De Volta ao Passado escrita por mizuke


Capítulo 3
Capítulo 3 - Boa Sorte, Raymond!


Notas iniciais do capítulo

E ai, estão gostando? Espero que sim!
Estou bastante satisfeita com essa história, já que é a que tem mais leitores e a que tem me dado mais vontade de escrever ultimamente.
Maaas, é o seguinte, povo: o próximo capítulo pode demorar um pouco mais pra sair D:
tá, ele já tá pronto e tudo mais, mas eu to tentando aumentar eles, já que eu já to no oitavo capítulo e ainda nem sai do primeiro dia! D:
Sei lá, acho que o problema é que eu fiquei os primeiros capítulo presa aos flashbacks e tudo o mais, mas se eu colocasse tudo em um capítulo só ou dois, os textos ficariam muito grandes, não como um texto "infantil" e simples deveria parecer. Mas mesmo assim parece perda de tempo perder tantos capítulos e tantos eventos do jogo em um dia só...
Enfim, estou vendo esse problema. Enquanto isso, espero que gostem desse novo capítulo *-*



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Consegui me livrar do almoço com o prefeito tagarela dizendo que estava cansado da viagem e queria descansar. Depois de alguma insistência, finalmente consegui convence-lo. Mas não por muito tempo.

Coloquei minhas malas dentro da minúscula casinha de madeira que era tão familiar. Nada havia mudado, a não ser pelo velho sofá que usei como cama naquelas férias, que não estava mais ali.

Tudo era exatamente como eu me lembrava. A única coisa de diferente era o calendário, que tinha uma linda paisagem de montanhas. Isso com certeza alguém havia mudado, afinal, estava marcando o mês correto.

Joguei-me na cama e fiquei fitando o vazio no teto de madeira. O que eu estava fazendo ali, afinal? Eu sei que queria muito compensar meu avô por minhas faltas, mas era óbvio que eu não tinha o mínimo do talento para aquilo. O que eu estava fazendo ali? Estava lá para terminar de falir sua preciosa fazenda?

Isso me fez lembrar das palavras de minha mãe ao contar a ela da decisão de assumir a fazenda.

É claro que ela não concordou, afinal, ela sabia da minha falta de talento com a natureza tão bem quanto eu, mas de qualquer forma eu teria que assumir alguma coisa; se não fosse a fazenda, seria a empresa de meus pais. E, francamente, acho que sou melhor tirando leite de vaca do que assistindo a reuniões intermináveis com um monte de homens engravatados.

A minha decisão de tomar a fazenda foi a outra parte da laranja.

Mas isso não mudava o fato de que eu estava completamente perdido. Se tivesse aceitado mais algum convite de meu avô, ele podia me ensinar alguma coisa e eu não precisaria estar passando por isso. Se...

A minúscula palavra de duas letras fez com que eu me revirasse na cama e abraçasse o travesseiro, fitando a televisão desligada agora. Que engraçado, eu pensava, fugi dos meus pais porque eles me pressionavam muito, e agora estou em uma situação com ainda mais pressão. Aos meus dezenove anos eu ainda não estava pronto para fazer escolhas, mas, hoje em dia, eu realmente não me arrependo de ter tomado essa decisão.

Mas aos dezenoves anos, nós somos jovens e achamos que somos imortais. Não entendemos o peso de uma decisão errada, e achamos que, qualquer problema, sempre podemos voltar atrás. Ali, sozinho entre aquelas quatro paredes esmagadoras, eu tentava encontrar minha rota de fuga.

Mas logo apaguei esse pensamento da mente. Afinal, eu tinha vários motivos para estar ali. Desde me livrar dos meus pais, ficar com a consciência tranqüila por causa do meu avô, e até motivos inocentes como aquela promessa.

Ao invés de procurar minha rota de fuga, procurei me concentrar em minhas novas atividades. Qual o primeiro passo a tomar? Uma boa horta, talvez.

Levantei-me da cama e caminhei até um baú de madeira mediano que ficava encostado à parede. Se bem me lembrava, era ali que meu avô guardava suas ferramentas. E eu tinha muito trabalho pela frente.

O baú era mais espaçoso do que parecia ser. Lá havia uma foice e uma inchada de madeira que pareciam bastante velhos, um martelo e um irrigador enferrujado. Peguei a foice para aparar o mato alto e a inchada para fazer os buracos para minhas plantações e guardei as outras ferramentas do jeito que havia as encontrado e sai pela porta, disposto a fazer daquela a fazenda mais bonita daquele vilarejo.

