Reconstruir escrita por ToxicDown


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal, desculpem a demora por postar a fic. Mas ta ai o 3 capitulo! Espero que gostem. Creditos a Ana Cooke: http://www.fanfiction.net/u/1289936/Ana_Cooke



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"Você pode dizer adeus a sua família

e a seus amigos e afastar-se milhas e milhas e,

ao mesmo tempo, carregá-los

em seu coração, em sua mente, em seu estômago,

pois você não apenas vive no mundo,

mas o mundo vive em você."

Frederick Buechner

Hermione desceu do avião e passou direto pelas esteiras de malas, onde muitas pessoas do mesmo voo que ela a olharam, curiosas, afinal ninguém viajava para tão longe sem bagagem. O que eles desconheciam era que a bolsa da garota era grande. Realmente grande.

Ficara levemente apreensiva quando sua bolsa passou pelo raio-x na hora de embarcar. Não sabia muito bem o que os funcionários do aeroporto veriam, pois ali dentro tinha muita coisa. Porém, quando o homem franziu ligeiramente a testa na hora de observar a tela, Hermione murmurou discretamente "Confundus" e não pareceu haver problema.

Quando saiu para o aeroporto de Sidney, Hermione procurou algum canto vazio do local em que pudesse aparatar sem ser vista. Achou um lugarzinho afastado, se escondeu atrás de uma planta alta e aparatou até Brisbane.

Chegou a uma bonita paisagem. Já era noite, pois seu voo aterrissara por volta da uma hora da manhã. Uma ponte iluminada se estendia ao seu lado sobre um rio de superfície lisa. Um vento frio bateu em seu rosto e Hermione tremeu ligeiramente. Tinha esquecido que na Austrália, nessa época, era inverno (apesar do inverno da Austrália não ser nada comparado ao do Reino Unido).

Correu a chamar um táxi, pois não fazia ideia de onde poderia encontrar um hotel. O motorista então indicou a ela um próximo dali e a levou até lá. Hermione pediu um quarto e as pessoas mais uma vez estranharam a falta de bagagem. Como a garota não tinha lá muita cara de adulta, os funcionários olhavam desconfiados para ela, como se a repreendessem por estar fugindo de casa, ou algo assim.

Quando fechou a porta do quarto, Hermione jogou a bolsa de contas em uma mesinha e se jogou na cama, exausta. Não tinha dormido nada no avião, pois além de ser muito desconfortável, tinha coisas demais em que pensar. Mas agora, deitada na cama macia do hotel, não pôde impedir que seus olhos se fechassem. O sono veio tão rápido que nem mal deitou, adormeceu.

Acordou só às dez, levemente atordoada. Esfregou os olhos, espreguiçou-se na cama, e percebeu que ainda estava com a roupa da viagem. Decidindo tomar um banho, Hermione abriu a bolsa para tirar uma muda de roupa. Porém, enquanto procurava, encontrou o celular que havia comprado e seu coração deu uma guinada. Ainda não havia ligado para eles para avisar que chegara bem.

Ligou o aparelho, procurou o número na agenda, e esperou um segundo até alguém atender.

Rony andava de um lado para o outro da sala. Gina estava deitada no sofá, sonolenta, e de vez em quando soltava um bocejo longo. Harry estava sentado ao seu lado, o celular pendendo na mão frouxa. Molly estava em pé na porta aberta, olhando para o jardim estrelado.

Mais cedo naquele dia Gui e Fleur haviam voltado para casa. Carlinhos também tinha ido embora pela tarde. Percy e Jorge continuavam mais tempo dentro do quartos trancados do que fora deles. Arthur voltara ao trabalho, pois dizia que assim poderia "encher a cabeça".

Naquele silêncio, apenas interrompido pelos passos de Rony e pelos bocejos de sua irmã, esperavam.

Demora tanto assim? Esse tal avião? ― perguntou Rony, pela décima vez.

Eu já disse, seria o mesmo que ir de vassoura, é claro que demora ― respondeu Harry, irritado de repetir a frase. ― Embora eu ache que ela já deveria ter chegado.

E então o telefone tocou. Harry levou um susto e atendeu quase imediatamente. Os Weasley olharam para Harry ansiosos.

Alô?


Oi Harry, sou eu ― cumprimentou Hermione.

Até que enfim, a gente já estava preocupado com você! ― respondeu ele. ― Chegou bem? Sua voz está estranha.

Voz estranha? Por que a voz dela está estranha? ― perguntou Rony, ansioso.

Estou bem ― contou a garota. ― Cheguei tão cansada que dormi na hora, me desculpem. Acabei de acordar, é de manhã aqui.

Tudo bem, mas onde você está agora? Em um hotel?


Sim. Fique tranquilo, deu tudo certo ― afirmou Hermione. ― Já vou desligar, Harry, preciso mesmo tomar um banho, ainda estou com a roupa que cheguei.

Tudo bem, mas liga de novo quando tiver novi...

Não, eu quero falar com ela! ― gritou Rony, depressa.

O Rony quer...

Eu ouvi ― assegurou Hermione. ― Ah, Harry, diga a ele que falo depois, eu preci...


