Meu Trono escrita por Fan_s


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Também demorei desta vez...
Mas! O capítulo está enorme!
Quero agradecer a todos os comentários que tenho recebido! Fazem-me muito feliz!

Quero só fazer uma notinha: A letra "D" do meu teclado está emperrada (não sei como... ficou assim de repente) então se faltar um "d" numa palavra, peço desculpa... eu realmente não sei como resolver o problema...

E, sem mais demoras,

Boa leitura!



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Ino acordara no seu quarto, vestida com as roupas que usara no trabalho, confusa, sem nenhuma recordação de como lá tinha chegado. A sua última memória era de ouvir o som da fechadura. Estranho. Teria ela caminhado até ao quarto… e não tinha memória porque estava a dormir? Como… uma sonâmbula?

            Aquele pensamento deu-lhe arrepios. Decidiu que não se lembrava de chegar ao quarto porque estava extremamente cansada quando chegara a casa do trabalho. Por isso, nem fizera o esforço de vestir o confortável pijama. Sim, era isso. Não era necessário pensar mais.

            Agarrou no telemóvel depois de se alongar e esfregar os olhos. Para variar, a hora de almoço já tinha passado. Levantou-se da cama. Retirou as roupas que emitiam um cheiro forte a tabaco e precisavam de uma boa lavagem. Assim como Ino. O cheiro a tabaco e a bebidas tinha-se entranhado na pele dela, e ela sentia-se muito suja.

             Pegou na toalha e dirigiu-se à casa de banho, sem lhe passar pela cabeça que Gaara poderia tê-la carregado nos braços, desde o sofá até á cama, como se ela fosse uma princesa.

            Durante todo o banho a mente dela tinha ficado vazia, sem se concentrar em algo em especial. Fez duas lavagens duradouras ao cabelo com uma quantidade exagerada de shampoo e deixou-se prolongar lá, debaixo da água quente que vinha do chuveiro, durantes longos minutos.

            Saiu algum tempo depois, vestindo logo a roupa interior preta. Antes de vestir o vestido de cor clara que tinha tirado da gaveta (e que cheirava a lavado) inclinou-se sobre si para retirar o excesso de água dos cabelos loiros.

            Concentrada a esfregar a toalha nos cabelos, não reparou na porta aberta, nem em Gaara, que – ao entrar na casa de banho sem saber que ela lá estava – ficara segundos a admirar a figura feminina de Ino.

            Não era como se Gaara tivesse muitos modelos de comparação, mas Ino era a pessoa do sexo oposto mais bonita que ele alguma vez vira. Muito mais bonita do que todas as que apareciam na televisão que ainda estava destruída no chão da sala. Todo o vapor da casa de banho e o cheiro a shampoo que de lá saía atraía-o como se o estivesses a obrigar a aproximar-se.

            Ela era tão bonita.

            E voltou-lhe à memória o primeiro dia, em que ela se começara a despir à frente dele, e depois de vestira de novo no seu quarto. Ele demonstrara indiferença. Não que estivesse indiferente… estava curioso, estava fascinado. Ela era tão bonita…

            E, mesmo tendo-a achado bonita desde o primeiro dia em que a vira, Gaara conseguiu notar a grande diferença na beleza que Ino tinha no primeiro dia e a beleza que Ino tinha agora, naquele momento.

            Corado, confuso, fechou a porta. E Ino não deu por nada.

            Quando se preparava para entrar de novo no seu quarto, Gaara vê Ino sair da casa de banho enrolada na toalha. Os cabelos despenteados e molhados… era tudo tão parecido com o primeiro dia e, no entanto, era tudo tão diferente!

            Ino viu Gaara também. E, segundos depois de se sentirem num estranho campo magnético, ambos olharam para o chão e entraram cada um na sua divisão.

OoOoOoOo

            Ino fechara a porta com um sorriso bobo de adolescente. Mas durou pouco, ao perceber-se que tinha passado pela pessoa com quem decidira fazer um esforço para tentar comunicar melhor sem lhe dirigir uma palavra. Nem um bom dia… melhor, nem uma boa tarde! Sem o habitual já almoçaste…

            Ino tinha fugido para o quarto como… como… aah!

            Desde quando Ino se refugiava no quarto? Nunca!

            Vergonha? Ino não sabia o significado dessa palavra. Caramba, ela entrara vinda do nada na casa dele, vestiu-se à frente dele, abraçou-o por trás do nada e, sem vergonha nenhuma, aparecera à frente da irmã dele de camisa! E agora corava… e fugia ao vê-lo?