Porém, meus planos são interrompidos quando encontro o prefeito à porta.

Oh, meu Deus.

- Bom dia, Raymond! Eu vim para te mostrar o vilarejo, se você quiser.

De fato, eu estava esquecendo do principal. Como começaria minha horta se mal me lembrava onde era o mercado, por exemplo? Aquilo até que viria a calhar.

- Sim, por favor.

- Bem, então vamos lá!

Caminhamos cerca a fora. Eu não tinha reparado mas, olhando para o caminho à frente, todas as casas pareciam iguais.

- Este caminho te levará à Poultry Farm e ao Yodel Ranch. Cê pode comprar galinhas e outros animais nesses lugares. – disse o prefeito, apontado para a nossa direita.

Descemos alguns degraus e, apontando para a primeira da fileira de casinhas à esquerda, Thomas continuou.

- Essa é a loja dos Blacksmith. Você pode comprar ferramentas para sua fazenda aqui. Os Blacksmiths também podem aperfeiçoar as que você já tem.

O prefeito continuou, enquanto continuávamos caminhando e parando a cada casa.

- Esse é o pomar. Eles têm pouca ajuda na época da colheita, então dê uma mão se você puder. Essa é a livraria. Você pode aprender muito lendo livros. É claro, cê também pode perguntar a mim e a outros do vilarejo sobre as coisas.

Estávamos virando a esquina para a direita quando uma senhora sentada em uma cadeira de balanço nos interrompeu.

- Bem, olá, Thomas. E quem temos aqui? É esse o jovem que cê disse que taria tomando conta da fazenda Solis?

- Olá, Ellen! Sim, é esse mesmo. O nome dele é Raymond. – agora, se virando para mim, ele continuou. – Deixa eu te apresentar à Ellen. Ela costumava ser a parteira. A neta dela está trabalhando na clínica agora. A seguir, deixa eu te mostrar minha casa, que é logo na próxima porta. Se cuida, Ellen!

Acenei para a senhora simpática na cadeira de balanço, e então ela retribuiu.

- Tchau, Thomas. E foi um prazer te conhecer, ahh... Raymond.

E então continuamos:

- Essa é minha casa. Eu moro com meu filho, o policial. Por favor, venha nos visitar qualquer hora dessas. Esse é o supermercado. Cê pode comprar todos os tipos de coisas aqui, até mesmo sementes para sua fazenda. Essa é a clínica. Você pode vir aqui quando se sentir doente ou cansado. – sua expressão mudou, de repente, para uma feição mais vazia. – Mas tente não trabalhar demais, assim você num terá que vir aqui.

Paramos de caminhar, e agora, de frente para mim, o prefeito continuou com seu sorriso largo e acolhedor.

- A igreja é logo ali. – disse, apontando para trás com o polegar por cima do ombro. E então colocou a mão na frente da boca e sussurrou, como se estivesse me contando um segredo – O pastor é um homem esquisito, mas é legal...

Viramos para a esquerda, e caminhamos para a maior casa do vilarejo: parecia uma caixa de sapatos deitada, e um pequeno jardim na frente dava um ar mais acolhedor ao local.

- Esse é o Inn. – explicou o prefeito. – Tem um restaurante no primeiro andar, e o bar abre depois do por do sol.

Giramos em nossos calcanhares e continuamos andando, até chegar a uma praça razoavelmente grande, cercada por árvores e arbustos nos quatro cantos. Alguns bancos estavam encostados nas extremidades e havia uma escadinha à frente.

Ainda andando, o prefeito explicou.

- Essa é a praça. A maioria dos nossos festivais são celebrados aqui. Se você seguir reto, cê chegará à praia. O caminho da esquerda te leva de volta pra igreja, e o caminho da direita te leva pro Yodel Ranch.

Se virando para mim, o prefeito sorriu calorosamente e continuou.

- Bom, acho que isso é tudo que eu tenho pra dizer. Dê uma caminhada envolta e descubra outras coisas que tem por aqui. Ah sim, o lenhador, Gotz, vive na montanha, então ele é o cara pra se perguntar sobre o local. – enquanto caminhávamos de volta para a fazenda, o prefeito destacou mais alguns detalhes que havia esquecido, mas que não me lembro para descrevê-los aqui.

Quando chegamos, ele concluiu.

- Bom, preciso ir agora. Boa sorte, Raymond!

E então o senhor baixinho e elegante caminhou de forma desengonçada pela cerca, até desaparecer.


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Notas finais do capítulo

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