele sorriu. Francesco estava criando esperanças. Achou que havia conquistado o coração da bela ruiva. Na verdade, o que ele conquistou foi uma longa noite de torturas. E um lugar à sete palmos do chão.

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Algumas horas antes

O editor-chefe do Italian, sr. Felippe Bergamo, acabava de ler o último relatório de Stefano. Finalmente ele chegara na pista certa. Alicia. Tudo corria como o planejado. Até que Stefano não é todo um babaca, ele pensou. Escolhera a pessoa certa. Ele sabia que Stefano mergulhava de cabeça em qualquer projeto que lhe fosse dado. Não resistia à mistérios. E ainda assim, conseguia despachar Diana. Uma mulher tão bonita, inteligente, bem humorada, talentosa... ah, ela não merecia aquele paspalho. Merecia alguém melhor. Se tudo desse certo, quem sabe ele?

Nesse momento, ele tinha três metas, que alcançaria com uma cajadada só. Pegou o telefone, discou um número e enquanto esperava, acendeu um cigarro.

- Alô?!

- O plano deu certo. Estamos entrando na principal etapa.

- Ótimo, ótimo mesmo, Felippe. Mais rápido do que eu esperava.

- Eu também acho. O importante é que tudo deu certo.

- Ok. Addio.

- Addio.

Aproveitou o telefone, pra plantar sua última semente.

- Diana?

- Sim, senhor Felippe.

- Não precisa de tanto formalismo. Mas escute, será que posso me encontrar com você aqui na minha sala?

- Sua sala? É algo sério?

- Não, nada sério. Aliás, deixe-me reformular o pedido. Você tem compromisso pro almoço?

- Não.

- Ótimo. Uma e meia no Lacroix.

- Ok. Addio.

Pronto. Agora tudo se encaminharia por conta própria.

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Voltando à Alicia, esta, estava no quartinho subterrâneo, apelidado carinhosamente de “Exterminador”. Francesco suava frio, em pé num banquinho, com a corda amarrada em seu pescoço. No final, fora fácil atrair a presa. Alicia ofereceu a ele uma bebida com sonífero, e arrastou-o até o porão, enquanto esse dormia. Agora, ela estava sentada com um copo de conhaque na mão, observando o desespero de Francesco.

- Cagna*. Por que está fazendo isso comigo? –murmurou ele.

- Tem certeza que não sabe? –ela perguntou indiferente. Ele fez que não com a cabeça. – Ah, então acho que eu tenho que refrescar sua memória. Você é Francesco Buricelli, tem 45 anos, mora numa cobertura luxuosa na Via Castello, dirige uma BMW, foi casado por 5 anos com Pietra Nacolli, depois assassinou-a brutalmente. Faz parte de uma família de Máfia ligada à Toscana, matou 25 inocentes num incendio proposital em Florença... Ajudou ou quer mais.

- Como você sabe disso, vadia? –ele murmurrou. Depois arregalou os olhos. Faltava-lhe ar. – Você é parte deles, né, sua vadia? Da máfia... Como eu não pensei nisso!

- Oh! –exclamou Alicia, fingindo surpresa. – Finalmente seu cérebro foi inalgurado, hein.

- O que você vai fazer comigo? –ele perguntou.

- Calma, querido, tudo tem seu momento. Não é o seu de fazer perguntas, ou eu posso ser ainda mais má. –ela se levantou, foi até uma gaveta na estante e tirou de lá um legítimo charuto cubano. Acendeu-o e deu uma tragada. Era um pouco mais forte do que ela imaginou. Seus olhos encheram-se de lágrimas e ela quis tossir. Mas não podia demonstrar fraqueza em frente ao inimigo. Deu uma segunda tragada e soltou fumaça pro teto. Francesco olhava aquela cena culpando-se por ser tão idiota. Deixar-se cair na lábia de uma mulher bonita. Pelo menos agora ele descobrira qual a arma secreta da Cosa Nostra. Uma jovem de uns vinte anos. Talvez Don Daniel Belucci não fosse tão burro como ele pensara...

- Hora de começar o interrogatório, você não acha? –disse ela pisando no charuto, alguns minutos depois. Abriu outra gaveta e tirou um cassetete elétrico. Conferiu sua bateria, e foi bem perto do alvo.

- Tenho algumas regras aqui, querido. Primeira: Só fale quando eu mandar. Segunda: Não demore pra responder. Terceira: não se negue a responder nada. Desrespeitando qualquer uma dessas três regras, você leva uma pancada com meu brinquedinho aqui, e muito provavelmente morre. E então, sua família leva o mesmo destino. –Alicia disse.

Francesco engoliu seco e meneou a cabeça. Alicia blefava quando disse que a família dele também sofreria consequencias. Ela não matava inocentes. Ou melhor, o que em sua concepção relativa seria uma pessoa inocente. Mas ela era uma mentirosa tão boa que Francesco nem percebeu o blefe.

- Ótimo, querido. Assim mesmo. Lembre-se, -disse ela ligando o gravador – Tudo o que você disser aqui, pode ser usado contra você no futuro. – Outro blefe. Não havia futuro algum para Francesco. Mas ele se prendia a uma pequena esperança de escapar daquilo tudo.

- Primeira pergunta: Quem é o seu chefe?

- Me desculpe, mas não posso responder essa. –ele disse.

- Já começou desrespeitando regras, bebê? –ela disse se aproximando. Aproximou o cassetete da clavícula dele. – Como eu sou boazinha, vou te uma outra chance. Quem é o seu chefe?

- Don Milleto. –ele respondeu. Pelos olhos dele, Alicia sabia que ele não estava mentindo. Aquele era um furo e tanto. Don Daniel iria amar saber disso tudo.

- Ótimo. Desse jeito mesmo. Você aprende rápido, Francesco. Agora, pergunta dois...

E assim seguiu-se a noite, com muitas revelações, até que sem qualquer dó, Alicia chutasse o banquinho que o segurava pra bem longe, e ela comtemplasse os olhos dele se fechando lentamente, e seus pés parando de debater. Ela, ainda de luvas, pegou o corpo desfalecido, e jogou no necrotério, se misturando à tantos outros. Limpou, um por um, os instrumentos que usara naquela noite e pegou a fita do gravador. Saiu do porão escuro, trancando a porta atrás de si. Saiu da casa com seu novo brinquedinho: A BMW de Francesco. Precisava de um banho.

Enquanto isso, do outro lado da rua, um jornalista aterrorizado com sua máquina fotográfica na mão, tinha os olhos arregalados, pensando nos pesadelos que teria naquela noite. Ela era o diabo em forma de anjo.


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Notas finais do capítulo

deixem seus comentários pra eu saber a opinião de vocês, ela é mt importante pra miim.
Beijos