            Ino decidira que assim que se vestisse iria ao quarto dele perguntar-lhe se já tinha comido, e esforçar-se-ia por manter uma conversa agradável, entre duas pessoas adultas - que eles eram.

            Mas viu-se com um problema ainda maior assim que vestiu uma roupa simples e leve, quentinha de Inverno, o vestido de cor clara, mangas compridas e decote redondo. Um dos seus vestidos favoritos. E o problema veio quando se olhou ao espelho.

            Ela podia jurar que semanas atrás aquele vestido era a coisa mais bonita que podia usar! Era juntinho ao peito, para depois cair como uma saia de princesa a seguir à cintura. Demonstrava bem as curvas bem-feitas de Ino que ela, semanas atrás, se orgulhava de mostrar. E agora?!

            Agora aquele vestido estava completamente excluído das opções dela! Zangada, irritada e com raiva de si própria por todas as batatas que tinha comido atirou o vestido à parede!

            As curvas perfeitas de Ino já não estavam assim tão perfeitas na sua opinião. Mal olhou no espelho, esperando ver a imagem elegante dela que ela sempre soube que tinha, deparou-se com umas curvas bem mais acentuadas do que era normal.

            As suas ancas estavam enormes! Aquela gordurinha dos lados, que o vestido apertado realçava, faziam-lhe uma dupla cintura que deixava a moral de Ino a níveis abaixo do zero.

            Com um enorme suspiro de arrependimento por ter perdido o controlo da situação, Ino facilmente se encheu de determinação para voltar a ter a sua cintura ideal. Começaria amanhã.

            Hoje evitaria olhar para aquele desastre e passaria o dia com uma camisola larga, e com uns calções quaisquer que encontrara na gaveta.

            E, assim vestida, saiu do quarto e bateu à porta de Gaara.

OoOoOoOoOo

            “Então, como correu o teu passeio com o Naruto?” O chefe de Hinata perguntou, com um sorriso simpático de cúmplice.

            As bochechas de Hinata coraram violentamente “correu bem…” respondeu, tentando disfarçar o enorme sorriso que florescia na sua expressão.

            Tinha corrido mais que bem. Aquela ida ao planetário ficaria marcada como um dos melhores dias da sua vida (não que ela tivesse vivido muito, com apenas 19 anos). Mas ela nunca iria esquecer a maneira de como o coração dela batera durante todo o encontro com o Naruto.

            Primeiramente, sentados lado a lado a ver o céu artificial criado pelo planetário, onde Naruto falara imenso, sempre com uma expressão alegre de criança feliz! Ela nunca pensou que ele soubesse tanto sobre as estrelas!

            A conversa continuou depois numa espécie de museu onde eles poderiam ver fotografias de constelações e as suas lendas.

            No final, quando Naruto a foi levar a casa, ofereceu um pequeno ramo de flores que ele fora apanhando pelo caminho, que Hinata colocara em água de imediato, e que cuidava com o maior carinho e cuidado.

            Tinha sido perfeito.

            “Vais-me dar um novo prato para provar?” Naruto perguntou-lhe com um sorriso de extrema felicidade ao entrar no estabelecimento de sempre, que, ao contrário dos primeiros dias que ele aparecera, já não estava vazio.

            Também para Naruto aquele dia no planetário ia ser marcado e recordado.

            Ao contrário de todos os outros, Hinata nunca fugira dele, e andaram de braço e mão dada durante quase todo o encontro. Dentro do planetário, muitas pessoas pareciam nem o reconhecer, e outras reconheciam-no e não… bem, fugiam ou gritavam (que eram os comportamentos normais a quais ele estava habituado). Dos raros que sabiam quem Naruto era, ou o que transportava consigo, e que tiveram esse comportamento habitual, Naruto nem fez caso. Ignorou-os completamente. Pela primeira vez, nenhum desses gritos ou bocas parvas o magoaram. Até achou piada quando todas as outras pessoas olharam para eles como se fossem loucos. Talvez devesse sair mais vezes de casa…

            Hinata, ao lado dele, afastava todo o tipo de dor.

            “Aqui tens, Naruto” Hinata colocou à frente dele o seu prato bem cheio de comida que, para não variar, estava deliciosa.

            Ela era perfeita em tudo…

            “Hey, Hinata…” Naruto começou por dizer “gostavas de ir hoje á noite a um sítio comigo?” Hinata pareceu interessada “a luz da cidade não chega ali, então as estrelas são bem visíveis…”

            “Eu vou!” Hinata corou, de novo, ao perceber o tão rápido falara. Atrás de si, o seu chefe riu também da sua atrapalhação. Passou a mão pelos cabelos para os colocar atrás da orelha “gostaria muito de ir, Naruto…” disse, mais calma, com um lindo sorriso.