Mas Rony arrancou o celular das mãos de Harry, depressa.

Hermione?


A garota sentiu o coração disparar e ficou alguns segundo sem responder. Era assustador perceber que estava longe dele por menos de dois dias e já sentia a falta daquela voz.

Olá, Rony.

O silêncio que se seguiu deu a sensação estranha a Hermione de que Rony estava sentindo o mesmo que ela sentira quando ouviu sua voz.

Que bom ouvir você ― disparou Rony, quase sem perceber o que estava dizendo. ― Eu só queria... queria te falar uma coisa.

Rony foi até a cozinha, para que não fosse ouvido por mais ninguém. Hermione murmurou algo como "hum", pedindo para que ele continuasse.

Ah, Hermione, eu realmente quero que dê tudo certo! ― falou ele, com um suspiro longo. ― Não disse isso a você quando estava aqui. Quero que você acredite que estou torcendo por você. Eu fui um idiota de não lembrar dos seus pais, me desculpe...

Hermione sorriu por um momento.

Não precisa se desculpar, Ronald, eu sei que estava com muita coisa na cabeça ― falou ela, sincera. ― Obrigada por dizer isso. Eu acredito sim.


Seguiu-se um silêncio em que apenas ficaram admirando o som da respiração um do outro.

Tenho que desligar ― comunicou Hermione, por fim.

Tudo bem, mas liga de novo ― pediu Rony com urgência.

Vou ligar sim.


E Hermione?


Hum?


Eu... eu não me esqueci. De nada.


As palavras que ela mesma dissera ecoaram em sua cabeça. "Não foi só dos meus pais que você esqueceu, Rony". Hermione riu ao telefone.

É bom saber disso. ― E respirou fundo antes de dizer: ― Tchau, Rony.


Tch... tchau, Hermione.

E ela desligou o telefone, colocando o aparelho no peito por um momento, gesto que, mesmo sem ela saber, foi imitado pelo ruivo do outro lado do mundo.

Hermione foi até a mesa no quarto e encontrou o que queria: uma lista telefônica. Foi até a letra "D" e foi percorrendo o dedo pela lista de dentistas de Brisbane. Ainda não tinha certeza se aquilo daria certo, então estava apreensiva. Será que seus pais continuavam trabalhando como dentistas? E será que os nomes deles estariam assim, tão fácil, em uma lista telefônica? E se não, como iria encontrá-los em uma cidade tão grande?

Mas para seu alívio, o consultório de seus pais estava ali, em um quadradinho amarelo da lista. Soltou um suspiro aliviado e anotou o endereço e o telefone em um pedacinho de papel, com as mãos trêmulas.

Saiu do quarto e foi até o restaurante do hotel, tomar o café-da-manhã. Não conseguiu comer muita coisa, apenas tomou um suco e comeu um biscoitinho amanteigado. Saiu do hotel então e pegou um táxi parado ali fora.

Vá até esse endereço aqui, por favor ― pediu, mostrando o papelzinho ao motorista. ― Ham, é muito longe daqui?


― Não muito, acho que em quinze minutos estamos lá, se o trânsito estiver bom.

Hermione concordou e se recostou no banco, ansiosa. Levou mais ou menos o tempo que o motorista disse que levaria. Saiu do táxi e consultou o relógio. Eram onze e meia. Agora só tinha que torcer para que seu pais saíssem para almoçar logo.

Sentou-se em um murinho de pedra em frente ao prédio. Ficou repassando a história que tinha formulado em sua cabeça durante todo o percurso de avião. Parecia tudo tão ridículo, pensou ela enquanto esperava, mas não tinha outra ideia melhor.

Eles saíram mais ou menos uma hora depois deHermione ter chegado. A esse ponto a garota já estava nervosa, olhando para os lados o tempo todo. Os dois conversavam saindo do prédio, rindo, e Hermione parou por alguns segundos para admirar os pais e se lembrar do quanto sentia falta deles.

Seu pai tinha os cabelos claros grisalhos e ralos, óculos grandes no rosto, e era muito magro. Usava seu suéter favorito, cinza-claro, e carregava uma pasta de plástico cheia de papéis. Seu sorriso era tão branco e reto, que chegava a reluzir ao sol. Ele parecia tão animado conversando com a mulher ao seu lado que era incapaz de parar de mostrar os dentes.

A mulher era baixinha e magra. Seus cabelos grossos e cheios estavam presos em um coque enorme, bem apertado. Ela também tinha um sorriso lindo e duas covinhas no rosto branco. Parecia muito miudinha perto do marido, que era bem alto. Formavam um casal estranhamente fofo.

Passado o choque de vê-los, Hermione correu até a rua para parar o primeiro táxi que apareceu. Quando sentou, viu os pais entrarem em um carro estacionado na rua.

Siga aquele carro, por favor.


E assim foi até chegar a uma casa pequena. Pagou o taxista e esperou um pouco afastada da casa até que seus pais entrassem. Ficou ali, respirando fundo, até tomar coragem, verificar se a varinha estava no bolso certo, e tocar a campainha.


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