Shattered

Capítulo 11

Draco ficou estatelado no chão, enquanto a observava ir embora. Ele não queria admitir, mas ela o havia magoado. Bastante, para falar a verdade.

Talvez o que ele sentisse por ela fosse passageiro, afinal, nunca conversara muito com a garota e poderia ser algo apenas na sua imaginação.

Porém...

Nunca nenhuma garota o havia feito com que ele se sentisse do jeito que se sente pela Granger. Ela o deixava mais feliz, Draco sentia que podia ser ele mesmo na presença dela.

Ele suspirou pesadamente e foi na direção contrária a dela, indo para o dormitório dos monitores-chefes.

Uma boa noite de sono cairia bem.

Estúpida! Estúpida! Estúpida!

Mentir para Draco Malfoy não faria com que seus sentimentos – muito intensos – por ele mudassem.

Hermione subiu para o dormitório e jogou-se na cama, puxando o travesseiro para junto de si. Enterrou seu rosto nele e deixou as lágrimas rolarem livremente pelo rosto.

Ela havia traído Rony – três vezes! – e a única coisa com que estava preocupada no momento era se Draco iria ao menos olhar para ela no dia seguinte.

Mas não podia evitar, estava gostando de Draco do mesmo jeito que pensava gostar de Rony. O que iria fazer?

Teria de conversar com Rony logo, não aguentaria o peso da mentira por muito mais tempo. Ela se arrastou até a borda da cama e puxou um pedaço de pergaminho, uma pena e um tinteiro de seu malão. Tinha que responder a carta, e faria aquilo agora.

Hermione molhou a pena no tinteiro e começou a escrever. Não diria nada por carta, só iria lhe falar que as coisas estavam bem e que estaria n'A Toca para o Natal.

Quando terminou, enrolou o pergaminho no formato de um rolinho, guardou em sua mochila e deitou-se.

Naquela noite, teve um sonho muito estranho.

"Rony e Hermione andavam pelo povoado de Hogsmeade numa bela tarde de primavera, de mãos dadas. Eles conversavam distraidamente envolvidos numa própria bolha particular.

Não havia ninguém ao redor, e ambos sorriam abertamente um para o outro, como se Hermione nunca o tivesse traído. Tudo estava as mil maravilhas.

Então, Rony soltou-se da mão dela e foi até os arbustos no caminho que dava para a Casa dos Gritos e determinada o fim da Floresta Proibida. Ela o observou, com um sorriso tolo no rosto e, quando Rony voltou com uma rosa, Hermione tapou a boca com as mãos, surpresa, ainda sem deixar de sorrir.

Ele lhe estendeu a flor e ela a recebeu, enquanto o outro entrelaçava seus dedos.

- Eu te amo, Hermione.

Seus olhos se encontraram. Havia um brilho diferente em sua íris que ela só podia definir como amor.

- Eu também te amo, Rony.

Ele sorriu e tocou sua bochecha com a mão livre, acariciando-a. E então, se aproximou para beijá-la. Hermione estava quase fechando os olhos quando viu que a cabeça ruiva de Rony Weasley foi substituída pela cabeça loira de Draco Malfoy."

Hermione acordou, assustada.

Do lado de fora do castelo um relâmpago cortou o céu e iluminou o dormitório feminino. Uma lágrima escorreu pela bochecha dela.

Sua mente foi invadida pela lembrança da noite passada, da detenção com Draco. Tudo estava indo tão bem, o clima entre eles estava tão divertido que qualquer um duvidaria que fosse Draco.

As palavras da pergunta que ele fizera ainda ecoavam em sua mente: "Só me responda uma coisa, você sente algo por mim?"

Ela havia mentido com a resposta, e sabia disso. Mas nunca imaginaria que fosse algo tão intenso.

Estaria ela apaixonada por Draco Malfoy?