            O sorriso mais bonito que Naruto já vira.

oOoOoOoOoOoO

          

            Ino batera à porta do quarto de Gaara. Tinha ensaiado montes de vezes a frase ‘então, já comeste?’ assim como todo o diálogo feito na sua cabeça, que acabaria com eles os dois a comerem qualquer coisa saudável na cozinha. Ino rezava para que Gaara seguisse o diálogo da cabeça dela.

            “Então…” Ino começou assim que Gaara, sem camisa, como era habitual, abriu a porta “oh… estás…” o pensamento de Ino perdeu a linha de raciocínio “está! Está frio… não tens frio?”

            “Não…” Gaara disse-lhe.

            “Ah, bem…” Ino tentou orientar-se. Mas tinha-se tornado muito difícil pensar com Gaara à frente dela “eu vim… vim…” o que é que ela ia dizer mesmo?

            Ino estava completamente perdida. E deixou-se desistir de pensar no que fora ali fazer assim que viu, ao olhar para dentro do quarto de Gaara, o armário do quarto de Gaara aberto. Nunca antes se tinha perguntado porque alguém teria dois armários dentro do quarto. E nunca imaginou que um desses armários estaria apilhado de livros!

            “Uou!” Exclamou em surpresa “Gaara, isto são livros universitários?!” Ino entrou pelo quarto adentro, sem autorização para entrar, e vasculhou os livros de Gaara. “Biologia… Matemática avançada… Biofísica… Morfologia animal… tens aqui as disciplinas de quase todos os cursos!”

            Gaara desconhecia a razão da admiração de Ino.

            “Conhecimento é importante” Ele explicou como se estudar todas as disciplinas existentes no mundo fosse normal.

            “Sim… mas… isto é muito livro…” Ino ainda não acreditava. Ela, que desistira da Universidade por não achar objectivo naquilo – e em parte porque nunca fora boa aluna na escola -, não conseguia acreditar que alguém sem obrigações escolhesse por conta própria estudar todas aquelas disciplinas…

            “Eu tenho muito tempo livre” Gaara respondeu.

            Então era isso que Gaara fazia nos tempos livres? Estudava? “Então… tu gostas de estudar?” Ino, mesmo sabendo que era uma pergunta estupida, não conseguiu deixar de a fazer.

            “Sim. A maior parte das disciplinas é muito útil.” Ele respondeu.

            Ino dirigiu-se ao armário cheio de livros. “Alguma disciplina em especial?”

            “Medicina avançada e Química têm um interesse em especial” confessou “a única que me parece inútil é Psicologia Humana”

            Ino sentiu como se uma seta se atravessasse no coração. Psicologia Humana era o curso que ela decidira fazer – e desistira a meio.

            “Eu nunca entendi nada de Química…” confessou também. Para falar a verdade, ela pouco entendia de qualquer disciplina que não fosse Psicologia e mente humana. Tinha tirado uma boa média no final do Liceu, mas só graças as magnificas habilidades que tinha em copiar.

            Suspirou. Talvez os pais tivessem razão em todas as coisas que disseram. Pegou no livro de Psicologia que nunca fora aberto por Gaara. Ela tinha um livro igualzinho àquele. Provavelmente estaria na estante do seu quarto em casa dos pais – quarto que ela nunca voltaria a entrar.

            Decidiu ocultar a Gaara o facto de Psicologia ser o forte dela. “Já lestes estes livros todos?”

            “Já os sei quase de cor” e, mais uma vez, Gaara respondeu indiferente, como se saber todas as disciplinas do mundo fosse a coisa mais normal do mundo.

            “Tu… tu devias ir à universidade…” Ino estava espantada. Ele, com todo o conhecimento que tinha – devido aos anos de estudo – tiraria a nota máxima e de certeza que descobriria a cura para doenças incuráveis. Ino sentiu-se como se estivesse diante de um génio.

            “Não posso sair de casa” ele disse.

            E Ino quase que atirava os livros ao ar de indignação “Isso não é uma regra…” informou-o.

            “Não é preciso ser” ele disse “à certas pessoas que ficam melhor longe do mundo”

            Ficaram em silêncio durante segundos.

            Até que Ino explodiu “Ok! Hoje vais sair de casa!” disse e percorreu apressada o caminho até o armário de roupa da Gaara e, mais uma vez sem autorização, começou a vasculhar “Veste isto, isto, calça isto e vem ter comigo lá em baixo!” Disse, enquanto atirava cada peça de roupa a Gaara “não demores, estou à tua espera e não é bom fazer uma loira esperar!” Ino avisou-o com os olhos muito abertos.

            Gaara não percebeu nada da atitude de Ino.

            “Isso tem a ver com psicologia?” Perguntou, confuso.

            Han? Psicologia? Ino tinha a intenção de explicar-lhe que não ‘fazer esperar loiras e as suas consequências’ não vinha em livros… mas…

            “Sim! Segundo os melhores autores de livros de Psicologia, as loiras são as mais perigosas! Então é bom que não demores!” Mentiu.

            E, deixando Gaara com uma camisa na mão, saiu do quarto.

oOoOoOoOoOoO

            “Hinata!” Exclamou Ino, a entrar no café “Quero duas deliciosas e saudáveis refeições!” Atrás dela, um introvertido ruivo seguia e sentava-se ao lado dela no balcão.

            Depois se sentada, Ino reparou no rapaz loiro sentado também ao balcão. “Oh! Olá outra vez!” Exclamou “És o Naruto, não é? A Hinata fala-me imenso de ti!”

            “INO!” Hinata ralhou, corada da cabeça aos pés. Ao balcão, Naruto inclinava a cabeça para baixo e corava também. Que querido que eles eram!

            “Hinata, este é o Gaara” Ino apresentou com um sorriso “Gaara, esta é a Hinata. Sempre que tiveres fome, podes vir para aqui e pedir-lhe uma refeição!”

            Gaara, desconfortável por estar fora da sua prisão, ficou calado. Ino piscou-lhe o olho para lhe passar confiança.

            “Olá, Gaara! É um prazer conhecer-te” disse Hinata com um sorriso “cuida bem da Ino, ela está sempre a meter-se em sarilhos! Já sabes daquela vez em que ela foi parar à esquadra da polícia?”

            “HINATA!” Ino ralhou, atrapalhada, enquanto Hinata fazia uma tentativa de sorriso provocador que acabou apenas por sair um pouco infantil.

            “Quanto te conheci não eras assim!” Relembrou Ino.

            E a conversa continuou numa mesa de quatro lugares, no lugar de trabalho de Hinata. Ino e Gaara estavam sentados lado a lado, Hinata e Naruto à frente, sentados lado a lado também. As raparigas falavam, enquanto Gaara e Naruto apenas ouviam a conversa em silêncio. Ambos estranhando aquele contexto de socialização tão natural a que eles não estavam nem um pouco habituados.

            E havia qualquer coisa em Naruto que fazia Gaara sentir-se menos sozinho no mundo. Tinha uma estranha sensação em relação a ele. E Naruto sentia o mesmo em relação a Gaara.

            No final da tarde, o turno de Hinata acabou, e os casais despediram-se. Hinata foi com Naruto ao tal lugar onde se viam as estrelas. Ino e Gaara voltaram para casa. Dali a duas ou três horas, Ino teria de estar a preparar-se para ir trabalhar.

            Enquanto caminhavam lado a lado, Ino olhava para Gaara, que se manteve calado o tempo todo. Sorriu “Então… não foi assim tão mau pois não?”

            Gaara desviou o olhar e ficou em silêncio.

            Por mais estranho que pareça, não tinha sido nada da maneira como Gaara pensava que ia ser. As pessoas que em pequenino tinham medo dele pareciam agora estar demasiado ocupadas para reparar na sua presença. E ele tinha o pequeno pressentimento que era graças a Ino que isso acontecia.

            “Não tenhas medo de sair” disse-lhe Ino “por norma, as pessoas só têm medo daquilo que se esconde e não é visto” explicou “se agires normalmente e parares de te esconder, elas vão perceber que ter medo de ti é uma coisa inútil. É estúpido. Mas é assim que a mente humana funciona”.

            Ino não estava à espera de uma resposta da parte dele. Dar-lhe-ia tempo para ele se habituar à ideia, para pensar nos acontecimentos…

            Sinceramente, nunca pensou que Gaara sairia de casa tão facilmente. Mas também não sabia que todas as vezes que Gaara subia para o telhado do seu quarto, imaginava como seria ter uma vida lá fora.

            E, com um silêncio confortável, os dois regressaram a casa. E, pouco tempo depois, Ino voltara a sair para ir trabalhar, deixando Gaara sozinho com os seus pensamentos.

            oOoOooOoO

            E mais um dia de trabalho tinha passado. Ino desejava chegar em casa rapidamente! Assim que acabou de passar o pano no balcão, retirou o avental e foi buscar a sua bolsa “Vamos juntas para casa?” perguntou a Tenten.

            “Não…” Tenten disse “tenho que ir a um sitio antes de ir para casa… vai andando” sorriu.

            “Outra vez o ‘amigo’?” Perguntou Ino maliciosa “Deves andar a ter umas noites interessantes!” Riu-se.

            “Já disse que não é nada disso!” Tenten riu também “Vá! Vai embora, porca!”

            “Hey, não fiques com vergonha!” Ino abriu a porta para sair “é totalmente normal! Deixámos de ser virgens inocentes à algum tempo!”

            “Já disse que não é nada disso!” Tenten riu e atirou o pano com que estava a limpar os copos a Ino, que se desviou dele a tempo. E, a rir, fugiu do bar antes que uma Tenten em fúria a decidisse perseguir com uma vassoura.

            oOoOoOoOoOoO

            As luzes daquele lugar não deixavam dúvidas sobre o que se estaria a passar lá dentro. Vermelho, rosa, mais vermelho. Cores que tornavam aquele ambiente sensual e provocante. Ambiente que combinava com a rapariga a dançar no varão, perante uma plateia de homens – a maioria casados – a observar a dança provocante e os movimentos da fêmea em cima do palco, enquanto atiravam notas e assobiavam satisfeitos.

            Neji Hyuuga nunca fora o tipo de homem que frequentava aqueles sítios cheios de gente infiel, todos loucos por dinheiro e sexo. Mas as circunstâncias tinham levado a que fosse necessária a sua presença naquele lugar.

            Aquele estranha e horrenda energia… sim, ele não tinha dúvidas. Os olhos dele nunca o enganavam. Um deles estava ali.

            E, naquela noite, ele cumpriria uma parte da sua missão e levaria aquele ser onde ele pertence.

            Todos se calaram quando a música parou. O ambiente ficou escuro, levando todos a perguntar e a esperar ansiosos com espectativas elevadas o que iria acontecer a seguir. Ou melhor… quem iria aparecer…

            Os holofotes de luz vermelha ligaram-se, e das cortinhas saiu uma mulher alta, que emanava confiança, e que vestia uma roupa de guerreira altamente provocante. Os cabelos castanhos estavam soltos e caiam-lhe pelos ombros. Grandes assobios foram ouvidos e notas começaram a voar para o palco.

            Neji suspirou de indiferença e aborrecimento. Não era quem ele andava à procura.

            Porém, nem os seus olhos puros conseguiam parar de observar a mulher que lenta e sedutoramente retirava a roupa em cima do palco, ao som de uma música que pareciam orgasmos múltiplos.

            Quando aquela mulher andou de joelhos pelo palco, recolhendo as notas que todos os homens tinham gosto em dar, Neji – pela primeira vez na sua vida – retirou a carteira do bolso do casaco.

            E, ao reparar na cara da stripper que lhe recebia a nota, reconheceu-a.

            Tenten congelou todos os movimentos ao reparar e reconhecer a cara do homem a quem pegava a nota. O “minha senhora” estava ali, no club de stripp onde ela trabalhava secretamente, e pelo olhar dele tinha a certeza que a tinha reconhecido.

            Oh, merda! Retirando a mão do dinheiro que ia receber da parte dele, Tenten levanta-se elegantemente e, rodopiando sensualmente, retira-se do palco. A música foi obrigada a parar. E o locutor daquele lugar viu-se atrapalhado para cobrir a saída antes da hora de Tenten.

            Dentro do camarim, onde estavam muitas outras strippers, Tenten apressava-se a guardar o dinheiro que tinha ganho e a vestir-se normalmente. Uma rapariga de cabelo cor-de-rosa aproximou-se dela.

            “Então… a música ainda estava a meio! Podias ter feito muito mais dinheiro!” Disse-lhe, espantada por Tenten não ficar até ao fim da música.

            “Eu sei… merda… vou ter problemas com a dona disto…” Tenten pensava em todas as consequências que vinham com a sua saída, nervosa “mas vou resolver tudo amanhã. Agora tenho que sair rápido. Há uma pessoa que eu não quero encontrar” confessou, enquanto fechava o fecho do seu casaco preto e cobria o cabelo e a cara com o capucho. “E tu? Estás vestida. Ainda nem entraste no palco.”

            “Também há uma pessoa que eu não posso encontrar” confessou Sakura e, colocando o mesmo estilo de casaco de Tenten – mas em vermelho – acompanhou Tenten até á porta de saída traseira.

            Aquela noite não tinha corrido bem.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?^^
Qualquer dúvida é só perguntar! E já sabem, se encontrarem algum erro, por favor, avisem-me!